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Significado de Daniel 5:1-4

Em uma grande festa, o rei Belsazar, bêbado, pede que as taças do templo em Jerusalém fossem trazidas do tesouro. Ele e seus nobres, esposas e concubinas usam os cálices sagrados para beber e adorar diante de seus ídolos.

Mais de vinte anos se passam entre os eventos de Daniel 4 e este capítulo. Uma pessoa chamada Belsazar é apresentada aos leitores como rei. Belsazar era neto do rei Nabucodonosor. O pai de Belsazar, Nabonido, provavelmente tenha se casado com uma das filhas de Nabucodonosor, mas passou a maior parte de seu tempo como rei longe da Babilônia, dando autoridade a seu filho e herdeiro Belsazar. A passagem chama Nabucodonosor de pai de Belsazar, embora esta palavra (אַב, 'ab') também possa significar algo como “antepassado” ou “antecessor”.

A história extra-bíblica registra que os medos e persas havia cercado a cidade da Babilônia no momento daquela festa. Belsazar estava ou ignorando o problema do cerco ou mais provavelmente confiante na força da Babilônia. A Babilônia era a capital do império mais poderoso da época, porém um império em declínio. A cidade de Babilônia abarcava um vasto território e era cercada por enormes muralhas.

Dentro dela havia fazendas e o rio Eufrates; por isso a cidade era autossustentável e quase invulnerável ao cerco. Seus muros eram considerados inatacáveis. No entanto, os persas fizeram algo que os babilônicos aparentemente não haviam considerado. Eles desviaram o rio Eufrates e apenas escalaram os muros. O historiador grego Heródoto escreve que os babilônicos na cidade não souberam quando os persas entraram porque estavam "celebrando uma festa, cantavam, dançavam e se divertiam, até descobrirem o que havia acontecido" (Livro 1 de Heródoto, 191). Isso espelha Daniel 5. Belsazar “realizou uma grande festa para mil de seus nobres”. Os ricos governantes da Babilônia estavam comemorando e comendo, acreditando que estariam a salvo dos invasores.

O trecho registra o consumo de álcool por Belsazar. Ele estava “bebendo vinho” na presença dos mil nobres em sua festa. Tal bebedeira era pública e foi destacada pelo autor do livro, provavelmente para mostrar seu excesso. A bebida faz com que Belsazar dê “ordens para trazer os vasos de ouro e prata do templo” que ficava em Jerusalém. Os vasos haviam sido levados para lá quando Nabucodonosor, seu pai,  conquistou Jerusalém, momento em que Daniel e os outros escravos judeus foram levados para a Babilônia. Em Daniel 1, os vasos são especificamente mencionados: "O Senhor deu" a Nabucodonosor "alguns dos vasos da casa de Deus" que ele levou consigo para a Babilônia, e colocou "os vasos no tesouro de seu deus" (Daniel 1:2).

Assim, quando Belsazar toma o vinho em excesso significando que estava bêbado – ele dá uma ordem para que se trouxessem os vasos sagrados da conquista de seu avô em Judá muitas décadas antes. Seu propósito era que ele e seus nobres, suas esposas e suas concubinas pudessem beber deles.

Não havia razão prática alguma para se fazer isso. A festa já estava regada a vinho; assim, claramente, havia muitas taças sobre as mesas. Belsazar desejava beber nos vasos sagrados saqueados. Não sabemos por que ele tomou tal decisão. Talvez, com os medos e persas cercando sua cidade, sua mente tenha se voltado para os velhos despojos de guerra do poderoso reinado de seu avô, um momento excepcionalmente melhor para a Babilônia. Talvez ele acreditasse que focar nas conquistas de outros povos e outros deuses elevasse a moral de todos. Ou, talvez, fosse algo tão simples quanto sua vaidade. Ele desejava beber nas taças de “ouro e prata” para mostrar seu poder e suas posses. Qualquer que tenha sido o motivo, isso era um indício do que ouviremos diretamente de Deus a seguite: o reinado de Belsazar seria julgado por causa de sua arrogância e orgulho. Somos informados de que Belsazar ordena que os vasos sagrados sejam trazidos para demonstrar sua soberba e insanidade. Este aparentemente era um retrato de como ele governava seu reino. Ele desejava profanar os vasos do Deus Vivo e o Deus Vivo imediatamente responde a tal ofensa.

Assim, a ordem do rei é obedecida. Seus servos trazem “os vasos de ouro que haviam sido retirados do templo, a casa de Deus que estava em Jerusalém”. Belsazar, seus nobres, suas esposas e suas concubinas passam a beber neles.

Acrescentando mais insulto a Deus, eles não apenas bebem o vinho nos vasos, mas louvam “aos deuses do ouro e da prata, do bronze, do ferro, da madeira e da pedra”. A Babilônia era uma civilização politeísta, ou seja, onde se adorava a muitos deuses. Há um grave contraste aqui no louvor aos deuses criados a partir dos elementos da natureza, imagens sem vida produzidas a partir da matéria, enquanto eles bebiam nos vasos do Deus Vivo. Belsazar exalta as coisas mudas, inertes, criadas em desafio ao Criador – o Deus de Judá, o Altíssimo. O avô de Belsazar, Nabucodonosor, foi forçado a reconhecer e temer a Deus como o "Deus dos deuses e Senhor dos reis" (Daniel 2:47), "o Deus Altíssimo" (Daniel 3:26, 4:2). Cerca de duas décadas depois, Belsazar não compartilha dessa humildade ou compreensão. Seus deuses eram estátuas feitas de metal, madeira e pedra.

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