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Significado de Mateus 11:10-15

Jesus continua Suas declarações a respeito de João Batista e seu papel como o precursor do Messias. Por extensão, Jesus está confirmando que Ele é o Messias.

O relato paralelo do Evangelho quanto a este evento é encontrado em Lucas 7:27-28.

Ao falar às multidões sobre o papel profético de João Batista e, por extensão, Sua própria identidade como o Messias, Jesus lhes mostra como João é o cumprimento de uma profecia.

Este é aquele sobre quem está escrito, no terceiro capítulo de Malaquias. Jesus, então, cita o primeiro versículo dessa passagem que descreve o papel de João como o precursor messiânico.

Eis que Eu [Deus] envio o Meu mensageiro [João] à frente de Ti [Cristo]. Que preparará o Teu caminho diante de Ti. Porém, quando comparamos este texto com as palavras que Mateus registrou, vemos que Jesus modificou um pouco a linguagem de Malaquias.

"Eis que envio eu o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante de mim;" (Malaquias 3:1a)

A principal mudança está no final da declaração. Jesus diz: "Diante de ti.” Malaquias diz: "Diante de mim". O que fazer com essa diferença? A citação do Antigo Testamento parece dizer: "Eu (Deus) estou enviando um mensageiro para preparar um caminho para mim (Deus)", enquanto Jesus diz: "Eu (Deus) estou enviando um mensageiro para preparar um caminho para você (Cristo)". Assim, parece que Jesus está fazendo uma aplicação prática desta passagem. É claro que Jesus está afirmando que João é o mensageiro que cumpre esta profecia de Malaquias 3:1. A pergunta, então, seria: "Quem é o Cristo?"

Jesus não cita o resto de Malaquias 3, mas Ele não precisaria fazê-lo, pois Sua audiência judaica teria sido capaz de terminar a referência de Jesus uma vez que lhes fosse dada a primeira linha. Malaquias continua falando sobre o julgamento ardente do Messias.

"Eis que Eu estou enviando o Meu mensageiro, e ele abrirá um caminho diante de Mim. E o Senhor, a quem estais buscando, de repente virá ao Seu templo; e o mensageiro da aliança, em quem vos deleitais, eis que Ele está vindo", diz o Senhor dos exércitos. "Mas quem pode suportar o dia de Sua vinda? E quem pode ficar de pé quando Ele aparecer? Pois Ele é como o fogo de um refinador, e como o sabão do lavador. E Ele se assentará como uma fundição e purificador de prata, e purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e prata, para que possam apresentar ao Senhor ofertas em justiça." (Malaquias 3:1-3)

Ao omitir a parte posterior da profecia de Malaquias, Jesus estava sinalizando que um grande mistério estava começando a ser revelado. Ou seja, o Messias viria à terra em dois grandes momentos. No primeiro advento, Jesus viria para servir. No segundo, Ele viria para governar. No primeiro advento, Ele não veio para julgar o mundo (João 3:17). Mas, Ele virá para julgar o mundo quando voltar novamente (Apocalipse 19:11).

Ao aplicar esta citação de Malaquias 3:1 a João Batista, Jesus estava dizendo explicitamente que João era o mensageiro enviado adiante do Messias. Se João era o mensageiro, e se os discípulos de João haviam sido enviados para perguntar se Jesus era o Messias, e se Jesus respondeu: "Digam-lhe o que viram", então quem era o Messias? Jesus está implicitamente indicando que Ele é o Messias para quem João havia preparado o caminho. Porém, Jesus não estava fazendo uma afirmação aberta ainda. No entanto, Ele deixou suficientemente claro aos que desejavam ver que Ele era o Cristo, mas oculto aos que desejavam continuar cegos. Este parece ser um padrão seguido por Deus ao longo da história humana (Romanos 1:19-20).

Esta é a décima primeira vez que Mateus aponta, em Jesus, o cumprimento de profecias do Antigo Testamento a respeito do Messias (os dez textos anteriores são encontrados em Mateus 1:22-23; 2:5-6; 2:16-18; 2:23; 3:1-3; 4:4-6; 4:13-16; 8:17; 10:35-36. Isso não inclui as três escrituras adicionais aludidas por Jesus em Mateus 11:5-6). Esta é a segunda vez na qual Jesus afirma que Ele era o cumprimento de uma passagem messiânica, como forma de revelar Sua identidade (Mateus 10:35-36 foi a primeira.) Na medida em que Seu ministério progride, Jesus deixa cada vez mais claro sobre quem Ele realmente era.

