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Significado de Mateus 10:5-10

Jesus instrui Seus discípulos quanto ao que devem fazer quando percorrerem a terra proclamando o Reino, curando e expulsando demônios. Ele identifica alguns lugares aos quais eles deveriam evitar e quais recursos eles deveriam ou não levar com eles.

Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este evento são encontrados em Marcos 6:7-9 e Lucas 9:1-3.

Um outro relato separado a respeito destas instruções é encontrado em Lucas 10:1,4.

Jesus envia esses doze discípulos, nomeados nos versículos 1-4, para pregar o Evangelho e curar os enfermos. Mateus registra que antes de Jesus enviá-los, Ele lhes deu instruções.

O que se segue é o segundo relato estendido de Mateus sobre as palavras de Jesus, chamadas de "discursos". Às vezes é chamado de "O Discurso Missionário" e vai de Mateus 10:5-10:42. O primeiro discurso foi "O Sermão da Montanha" (Mateus 5:3-7:27). Mateus incluirá mais três discursos: "O Discurso Parabólico" (Mateus 13:1-35); "O Discurso sobre a Igreja" (Mateus 18); e "O Discurso das Oliveiras" (Mateus 24-25).

Jesus instruiu aos doze: "Não ireis os gentios..." Os gentios eram pessoas não-judias. Eram pessoas que não faziam parte do acordo da aliança de Deus com Israel. Essa aliança é resumida nos Dez Mandamentos, o documento através do qual Deus ordena a Israel que viva em harmonia social, servindo em vez de explorar uns aos outros. O  que Jesus quis dizer com não ir aos gentios foi que os doze não fossem naquela direção, ou não tomassem as estradas que levavam aos territórios e regiões onde os gentios moravam. Na prática, isso colocava a Síria, ao norte, e Decápolis (uma região com dez cidades gregas/romanas), a leste, fora dos limites. Mas a ordem "me aperchomai" é literalmente "não desçam" por aquele caminho, o que indica que Jesus não queria que os doze parassem para pregar o Reino nas cidades e aldeias romanas espalhadas por toda a Galileia e Judéia, como Tiberíades ou Cesaréia.

Jesus acrescentou: E não entrem em nenhuma cidade dos samaritanos. Samaria estava localizada entre as regiões judaicas da Judéia, ao sul, e da Galiléia, ao norte. Para o leste e oeste de Samaria estavam o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, respectivamente. Os samaritanos eram os descendentes mistos dos sírios e do reino caído do Norte de Israel. A  Assíria conquistou Israel em 722 a.C. Judeus e samaritanos não gostavam um do outro. Jesus usa um samaritano em uma de Suas parábolas para mostrar que o mandamento de amar o próximo como a nós mesmos se aplica a todas as pessoas, mesmo aquelas de quem não gostamos (Lucas 10:25-37). Em outra ocasião, uma mulher samaritana diz a Jesus que Ele estava violando as normas culturais ao falar com ela: "Como é que você, sendo judeu, me pede água, já que sou uma mulher samaritana?" (João 4:9).

As instruções de Jesus indicam que aquela missão deveria ser um tempo para os doze compartilharem o Evangelho apenas com os judeus.

Jesus ordena aos doze que evitem os caminhos dos gentios e qualquer cidade dos samaritanos, porque as boas novas e a mensagem do Reino deveriam, primeiro, ser entregues ao povo da aliança, que era a Casa de Israel. Chegaria o momento, depois de completar Sua missão, no qual o Espírito Santo viria sobre eles, e esses mesmos discípulos seriam "minhas testemunhas tanto em Jerusalém, quanto em toda a Judéia e Samaria, e até a parte mais remota da terra" (Atos 1:8). Mas esse tempo ainda não havia chegado. Primeiro, a mensagem de que o Reino dos Céus está próximo deve ser proclamada às ovelhas perdidas da Casa de Israel. Deus estava honrando Sua aliança com Israel primeiro, antes de estender Sua oferta a todos os outros. Era para seus compatriotas que os doze deveriam ir.

