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Significado de Lucas 4:2-4

O diabo se aproxima de Jesus com a primeira de três tentações. Ele pede a Jesus que use Seus poderes divinos para transformar pedras em pão depois de Cristo haver jejuado quarenta dias e noites no deserto. Jesus usa as Escrituras para refutá-lo.

Os exemplos paralelos do Evangelho para essa passagem estão em Mateus 4:2-4 e Marcos 1:12.

A permanência de Jesus no deserto durou quarenta dias, onde Ele foi tentado pelo diabo. “Nada comeu nesses dias; mas, passados eles, teve fome” (v. 2).

Jesus jejuou enquanto estava "no deserto" (Lucas 4:1).

O jejum é um exercício espiritual no qual um indivíduo intencionalmente se priva de algum bem finito (geralmente alimento) com o propósito de tornar-se mais dependente do bem supremo – Deus (e menos dependente dos bens finitos).

Sabemos que, neste caso, Jesus jejuou de alimento porque Lucas nos diz que Ele não comeu nada durante aqueles dias. Como exercício espiritual, o jejum eleva as virtudes da humildade e do autocontrole. Jejuar de alimento e sustento num deserto inóspito por quarenta dias e quarenta noites (Mateus 4:2) certamente exigiu disciplina substancial. As dores provocadas pela fome sentidas por Jesus provavelmente foram cada vez mais constantes e severas. Este foi um momento em que Jesus sentiu profundamente a fragilidade de Sua humanidade. Em Sua fragilidade, Jesus escolheu a humildade: Ele confiou em Deus, em obediência ao Espírito Santo.

Não é sem significado que o jejum de Jesus tenha durado quarenta dias e quarenta noites. Na cultura judaica, quarenta é um número que simboliza teste e disciplina. Ao longo do Antigo Testamento um período de quarenta dias, bem como quarenta dias e quarenta noites, ocorre repetidamente.

Algumas referências a quarenta ou quarenta dias e quarenta noites no Antigo Testamento (e seus possíveis paralelos messiânicos) são as seguintes:

  • O Dilúvio quarenta dias e quarenta noites foi o período exato de tempo que Deus fez chover sobre a terra (Gênesis 7:12). Deus julgou o mundo por sua desobediência. Jesus é a arca sobre a qual a humanidade é salva do julgamento.
  • Os Espias quarenta dias e quarenta noites foi o período exato de tempo em que os doze espiões espiaram a Terra Prometida (Números 13:25). Dez deles viram que a terra era boa, porém ficaram temerosos quando viram as dificuldades à frente e se recusaram a confiar na promessa de Deus. Satanás testaria Jesus mostrando-lhe atalhos em torno de todas as dificuldades à sua frente, buscando afastá-lo da confiança nas promessas de Deus.
  • O Jejum de Elias quarenta dias e quarenta noites foi o período exato de tempo no qual Elias jejuou em sua jornada para "Horebe, o monte de Deus" (Horebe é outro nome para o Monte Sinai, 1 Reis 19:8). Assim como Davi era considerado pelos judeus como o maior rei de Israel, Elias era considerado o maior profeta de Israel. Os milagres de Jesus foram paralelos e superaram os milagres de Elias em quantidade e poder.
  • Experiência de Ezequiel — quarenta dias e quarenta noites foi o período exato de tempo que o profeta Ezequiel colocou de lado para simbolicamente "suportar a iniquidade da casa de Judá" (Ezequiel 4:6). Jesus veio para carregar os pecados de Judá (e do mundo) sobre Si mesmo.
  • A Pregação de Jonas quarenta dias e quarenta noites foi o período exato de tempo em que o profeta Jonas pregou sobre a advertência de Deus a Nínive (Jonas 3:4). Jesus também pregou o evangelho de arrependimento, a fim de que as pessoas evitassem a destruição.
  • Quarenta foi o número de anos em que os israelitas vagaram pelo deserto antes de entrarem na Terra Prometida (Êxodo 16:35; Números 32:13Deuteronômio 29:5). Foi o tempo de preparação para entrarem na Terra Prometida. Jesus foi levado a ser tentado como um tempo de preparação.
  • Quarenta também foi o número de anos em que cada um dos três primeiros reis de Israel reinou: Saul (Atos 13:21), Davi (1 Reis 2:11) e Salomão (1 Reis 11:42). Jesus veio como o Rei dos Judeus.

Então, lhe disse o Diabo: Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se torne em pão (v. 3).

Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, Jesus teve fome. Foi então, quando Jesus estava faminto e fisicamente esgotado, que o diabo veio tentá-lo. Aquele que tentou Eva a quebrar o mandamento de Deus agora veio testar Jesus.

O primeiro aspecto notável dessa tentação é que o diabo escolheu um momento específico para a tentação: quando Jesus estava fisicamente enfraquecido. Jesus estava faminto depois de jejuar por quarenta dias e quarenta noites. Pesquisas mostram que a força de vontade humana é um recurso que eventualmente se esgota devido à fadiga ou fome. Satanás escolheu este momento para tentar Jesus, ou seja, quando Ele provavelmente não teria mais a força humana para resistir. Ele precisaria se humilhar e confiar completamente no Espírito.

Assim como aconteceu com Adão e Eva, o truque escolhido pelo diabo para testar Jesus envolveu um alimento. Na fome de Jesus, o diabo lhe disse: " Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se torne em pão" (v. 3).

Qual foi a tentação real? Satanás poderia ter dito: "Por que você não transforma essas pedras em pão, para não morrer?" Mas, Satanás não se concentrou na mera sobrevivência física. Ele abordou um valor muito mais profundo – a identidade de Jesus. Satanás começa sua tentação com uma frase condicional: “Se você é o Filho de Deus”. No ataque inicial da tentação, Satanás exige que Jesus prove quem Ele é. Satanás parecia estar dizendo: "Se você fosse realmente o Filho de Deus, você não estaria aqui morrendo de fome, você usaria seu poder para se alimentar. Você não deve ser quem diz ser".

