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Significado de Lucas 10:30-35

Jesus conta ao advogado uma parábola em resposta à sua pergunta de auto-justificação: Quem é o meu próximo? A história é sobre um viajante que é atacado, roubado e deixado para morrer na beira da estrada. Três homens passam. Os dois primeiros passam e deliberadamente evitam o moribundo. O terceiro, um samaritano desprezado, não apenas para ajudá-lo, mas também vai além e garante que ele seja cuidado até que recupere sua saúde.

Não há paralelo aparente para esta parábola nos outros relatos do Evangelho.

Na passagem anterior (Lucas 10:25-29), um advogado religioso trouxe um teste a Jesus quanto ao que ele deveria fazer para herdar a vida eterna. Sua pergunta não dizia respeito ao que deveria fazer para ir ao céu após morrer, mas centrava-se no que ele deveria fazer para participar plenamente do Reino messiânico e obter os maiores benefícios nesta terra.

Para saber mais sobre a diferença entre receber o dom da vida eterna e herdar a recompensa da vida eterna, consulte "Vida Eterna: Receber o Dom vs. Herdar o Prêmio".

Quando Jesus pergunta ao advogado o que a Lei dizia, o advogado religioso responde corretamente citando os dois maiores mandamentos: Amar a Deus de todo o coração, alma, força e mente (Deuteronômio 6:5) e amar ao próximo como a si mesmo (Levítico 19:18b). Jesus confirma sua resposta e lhe instrui a fazer essas coisas para herdar a vida eterna.

Porém, o advogado religioso quis justificar-se por não aderir ao mandamento de Deus de amar ao próximo, devolvendo uma outra pergunta a Jesus: "Quem é o meu próximo?" Como o próprio texto diz que o advogado religioso buscava se justificar, ele demonstra que não tinha a intenção aprender e crescer. Pelo contrário, ele apenas pretendia justificar seus comportamentos.

Jesus responde à pergunta do advogado religioso, não com uma declaração, mas com uma história: "A Parábola do Bom Samaritano."

Esta parábola é estilisticamente incomum entre as parábolas de Jesus. É simples e direta. Em alguns aspectos, "A Parábola do Bom Samaritano" é mais uma história esclarecedora do que uma parábola simbólica. Não há símbolos ou figuras que preencham algumas das parábolas de Jesus, como as Parábolas das Sementes nos Diferentes Tipos de Solos (Mateus 13:3-9) ou do Trigo e do Joio (Mateus 13:24-30), que requerem interpretação (Mateus 13:18-23; 13:36-43).

Também não parece ser multifacetada, como a Parábola da Vinha (Mateus 20:1-16); da Festa de Casamento (Mateus 22:2-14); das Madrinhas (Mateus 25:1-13); dos Talentos (Mateus 25:14-30); ou do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32), que exigem muita interpretação. É a simplicidade da "Parábola do Bom Samaritano" que a torna tão poderosa e memorável. Esta parábola parece destacar o seguinte ponto principal: nosso "próximo" é a pessoa que esteja diretamente em nosso caminho precisando de ajuda. Como é típico de Jesus, Ele inclui circunstâncias um tanto extremas e apresenta o "próximo" como um inimigo. A questão é: se um inimigo pode ser o nosso próximo, então ninguém deve ser excluído.

A História

A história começa com um viajante que estava descendo de Jerusalém para Jericó.

A cidade de Jerusalém era a capital da Judéia, localizada nas colinas rochosas no centro-sul da Judéia. Ela ficava a uma altitude de aproximadamente 780 metros acima do nível do mar. A cidade de Jericó, por outro lado, estava localizada no vale do rio Jordão, cerca de 25 quilômetros a leste de Jerusalém, a uma altitude de aproximadamente 250 metros abaixo do nível do mar. Assim, a estrada de Jerusalém para Jericó era, literalmente, ladeira abaixo e qualquer viajante que fosse de Jerusalém a Jericó precisaria descer mais de cinco mil metros. Aliás, é por isso que a Bíblia costuma usar a linguagem "subindo a Jerusalém" ou "descendo de Jerusalém/até Jericó". Isso remete à sua elevação, não às direções geográficas Norte/Sul.

Jesus não diz explicitamente por que o homem estava descendo de Jerusalém para Jericó, mas podemos especular que ele estava a caminho da região da Galiléia, no norte. Os judeus que viajavam de/para Jerusalém e Galiléia preferiam percorrer o longo caminho para a província pagã da Decápolis e para Peréia, a leste do rio Jordão. Este percurso passava pela cidade de Jericó. Os judeus evitavam a rota mais direta através da região de Samaria, localizada entre a Judéia e a Galiléia, se possível. Este desvio habitual acrescentava pelo menos mais um dia em cada sentido de sua jornada, até mesmo dois ou mais.

