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Significado de Mateus 7:21-23

Jesus afirma que Ele vai negar a entrada de muitas pessoas em Seu Reino no Dia do Julgamento porque eles não O conheceram ou seguiram a vontade de Seu Pai. Independente de terem feito grandes obras em Seu nome, suas ações e seus corações violaram à Lei de Deus.

Ao começar a concluir a plataforma da Sua mensagem do Reino, Jesus faz uma observação sóbria: Nem todos os que Me chamam “Senhor, Senhor” entrarão no Reino dos Céus. Não é suficiente apenas acreditar em Jesus como Senhor para entrar no Reino dos Céus. Não é suficiente chamá-lo de “Senhor”. O fato de Jesus usar a frase Nem todos implica que, infelizmente, vão existir aqueles que o chamam de “Senhor, Senhor“, mas não irão entrar no Reino dos Céus.

Jesus deixa claro quem irá entrar. Mas aquele que fizer a vontade do Meu Pai que está no céu. Como já vimos no sermão sobre o Reino, a frase Reino do Céu não é um termo para o céu no sentido de “vivermos para sempre com Deus”. Reino do céu é um termo que descreve o reinado e o governo do Messias. O sermão de Jesus é uma descrição e um convite para O servirmos em seu governo agora e no Seu Reino futuro.

Os discípulos judeus, ao ouvirem o sermão de Jesus, provavelmente devem ter entendido que Ele estava se referindo à restauração de Israel sob o reinado do trono de Davi (2 Samuel 7:13). Depois da ressureição de Jesus, os onze discípulos restantes O perguntaram: “Senhor, chegou a hora restaurardes o reino a Israel?” (Atos 1:6). Eles estavam perguntando a Jesus se Ele iria subir ao trono de Israel, destruir Roma e restaurar Israel como reino. Isso foi uma pergunta justa, já que 1) isso havia sido profetizado como um fato pela Bíblia; e 2) Jesus havia dito a eles que, após vencer a morte, “Toda autoridade foi dada a Mim no céu e na terra” (Mateus 28:18).

Jesus afirmava ser o Rei dos Judeus, porém disse ao governante romano Pilatos que Seu reino “não era desse mundo” (João 18:36). Contudo, quando Seus discípulos perguntaram se era “agora” que Ele iria restaurar o “reino de Israel”, Jesus respondeu que não competia a eles saber quando isso iria acontecer. Tal declaração deixou claro que Jesus realmente iria restaurar Seu reino na forma física. É provável que muitas daquelas recompensas fossem manifestas naquele momento. Porém, enquanto isso não acontecesse, “entar em Seu reino” se aplicava a trilhar um caminho de obediência espiritual a Jesus.

A Bíblia ensina que nascemos para a vida eterna com base na fé e na graça. A dádiva da vida eterna é oferecida com base no que Jesus fez por nós na cruz (1 João 4:10) – ela nos é dada gratuitamente pela graça de Deus. Crer em Jesus demanda apenas a fé suficiente para buscá-Lo e esperar pela cura, assim como os Israelitas foram informados de que seriam curados se apenas olhassem para a serpente de bronze no poste (Números 21:9; João 3:14-16). Pode ser que Jesus estivesse se referindo exatamente a isso no exemplo da pessoa que diz Senhor, Senhor. Dizer Senhor, Senhor pode ser suficiente para receber a dádiva da vida eterna, mas não é o suficiente para ganhar a recompensa que vem da vida de obediência aos princípios do Reino.

Nós entraremos no Reino do Messias, assumiremos nosso papel em Seu governo, obteremos nossa herança divina e receberemos nossa recompensa com base na fé externa e interna. Mas aquele que faz a vontade do Meu Pai que está no céu irá entrar (no Reino dos Céus). A fé em Jesus é suficiente para nos dar a vida eterna e “nos levar ao céu”, mas a fé obediente, descrita por Tiago como “viver em fé” (Tiago 2:17), é necessária para reinarmos ao lado de Cristo em Seu Reino.