O diabo tinha plena consciência de que Jesus era Deus. Porém, ele também via que depois de quarenta dias e quarenta noites de jejum, Jesus estava fisicamente fraco. A sugestão do tentador era que Jesus ordenasse que as pedras se tornassem pão para provar que Jesus era o Filho de Deus. O pecado que o diabo tentava levar Jesus a cometer era o de confiar em Si mesmo e satisfazer Suas necessidades, em vez de confiar em Seu Pai seguindo ao Espírito Santo.

Como Filho de Deus, Jesus tinha o poder e a autoridade de transformar pedras em pão, o que saciaria Sua fome. De fato, Jesus acabaria fazendo isso como um de Seus milagres ao alimentar a cinco mil homens com alguns pães (Mateus 14:13-21). Quando Jesus fez isso mais tarde, não foi pecado. O pecado ao qual Satanás tentava persuadir Jesus a cometer era simplesmente seguir a Seu próprio caminho em vez de seguir à liderança de Deus. Jesus fala da limitação à qual Ele se submeteu ao assumir a forma humana no Evangelho de João:

"Jesus, pois, lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo o que ele fizer, o faz também semelhantemente o Filho" (João 5:19).

"Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; assim como ouço, julgo; o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou " (João 5:30).

A tentação de Satanás era fazer com que Jesus caminhasse apenas um passo fora da direção de Seu Pai. Neste caso, para se alimentar. Portanto, teria sido um pecado para Jesus agir de acordo com a sugestão de Satanás, porque essa não seria uma ação dirigida por Seu Pai.

O Filho de Deus tornou-se Homem para cumprir a lei como Homem e isso exigia que Ele se submetesse à vontade do Pai e não seguisse a Seus próprios apetites e desejos.

Respondeu-lhe Jesus: Está escrito que não só de pão viverá o homem (v. 4).

O relato de Mateus sobre a resposta de Jesus inclui o contraponto da Escritura citada por Ele. O contraponto era: "mas de toda palavra que procede da boca de Deus". Mateus cita a referência mais completa para seu público judeu. Lucas resume a referência a seu público grego.

Jesus luta contra a tentação do diabo usando a verdade das Escrituras. Ele diz ao diabo que o Homem não deve ser sustentado apenas pelo que enche seu ventre, mas por sua confiança em Deus e obediência a Seus mandamentos. A obediência a cada palavra de Deus é a verdadeira fonte da vida.

Essa declaração testifica que homens e mulheres são mais do que corpos físicos. Da mesma forma que o corpo precisa de pão para se alimentar fisicamente, nossas almas precisam da palavra de Deus para nosso sustento espiritual. A Escritura que Jesus usa para refutar o diabo vem de Deuteronômio, um livro de Moisés:

"E ele te humilhou, e te deixou padecer fome, e te sustentou com maná que não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca de Jeová; disso vive o homem" (Deuteronômio 8:3).

O livro de Deuteronômio é o discurso de despedida de Moisés antes de entregar a liderança a Josué, que levaria os israelitas à Terra Prometida. Neste versículo, Moisés explica parte do propósito de Deus em levar os israelitas para o deserto, onde haviam comido maná por quarenta anos (Êxodo 16:35). Ao citar esta passagem, Jesus declara a Satanás que Deus lhe estava dando a oportunidade de aprender uma lição valiosa através daquela experiência.

Em Sua humanidade, Jesus aprendeu a obediência (Hebreus 5:8). Sua resposta à primeira tentação do diabo demonstrava três coisas. Primeiro, Jesus estava ciente de que, em Sua experiência no deserto, Ele teria a oportunidade de aprender obediência. Em segundo lugar, Jesus escolheu abraçar a perspectiva comunicada em Deuteronômio 8:3 de que aquela circunstância difícil era uma bênção, uma oportunidade para aprender e crescer. E, terceiro, Jesus reconhece que Satanás o estava tentando a agir à parte da vontade de Seu Pai e criar Suas próprias circunstâncias. Deus, o Pai, sempre escolhe todas as coisas para o nosso bem; se Jesus seguisse a Seu próprio apetite, Ele estaria rejeitando a liderança de Deus.

Como Seus irmãos, os israelitas, Jesus foi humilhado pelo Espírito de Deus no deserto através da fome. Deus providenciou para os israelitas o maná que milagrosa e misteriosamente caiu do céu. Deus fez isso para que os israelitas aprendessem que suas vidas eram sustentadas por sua obediência. Ao citar esta passagem, Jesus recorda ao diabo esta realidade. Ele escolhe o caminho da obediência e da vida em vez do pecado e da morte. Cristo rejeita a tentação do diabo de agir como se fosse autossuficiente. Em vez disso, Ele escolhe depender de Seu Pai. A humildade de Jesus é ainda mais notável quando lembramos que, como Deus, Ele realmente era autossuficiente; porém, Cristo deixou de lado Sua autossuficiência em obediência a Seu Pai e confiou que o Espírito iria sustentá-Lo naquele tempo de fraqueza.

Após vencer à tentação, Jesus se mostrou superior a Moisés, em cumprimento da profecia de Moisés em Deuteronômio 18:15. Moisés cometeu o pecado de autossuficiência ao conduzir os filhos de Israel no deserto e golpear a rocha para trazer água, em vez de falar à rocha, como havia sido instruído a fazer. Como consequência, Moisés não teve a permissão de Deus para conduzir Israel à Terra Prometida (Números 20:2-13).

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