Jesus continua falando a respeito de João. Ele afirma enfaticamente o significado de Seu ministério. Em verdade vos digo. Indicando sua própria autoridade, Jesus diz: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista. Este é um endosso e tanto! Nenhum ser humano é maior do que João, o Batizador. De que maneira João era maior que todos? Ele não era o mais poderoso ou o mais rico em tesouros terrenos. Porém, João teve o grande privilégio e papel de preparar o caminho para o Rei dos reis e o Messias vindouro. Jesus não disse que João era “o maior". Ele apenas disse que não haveria ninguém maior do que ele. A tarefa de nenhum outro – nem a de Davi, nem a de Moisés, nem a de Abraão – havia sido de maior honra na história humana.

O Messias era maior do que João Batista (o precursor do Messias), da mesma forma que o noivo é maior do que seu padrinho. No entanto, temos uma pergunta relevante aqui: Jesus não era maior do que João Batista? Se olharmos atentamente para as palavras de Jesus, Ele não diz que não era. Ele apenas diz que nenhuma pessoa antes de João havia sido maior que ele – e pelo fato de a identidade de Jesus como o Messias ainda não ter sido revelada, talvez Ele entenda que ainda não tenha superado a grandeza de João.

Jesus continua: E, no entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que João. O termo-chave nesta frase é Reino dos Céus. Jesus se refere regularmente ao Reino. Este é um dos temas centrais na narrativa do Evangelho de Mateus. Um dos pilares do Sermão da Montanha é Mateus 6:33, que nos ordena a "buscar primeiro o seu reino e a sua justiça". Porém, no ensino de Mateus, o termo Reino dos Céus pode, de diferentes formas, apresentar aspectos presentes ou futuros.

O Reino dos Céus pode se referir ao reino futuro, plenamente visível, de Cristo sobre toda a terra. Tais exemplos do aspecto futuro do Reino incluem:

"Nem todo aquele que Me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no reino dos céus, mas entrará aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus." (Mateus 7:21)

"Mas eu vos digo: não beberei deste fruto da videira de agora em diante até aquele dia em que o beberei convosco, novo, no reino de Meu Pai." (Mateus 26:29)

Outro aspecto futuro do Reino  é explicado na "Parábola dos Nobres" (Lucas 19:12-27) que Jesus contou após o povo incorretamente supor que o Reino de Deus iria aparecer a qualquer momento" (Lucas 19:11).

Mas o Reino também pode ser usado para descrever o atual Senhorio de Cristo dentro dos corações de Seus seguidores na era presente. Exemplos do aspecto presente do Reino incluem:

"A partir daquele momento, Jesus começou a pregar e dizer: 'Arrependei-vos, pois o reino dos céus está próximo'." (Mateus 4:17)

"Mas se eu expulsar os demônios pelo Espírito de Deus, então o reino de Deus veio sobre vós." (Mateus 12:28)

"Em verdade vos digo que há alguns que estão aqui que não provarão a morte até verem o Filho do Homem vindo em Seu reino." (Mateus 16:28)

"Mas ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem deixais entrar os que estão entrando." (Mateus 23:13)

É claro que tanto os aspectos presentes quanto os aspectos futuros do Reino podem estar implícitos em um único texto.

"Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas entrarão no reino de Deus diante de vós." (Mateus 21:21)

Nesta comparação a respeito de João Batista, parece que Jesus estava falando sobre o Seu Reino visível no futuro. Jesus havia acado de dizer que não havia ninguém maior do que João Batista. Se havia alguém servindo ao Seu Reino naquele momento, esta pessoa certamente era João Batista. Como, então, João poderia ser o maior no Reino e, ao mesmo tempo, o menor no Reino ser maior do que João? A única possibilidade lógica é que Jesus estava fazendo uma comparação entre a pessoa de João no Reino presente com as pessoas que entrariam no Reino futuro. O que Jesus provavelmente estava tentando dizer com Sua observação é que, por maior e mais significativo para o Reino dos Céus que João Batista tenha sido naquela era presente, o menor participante do Reino visível no futuro seria maior que João e faria coisas maiores do que ele havia feito até aquele momento da história.

Assim que Jesus compara a estatura e a importância de João com a daquele que é o menor no Reino futuro, Ele começa a falar sobre o estado atual do Reino e o papel de João dentro dele no presente:

Desde os dias de João Batista, até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e os violentos o tomam à força.

