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Significado de Romanos 12:1
Nos capítulos 1-11, Paulo ensina aos crentes romanos como a justiça de Deus poderia ser alcançada. Ele explica que não era através da Lei, como algumas autoridades judaicas argumentavam, mas através da fé. Os capítulos 1-11 fornecem uma explicação expandida do versículo-tema, Romanos 1:16, 17, afirmando que a justiça de Deus é experimentada através de uma caminhada de fé. Romanos 1:16, 17 cita o livro de Habacuque, no Antigo Testamento (Habacuque 2:4).
Assim, pode-se ver que Romanos 1-11 é uma explicação do Novo Testamento a partir de um princípio do Antigo Testamento: a justiça é experimentada por meio da fé na palavra de Deus e através de obedeceremos aos Seus caminhos, não através do orgulho de seguirmos aos nossos próprios caminhos. Portanto, temos aqui uma conexão com o Gênesis, com o pecado original, ou seja, à escolha dada a Adão e Eva: confiar que a vontade de Deus era para seu bem ou confiar em si mesmos (Gênesis 2:16-17; 3:6).
Ao falar em "justiça", Paulo tinha em mente o comportamento alinhado com os bons desígnios de Deus. No pensamento grego, a palavra traduzida como "justiça" significava "alinhar-se com" ou "criar harmonia com", produzindo o florescimento humano.
Paulo diz a seu público neste ponto como era viver uma vida de justiça através da fé. Isso é notado pelo uso que ele faz do termo “Portanto”. Ou seja, por causa do que ele já havia deixado claro nos capítulos 1-11 (que a justiça era alcançada por uma caminhada de fé), ele agora começa a descrever como os crentes deveriam viver, iniciando com um forte chamado: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus” (v. 1) que vocês vivam em justiça.
Primeiro, Paulo fala sobre o sacrifício. Ele diz a seu público: “...que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (v. 1). Ou seja, viver sacrificialmente, fazendo o que Deus nos ordena, é uma forma de adoração, louvor e honra a Deus. Paulo chama esse sacrifício de “culto racional”.
A palavra “racional” aqui é a palavra grega "logikos", usualmente traduzida como “lógica”. A ideia parece ser a de que, à luz do que Paulo havia demonstrado em relação a uma vida de retidão, a única conclusão lógica para nós é viver a vida como um “sacrifício vivo”.
Por que faria sentido viver como um sacrifício vivo? Sem os 11 capítulos anteriores, seria difícil entender a noção de que era uma decisão "lógica" nos esvaziarmos para o benefício dos outros. Porém, ao refletirmos sobre os capítulos 1-11, vemos que a vida sob a lei é uma vida de escravidão ao pecado. Embora os crentes sejam justificados na presença de Deus com base em sua fé em Jesus, independentemente dos seus comportamentos, se não vivermos uma vida sacrificial que siga ao exemplo de Jesus perderemos os grandes benefícios da justiça. E, inevitavelmente, retornaremos ao pecado, ou seja, caminhando à parte dos bons desígnios de Deus.
Se andarmos em pecado, sofreremos consequências adversas. Isso é triste, porque fomos libertos (salvos) de precisar experimentar as consequências adversas do pecado pelo poder da ressurreição de Jesus. Isso é discutido em detalhes no capítulo 6. Seria semelhante a alguém receber a libertação da prisão e optar por permanecer em sua cela.
Em vez de vivermos em liberdade, servindo ao propósito para o qual Jesus nos criou, voltamos à escravidão do pecado. A escravidão ao pecado gera condenação terrena; sofremos os efeitos do pecado e da morte (ou desconexão) como consequência da nossa recusa em viver uma vida de sacrifício a Jesus. É por isso que viver sacrificialmente é "lógico": significa viver livremente em Jesus e evitar o retorno à escravidão do pecado e suas consequências mortais.
Quando apresentamos nossos corpos como sacrifício vivo e santo (separado) a Deus, vivemos uma vida de serviço a Ele; fomos criados para isso. Assim, novamente, faz sentido lógico que a criação de Deus faça o que foi criada para fazer. A palavra “adoração” (em grego, "latreia", "λατρείαν") é encontrada no texto original e certamente é apropriada desde que a entendamos da maneira como as Escrituras a usam. O uso do termo “adoração” nas Escrituras difere da maneira limitada como tende a ser usado pelos frequentadores da igreja, que se referem a ele apenas como um dos momentos do culto da igreja. Para um judeu, como Paulo, a palavra “adoração” incluía os sacrifícios.
Aqui, os crentes são retratados como ofertas no altar, sacrificados a Deus. Isso significa que todo o nosso ser deve ser dedicado a Deus, não se limitando apenas à frequência aos cultos da igreja. Nas Escrituras, a palavra “adoração” é muito ampla e se se aplica a qualquer aspecto da vida. Um exemplo é Mateus 8:1, 2:
"Quando Jesus desceu do monte, acompanharam-no grandes multidões. Aproximando-se um leproso, adorava-o, dizendo: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo".
Neste versículo, o leproso adora a Jesus simplesmente reconhecendo Seu poder. Ao vivermos uma vida sacrificial, através da qual o poder de Jesus flui de nós a serviço da Sua vontade, estamos adorando a Deus com nossas vidas.
Sacrificar significa abrir mão da própria vida para abençoar a outros. Os animais sacrificados no culto hebraico produziam um aroma que subia ao céu e agradava a Deus (Levítico 4:30-31; Números 28:26-27). A maioria das ofertas eram, então, cozidas e ingeridas pelos presentes nas festas e celebrações. Jesus se refere a sermos um sacrifício vivo ao instruir Seus discípulos quanto a ser grande no Reino.
Em Marcos 9, os discípulos estavam discutindo sobre quem entre eles seria o maior (Marcos 9:33, 34). Jesus dá-lhes uma lição objetiva que termina com a seguinte admoestação:
"Pois cada um será salgado com fogo. O sal é bom; mas, se o sal se tiver tornado insípido, com que haveis de restaurar-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e estai em paz uns com os outros" (Marcos 9:49, 50).
Ao dizer "tende sal em vós mesmos", Jesus muito provavelmente estivesse querendo izer que cada discípulo deveria ser um sacrifício. Os sacrifícios cozidos e salgados eram agradáveis para comer. A idéia é a de que cada um deles deveria entregar suas vidas a Deus e cumprir Sua vontade. Ao fazê-lo, eles teriam paz uns com os outros, ao invés de ficarem discutindo quem seria o maior. Seu foco não deveria ser o de dimunir aos outros, mas de servir uns aos outros. Ao entregarmos nossas vidas ao serviço do Senhor alcançamos a verdadeira grandeza.