O Salmo 3 é tradicionalmente atribuído a Davi enquanto fugia de seu filho Absalão (por volta de 970 a.C.), evento registrado em 2 Samuel 15-17. Durante esse período tumultuado, Absalão usurpou o trono de seu pai, forçando Davi a fugir de Jerusalém temendo por sua vida. Apesar de enfrentar a traição e o desespero, Davi inicia este salmo clamando a Deus sobre a multidão de inimigos que se levanta contra ele, transformando seu lamento em uma oração de confiança: "Mas tu, SENHOR, és um escudo para mim, és a minha glória e o que exalta a minha cabeça" (Salmo 3:3).

As palavras de Davi destacam uma verdade central sobre a natureza de Deus — Ele é tanto protetor quanto sustentador. Ao relembrar sua fuga de Jerusalém, Davi comenta sua confiança de que o SENHOR o mantém seguro mesmo enquanto dorme: “Deitei-me e dormi; acordei, porque o SENHOR me sustém” (Salmo 3:5). Historicamente, muitos reis provavelmente se orgulhariam de seu poderio militar ou de suas alianças, mas as experiências de Davi nos lembram que a verdadeira segurança vem de Deus. Mesmo cercado por uma oposição formidável, Davi insiste que não temerá e deposita sua esperança na libertação de Deus (Salmo 3:6).

O salmo termina com um apelo à intervenção divina e a declaração de que “A salvação pertence ao SENHOR; a tua bênção seja sobre o teu povo!” (Salmo 3:8). No contexto mais amplo do Livro dos Salmos, o Salmo 3 demonstra o padrão de lamento honesto aliado à fé resoluta — Davi expressa abertamente sua angústia, mas também exalta o poder libertador de Deus. Isso ajuda os crentes a compreender que, como Davi, podem derramar seus medos e esperanças diante de Deus, sabendo que Ele é a fonte suprema de proteção.

Na narrativa mais ampla da Bíblia, a noção de que somente o SENHOR traz a salvação prenuncia a promessa neotestamentária de redenção por meio de Jesus (Lucas 2:30). A confiança de Davi na intervenção de Deus modela a postura do crente de dependência de Cristo para a libertação do pecado e de todos os tipos de provações. O Salmo 3, portanto, ressoa além de seu contexto histórico, oferecendo conforto atemporal e nos lembrando de que a graça sustentadora de Deus está disponível em todas as circunstâncias da vida.