A Casa de Israel refere-se ao povo e à nação que descenderam de Israel e seus doze filhos. É uma referência direta à aliança que Deus havia feito com Abraão (Gênesis 12, 15), reafirmou com Israel (Gênesis 35:9-15) e, mais tarde, através de Moisés, para todo o povo (Êxodo 20). Jesus descreve a Casa de Israel como ovelhas perdidas. Esta é uma continuação do que Ele havia observado anteriormente em Mateus 9:36: "Vendo o povo, sentiu compaixão por eles, porque estavam aflitos e desanimados como ovelhas sem pastor." As ovelhas eram animais indefesos. Se elas se afastassem do rebanho e se perdessem, quase certamente morreriam. Ao usar essa analogia, Jesus está expressando que a Casa de Israel havia se afastado das bênçãos da aliança de Deus e perdido de vista seu chamado e destino. Sem alguém para lembrá-los ou resgatá-los, eles morreriam, já que não desfrutariam da herança das grandes coisas que Deus havia planejado para eles.

Ide e pregai, Jesus os instrui. Os doze deveriam pregar enquanto caminhavam. Não havia um destino definido ou eventos pré-agendados. Sempre que a oportunidade se apresentasse, eles deveriam proclamar a todos da Casa de Israel a mesma mensagem  que Jesus e João Batista haviam pregado: O reino dos céus está próximo (Mateus 3:2; 4:17; 9:35). Sua pregação provavelmente soava muito parecida com as diretrizes observadas no Sermão da Montanha.

Além de pregar, Jesus capacitou e ordenou aos doze que curassem os enfermos, ressuscitassem os mortos, purificassem os leprosos e expulsassem demônios de forma milagrosa. Foi-lhes dado poder semelhante ao que o próprio Jesus tinha. Nenhum dos Evangelhos registra detalhes específicos dos discípulos realizando milagres de cura ou exorcismo de demônios. Mas Marcos 6:12-13 e Lucas 10:17 afirmam que isso ocorreu. Atos nos mostra vários exemplos que ocorrem depois de Jesus ter subido ao céu e o Espírito Santo ter descido sobre eles. Eles deveriam realizar milagres, incluindo ressuscitar os mortos, sem receber qualquer pagamento por isso.

Jesus lhes diz como usar este poder milagroso: De graça recebestes, de graça dai. Eles não deveriam tirar proveito da autoridade que Deus lhes havia dado. Eles não deveriam abusar desses dons ou daquele poder para manipular ou controlar as pessoas. Assim como haviam recebido gratuitamente, eles deveriam dá-lo gratuitamente para abençoar as pessoas. Eles não deveriam cobrar nada, mas dar livremente aquelas bênçãos. Esta era e ainda é uma diferença notável entre os reinos da terra e o Reino dos Céus. Aqueles que têm poder nos reinos da terra o usam egoisticamente para seu próprio benefício. Eles retêm bens dos outros até conseguirem o que querem. Eles usam seu poder para extorquir e manipular. No Reino dos Céus, os que estão no poder usam sua autoridade para atender às necessidades dos outros e servi-los, independentemente do ganho terreno que possam obter com isso. Da mesma forma, o dom da vida eterna é dado gratuitamente a todos os que a receberem (Romanos 5:15-18).

Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nas vossas bolsas, Jesus os adverte. Eles não deveriam usar aquele poder como moeda de troca. Eles não deveriam usar aqueles poderes milagrosos para curar visando ajuntar tesouros terrenos. A expressão vossas bolsas, juntamente com  a explicação de Jesus, pois o obreiro é digno de seu salário, sugere que os doze poderiam receber apenas doações suficientes para atender às suas necessidades diárias de comida e abrigo, mas não tanto que precisassem de bolsas para armazenar os tesouros terrenos em sua jornada.

Eles também não deveriam trazer malas para a jornada. Eles não precisariam de dois casacos, ou um par extra de sandálias, ou um cajado extra. Quanto mais posses levassem, mais obstáculos teriam para proclamar o Reino. Jesus está treinando os doze para andar por fé e focar na missão. Ele os está treinando para quando não estivesse mais com eles, confiando que cumpririam o trabalho de anunciar o Evangelho do Reino. Eles deveriam ajuntar tesouros no céu, em vez de tesouros na terra.

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