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Significado de Jonas 1:7-9
Na seção anterior, Jonas havia recebido uma ordem do Senhor para ir a Nínive. Porém, o profeta pega um navio e segue no caminho oposto, para Társis, a fim de escapar de sua missão, numa aparentemente tentativa de ver a Assíria destruída por sua maldade (Jonas 4:2). O SENHOR interveio para disciplinar Jonas. Ele lança uma poderosa tempestade sobre o mar, causando grande medo e terror entre os marinheiros. Os marinheiros oram a seus deuses e jogam a carga ao mar para aliviar o navio e evitar que afundasse. Tudo isso aconteceu enquanto Jonas dormia embaixo do convés. O capitão desperta Jonas de seu sono e pede-lhe que ore a seu deus (vv. 4-6).
Agora, Jonas sobe ao convés e se junta à reunião de oração. Pporém, na medida em que a situação piorava, os marinheiros passaram a acreditar que aquilo era o resultado da ira divina contra alguém a bordo. Assim, eles deixam de falar com seus deuses para conversar entre si e determinar quem era o responsável por aquele infortúnio. Assim, cada um disse ao seu companheiro: 'Venha, lancemos sortes para que possamos aprender por conta de quem esta calamidade nos atingiu'.
O termo traduzido como “calamidade” é "raʿah" em hebraico. Tem uma ampla gama de significados, dependendo do contexto. No versículo 2, é traduzido como "maldade" e se refere a pecados morais, como injustiça, violência e crime (Oséias 10:15; Jeremias 41:11). Aqui, no entanto, tem a ver com desastre ou infortúnio (Amós 3:6; Obadias 13).
O termo “sortes” refere-se a pedras atiradas para se obter uma decisão. No mundo do Antigo Oriente Próximo, as pessoas praticavam amplamente o lançar da sorte porque achavam que o resultado refletia a vontade divina. No Antigo Testamento, os israelitas lançavam sortes em uma variedade de circunstâncias, como para determinar quem iria primeiro em um ataque (Juízes 20:9), para dividir uma terra (Números 26:55-56) ou vestimenta (Salmo 22:18), para determinar a ordem dos sacerdotes e seus deveres, etc. (1 Crônicas 24:5-19; Neemias 10:34). Em nossa passagem, os marinheiros lançaram sortes para determinar quem era o responsável por aquela calamidade (Josué 7:14). Embora a sorte fosse uma questão de acaso, o SENHOR interveio e certicficou-se de que a sorte recaísse sobre Jonas.
Como a sorteio indicou que Jonas era o responsável pela tempestade, todos os olhos de repente se concentraram nele. Os marinheiros fizeram-lhe várias perguntas para avaliar melhor a situação e elaborar um plano. Disseram-lhe: 'Diga-nos, agora! Por conta de quem essa calamidade nos atingiu? Qual é a sua ocupação? E de onde você vem? Qual é o seu país? De que pessoas você é? Os marinheiros já haviam identificado Jonas como o culpado, mas não queriam fazer nada sem permitir que ele falasse para confirmar o que a sorte havia indicado. Primeiro lhe perguntam sobre seu passado.
A segunda pergunta foi: Qual é a sua ocupação? O termo para “ocupação” tinha a ver com o negócio ou trabalho do profeta. Provérbios 18:9 usa o termo para descrever alguém que é "frouxo em seu trabalho" e Provérbios 22:29 o usa para alguém que é "habilidoso" em seu trabalho. Ao fazer essa pergunta, os marinheiros podem ter suspeitado de que as obras de Jonas haviam desagradado a seu deus. Os marinheiros fizeram-lhe mais três perguntas: De onde vens? Qual é o teu país? De que povo és?
Na Bíblia, o país de alguém era, em certo sentido, sua identidade. A história de Naamã implicitamente faz essa afirmação associando todos os seus personagens principais a locais específicos - Naamã com a Síria (Arã), a criada com Israel e Eliseu com Samaria (2 Reis 5:1-19). Na mesma linha, os marinheiros perguntam a Jonas sobre seu país para determinar sua identidade.
Jonas responde às perguntas revelando primeiro sua associação étnica. Disse-lhes: Eu sou hebreu. O termo “hebreu” ["ʿibri"] vem da raiz "ʿabar", que significa “passar por cima” ou “atravessar”. Em textos anteriores do Antigo Testamento, alguns estrangeiros usaram o termo “hebraico” como uma designação aos israelitas. Por exemplo, em Gênesis 39, um egípcio rico chamado Potifar comprou José como servo doméstico. Potifar gostava do trabalho de José e confiava aos seus cuidados tudo o que possuía. No entanto, a relação de José com seu mestre mudou drasticamente quando sua esposa força José a deitar-se com ela. Pelo fato de José ter-se recusado a fazê-lo, "ela chamou os homens de sua casa e disse-lhes: 'Vejam, ele [seu marido] trouxe um hebreu para nós para fazer esporte conosco; ele veio ter comigo para se deitar comigo, e eu gritei'" (Gênesis 39:14, 17). Jonas usou o mesmo termo (hebreu) para mostrar que pertencia ao povo de Israel.
Em segundo lugar, Jonas identifica o Deus a quem servia. Ele diz: Eu temo o Senhor. O termo traduzido como SENHOR é a palavra hebraica Javé, o nome da aliança de Deus. No texto em hebraico, ele aparece antes na frase (literalmente, ao SENHOR eu temo). Ao colocar o SENHOR em primeiro lugar, Jonas procura demonstrar que conhecia ao SENHOR e tinha um relacionamento com Ele.
O verbo “temer” neste versículo refere-se a uma atitude de reverência e admiração ao SENHOR (v. 16). Também indica que Jonas reconhecia aos mandamentos do SENHOR e que haveria consequências adversas reais associadas à sua desobediência aos mandamentos do SENHOR. Isso é irônico neste caso, porque Jonas diz temer ao SENHOR enquanto, ao mesmo tmepo, estava fugindo da ordem do SENHOR. No entanto, dado o raciocínio de Jonas em Jonas 4:2, parece provável que o temor de Jonas a Deus inclua confiar em Deus para julgar a iniquidade. Ele conclui que, caso fugisse de sua tarefa de pregar arrependimento a Nínive, eles não seriam poupados, mas pereceriam. Assim, de certa forma, pode ser que Jonas se considerasse um sacrifício em nome de seu país.
Talvez seja por isso que Jonas parecesse um tanto indiferente à sua própria morte ao dizer aos marinheiros para jogá-lo ao mar.
Jonas descreve o SENHOR como o Deus do céu que fez o mar e a terra seca. O mar e a terra seca são dois extremos. Jonas usa os termos para transmitir a ideia de totalidade. Em outras palavras, o SENHOR é o Criador de tudo. Tanto o mar quanto a terra seca pertencem ao SENHOR, porque Ele os fez (Gênesis 1:9-10). Como divindade cósmica e criadora, o SENHOR é o Deus capaz de enviar a tempestade e acalmá-la. O Deus do céu tem o poder de matar e curar, criar e destruir (Deuteronômio 32:39). Só ele podia ver os marinheiros através da tempestade no mar e levá-los à terra firme. Como é grande o SENHOR, o Deus do céu e da terra!