Muitos Me irão naquele dia, “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?” Muitos aqui é uma referência aos muitos que trilham o caminho espaçoso e entram pela porta larga que leva à destruição (Mateus 7:13).

O termo naquele dia é uma referência ao Dia do Juízo, quando Cristo julgará as obras dos crentes no Bema, o trono do julgamento (2 Coríntios 5:10; 1 Coríntios 3:11-15). Muitos me dirão é uma expressão que indica que essas pessoas eram crentes que por fora, até fizeram o bem e boas obras em Seu nome, mas fizeram isso em sua própria força e para serem vistos pelos homens, sendo, assim, recompensados por eles. Infelizmente, essas pessoas já receberam sua recompensa completa (Mateus 6:1, 2, 5, 16). Não haverá nenhuma outra recompensa para sua falsa misericórdia.

Depois de terem ouvido que não poderiam entrar no Reino no dia do julgamento, essas pessoas irão implorar a Jesus: Não profetizamos em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Jesus acabara de deixar claro que os falsos profetas faziam esse tipo de coisa constantemente. Esses profetas não eram homens sem conhecimento de Deus e Suas leis. Pagãos ou ateus jamais fariam esse tipo de súplica. O tipo de pessoa que vai fazer esse tipo de súplica serão as pessoas religiosas. Na superfície, suas obras religiosas são impressionantes. É muito provável que tenha sido respeitadas e seguidas por muitos enquanto viviam na terra. Podem ter sido tratados como “santos”. Porém, no Reino de Deus, suas obras são irrelevantes. Anteriormente, Jesus havia deixado claro em Seu sermão: Pois vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus (Mateus 5:20).

Mais tarde, Jesus vai expor longamente sobre a hipocrisia dos escribas e fariseus em Mateus 23. Ele deixa claro que a motivação deles era orientada para atrair o louvor dos homens. Deus irá julgar os “pensamentos e a intenção do coração” no Dia do Julgamento (Hebreus 4:12). Não há comunhão íntima com Deus possível quando escolhemos manipular os outros para nos sentir realizados. A comunhão íntima com Deus vem apenas quando caminhamos em fé durante as provações da vida (Tiago 1:2, Tiago 1:12).

É de muita significância nesta passagem que Jesus não discute se eles fizeram ou não as tais obras. Eles podem ter feito coisas incríveis. E então eu irei declarar (literalmente “confessar”) a eles: Não os conheço. Jesus admite que Ele não tem familiaridade com eles. Mateus usa o termo “ginosko” (G1097) para “conhecer”. Esse tipo de conhecimento descreve um relacionamento firmado em experiência e familiaridade. Quando aplicado às relações pessoais, o termos descreve uma proximidade ou intimidade compartilhada por ambas as partes envolvidas. Ginosko é usado para se referir ao tipo mais profundo de intimidade física, a intimidade sexual, em Mateus 1:25, que afirma que José não “conheceu” (ginosko) a Maria até depois de Jesus nascer.

Ginosko vem de viver e criar vida juntos, servir juntos, encarar provações e vencê-las como parte de uma mesma equipe. Essas pessoas para quem Jesus diz Eu nunca os conheci não viveram em harmonia com Ele. Elas não haviam sido parte da equipe de Jesus. Elas não buscaram Seu Reino e Sua misericórdia na terra. Elas buscaram harmonia com o mundo, na tentativa de alcançar poder e reconhecimento para seus próprios reinos. Consequentemente, Jesus não tinha nenhuma intimidade com elas. Elas não andaram em fé e obediência. Elas não haviam sido parte do Seu Reino antes do dia do juízo e, por conta disso, tiveram negado seu acesso ao Seu Reino.

