Significado de Gênesis 24:10-15

O servo de Abraão preparou-se para a viagem à Mesopotâmia, de onde Abraão havia originalmente vindo.

 “Tomou o servo dez camelos dos camelos de seu senhor e partiu, tendo na sua mão todos os bens de seu senhor”. Os bens são indicados mais adiante no capítulo e incluíam "joias de ouro e de prata e vestidos", provando a riqueza de Abraão (Gênesis 24:53). Só o número de camelos já seriam um forte sinal de riqueza.

Pronto para a grande viagem, o servo de Abraão levantou-se e foi para a Mesopotâmia, para a cidade de Naor. Mesopotâmia é o nome grego da região, significando literalmente "entre os dois rios", o Tigre e o Eufrates. A extensa família de Abraão havia se estabelecido em Harã, na Mesopotâmia, quando de sua viagem para Canaã (Gênesis 11:31). Harã provavelmente fosse a cidade de Naor, já que foi lá que o irmão de Abraão fincou raízes. Foi também o lugar onde Labão, o futuro cunhado de Isaque, seria levado a viver (Gênesis 27:43). Labão também aparece neste capítulo.

 Durante a viagem, o servo “fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto ao poço de água, à hora da tarde em que as mulheres saem para tirar água”. O servo aproveitou o momento para orar a Deus. Pesava em sua mente encontrar uma esposa para Isaque. O servo provavelmente era Eliezer, que em determinado momento ficou na fila para ser o herdeiro de Abraão, quando Abraão não tinha filhos próprios (Gênesis 15:2). Portanto, como servo mais velho e confiável de Abraão e alguém essencialmente era considerado parte da família, a tarefa era algo pessoal para Eliezer. Ele conhecia Isaque desde seu nascimento e era uma espécie de irmão mais velho para ele; ele queria agradar a Abraão, seu mestre, e garantir que seu herdeiro se casasse com a mulher certa.

 Então, o servo ora a Deus. Ele faz um pedido de ajuda: “Ó Jeová, Deus do meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de benevolência para com o meu senhor Abraão”. É interessante notar a motivação do pedido: o servo pede sucesso em sua empreitada. Se o SENHOR, Deus de seu mestre Abraão concedesse seu pedido, isso seria uma demonstração de bondade para com seu mestre. O servo amava a Abraão e sua família e não ora apenas por estar pessoalmente ansioso por completar a tarefa. Era uma oração inspirada no amor a seu mestre.

O servo, então, constrói um cenário que provaria a vontade de Deus. Ele pede um sinal a Deus, mas um sinal bastante específico, dada sua circunstância difícil: “Eis que estou em pé junto à fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade estão saindo para tirar água”. Aparentemente, aquela era a hora do dia em que as pessoas vinham tirar água do poço. Esta era a circunstância atual do servo. Ele faz um pedido e pede um sinal: “A donzela a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, para que eu beba, e que responder: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos, seja a que destinaste para o teu servo Isaque.”

Uma moça chegou com seu cântaro para tirar a água e, em seguida, levá-la de volta à cidade. O servo havia pedido a Deus que o direcionasse a uma mulher que teria a bondade e a generosidade de não apenas lhe fornecer água, mas também oferecê-la aos camelos. Os camelos bebem muita água. Um camelo é capaz de beber até 100 litros de água ou mais após uma longa jornada. Supondo que o cântaro da moça contivesse 10 litros, isso significava que ela se ofereceria para encher seu cântaro cem vezes a fim de servir a todos os dez camelos daquele estranho. Este sinal deixaria claro que Deus havia lhe concedido um favor real. O servo diz a Deus: “Por isso, conhecerei que usaste de benevolência para com o meu senhor”.

Há algumas outras vezes na Bíblia em que as pessoas oraram a Deus por outros sinais. Gideão coloca uma lã no chão e pede a Deus que faça cair orvalho sobre ele e mantenha o chão seco, para saber se Deus realmente salvaria Israel dos midianitas através de sua liderança (Juízes 6:36-40). Durante a guerra com os filisteus, o príncipe Jônatas e seu escudeiro desafiam abertamente uma companhia de filisteus, determinando se, com base na resposta do inimigo, Deus lhe daria vitória ou derrota. Os filisteus chamam Jônatas para lutar contra eles e, assim, ele soube que Deus lhe concederia êxito (1 Samuel 14:8-10).

 Em sua oração, o servo de Abraão pede a Deus simplesmente que uma das moças que viessem à fonte para tirar água se oferecesse para dar água a ele e a seus camelos. Se isso ocorresse, aquela seria a mulher escolhida por Deus para Isaque. Pela reação generosa da jovem, o servo soube que Deus havia demonstrado bondade para com seu mestre Abraão. Aquela era a mulher com quem Isaque deveria se casar.

Deus respondeu à oração do servo antes que ele a terminasse: “Antes que tivesse ele acabado de falar, saiu Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, levando sobre o ombro o seu cântaro.”

Rebeca é mencionada em Gênesis 22:23: "Betuel gerou a Rebeca". Ela era sobrinha-neta de Abraão e prima em segundo grau de Isaque, embora nenhum dos dois a conhecesse.