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Significado de Gênesis 17:1-2

Quando Abrão tinha 99 anos, Deus estabeleceu uma aliança com ele para abençoá-lo grandemente, caso ele permanecesse irrepreensível. Deus expande Sua aliança e acrescenta uma condição mútua: Abrão receberia bênçãos apenas se andasse em retidão.

Treze anos se passam entre o final do capítulo 16 (quando Abrão tinha 86 anos) e o início do capítulo 17. O capítulo 16 termina com o nascimento de Ismael. Abrão tinha noventa e nove anos e já estava na terra de Canaã havia 24 anos (Gênesis 12:4). A idade de Abrão é mencionada durante vários eventos-chave em sua vida (Gênesis 12:4, 16:16). Na frase “o Senhor apareceu a Abrão”, a palavra "apareceu" em hebraico é “raah”. “Raah” é um verbo que significa "ver", particularmente ver fisicamente com os olhos. Talvez uma tradução melhor seria: "Abrão viu com seus próprios olhos o Senhor". Há outras passagens que mostram Deus aparecendo visivelmente a Abrão (Gênesis 12:7). Pode ser que Abrão tenha visto a Deus na pessoa do anjo do SENHOR, da mesma forma que Agar viu o SENHOR (Gênesis 16:13).

Os nomes compostos de Deus destacam Seus atributos particulares ou aspectos de Sua natureza. Deus aqui se revela pela primeira vez na Bíblia sob um novo nome: Deus Todo-Poderoso (hebraico “El Shaddai”). El Shaddai é uma palavra composta pela raiz “El”  (o poderoso, cheio de força e poder, ou seja, Deus) e “Shaddai” (o Todo-poderoso). Juntos, as palavras significam “Aquele que é mais do que suficiente”, “o todo suficiente” (Êxodo 6:2-3; Números 24:4,16; Jó 11:7). El Shaddai é traduzido como "Deus Todo-Poderoso", significando que Ele pode cumprir Suas promessas. No contexto deste capítulo, El Shaddai tinha poder para fazer com que a estéril Sarai desse à luz a um filho. Isso também demonstrava que El Shaddai tinha poder para manter Suas promessas incondicionais, bem como a promessa de bênção a Abrão, caso ele andasse de forma perfeita.

Deus já havia feito uma série de promessas a Abrão. Ele prometera que seus descendentes seriam tão numerosos quanto as estrelas do céu (Gênesis 15:5). Ele também havia concedido a terra prometida a Abrão como recompensa por sua obediência (Gênesis 15:7-19). Em todos esses casos, a promessa não continha condição alguma. Nenhum comportamento foi exigido de Abrão para que tais promessas fossem cumpridas por Deus.

Neste capítulo, porém, Deus acrescenta uma promessa condicional. Deus diz a Abrão: “Anda diante de Mim e sê perfeito”. Esta disposição do pacto incluía uma obrigação. A promessa estaria condicionada às escolhas de Abrão. Deus diz a Abrão que estabeleceria Sua aliança com ele. No capítulo 15, Deus conduziu a cerimônia de aliança em resposta à pergunta de Abrão sobre como ele poderia ter certeza de que herdaria a terra. Deus fez a cerimônia sozinho, significando que a concessão da Terra Prometida era uma promessa de Deus; Abrão não teve nenhuma obrigação naquele pacto.

No entanto, agora, Deus estabelece uma aliança entre mim e ti. Este é um acordo mútuo, que também dependeria de Abrão. Se Abrão andasse em perfeição, Deus promete multiplicá-lo sobremaneira. A multiplicação aqui dizia respeito a mais do que o número de descendentes.  Deus já havia prometido um grande número de descendentes, sem condições. A promessa aqui fala de grandeza. Deus havia concedido incondicionalmente a Abrão tanto terras quanto descendentes. Agora, Ele acrescenta que, se Abrão caminhasse de maneira justa, Deus o tornaria grande.

