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Significado de Zacarias 9:11-13
Na primeira seção do capítulo 9, o Deus Susserano (Governante) promete punir as nações ao redor de Judá. Ele acabaria com sua opressão ao povo da aliança e guardaria um remanescente entre eles que O adoraria (Zacarias 9:1-8). Na seção seguinte, Deus prevê a vinda do Rei justo (Jesus) que libertaria Israel e traria paz a toda a terra (Zacarias 9:9-10).
Nesta presente seção, Deus anuncia Seu plano para resgatar os exilados judeus da Babilônia e conceder-lhes vitória e prosperidade em sua terra. Ele chama a atenção de Seu povo ao declarar: “Quanto a ti” (v. 11). O pronome “ti” está na forma feminina singular no texto em hebraico, sugerindo referir-se a Sião (v. 9).
O SENHOR, então, explica a razão de Suas ações em favor de Sião: “Por causa do sangue da tua aliança” (v. 11). O termo traduzido como “aliança” é "berith" em hebraico, refeerindo-se a um vínculo e implicando a noção de imposição ou obrigação (Salmo 111:9).
A frase “sangue da tua aliança” pode aludir ao sacrifício que ratificara a aliança de Deus com Israel no Sinai (Êxodo 24:8). Pelo fato de o sangue ter selado a aliança, o SENHOR descreve o que Ele faria por Seu povo: “...tenho feito aos teus presos sair da cova em que não há água” (v. 11). Na aliança entre Deus e Israel, cada um fez votos muito parecidos com uma aliança matrimonial. Deus prometera restaurar a Seu povo caso eles se desviassem e sofressem as disposições da execução da aliança ao ser exilados (Deuteronômio 32:36).
A forma verbal “tenho feito” está no tempo perfeito no hebraico, que muitas vezes descreve eventos passados em textos narrativos. No entanto, na literatura profética, geralmente se refere a ações que ocorrem no futuro. O profeta Zacarias usa esse tempo verbal para mostrar que a ação era considerada como feita. Ela aconteceria porque fora falada pelo SENHOR, o Deus fiel.
O poço sem água retrata o exílio dos judeus de sua terra, ou seja, no cativeiro. José foi feito cativo por seus irmãos que o colocaram em um poço seco (Gênesis 37:23-24).
Em 597 e 586 a.C., os babilônicos levaram os judeus cativos para a Babilônia. Jeremias profetizou que eles serviriam ao rei babilônico por 70 anos, depois seriam libertos (Jeremias 25:11; 29:10). Vimos no capítulo 1 que a profecia de Zacarias começou no segundo ano do rei Dario, por volta de 520 a.C., cerca de 77 anos após o exílio inicial de Judá na Babilônia, em 597 a.C. Conforme prometido, Deus criou a oportunidade para Judá retornar à sua terra natal.
Os “presos” aqui parecem se referir aos judeus que ainda viviam exilados na Babilônia na época de Zacarias. Alguns já haviam começado a retornar com Esdras, por volta de 538 a.C. Os judeus mantiveram uma presença substancial na Babilônia até a Idade Média. Prova disso é que a maior parte do texto do Talmud (tradição oral escrita) é chamada de "Talmude Babilônico". Pedro também faz referência aos crentes judeus na Babilônia em 2 Pedro 5:13.
Portanto, pelo fato de haver planejado libertá-los, Deus emite uma ordem: “Voltai para o lugar forte, ó presos da esperança” (v. 12).
O termo “lugar forte” denota um lugar de segurança. Provavelmente se refira tanto a Jerusalém quanto ao próprio Deus nesta passagem. Os exilados judeus eram prisioneiros em uma terra estrangeira. Eles viviam fora da terra de sua bênção espiritual, descanso e segurança (Deuteronômio 12:10). No entanto, eles mantiveram a esperança, sabendo que, um dia, seu Deus Susserano (Governante) cumpriria Sua promessa e os restauraria de volta à sua terra, conforme prometido por meio dos profetas (Jeremias 29:10).