(Ver Mapa)

Judeus e samaritanos

A razão pela qual os judeus decidiam percorrer esse caminho mais longo era porque eles odiavam e desprezavam ao povo de Samaria.

Os samaritanos eram remanescentes do reino do Norte, das dez tribos de Israel. Originalmente, os filhos de Israel foram organizados em doze tribos, de acordo com a linhagem descendente dos doze filhos de Jacó. Eles viveram em relativa harmonia durante o Êxodo, a Conquista e o tempo dos Juízes. As doze tribos estavam politicamente unidas sob os reis Saul, Davi e Salomão; porém, as dez tribos do norte se rebelaram contra a severidade dos impostos cobrados pelo filho de Salomão, Roboão (1 Reis 12:14, 18). Este conflito resultou na divisão de Israel em duas nações: o reino do sul (Judá) e o reino do norte (Israel).

O reino de Israel seguiu sua própria linhagem de reis que, por razões de poder político e cultural, estabeleceram seus próprios locais de culto longe do templo em Jerusalém, localizado no sul. Logo, os reis e o reino do Norte começaram a adorar a deuses pagãos e a celebrar suas práticas pagãs. Deus enviou profetas, como Elias e Eliseu para repreendê-los, porém eles foram ignorados. Eventualmente, os assírios invadiram e conquistaram com sucesso o reino do Norte. O reino de Israel deixou de existir. A maioria dos israelitas foi exilada. Os poucos filhos de Israel restantes foram assimilados e se passaram a se casar com as culturas circundantes. Com base na conversa de Jesus com a mulher samaritana junto ao poço, alguns samaritanos parecem ter retido fragmentos de sua herança judaica - por exemplo, ela afirma que Jacó era seu pai patriarcal (João 4:12) e acredita na vinda do Messias (João 4:25).

Os judeus eram descendentes do reino de Judá (daí o termo "judeu", derivado de Judá). Mais tarde, eles foram conquistados e exilados na Babilônia. Após um período de exílio, eles foram autorizados a retornar à terra prometida após a conquista da Babilônia pela Pérsia. Sob a liderança de Neemias e Esdras, eles reconstruíram o templo e os muros de Jerusaléme  voltaram a se dedicar à Lei de Deus. Ao longo dos séculos, eles viveram em Israel sob o domínio estrangeiro da Pérsia, depois Alexandre, o Grande (que conquistou a Pérsia) e os gregos (que descendiam de Alexandre). Sob a liderança dos Macabeus, os judeus conquistaram para si a independência nacional, até que Pompeu os conquistou em nome do Império Romano. A Judéia ainda estava sob domínio romano na época de Jesus.

Os judeus viam aos samaritanos como israelitas impuros, uma raça mista. Para os judeus, os samaritanos eram desprezados como traidores indignos, idólatras, cheios de ignorância e maldade. O samaritano representava o pior dos descendentes de Israel. Pelo fato de seus antepassados terem rejeitado à Lei de Deus, os judeus os rejeitavam.

Ignorando sua própria história rebelde, os judeus evitavam os samaritanos como exemplos das maldições resultantes da desobediência profetizada por Moisés (Deuteronômio 28:15-68). O contato ou a interação com um samaritano, acreditavam os judeus, poderia trazer contaminação para si mesmos. Isso é notado no Evangelho de João: "Porque os judeus não têm relações com os samaritanos" (João 4:9). Era por isso que os judeus achavam melhor percorrer o caminho mais longo ao redor de Samaria do que ter que passar pelas cidades samaritanas, comer em mesas samaritanas, dormir sob telhados samaritanos.

Jesus não compartilhava ou endossava os pontos de vista de Seus irmãos judeus quanto aos samaritanos. Ele rejeitava a visão deles. O ódio não fazia parte de Seu Reino — Seu Reino se concentrava no amor, conforme mostrava o segundo maior mandamento. Isso é indicado pela interação de Jesus com a mulher samaritana no poço durante Sua viagem a Samaria a caminho da Galiléia e Jerusalém (João 4:3-29). Jesus permaneceu vários dias para ministrar e servir aos samaritanos lá (4:39-43). Seu ministério e esta parábola indicam o quanto Jesus valorizava os samaritanos e os amava. Jesus via os samaritanos como Seu “próximo” e os amava como a Si mesmo, conforme comandava Levítico 19:18.