A expressão "andar diante de mim" transmite a idéia de serviço ou devoção de um servo fiel a seu rei ou susserano (1 Reis 1:2, 10:8; Jeremias 52:12; Deuteronômio 10:8, 18:7; Juízes 20:28; Ezequiel 44:15). Deus estava instruindo Abrão a viver em retidão, encorajando-o a servi-Lo fielmente e a viver uma vida irrepreensível. A recompensa por isso seria uma grande bênção.

A palavra "perfeito" é a palavra hebraica “Tamiym”, que significa “completo”. É associada ao sacrifício de um animal a Deus, "sem defeito" (Êxodo 12:5, 29:1; Levítico 3:1, 4:3,23, 14:10). Davi usou a palavra “Tamiym” (traduzido como “perfeito”) em sua canção de celebração por haver conseguido fugir de Saul: "Fui também perfeito para com ele e guardei-me da minha iniquidade. Por isso, me retribuiu Jeová segundo a minha justiça, segundo a minha pureza diante dos seus olhos." (2 Samuel 22:24-25). Davi claramente não tinha uma vida sem pecado. No entanto, ele era inocente da acusação de ter traído ao rei Saul. Davi louva a Deus por abençoar sua inocência, ajudando-o a escapar.

Abrão já havia sido declarado justo aos olhos de Deus por sua fé (Gênesis 15:6). Esta ordem de ser perfeito não eliminava a graça de Deus, substituindo-a por uma exigência impossível de ser alcançada. A aceitação de Deus já havia sido incondicionalmente dada a Abrão (Gênesis 15:6). Em vez disso, esta era uma ordem para Abrão vivesse em retidão, a fim de herdar uma bênção adicional. Deus já o havia recompensado por sua obediência, mas agora promete recompensá-lo ainda mais. A aprovação, ou recompensa de Deus, está ligada às nossas escolhas. As recompensas continuam a acumular-se se continuarmos a andar em obediência a Ele.

A Abrão é prometida uma bênção multiplicada caso ele fosse perfeito. Noé é um exemplo de excelente conduta que recebeu uma bênção adicional (Gênesis 6:9). O Novo Testamento tem muitas passagens que prometem que Deus recompensará muito aos crentes que andarem em fidelidade. Este é o padrão em todas as Escrituras. Deus nos aceita em Sua família incondicionalmente, somos Seus filhos, Ele nos declara justos aos Seus olhos através da fé. Esta aceitação é um presente gratuito imerecido e que não pode ser perdido. Porém, nossa posição na família de Deus traz grande responsabilidade. Recebemos as recompensas ou bênçãos de Deus que nos trazem grandeza somente quando cumprimos fielmente nossas responsabilidades. Um exemplo está em Apocalipse 3:21:

"Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo em Meu trono, como eu também venci e me assentei com Meu Pai em Seu trono."

Nesta passagem, Jesus faz uma promessa condicional a "Seus servos" (Ap 1:1), os destinatários da carta. Sua promessa condicional é que Ele concederia a grandeza de compartilhar o poder e a glória de Seu trono a qualquer um de Seus servos que vencessem como Ele havia vencido. Jesus veio à terra como ser humano e venceu a tentação, a vergonha e a morte, vivendo em retidão. Como resultado, Ele foi recompensado por Seu Pai. Jesus "assentou-se com" Seu "Pai em Seu trono" como Rei humano. Seu Pai "o exaltou e lhe concedeu o nome que está acima de todo nome" por causa de Sua obediência, mesmo por meio do sofrimento e da humildade (Filipenses 2:5-9).

Esta promessa condicional do Apocalipse é feita aos "servos" que já possuem a promessa incondicional da filiação divina. O padrão vai de Gênesis a Apocalipse. A aceitação de Deus é dada incondicionalmente, sendo recebida pela fé, e não pode ser perdida. No entanto, Deus recompensa à obediência. As recompensas de Abrão foram concedidas sem reservas. Porém, suas recompensas adicionais vieram a partir de sua obediência e muitas outras ainda estão reservadas na próxima vida. Abrão recebeu muitas recompensas durante sua vida. Deus o abençoou grandemente. Mas, suas maiores recompensas ocorreram somente após sua morte, quando se encontrou com seu Salvador.  Este padrão se repete em todas as Escrituras e se aplica aos crentes do Novo Testamento.

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