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Significado de Lucas 4:5-8

O diabo tenta a Jesus uma segunda vez, oferecendo-lhe poder e glória imediatos em troca de Sua adoração. Jesus o repreende e cita Deuteronômio uma segunda vez.

Os exemplos paralelos do Evangelho para essa passagem estão em Mateus 4:8-10 e Marcos 1:12.

Antes de entrar no texto, é interessante notar que a segunda e a terceira tentações de Jesus em Lucas são apresentadas na ordem inversa da de Mateus. Isso provavelmente se deva ao propósito original de Lucas em seu relato evangélico, ou seja, "empreender uma narração coordenada" (Lucas 1:3). O relato de Lucas busca apresentar os eventos em ordem cronológica, enquanto Mateus provavelmente tenha listado as tentações de forma temática.

A segunda tentação do diabo foi a oferta de poder real a Jesus em troca de Sua adoração. Jesus não contesta que Satanás tinha o poder para dar-lhe domínio sobre a terra. Porém, Ele recusa a proposta de poder passageiro, posição e glória temporária nesta vida em troca de bens eternos que não desapareceriam. Jesus recusa a oferta de tomar um "atalho".

Levando-o a uma altura, mostrou-lhe, num relance, todos os reinos do mundo. Disse-lhe o Diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me tem sido entregue, e a dou a quem eu quiser (v.5, 6).

Na segunda tentação, o diabo levou-O a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória. Pode ter sido uma montanha literal, ou o diabo pode ter mostrado essas coisas a Jesus em uma visão. A expressão “todos os reinos do mundo” pode referir-se a todos os reinos terrenos que existiam naquela época – incluindo Roma, ou a todos os reinos ao longo da história do mundo, todos os reinos que ainda estavam por vir. Ou podem ser ambas as coisas. Cada reino envolve uma estrutura de poder político, com governantes e súditos. A glória de um reino provém das realizações de seu povo, que serve a seu soberano. Quando o diabo diz que lhe daria domínio e glória, ele estava se referindo à autoridade de governar a todos os reinos.

É importante notar o que Jesus não diz à oferta. Jesus não diz ao diabo que era impossível a ele dar-Lhe todos os reinos do mundo. Isso levanta a interessante realidade de que Satanás ainda era o governante deste mundo. O próprio diabo fala o domínio visível e sua glória: "...porque ela me tem sido entregue, e a dou a quem eu quiser". Jesus se refere a Satanás como o "príncipe deste mundo" em João 14:30 e João 16:11. Ele afirma que, ao completar Sua obra, "o príncipe deste mundo será expulso" (João 12:31). Portanto, embora Satanás ainda seja atualmente o governante deste mundo, ele já perdeu o seu poder. O diabo ainda ocupa a posição, embora tenha sido derrotado e é certo que será substituído. É claro que Satanás será substituído como o governante deste mundo por Jesus, que se tornará o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19:11-16).

Satanás, atualmente, tem livre acesso ao céu e à terra. Vemos isso no primeiro capítulo do livro de Jó. Também observamos no livro de Apocalipse que, no fim desta era, Satanás será expulso do céu (Apocalipse 12:7-13). Ele finalmente será lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:10).

Se tu, pois, me adorares, tudo será teu (v. 7).

Em troca de transformar Jesus no governante sobre todas essas coisas, o diabo Lhe diz que ele deveria se prostrar e adorálo. O Evangelho de Mateus é mais descritivo em relação à exigência do diabo: "...se prostrado me adorares" (Mateus 4:9). Jesus sabia que a terra seria Sua. Porém, o diabo Lhe oferece um atalho – um caminho atra´ves do qual Jesus poderia pular o sofrimento da Cruz e governar sobre os reinos da terra imediatamente. A lógica era: "Você vai conseguir isso de qualquer maneira; por que não pular todo esse sofrimento e alcançar isso agora? De bom grado eu te darei. Só tem um porém: você trabalhará para mim, não mais para Teu Pai." Satanás oferece um caminho mais fácil, um caminho imediato. No entanto, Jesus não cai na armadilha. Ele sabia que o que Satanás estava prometendo não podia ser entregue.

Curiosamente, no Jardim do Getsêmani, Jesus pede a Seu Pai um caminho mais fácil, talvez semelhante ao que o diabo lhe oferece aqui no deserto. Porém, Ele diz a Seu Pai que seguiria Seu plano em vez de Seus próprios desejos (Lucas 22:42).

Se Jesus sucumbisse à oferta do tentador, Ele imediatamente se tornaria o governante do mundo. No entanto, Ele teria se submetido a Satanás e rejeitado a Deus. Parece razoável pensar que o esquema de Satanás fosse evitar ser removido como "príncipe deste mundo" caso conseguisse fazer com que o Ungido trabalhasse para ele.

Submetendo-se a Deus e obedecendo-O firmemente, Jesus foi capaz de suportar a humildade e o sofrimento, desprezando a vergonha da cruz pela alegria posta diante Dele (Filipenses 2:5-11; Hebreus 12:2). A "alegria posta diante dele" era assentar-se "à direita do trono de Deus" (Hebreus 12:2). Nos reinos humanos, era uma ofensa capital sentar-se na presença do rei, a menos que a pessoa também pertencesse à realeza. Sentar-se à direita do trono de Deus é um símbolo de reinar com Ele. Jesus esperou pelo tempo de Deus para ser colocado como governante do mundo. Portanto, Jesus se assentará no trono para sempre.

Depois que o diabo faz sua oferta ilícita, Jesus o repreende uma segunda vez e cita Deuteronômio novamente: "Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto" (v. 8).

A passagem completa no livro de Deuteronômio afirma o mandamento negativo de não adorarmos a outros deuses e termina com a advertência de que desobedecer a esse mandamento certamente provocaria a ira de Deus e "Ele os limpará da face da terra" (Deuteronômio 6:13-15). Esta repreensão divina lembrava ao diabo que seu tempo de governo seria curto.

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