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Significado de Gênesis 25:31-34

Jacó propõe a Esaú que lhe venda seu direito de primogenitura em troca do ensopado. Esaú estava tão faminto que não se importou com seu direito de primogenitura, vendendo-o de bom grado a Jacó pela refeição.

Em vez de dar a comida a próprio irmão, Jacó transforma a situação num negócio. Ele apresenta um acordo ao irmão. Jacó diz a Esaú que o ensopado seria dele, se Esaú quisesse, mas: “Vende-me hoje teu direito de primogenitura” (v. 31).

O “direito de primogenitura” (os direitos do filho primogênito) significava que o pai reconhecia a seu filho primogênito como seu principal herdeiro. Normalmente, isso significava assumir os negócios/bens da família após a morte do pai morria e governar sobre os assuntos da família. A maior parte da administração do poder e da riqueza era dada ao filho primogênito por meio do direito de primogenitura.

Esaú parece nem hesitar. Sua resposta é dramática: “Eis que estou para morrer; que me aproveitará o direito de primogenitura?” (v. 32). Fica evidente na história que Esaú não estava literalmente prestes a morrer, estava apenas faminto naquele momento. O que Esaú estava realmente dizendo é que ele estava sendo motivado apenas por seu estômago naquel instante. Ele não se preocupa em investir em benefícios futuros. Ele estava priorizando satisfazer a seu apetite do momento. Sua justificativa era a de que de nada adiantaria o direito de primogenitura se estava prestes a morrer. As Escrituras deixam claro que nossa capacidade de autojustificação não nos eximirá da responsabilidade de sermos bons mordomos.

Jacó exige uma promessa: "Jura-me primeiro". A resposta de Esaú foi: “Jurou-lhe e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó” (v. 33).

O negócio estava fechado. Jacó agora possuía o direito de primogenitura e Esaú ganhou sua refeição: “Deu Jacó a Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu, e bebeu e, levantando-se, foi seu caminho” (v. 34).

Assim, desprezou Esaú seu direito de primogenitura”. “Desprezar” aqui significa que ele não deu valor particular algum a seu direito de primogenitura, ou deu-lhe pouca consideração. Ele jogou fora como se fosse lixo, algo ao qual ele não dava valor. Agora, o direito de primogenitura pertencia a Jacó.

É interessante contrastar o que Esaú indevidamente desprezou (não deu valor) com o que Jesus apropriadamente desprezou (não deu valor):

"...pelo gozo que lhe foi proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está sentado à destra do trono de Deus" (Hebreus 12:2b).

Jesus desprezou, ou seja, não deu valor/consideração algum a ser envergonhado pelo mundo para seguir à vontade de Seu Pai em todas as coisas. Esta passagem de Hebreus 12 diz que Jesus "suportou tamanha hostilidade dos pecadores contra Si mesmo" (Hebreus 12:3). Jesus foi desprezado e oprimido (Isaías 53:3, 7). Não é que Jesus não se importasse; Ele pediu a Seu Pai que o cálice fosse passado Dele ao sofrer no Jardim do Getsêmani (Lucas 22:42). Jesus desprezou a vergonha de Seus inimigos em comparação com a alegria posta diante Dele de alcançar a recompensa da herança e recuperar o reinado dos seres humanos sobre a terra (Mateus 28:18; Apocalipse 3:21). De fato, Hebreus 12 afirma que, depois que Jesus suportou a cruz, Ele "sentou-se à direita do trono de Deus" (Hebreus 12:2).

A mentalidade que Jesus tinha era a de investir no futuro. Jesus sofreu e suportou a rejeição do mundo do Seu dia para receber a recompensa da herança no futuro. Ele escolheu essa mentalidade. Os crentes do Novo Testamento são exortados a escolher a mesma mentalidade (Filipenses 2:5-10). A mentalidade escolhida por Jesus é exatamente o oposto da mentalidade escolhida por Esaú.

O direito de primogenitura era o direito de reinar sobre a família. Ao vender seu direito de primogenitura, Esaú expressa seu desinteresse em relação à sua futura herança. Ele estava dizendo: "Eu não me importo com o ‘mais tarde’, quero satisfazer meu apetite ‘agora’." A atitude básica de Esaú de vender sua futura recompensa da herança em troca de uma refeição que o satisfaria por apenas algumas horas é usada como exemplo de uma atitude que os crentes precisam evitar:

"Vigiando com cuidado para que a ninguém falte a graça de Deus; para que não haja alguma raiz de amargura, que, brotando, vos perturbe, e, por ela, sejam muitos contaminados; para que não haja algum fornicário ou profano como Esaú, que, por uma vianda, vendeu a sua primogenitura. Pois sabeis que, quando ele ainda depois desejava herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, embora o buscasse, diligentemente, com lágrimas" (Hebreus 12:15-17).

Nesta passagem de Hebreus, Esaú é chamado de "imoral" e "ímpio" por ter negligenciado o valor de sua herança futura. Hebreus 10 exorta os crentes a congregar com o propósito de "estimular uns aos outros ao amor e às boas obras" agora, investindo em sua recompensa futura; é assim que os crentes do Novo Testamento recebem a recompensa da herança (2 Coríntios 5:10; Colossenses 3:23). Pode ser difícil investir nas pessoas hoje quando o dia do juízo parece estar tão distante. É muito mais fácil ser como Esaú e focar na satisfação de nossos próprios apetites hoje. É por isso que Hebreus diz que precisamos nos estimular uns aos outros "tanto mais quanto vedes que o dia [do juízo] se aproxima" (Hebreus 10:25).

A maior recompensa pela fidelidade parece ser a de compartilhar o reinado de Cristo (Apocalipse 3:21; Filipenses 2:5-102 Timóteo 2:12). Esta é a maneira pela qual possuímos a recompensa de nossa herança, vivendo como testemunhas fiéis que suportam dificuldades, mas continuam a andar em obediência a Cristo (Colossenses 3:23; Apocalipse 1:33:21). Todos os crentes são filhos de Deus e Deus passa a ser sua herança no momento em que crêem em Jesus (Romanos 8:17a; João 3:14-15). No entanto, alguns crentes receberão a recompensa de serem "co-herdeiros com Cristo" e reinarão sobre a nova terra. Alcançar essa recompensa vem com uma condição:

"Se de fato sofrermos com Ele, para que também sejamos glorificados com Ele" (Romanos 8:17b).

Ser "co-herdeiro com Cristo" significa compartilhar o direito de primogenitura com Ele, como o Primogênito sobre toda a criação (Colossenses 1:15). O exemplo de Esaú nos mostra que se priorizarmos os confortos deste mundo em vez de andarmos em fidelidade a Cristo, seguindo-O em Seus sofrimentos e sendo rejeitados pelo mundo por vivermos e seguirmos à Verdade, estaremos vendendo nosso direito de primogenitura por um pote de ensopado.

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