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Significado de Lucas 10:36-37

Jesus pergunta ao advogado religioso qual dos três viajantes era foi o “próximo” do homem ferido. O advogado responde: "Aquele que lhe mostrou misericórdia". Jesus aconselha o advogado a ser como aquele samaritano se quisesse herdar as bênçãos da vida eterna.

Não há paralelo aparente para esse encontro nos relatos dos outros Evangelhos.

Na seção anterior, Jesus respondeu à pergunta do advogado religioso: "Quem é o meu próximo?" (Lucas 10:29) com "A Parábola do Bom Samaritano" (Lucas 10:30-35).

O advogado fez essa pergunta para justificar seu não cumprimento do mandamento de Deus de "amar ao próximo como a si mesmo" (Levítico 19:18b). Jesus havia dito ao advogado que este mandamento era uma exigência para se herdar a vida eterna, referindo-se à conquista da maior realização na vida (Lucas 10:25-28).

Na parábola, um homem havia sido atacado, roubado e deixado para morrer na beira da estrada por bandidos. Um sacerdote passou pelo homem, depois um levita; ambos eram líderes religiosos. Cada um passou pelo homem que sangrava do outro lado da estrada, em vez de cumprir com suas obrigações religiosas de prestar socorro a ele. Agora, um samaritano desprezado passa por lá e não apenas trata dos ferimentos do homem, como também o traz para a cidade em seu burro, aluga um quarto e cuida dele. O samaritano, então, paga ao estalajadeiro para prover quaisquer despesas futuras necessárias para ajudar ao estranho - e promete pagar mais, se necessário.

Tendo terminado a parábola, Jesus pergunta ao advogado religioso: Qual desses três [o sacerdote, o levita, o samaritano] provou ser o próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões?

Jesus coloca a questão diretamente no colo do advogado. A palavra grega usada aqui é uma forma de Do-ké-O (G1380). Significa "supor", "adivinhar", "especular" ou "sentir". Jesus estava provocando uma reação no advogado. Jesus muitas vezes demandava a perspectiva imediata das pessoas sobre algumas coisas, em vez de dar respostas polidas ou premeditadas (Mateus 17:25; 18:12; 21:28; 22:42).

A resposta à pergunta de Jesus era óbvia: o samaritano havia provado ser o próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões. Os religiosos podiam dizer que amavam ao homem como seu próximo, mas suas ações provaram o contrário. O amor consiste em mais do que palavras. Consiste em ações. Isso é consistente com as descrições do Novo Testamento quanto ao amor "ágape". O amor "ágape" é demonstrado pela escolha ativa de maneiras que busquem o melhor para os outros (1 Coríntios 13:4-7).

O mandamento de "Amar ao próximo como a si mesmo" implica o amor próprio como condição natural para os seres humanos. Porém acrescenta a exigência de uma perspectiva humilde que transcenda a si mesmo.

"Não façais nada por egoísmo ou presunção vazia, mas com humildade de espírito considerai-vos uns aos outros mais importantes do que vós mesmos; não cuide apenas dos seus interesses pessoais, mas também dos interesses dos outros" (Filipenses 2:3-4).

O amor "ágape" na Bíblia é um amor que deixa de lado a si mesmo para buscar o interesse dos outros, da mesma maneira que a pessoa deseja receber para si mesma.

O samaritano tinha essa perspectiva e, portanto, fora capaz de amar ao estranho como amava a si mesmo. O sacerdote e o levita não tinham essa perspectiva e não amaram ao homem ferido - apenas a si mesmos.

O samaritano era focado nos outros. O sacerdote e o levita eram absorvidos consigo mesmos.

O samaritano vê o homem meio morto e reorganiza sua agenda para salvá-lo. O sacerdote e o levita vêem um inconveniente ou obstáculo às suas agendas e o deixam sofrer.

O samaritano arrisca sua própria segurança pessoal para tentar salvá-lo. O sacerdote e o levita vêem uma ameaça à sua segurança pessoal.

O samaritano vê um homem sangrando prestes a morrer. O sacerdote e o levita vêem um problema com todo aquele sangue, que poderia levá-los a tornarem-se cerimonialmente impuros e, portanto, incomodá-los.

O samaritano vê uma pessoa desesperada e a serve. O sacerdote e o levita vêem um problema a ser evitado.

O samaritano vai até o homem e o salva em seu momento de aflição. O sacerdote e o levita passam para o outro lado da estrada e o deixam morrer.

O samaritano atende às necessidades imediatas do homem, o leva para a cidade e sacrificialmente faz provisões para sua recuperação e conforto. O sacerdote e o levita vão embora e seguem para sua próxima agenda, mantendo o moribundo fora de suas prioridades.

O advogado religioso respondera corretamente à pergunta de Jesus sobre qual dos três homens havia provado ser o próximo do homem.

Ele diz: "Aquele que mostrou misericórdia para com ele". Esta era a resposta correta, pois o samaritano havia demonstrado grande misericórdia ao estrangeiro moribundo. Porém, é interessante que o advogado religioso não diz "o samaritano"; ele apenas descreve o que o samaritano havia feito.

Parece que o advogado não queria nem mesmo falar bem de seu suposto inimigo (os samaritanos). Se este foi o caso, faltava-lhe sequer a caridade para creditar verbalmente o bem a um samaritano fictício. Além disso, o advogado estava demonstrando sua própria falha moral em cumprir o mandamento necessário para herdar a vida eterna.

Jesus não apontou sua incoerência. Ele nem precisava. Jesus simplesmente diz ao advogado religioso: "Vá e faça o mesmo".

O ponto destacado por Jesus é que não devemos escolher a quais dos mandamentos de Deus iremos obedecer e a quais não iremos obedecer caso desejemos entrar em Seu Reino e herdar a vida eterna. Para obtermos a maior das realizações na vida é necessário deixarmos de lado a conveniência e buscar servir aos outros.

Para saber mais sobre a diferença entre receber o dom da vida eterna versus herdar o prêmio da vida eterna, consulte: "Vida Eterna: Receber o Dom vs Herdar o Prêmio."

Todas as pessoas a quem encontramos no caminho são nosso próximo. Não devemos decidir quando e se em que grau iremos obedecer a Deus para recebermos Suas bênçãos. Deus determina o padrão. O padrão Dele é amarmos a todos, inclusive aos nossos inimigos (Mateus 5:43-45). Não nos é dada a opção de apresentarmos justificativas. Cristo é nosso Juiz (1 Coríntios 3:11-15; 2 Coríntios 2:5:9-10). Somos justificados aos olhos de Deus pela morte e ressurreição de Jesus (Romanos 3:24).

Jesus não nos dá tal prerrogativa. Devemos seguir a Seu exemplo (Lucas 9:23-24).

Deus nos perdoa da pena do pecado e nos salva do castigo eterno no lago de fogo com base em Sua graça e misericórdia através da fé Nele (João 3:14-16; Efésios 2:8-9). Esta aceitação é incondicional. Porém, nossas recompensas dependem de nossas escolhas. Se quisermos herdar a medida mais completa de bênçãos nesta vida e experimentar a totalidade da vida (a recompensa da vida eterna), devemos seguir a Deus completamente — com todo o nosso coração, alma, mente e força, conforme declarado no maior mandamento (Lucas 10:27). E a maneira mais tangível de fazermos isso é obedecer ao segundo maior mandamento e amar ao próximo como amamos a nós mesmos. Este mandamento divino é a soma de todos os outros (Gálatas 5:14).

Que possamos obedecer sempre a este mandamento. E que nossas ações busquem consistentemente servir sacrificialmente ao próximo, com amor genuíno.

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