Assim, quando Jesus conta a "Parábola do Bom  Samaritano", Ele apresenta o herói da história como um samaritano. O samaritano mostraria como ser bom vizinho. Ao retratar um samaritano desprezado como o herói da história, Jesus estava dizendo ao advogado religioso: "Seu próximo inclui, além daqueles de quem você gosta, os samaritanos".

O ataque

Jesus continua Sua história. Quando o homem estava descendo de Jerusalém para Jericó, ele caiu nas mãos de ladrões. A estrada entre Jerusalém e Jericó era traiçoeira porque, ao descer pelas colinas rochosas do campo, havia muitas curvas onde ladrões podiam emboscar até mesmo aos viajantes mais cautelosos.

A expressão “cair nas mãos de ladrões” significa que os ladrões o emboscaram. No ataque, ele foi superado por eles. Os ladrões tiraram-lhe as roupas e os bens. O fato de o terem despido indica que ele poderia estar usando roupas caras. Talvez, ao acrescentar esse detalhe, Jesus estivesse colocando ao advogado religioso no lugar do homem emboscado. Os advogados religiosos eram ricos e usavam roupas finas.

Jesus acrescenta que os ladrões o espancaram. Talvez o homem tenha resistido e sido derrotado na luta que se seguiu, ou talvez os ladrões o espancaram para impedi-lo de fugir. Evidentemente, o espancamento foi brutal. Logo depois, os ladrões vão embora, deixando o homem meio morto. A expressão “meio morto” pode indicar que ele estivesse inconsciente. Também pode ser que ele tenha se ferido tão gravemente que, sem assistência médica, provavelmente morreria. Ambas as possibilidades podem ser aplicadas.

Depois disso, três viajantes diferentes (um sacerdote, um levita e um samaritano) passaram separadamente e viram o homem meio morto.

Jesus diz que esses homens passavam casualmente. Isso indica que eles tinham suas próprias razões para percorrer a estrada entre Jerusalém e Jericó e que, quando chegaram ao lugar onde o homem estava, inesperadamente o viram lá, meio morto. O sacerdote e o levita responderam mais ou menos da mesma maneira. O samaritano respondeu de forma diferente.

O Sacerdote e o Levita

Primeiro, foi o sacerdote que estava descendo por aquele caminho.

O sacerdote era alguém que mediava entre Deus e as pessoas. Os sacerdotes cumpriam este papel administrando os sacrifícios das pessoas a Deus e compartilhavam a sabedoria da palavra de Deus, que levava à vida e à bênção. Acima de tudo, o sacerdote deveria ser um servo que seguia aos mandamentos de Deus - o principal dos quais era servir e cuidar dos necessitados. Na época de Jesus, o sacerdote era quase sempre membro do grupo dos saduceus que trabalhavam no templo em Jerusalém. Aliás, o sacerdote na parábola estava indo na mesma direção do homem que fora atacado por ladrões, porque estava descendo por aquela estrada no momento em que o homem estava descendo de Jerusalém para Jericó.

Porém, quando o sacerdote viu o homem meio morto caído na estrada, ele não foi socorrê-lo. Em vez disso, ele passou do outro lado da estrada. O sacerdote, quaisquer que fossem seus sentimentos, não parou para prestar a ajuda necessária, deixando o homem meio morto sozinho. O sacerdote era uma pessoas altamente respeitada no establishment religioso, da mesma forma que o advogado religioso a quem Jesus estava dirigindo a história.

O levita foi a segunda pessoa a chegar ao local onde o homem havia sido atacado e, agora, estava meio morto.

Os levitas pertenciam à tribo de Levi. Os levitas foram a única tribo a ficar do lado de Moisés e de Deus quando o povo fez o bezerro de ouro (Êxodo 32:25-29). Consequentemente, Deus os fez uma tribo de sacerdotes em Israel. Os levitas não receberam uma porção de terra após a entrada de Israel na Terra Prometida; ao invés disso, eles receberam cidades dispersas por toda a nação para que pudessem ministrar ao povo em suas próprias cidades (Josué 21:1-3). Durante o período pós-exílico, os deveres dos levitas incluíam servir no templo e ensinar a palavra de Deus (Neemias 8:9-12). Em muitos aspectos, levitas e sacerdotes tinham papéis muito semelhantes e, às vezes, são usados de forma intercambiável nas Escrituras. O advogado religioso com quem Jesus estava falando provavelmente se identificava com o levita nesta parábola.