Os dias de João Batista referem-se ao ministério público do profeta que precedeu o ministério de Jesus por alguns meses, talvez anos. A mensagem de João era clara: "Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo" (Mateus 3:2). A frase violentos o tomam pela força poderia se referir à violência feita a João (e outros membros fiéis do Reino dos céus) pelas autoridades terrenas, como os fariseus e saduceus, que levaram João sob custódia (Mateus 4:12), ou Herodes, que naquele momento mantinha João preso (Mateus 11:2). Como Jesus havia dito antes, ser uma testemunha fiel seria perigoso para o corpo (mas não para o "psuche") (Mateus 10). A Igreja Cristã encontrou muita violência e perseguição em todo o Livro de Atos e outras cartas. A violência da qual Jesus está falando aqui pode muito bem se referir à violência da perseguição contra o Reino.

Mas, também, pode se referir a um tipo completamente diferente de violência. Jesus poderia estar dizendo que é necessária uma espécie de violência espiritual para vencer as tentações da era atual para se entrar no Reino. Se este for o caso, Jesus estava aludindo a algo muito semelhante ao que Paulo descreve em Efésios 6:10-17 em relação a vestirmos toda a armadura de Deus e nos preparar para guerras espirituais. De acordo com esta interpretação, homens violentos seriam homens como João, que tomaram o Reino pela força ao resistir à sua natureza pecaminosa, aos padrões corruptos deste mundo e às suas tentações de luxo e prestígio. Se isso foi o que Jesus quis dizer, então tal violência espiritual contra os esquemas do diabo é absolutamente louvável.

Pois todos os profetas e a Lei profetizaram até João. Esta é uma declaração interessante de Jesus. A frase todos os profetas e a Lei era uma expressão cultural para os textos judaicos que conhecemos como o Antigo Testamento.

O que Jesus quer dizer quando mencionou os que profetizaram até João? Ele pode ter inferido que a era do Antigo Testamento, na qual Deus falava principalmente através de profetas, havia chegado ao fim no momento em que João iniciou seu ministério público. Jesus havia observado que João era o cumprimento da profecia e que Elias viria antes do advento do Messias. Isso provavelmente significava que a frase "até João" indicava que o Batizador havia sido o último dos profetas do Antigo Testamento. Jesus, então, estava de fato dizendo que uma era se fechou, ou seja, os profetas e a Lei, e outra era havia começado. A nova era foi iniciada com o advento do Reino messiânico. Uma vez que Israel se recusou a seguir a Jesus, iniciou-se, então, a era dos gentios (Lucas 21:24Romanos 11:25).

Outro significado que Jesus pode ter inferido ao disse: Pois todos os profetas e a Lei profetizaram até João é que as mesmas escrituras que profetizaram a respeito do aparecimento de João haviam afirmado que João seria o precursor do Cristo. Ambos os significados podem ser inferidos juntos, sem eliminar um ou outro.

Jesus conclui Seu endosso a João e seu ministério com as seguintes palavras: E se você está disposto a aceitá-lo, o próprio João é o Elias que estava por vir. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça.

O pensamento-chave desta declaração é que João é o Elias que estava por vir.

Elias (~900 a.C. – ~ 850 a.C.) havia sido um famoso profeta no reino do Norte, Israel, durante o reinado do iníquo rei Acabe. Elias era conhecido por realizar milagres poderosos em nome de Deus. Estes incluíram profetizar o início e o fim de uma fome severa que durou três anos (I Reis 17:1 e 18:41), a ressurreição do filho da viúva (I Reis 17:17-24) e a abertura das águas do Jordão para permitir que ele passasse para o outro lado (II Reis 2:8). Porém, seu milagre mais famoso foi seu confronto público com os 450 profetas de Baal, quando Elias pediu a Deus que enviasse fogo do céu para consumir o altar encharcado de água (I Reis 18:19-40). O livro dos Reis relata que Elias não passou pela morte: "Enquanto eles iam e conversavam, eis que se aproximou uma carruagem de fogo e cavalos de fogo que separavam os dois. E Elias subiu por um redemoinho para o céu" (II Reis 2:11).

O profeta Malaquias, um dos que profetizaram o precursor messiânico (Malaquias 3:1) disse que Elias retornaria antes do "grande e terrível dia do Senhor" (Malaquias 4:4). De fato, os três últimos versículos do Antigo Testamento têm fortes conotações messiânicas. Neles, tanto Moisés, o legislador, quanto Elias, o profeta, são mencionados pelo nome.

