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Significado de Mateus 11:2-6

João, que agora estava preso, envia uma mensagem enigmática a Jesus, perguntando se Ele era ou não o Messias. Jesus responde com uma resposta clara, porém codificada.

O relato paralelo do Evangelho quanto a este evento é encontrado em Lucas 9:18-23.

A notícia do ministério de Jesus se espalhou por toda parte. Chegou até às masmorras do rei Herodes Antipas. João Batista havia sido aprisionado por Herodes Antipas e logo seria decapitado por ele (Mateus 14:1-12). O historiador judeu Josefo relatou que João Batista foi aprisionado (e executado) em Maquero, uma das fortalezas de Herodes (Antiguidades 18:116-117). Maquero estava a mais de cem milhas ao sul de Cafarnaum e a algumas milhas a leste do Mar Morto (veja o mapa na parte inferior da página). João Batista havia sido preso por Herodes por haver exposto a união ilegal de Herodes e Herodias, esposa de seu irmão. Mateus indica que João foi aprisionado a mando de Herodias (Mateus 14:3). Enquanto estava preso, Mateus nos diz que João havia ouvido falar das obras de Cristo.

Cristo é a tradução grega da palavra hebraica para "Messias" ou "Ungido". Muitos judeus esperavam que Deus enviasse Seu Messias para resgatar Seu povo do jugo da escravidão romana. Naturalmente, muitas pessoas começaram a ver Jesus como possivelmente sendo este Cristo. Os milagres que Ele realizava, curando doenças e expulsando tormentos, as proclamações que Ele fazia sobre a proximidade do Reino de Deus e a autoridade com que Ele ministrava Seus ensinamentos morais deram às pessoas razão para esperar que Ele fosse o Cristo. Mesmo assim, Jesus ainda não havia afirmado diretamente ser o Messias. Suas palavras vagas a respeito e Sua aparente inação contra os romanos pode ter dado motivos para muitas dúvidas.

João talvez conhecesse a Jesus e Sua missão melhor do que qualquer outra pessoa. João havia batizado Jesus no rio Jordão (Mateus 3:13-17). Ele havia declarado a respeito de Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!" (João 1:29). Na verdade, João foi enviado como mensageiro de Deus para preparar Israel para a vinda do Messias (Mateus 3:3). Agora, enquanto ele estava aprisionado e ouvia sobre as obras do Cristo, João enviou uma mensagem de seus discípulos e os instruiu a perguntar: "Você é o Esperado, ou devemos procurar outra pessoa?" Eles estavam perguntando se Jesus era realmente o Cristo.

Os escritores dos Evangelhos não nos dizem por que João instruiu seus discípulos a fazer essa pergunta, apenas que ele o fez. É possível que João tenha começado a duvidar. Talvez ele tivesse ficado desanimado por estar na prisão, perguntando-se por que Jesus não vinha resgatá-lo. Talvez Jesus não estivesse atendendo às expectativas de João quanto às ações do Messias.

Pode ser também que João Batista estivesse preparando seus discípulos para deixarem de segui-lo para seguirem a Jesus. Se isso foi verdade, João estava dizendo que tal decisão era entre seus discípulos e Jesus. Nesse sentido, João havia treinado seus discípulos corretamente. Ele não havia treinado os homens para segui-lo, mas para seguir a Deus (João 3:25-36, especialmente o versículo 30 – "Que Ele cresça, que eu diminua"). João estava na prisão, com um futuro incerto, então poderia muito bem estar desesperançado. Vale a pena considerarmos a experiência de João com Jesus. Depois de tê-Lo batizado, reconhecendo-O assim como seu superior espiritual, ele viu o Espírito descer na forma de uma pomba e ele ouviu Deus falar do céu, testificando sobre Jesus como Seu Filho (Mateus 3:11-17).

João enviou a pergunta a Jesus por seus próprios discípulos: "Você é o Esperado, ou devemos procurar outra pessoa?" Pode ser que, ao se dirigir a seus discípulos desta maneira, João estivesse transmitindo um pedido de ajuda, ou oferecendo a seus discípulos a oportunidade de ser guiados por um mestre superior. A pergunta poderia ter sido: "Você vai nos ajudar?" Ou: "Devemos segui-lo?" Talvez tenha sido as duas coisas.

A pergunta de João era altamente enigmática. Ele não usou a palavra "Cristo/Messias" em sua pergunta. Talvez seu pensamento fosse o de que, no caso de ouvidos hostis ouvirem o que João havia pedido, o termo "Esperado" o ajudaria a escapar das acusações de que ele estava provocando uma insurreição, ou prematuramente chamar a atenção dos romanos para Jesus como uma ameaça ao seu poder. Afinal, João está na prisão por ter criticado uma autoridade romana. Faria sentido que ele desejasse ser cuidadoso.

Mas, provavelmente, Jesus tenha compreendido claramente o que João estava perguntando, bem como a aplicação da pergunta para seus discípulos. Mateus deixa clara a seus leitores a natureza messiânica da pergunta de João ao usar o termo Cristo na construção da narrativa que precede a pergunta de João.

Jesus também responde em um código que João entenderia. Ele diz aos discípulos de João: "Ide e relatai a João o que ouvis e vedes: os cegos recebem a visão e os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres têm o evangelho pregado a eles. E bem-aventurado aquele que não se ofende comigo."

Os discípulos do Batizador deveriam relatar a João seis observações do que viram e   ouviram, além de uma conclusão. Cinco dessas observações eram relacionadas aos milagres que os discípulos de João seriam capazes de testemunhar ou facilmente investigar. Os milagres eram: os cegos recebem a visão, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem e os mortos são ressuscitados. Uma sexta observação que os discípulos de João deveriam relatar era que os pobres ouviam a pregação das boas novas.

Pelo menos quatro dessas ações foram cumprimentos de profecias messiânicas do profeta Isaías. Como precursor do Cristo, essas escrituras eram muito familiares a João:

"Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e os olhos dos cegos verão dentre a escuridão e dentre as trevas. Em Jeová alegrar-se-ão cada vez mais os mansos, e no Santo de Israel exultarão os pobres dentre os homens." (Isaías 29:18-19)

"Os teus mortos viverão; os meus cadáveres ressuscitarão. Despertai e cantai, vós os que habitais no pó; porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos." (Isaías 26:19)

"O Espírito de Jeová está sobre mim, porque Jeová me ungiu para pregar boas-novas aos mansos: enviou-me para sarar os quebrantados de coração, para apregoar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos que estão encarcerados;" (Isaías 61:1)

A conclusão de Jesus foi enigmática para alguns, porém clara para outros: "E bem-aventurado aquele que não se ofende comigo".  Em outras palavras, "Vá e relate a João que eu sou o Messias que ele está esperando!"

Além disso, Jesus provavelmente estava enviando uma outra mensagem enigmática a João. Como um judeu observador das leis, João havia memorizado toda a Bíblia. Ele reconheceria imediatamente que Jesus havia omitido em Sua citação de Isaías a parte do "Proclamar a libertação aos cativos e a liberdade aos prisioneiros". Desta forma, Jesus provavelmente estava dizendo aos discípulos de João: "Sim, eu sou o Messias", ao mesmo tempo em que diz a João: "Você não vai ser libertado da prisão". Como veremos no capítulo 14, João será de fato decapitado por seu testemunho.

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