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Significado de Mateus 2:19-23

Após a morte do rei Herodes, um anjo informa a José, por sonho, que é seguro retornar a Israel. José obedece, porém evita chegar na região da Judéia, já que o filho de Herodes está no trono. Em outro sonho, Deus instrui José a ir para o norte, para a região da Galiléia. José obedece e estabelece sua família na cidade de Nazaré. Mateus conclui o capítulo mostrando aos leitores que a vida de Jesus em Nazaré é outro (o quinto) cumprimento das profecias messiânicas.

O rei Herodes morreu provavelmente no ano 4 A.C. Um anjo do Senhor, mais uma vez, apareceu a ele em sonho para instruir José quanto ao que fazer. Era tempo de regressar com sua família à terra de Israel. O anjo diz que aquele que buscava matar da Criança havia morrido. Como havia ocorrido antes, José imediatamente obedeceu. Ele se levantou, tomou a Criança e Sua mãe e voltou à terra de Israel.

Se os magos realmente visitaram a Jesus entre Seu primeiro e segundo aniversários, então Herodes deve ter morrido logo depois de liberar a ordem para o massacre dos meninos em Belém. Isso não significa que o anjo necessariamente apareceu a José no momento da morte de Herodes. O sonho de José, no qual o anjo o instruía sobre a segurança quanto ao seu retorno do Egito, pode ter ocorrido meses ou até mesmo anos após a morte de Herodes.

Entretanto, José cuidadosamente evitou retornar à Judéia, perto de Jerusalém, porque sabia que o filho de Herodes, Arquelau, agora era o rei da Judéia. Ele tinha receio de voltar para lá. Seu instinto foi confirmado por Deus em ainda um outro sonho. Deus mais uma vez alertou a José, levando-o a estabelecer-se na região mais ao norte de Israel, chamada Galiléia. Ele regressou para o lugar onde havia vivido quando conheceu a Maria, numa cidade chamada Nazaré.

Nazaré ficava numa região montanhosa, entre o Mar da Galiléia e o “Grande Mar” (Mediterrâneo), mais ou menos 30 quilômetros para cada lado. A cidade estava fora do radar dos poderosos e tinha a reputação de ser atrasada. Quando seu amigo Filipe afirmou ter encontrado o Messias, Natanael soltou a famosa frase: “Pode alguma coisa boa sair de Nazaré?” (João 1:46)

Porém, embora estivesse isolada dos corredores do poder, Nazaré estava situada perto de importantes estradas e rotas romanas. A cidade não estava distante de Séforis, que havia sido reconstruída por Antipas, o segundo filho de Herodes, durante a vida de Jesus na Galiléia. Séforis era uma cidade romana localizada na intersecção de duas cruciais rotas comerciais e era onde o governo romano na Galiléia tinha seu assento. De muitas formas, a cidade era uma pequena Roma, possuindo um anfiteatro e uma magnífica estrutura de colunas romanas. Pelo fato de José ser artesão de profissão (“Tekton”, no grego: literalmente, cortador de pedras, artesão), é possível que Jesus, o Messias judeu, tenha passado grande parte de sua vida construindo aquela cidade pagã a sete quilômetros de sua casa. “Tekton” pode significar que Jesus era um carpinteiro. A palavra pode ser aplicada a qualquer tipo de artesão. Dada a natureza dos materiais de construção local e ao que conhecemos sobre Séforis, é provável que o trabalho deles envolvesse o uso de pedras, possivelmente incluindo mosaicos.

Mateus cita a profecia: “Ele será chamado nazareno.” Ao investigarmos com cuidado, não encontramos, nas traduções em português, citação alguma no Antigo Testamento usando essas palavras.

Por que, então, Mateus diz que a vida de Jesus em Nazaré era o cumprimento do que havia sido dito pelos profetas?

Não sabemos. Porém, já que Mateus está escrevendo para um público judeu, buscando provar que Jesus é o Messias, não faria sentido algum para ele incluir o cumprimento de uma profecia que não fosse aceita pelos seus leitores e prontamente reconhecida a um público judeu. Assim, podemos fazer uma especulação em relação à declaração de Mateus. Ela pode ter sido baseada na conexão ortográfica entre “Nazaré” (Matzeret, em hebraico) e a palavra hebraica “Netzer”, que traduzida significa “rebento” ou “galho”. Talvez Nazaré significasse “Vila de Netzer”, ou alguma outra conexão óbvia à cultura judaica. O profeta Isaías profetizou que um “netzer” sairia da “raiz de Jessé” (pai do rei Davi), ou da linhagem do rei Davi.

“Então, do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes sairá um renovo que dará fruto. Descansará sobre ele o Espírito de Jeová, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor a Jeová” (Isaías 11:1, 2).

A conexão entre Nazaré e Netzer, tanto fonética quanto profeticamente, na cultura judaica, torna plausível a ideia de que Mateus tenha feito referência a Jesus crescendo em Nazaré como o cumprimento da profecia de Isaías sobre o “netzer”, uma profecia ainda mais fortalecida pelo parentesco de Jesus com Davi. Como o Messias, Jesus é o Netzer que se ergue da raiz de Jessé, cheio do Espírito. E ele saiu de Nazaré.

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