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Significado de Gênesis 15:1-4

Abrão questiona a Deus porque ainda não tem filhos e nem herdeiros. Deus o tranquiliza.

A expressão “depois destas coisas” aponta para o último evento do capítulo 14, no qual Abrão rejeitou a oferta do rei de Sodoma pela vitória na batalha. Esta é a primeira vez em que a revelação de Deus é chamada de “palavra de Jeová”. É também a primeira conversa expressa em palavras entre Deus e o homem após a queda no Jardim do Éden e a terceira aparição de Deus a Abrão desde sua chegada à terra de Canaã (Gênesis 12:7, 13:14-17).

A expressão “numa visão” mostra um dos meios pelos quais Deus interage com Seus servos. A palavra "visão" é a palavra hebraica “Machazeh”, que significa “ver” ou “perceber sobrenaturalmente”. Esta palavra só é usada quatro vezes no Antigo Testamento.

Deus diz a Abrão: “Não temas”. Os seres humanos tendem a reagir com medo quando Deus aparece (Mateus 1:20; Lucas 1:13,30, 2:10; Atos 18:9). Deus dá a Abrão palavras de conforto e consolação. Além disso, Abrão possivelmente temia algum tipo de vingança por parte dos reis aos quais havia derrotado na batalha descrita no capítulo anterior.

Deus lhe diz: “Eu sou teu escudo”, demonstrando Sua proteção divina. A palavra hebraica "escudo" é “Magen” e indica algum tipo de proteção. Diante das hostilidades, Abrão podia descansar na proteção que lhe concederia vitória. Abrão é lembrado de que o Deus que havia derrotado a seus inimigos continuaria a protegê-lo (Salmos 7:10, 84:9). Isso é interessante porque foi Abrão quem venceu a batalha. Ele realizou um esforço extenuante que exigiu coragem e determinação. Porém, Deus o lembra de que o sucesso de sua conquista havia vindo Dele. Abrão havia sido somente o canal da vitória.

Deus continua: “Tua recompensa será infinitamente grande”. A palavra hebraica "Sakar" é traduzida aqui como “recompensa”, significando o salário de um trabalhador (Ezequiel 29:19), uma recompensa pela fidelidade (Números 18:31; Jeremias 31:16). Abrão acabara de demonstrar que confiava em Deus sobre quando foi à batalha em nome de seu sobrinho e se recusou a ficar com os bens que havia recuperado para não ficar submisso ao rei da ímpia Sodoma (Gênesis 14:22-24).

Assim, quando Deus lhe promete uma grande recompensa, Deus provavelmente estava reagindo a esta e a outras demonstrações da fé de Abrão. Ele colocou sua fé em ação, confiando em Deus, e Deus promete que sua recompensa seria muito grande. Logo se tornaria evidente por que Deus usou o termo “infinitamente grande”, já que a Abrão receberia a promessa de um reino grande e eterno. Em Gênesis 15:6 lemos que Abrão foi considerado como justo aos olhos de Deus por ter crido na promessa de Deus. Sua aceitação aos olhos de Deus estava ligada primeiro à fé do seu coração e depois às suas ações. As recompensas de Deus são baseadas no que fazemos. Assim, Abrão foi contado como justo devido à sua fé, recebendo a promessa de uma infinita recompensa por ter colocado sua fé em ação.

Temos, portanto, nesta passagem a distinção entre ser justificado aos olhos de Deus pela fé versus ser recompensado pela fidelidade. Deus recompensa a fé posta em ação; a recompensa é baseada na aprovação de Deus a nossos comportamentos, ou seja, quando nossa fé se torna tangível. É como um pai que recompensa seu filho pelo bom comportamento. No entanto, nenhum ato pode nos fazer ser aceitos aos olhos de Deus. Isso requer uma perfeição que nenhum ser humano, além de Cristo, possui. Ser justificado aos olhos de Deus não tem a ver com quaisquer obras. Baseia-se unicamente na fé do nosso coração. É  como um pai que ama a seus filhos incondicionalmente. Deus nos aceita sem condições, independente dos nossos comportamentos. Devemos apenas crer.

Abrão responde: "Senhor Jeová". Esta é a primeira vez que se registra que Abrão se dirige a Deus. "Senhor Jeová" traduz a palavra hebraica para “Senhor” (Adonai) e o nome “Javé” (Deus). Adonai significa mestre ou proprietário. O título mostra a autoridade e o poder supremos de Deus. O título “Adonai” enfatiza que Deus nos protege, provê e dirige. Abrão reconhece a relação senhor-servo. Ele não compromete sua atitude de respeito e reverência a Deus. Ele havia alcançado uma grande vitória, mas reconhece quem realmente estava no comando. Com obediência inquestionável, Abrão rompera os laços com sua família, tornando-se um peregrino numa terra estranha. Sua vida esteve repetidas vezes em perigo. Os anos foram se passando e a promessa de um herdeiro não havia se concretizado. Porém, ele ainda respeitava a Deus como seu mestre.

O nome Javé se concentra na existência eterna de Deus e em Seu relacionamento com Seu povo da aliança, Israel (Êxodo 3:6,14-15, 33:19; Levítico 26:45). Os israelitas consideram-no o nome próprio de Deus. Referindo-se à existência de Javé, o Novo Testamento afirma que Ele é "Aquele que era, que é e que sempre será" (Apocalipse 11:17, "o autoexistente"). “Javé” enfatiza particularmente a fidelidade absoluta de Deus. Deus havia prometido aos patriarcas que Ele seria seu Deus, que estaria com eles, os libertaria e abençoaria, os guardaria e lhes daria uma terra e uma herança. Deus continuamente demonstrou Seu caráter: Ele foi misericordioso, gracioso, paciente, bondoso, verdadeiro, fiel, perdoador e justo (Êxodo 34:6).

De forma respeitosa, Abrão dirige uma pergunta a Deus a respeito daquela grande recompensa: “Que me darás, visto que morro sem filhos? A promessa dos numerosos descendentes ainda não fora cumprida. Como Abrão poderia alcançar uma recompensa "infinita" quando não tinha um filho sequer para ser seu herdeiro? Isso claramente lhe causava preocupação. Os muitos bens de Abrão eram de pouca utilidade se não houvesse um herdeiro na família e é difícil imaginar uma recompensa infinitamente grande sem descendentes. Abrão, o homem de fé, pondera sobre a incerteza do futuro. Ele faz uma pergunta a Deus no versículo 8: “Como saberei que a hei de herdar?” Deus aparentemente reagiu bem a esta pergunta e aborda as duas de Abrão preocupações neste mesmo capítulo.

De acordo com um costume antigo, o homem que não tivesse filhos poderia adotar alguém como herdeiro de sua casa; o escolhido receberia seus bens e lhe daria um enterro adequado. Se este escolhido mais tarde tivesse um filho, o filho natural substituiria o herdeiro adotivo como o herdeiro principal.

Como Abrão não tinha filhos, ele observa que um de seus escravos era seu herdeiro. Deus deixa claro a Abrão que aquela situação iria mudar. Ele afirma: “Aquele que será gerado de ti será teu herdeiro”. Deus garante a Abrão que ele teria um filho natural, embora não especifique neste momento que a mãe do herdeiro seria Sarai (Ele o faz no capítulo 17).

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