A esperança que esses prisioneiros tinham estava na promessa de Deus de que seriam libertos. Muitos judeus já haviam retornado à terra; Deus parece exortar os que haviam permanecido na Babilônia a também retornarem. Chamar Jerusalém de “fortaleza” naquele momento tinha mais a ver com a provisão de Deus do que sobre o status físico de Jerusalém. Embora o templo logo fosse restaurado na época da profecia de Zacarias, levaria cerca de 70 anos até que Neemias restaurasse os muros de Jerusalém. Porém, sempre que estamos na vontade de Deus, estamos em um lugar forte e podemos ter esperança que tudo o que Ele prometeu irá acontecer.
Assim, Deus os chamou para retornarem à sua casa e encontrar refúgio. Ele fortalece a ordem e encoraja o povo ao dizer: “...também hoje te anuncio que te pagarei em dobro” (v. 12). Isso significava que Deus multiplicaria as bênçãos do povo. Eles teriam muito mais do que tiveram antes (Jó 42:10). Deus estava prometendo uma recompensa caso eles cressem em Sua promessa e voltassem à terra.
O SENHOR, então, explica por que os judeus deveriam manter a esperança: “Pois para mim tenho estendido a Judá, tenho enchido de Efraim o arco” (v. 13). O termo “arco” ("qešeṯ", em hebraico) denota um instrumento usado para caça ou guerra. Ao atirar, o arqueiro segurava o arco na mão esquerda e puxava a corda do arco com a direita enquanto apontava a flecha (2 Reis 13:15). Em nossa passagem, o SENHOR usa o arco de forma figurativa para representar o poder e a guerra (Habacuque 3:9).
Ao fazer isso, Ele retrata a futura reunificação de Judá e Israel, representados aqui como Efraim. Judá e Israel estavam unidos sob o rei Salomão, mas se dividiram no reinado de seu filho Roboão (1 Reis 12:16-17). Efraim era a tribo dominante de Israel, o reino do norte; assim, o reino do norte muitas vezes levava seu nome. Judá e Israel seriam reunidos, assim como o arco e a flecha.
Efraim era o segundo filho de José. Seu nome significa "duplamente fecundo" (Gênesis 41:52). Seus descendentes ficaram conhecidos como a tribo de Efraim. Eles habitavam no centro de Canaã, a noroeste do Mar Morto, limitado ao norte por Manassés e ao sul por Dã e Benjamim (Josué 16; 19:50). A Bíblia muitas vezes usa Efraim para representar o reino do norte (Israel) por ser a tribo dominante naqueles dias (Oséias 4:17; 11:1; 3). A Bíblia também usa Judá para representar o reino do sul.
Deus infere que usaria Judá e Israel como Suas armas de guerra. Ele deixa isso explícito nas seguintes declarações: “...incitarei teus filhos, ó Sião, contra teus filhos, ó Grécia, e te farei a ti como a espada de um valente” (v. 13). A tradição judaica sustenta que esta profecia previa a bem-sucedida revolta dos Macabeus contra o governante grego Antíoco IV.
O termo traduzido como “Grécia” aqui é "yawan" ou "Javan" (Gênesis 10:2, 4). Era provavelmente o nome grego Jônia, a região grega da costa ocidental da Turquia e as ilhas do mar Egeu. Na época de Zacarias, os gregos estavam em guerra contra os persas para controlar o oriente (Ester 2:1). Após a profecia de Zacarias, eles se rebelaram contra a Pérsia, a principal potência mundial da época.
Eventualmente, Alexandre, o Grande derrotaria a Pérsia e, após sua morte, seu reino cairia nas mãos de seus quatro generais. O reino selêucida passou a governar Judá. Sião (Judá) lutou contra os gregos e os derrotou por volta de 165 a.C. Judá, então, teve alguma independência por cerca de 100 anos, antes de cair sob o domínio de Roma.
É provável que o cumprimento completo dessa profecia contra a Grécia ocorra quando Jesus retornar e derrotar as nações da terra (Apocalipse 19:15). O termo "nações" inclui muitas culturas, mas pode apontar para a influência descomunal que a cultura grega teve na terra. Deus irá destruir a cultura grega centrada no homem, que produz orgulho e exploração. Então, o Senhor estabelecerá Seu Reino messiânico na terra, conforme previsto na seção anterior (Zacarias 9:9-10). Seu Reino será de justiça e a terra será cheia de amor e serviço, em vez de exploração.