Porém, quando o levita viu o homem à beira da estrada, ele também passou por ele do outro lado da estrada, assim como o sacerdote havia feito.

Jesus não detalha por que o sacerdote e/ou levita não agiram humanamente e ajudaram ao homem meio morto. Jesus apenas descreve o que eles fizeram. Ao não explicar seu raciocínio, Jesus deixa que o advogado religioso (e qualquer outro ouvinte) preenchesse as lacunas, chegando às suas próprias conclusões.

Possíveis justificativas para a decisão do sacerdote e do levita poderiam incluir:

  • Eles estavam assustados - Eles não sabiam se os ladrões ainda estavam por ali esperando sua próxima vítima - ou, ainda pior, era sempre possível que o homem meio morto estivesse deitado na estrada simplesmente para atraí-los a uma emboscada.
  • Eles estavam com pressa - Eles podiam estar a caminho de prestar serviços sacerdotais urgentes ou cuidar de negócios religiosos importantes. Parar para ajudar ao homem meio morto não fazia parte de sua agenda. Fazê-lo atrasaria ou arruinaria seus planos.
  • Eles eram legalistas - Eles não queriam se tornar cerimonialmente impuros ao tocar um homem ferido ou morrendo. Ajudá-lo seria problemático e envolveria entrar em contato com seu sangue, já que ele podia já estar morto.

A Lei de Deus dizia que entrar em contato com um corpo morto tornava a pessoa cerimonialmente impura (Números 19:11-22). É importante ressaltar que a Lei não tornava pecado tocar em uma pessoa morta. Ela simplesmente afirmava que uma pessoa não poderia servir no templo logo após tocar um cadáver, prescrevendo passos para que a pessoa se tornasse limpa novamente. Da mesma forma, as leis em Levítico diziam que o sangue menstrual (Levítico 15:19-28) e o sangue do parto (Levítico 12:1-5) tornavam uma pessoa impura e proibia sua entrada no templo por um tempo determinado. O propósito de todas essas leis era manter o Tabernáculo santo e limpo. É possível que, na proliferação de regras legalistas dos fariseus, eles tivessem acrescentado estipulações adicionais, como entrar em contato com sangue em qualquer situação, o que os tornaria temporariamente impuros.

Se o legalismo foi o motivo de o sacerdote ou o levita terem escolhido ignorar o homem meio morto e não ajudá-lo naquele momento de desespero, isso significaria que eles amavam à sua própria limpeza cerimonial mais do que a vida de seu semelhante. Isso também significaria que eles priorizavam suas próprias regras, em vez das regras de Deus.

Quaisquer que fossem as razões do sacerdote e do levita, eles passaram pelo homem meio morto do outro lado da estrada. Eles nem se aproximaram dele. Qualquer conforto que pudessem ter dado a esse homem desesperado foi friamente oferecido de uma distância segura.

Uma última observação sobre o sacerdote e o levita é que eles pareciam estar viajando sozinhos. Eles não parecem estar viajando em caravana ou com alguma comitiva. Não havia mais ninguém por perto. Não havia mais ninguém assistindo. Não havia ninguém para ver seu ato de compaixão ou seu ato de negligência. Não havia nenhum ganho aparente a ser obtido arriscando-se ou sacrificando seu tempo, cerimônia e esforços para ajudar ao estranho meio morto. E não houve nenhuma consequência aparente para que o deixassem morrer na estrada. Não havia ninguém para ver sua vergonha e eles não pareciam estar preocupados com a perspectiva de Deus. Sua escolha de não cuidar do homem, passando do outro lado da estrada, revela o vazio de sua compaixão.

A escolha que cada um desses homens faz quando ninguém estava vendo revelava o verdadeiro caráter e condição de seus corações. O mesmo acontece muitas vezes conosco. As escolhas morais que fazemos quando ninguém nos está observando, apenas Deus, revelam a condição de nossos corações. Porém, devemos saber que Deus está sempre atento. Somos responsáveis perante Ele por nossas ações secretas (Lucas 12:3). Ele nos recompensará de acordo com as escolhas que fizermos — sejam secretas ou públicas, boas ou más, ações realizadas ou omitidas (Mateus 6:1-4; 10:32-33; Coríntios 5:9-10).