Há outros aspectos de exclusão aos que decidirem não andar em fé. No próximo capítulo, vamos ver os crentes judeus que serão excluídos do banquete de honra aos fiéis quando Jesus instaurar Seu Reino na terra. No livro de Apocalipse, os crentes “não vencedores” ficarão sem as recompensas e provavelmente irão experimentar algumas consequências negativas.

A resposta de Jesus àqueles impostores sem fé é muito similar ao que Ele descreve em Marcos 8:38:

Porque, se alguém, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do Homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.”

A frase entrar no reino significa escolher andar de acordo com a plataforma do Reino de Deus. Jesus usa a mesma palavra grega traduzida como entrar em Mateus 19:17. Ele responde à pergunta: “Que coisa boa devo fazer para obter vida eterna (zoe)?” E Jesus responde:

“...se queres entrar na vida, guarde os mandamentos.”

Jesus recomenda ao jovem, que claramente está vivo, a “entrar na vida”. Vida aqui é “zoe”, que indica a qualidade da vida. Uma alta qualidade de vida é obtida apenas pela obediência. De uma maneira similar, o Reino de Jesus, que não é deste mundo, só pode ser alcançado pela obediência e pela fé.

A negação da entrada dessas pessoas no Reino de Cristo naquele dia fala sobre o Dia do Juízo, quando Ele irá conceder aos homens as recompensas por suas ações. Este momento será provavelmente partilhado tanto pelos crentes quanto pelos que não crêem. Os crentes serão recompensados por suas ações, tanto os filhos quanto os servos de Deus. A transformação de alguém em filho ou servo de Deus é apenas uma questão de fé (João 3:14-16). Antes de receberem a herança da adoção (uma dádiva concedida aos servos durante os tempos de Jesus), os servos deveriam demonstrar absoluta lealdade a seus senhores.

Qualquer pessoa pode praticar a vontade de Deus na superfície, mas não manter as leis de Deus em seu coração. O povo infiel nos tempos de Jesus não faziam a vontade do Pai que está no céu. Suas obras de justiça eram uma tentativa hipócrita de serem reconhecidos diante dos reinos desse mundo. Pelo fato de haverem escolhido buscar o poder temporário na terra e rejeitado os caminhos de Cristo, tais pessoas e suas obras serão rejeitadas por Ele no futuro. Este alerta foi um sério despertamento aos discípulos e se aplicava ao juízo dos crentes. Tal alerta é consistente com outras passagens relacionadas ao dia do julgamento (2 Coríntios 5:10; 1 Coríntios 3:11-15; Romanos 2:6-8).

Os reinos do mundo são baseados em egoísmo e orgulho. As posições de honra terrenas são obtidas por pessoas hábeis em tomar o que querem, seja pela força, seja pela manipulação. O fundamento do Reino de Cristo é baseado no serviço aos outros e na humildade. Sua posição de honra é uma recompensa aos que obedecem fielmente aos mandamentos de Deus de amar as pessoas e mostrar misericórdia a elas. Os que buscam o poder dos reinos do mundo brigam uns com os outros para ver quem terá mais poder. Os que buscam a justiça do Reino de Cristo acreditam que toda autoridade será dada como recompensa aos que servem às pessoas nesta vida. Os que servem em obediência a Cristo nesta vida serão servos-reis com Cristo na eternidade.

Nesta passagem sóbria sobre o Reino, Jesus faz uma afirmação corajosa. Ele declara que Ele é Deus. Jesus diz ser Aquele a quem todos irão clamar “Senhor, Senhor” naquele dia. Ele enfatiza duas vezes que as pessoas dirão isso para Mim. Jesus afirma ser o maior e mais alto Juiz, uma posição que os judeus acreditavam que pertencia somente a Deus (Salmos 58:11, Isaías 2:4, 33:22, Miquéias 4:3, Zacarias 3:8). Quando Ele afirma Eu lhes direi claramente, Jesus deixa claro que Sua autoridade se iguala à autoridade de Deus. Fazer tal afirmação diante de uma audiência judaica foi, sem sombra de dúvidas, se comparar a Deus.

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