"Lembrem-se da Lei de Moisés, meu servo, dos estatutos e ordenanças que Eu lhe ordenei em Horebe para todo o Israel. Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor. Ele voltará o coração dos pais de volta para seus filhos e o coração dos filhos para seus pais, para que eu não venha e atinja a terra com completa destruição." (Malaquias 4:4-6)

Esta profecia encorajou a muitos judeus a esperar e procurar Elias como um sinal de que o Reino de Deus e o Messias estavam chegando.

Por sua vez, João disse que ele não era nem o Cristo, nem Elias:

"Este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram sacerdotes e levitas a ele de Jerusalém para perguntar-lhe: 'Quem és tu?' E confessou e não negou; e foi o que ele confessou: 'Eu não sou o Cristo'. E então eles lhe perguntaram: 'E então? Você é Elias?' E ele disse: 'Eu não sou', 'Você é o Profeta?' E ele respondeu: 'Não.' Então eles lhe disseram: 'Quem é você? Diga-nos, para que possamos dar uma resposta àqueles que nos enviaram. O que você diz sobre si mesmo?' Ele disse: 'Eu sou a voz de alguém que clama no deserto: 'Endireitai o caminho do Senhor', como disse o profeta Isaías." (João 1:19-23)

Se João negou que ele era Elias após ser questionado pelos sacerdotes, como é que Jesus podia dizer, então, que ele era Elias?

A cláusula anterior nos fornece algumas pistas. Precedendo esta afirmação de que João é Elias existe uma cláusula: Se quereis recebê-lo. A cláusula funciona como um modificador do contexto. Com efeito, ela sugere que João não era literalmente Elias, mas sim um tipo de Elias que estava por vir. João veio e cumpriu um papel semelhante ao de Elias, ou seja, preparar o caminho para o Messias e despertar Israel ao arrependimento, pois o Reino dos Céus estava próximo. A cláusula Se quereis recebê-lo é uma versão mais longa da nossa expressão "se vocês quiserem", usada para comparar e equiparar duas coisas diferentes. Esta interpretação se encaixa com a admoestação de Jesus: Aquele que tem ouvidos, ouça, o que imediatamente sucedeu à Sua declaração.

Mas a cláusula também pode ter sido uma oferta apresentada por Jesus ao convidar Sua audiência judaica a aceitar a João. Se este for o caso, qual foi exatamente a oferta de Jesus?

Ele estava oferecendo-lhes o estabelecimento do Reino dos Céus sobre a terra. Sua oferta é a seguinte: Se vocês [a nação da Judéia] aceitarem que João está funcionando como Elias e que ele é o precursor do Messias, então vocês devem Me aceitar [Jesus] como o Messias. E se vocês Me aceitarem como o Messias, Eu trarei o Reino dos céus à terra agora. Mas se vocês não aceitarem a João e a Mim, então a inauguração do Reino vai ter de esperar até um tempo no futuro.

Era uma oferta e tanto apresentada por Jesus ao povo. Vocês querem que o Reino dos Céus venha agora ou mais tarde? Se quiserem que venha agora, aceitem que João é Elias e, por extensão, que eu sou o Messias, e vocês o verão.

Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça esta oferta e aceite-a agora! É claro que a maioria dos judeus rejeitaram a Jesus como seu Messias e O entregaram aos romanos para ser executado. Coletivamente, Israel não tinha ouvidos para entender. Ao negar que João era o Elias que estava por vir, Israel rejeitou a oferta de Jesus de inaugurar o Reino durante Sua primeira vinda. Ao dizer Se quereis recebê-lo, Jesus deixa claro que a oferta é real e que Israel tinha o potencial de escolher o Reino.

De acordo com Malaquias, a vinda de Elias ocorrerá "antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor", mas não nos são dados muitos detalhes. Uma possibilidade é que Elias seja uma das duas testemunhas de Apocalipse 11. Uma vez que "está designado para os homens morrerem uma vez" (Hebreus 9:27) e Elias tenha sido arrebatado ao céu em uma carruagem de fogo, sem ter passado pela morte, isso pode sinalizar que Elias retornará como uma das duas testemunhas, morrerá e depois será levantado e arrebatado mais uma vez (Apocalipse 11:8-12). A aparição de Elias no Monte da Transfiguração pode ser um presságio desse evento (Mateus 17:3).

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