O Bom Samaritano

A terceira pessoa a se deparar com o homem meio morto foi um samaritano. Jesus diz  que ele estava em viagem - o que reitera que ele não era da Judéia. Este samaritano, ao viajar pela estrada da Judéia, de Jerusalém a Jericó, provavelmente era desprezado pela grande maioria das pessoas que encontrava (Veja a Seção Judeus e Samaritanos acima).

Jesus diz que, quando o samaritano se deparou com o homem meio morto deitado à beira da estrada, sentiu compaixão por ele. Tal atitude era impensável para o advogado religioso. Para ele, os samaritanos eram traidores sem valor, abandonados por Deus. Os samaritanos eram incapazes de amor e virtude, em seu pensamento. Imaginar que um samaritano sentiria compaixão por um inimigo judeu indefeso quebrava seus paradigmas. E, no entanto, o que o samaritano faz a seguir, ou seja, agindo de acordo com sua compaixão, é um belo exemplo do ensinamento de Jesus sobre o amor em Seu Sermão da Montanha:

"Ouvistes que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo'. Mas eu vos digo: amai aos vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus, pois Ele faz nascer o seu sol sobre os maus e os bons, e manda chuva sobre os justos e os injustos" (Mateus 5:43-45).

A perspectiva do samaritano era exatamente oposta à do sacerdote e do levita. Ao contrário do sacerdote e do levita, que eram compatriotas do homem, mas passaram sem prestar socorro, o samaritano não pensou em si mesmo ao ver ao homem indefeso e moribundo. Sua primeira reação foi de piedade e compaixão pelo estranho sofredor, mesmo que fosse um judeu que o odiava.

Em vez de passar do outro lado da estrada, o samaritano aproxima-se dele e enfaixa-lhe os ferimentos. A primeira coisa que o samaritano faz é ir até o homem. Ele não vacila ou hesita, mas imediatamente entra em ação e vem em seu auxílio.

A próxima coisa que o samaritano faz é tratar dos ferimentos do homem meio morto. Ele os enfaixaEle também derrama azeite e vinho sobre suas feridas. O fato de derramar azeite e vinho em seus ferimentos indicam que os ferimentos eram profundos - o homem meio morto poderia sangrar lentamente até a morte. A razão pela qual o samaritano derrama azeite e vinho sobre as feridas era para limpá-las de possíveis infecções.

Tendo prestado socorro vital ao homem meio morto, tratando de seus ferimentos, o samaritano o coloca em sua própria besta e o traz para a cidade. A besta era o tipo mais comum de animal de carga na Judéia e Samaria naquela época, ou seja, um burro. Ao colocar o estranho em sua própria besta, o samaritano teve de andar e, possivelmente, carregar parte da carga.

Então, ao chegarem à cidade, o samaritano o leva a uma pousada e cuida do homem. Teria custado dinheiro ao samaritano alugar um quarto para o homem ficar. O homem estava tão ferido que levaria dias para se recuperar. O samaritano ficara com ele o máximo que pôde. Antes de partir, ele toma providências para que o estranho receba tudo o que precisasse para se recuperar.

No dia seguinte, ele pega dois denários e os entrega ao estalajadeiro, dizendo: 'Cuida dele; e o que mais gastares, quando eu voltar, eu te retribuirei'.

O samaritano paga ao estalajadeiro dois denários antecipadamente e promete pagar ainda mais, se necessário. Dois denários, na época de Jesus, valiam dois dias de trabalho. Era um ato considerável de generosidade. Além de alugar o quarto, o samaritano paga ao dono da pousada a compra de mantimentos como comida, óleo, curativos - o que quer que o ferido precisasse para sua recuperação. O samaritano promete pagar ao estalajadeiro quando retornasse.

O fato de o samaritano ter prometido pagar mais sugere que ele não era necessariamente rico, caso contrário, ele provavelmente teria os fundos em mãos para pagar tudo de uma vez. O samaritano havia gastado tudo o que tinha para sustentar ao estrangeiro e ainda estava disposto a investir mais, caso necessário.

A razão pela qual ele fez tudo isso era porque o samaritano amou ao estranho como a si mesmo.

Jesus conta essa história em resposta à pergunta: "E quem é o meu próximo?" feita pelo advogado religioso que o testava (Lucas 10:25-29). Jesus responde com uma história apresentando um inimigo odiado como o herói que amou a um vizinho idêntico ao advogado (judeu). Seus colegas religiosos, talvez superiores em patente ao advogado, não lhe prestaram auxílio. Não importa com qual das figuras da história o advogado se identificasse, a resposta seria a mesma: amar ao próximo significava ajudar àqueles que Deus coloca em seu caminho.

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