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Amós 8:11-14 explicação

Amós prevê uma fome e seca generalizadas que assolariam a nação de Israel. Não seria fome de comida ou sede de água, mas fome por ouvir as palavras do Senhor.

Este oráculo começa com a afirmação "Eis que dias virão" para alertar aos israelitas da natureza iminente do que estava prestes a ser dito. A frase "declara o Senhor Deus" é adicionada para afirmar a verdade do assunto. O que Amós estava dizendo certamente aconteceria porque vinha do Senhor, o Mestre de Israel, perfeito e justo em todos os Seus caminhos (Deuteronômio 32:4).

Por meio do profeta, o SENHOR diz que enviaria fome à terra. Amós havia declarado em capítulos anteriores que o SENHOR enviaria a fome para a terra israelita e ela cobriria a todas as suas cidades, em todos os lugares (Amós 4:6). Deus também fez com que Seu povo experimentasse a seca, um período prolongado de chuvas anormalmente baixas que levaria a terra à escassez de água (Amós 4:7). Deus fez isso para castigar a Seu povo do pacto, visando observar se estariam dispostos a se arrepender. Porém, eles não o fizeram. Aqui em Amós 8, o SENHOR ameaça atormentar ao Seu povo da aliança com fome e seca novamente. Desta vez, porém, não seria fome de pão ou sede de água, mas sim de ouvir as palavras do Senhor.

O Deus Suserano levantou profetas (como Amós, Isaías, Oséias etc.) para ministrar ao Seu povo da aliança. Os profetas repetidamente instruía o povo a se afastar de seus maus caminhos e se voltar a Deus com fé e obediência, a fim de evitar o julgamento de Deus. A mensagem dos profetas era como uma "carta de despejo" enviada para o cumprimento de um contrato: "Pague os atrasados ou executaremos o contrato". Neste caso, o contrato em mente era a aliança de Deus com Israel. Israel havia concordado em cumprir a lei da aliança de Deus (Êxodo 19:8). A essência da aliança era a de seguir aos caminhos de Deus e amar aos próximo como eles amavam a si mesmos (Levítico 19:18). Israel havia quebrado o contrato e agora Deus os adverte de que a provisão das maldições estava prestes a ser invocada, o que exigia que Israel fosse destruído e exilado (Deuteronômio 30:17-18).

Porém, os israelitas se recusavam a ouvir as advertências dos profetas. Eles continuavam a viver suas vidas sem demonstrar respeito a seu parceiro de aliança, Javé. Em vez de se tratarem uns aos outros de maneira justa, particularmente aos pobres, eles exploravam uns aos outros, à semelhança das nações vizinhas. Portanto, o SENHOR se absteria de enviar Seus profetas para falar em Seu nome, fazendo com que o povo sofresse muito, não de alimento físico, mas de angústia espiritual.

Deus parece determinar que, caso eles não O ouvissem, Ele pararia de falar. O povo de Deus seria privado do alimento espiritual que alimentava suas almas. Como resultado, eles não teriam a oportunidade de crescer na graça e no conhecimento de Deus (2 Pedro 3:18).

Tal privação faria com que Israel cambaleasse de mar em mar. Na Bíblia, a frase "de mar em mar" geralmente descreve a distância entre o Mediterrâneo a oeste até o Mar Morto ou o Rio Jordão (Salmos 72:8; Zacarias 9:10). Isso pode ser o mesmo que dizer "de ponta a ponta", significando que o povo de Deus buscaria Sua verdade em todos os lugares, do oeste ao sul e do norte ao leste, eles iriam de um lado a outro em busca da palavra do Senhor, mas não a encontrariam. A palavra de Deus não estaria em lugar algum. Isso também podia indicar que Israel cambalearia por causa da falta da palavra de Deus.

Além disso, naquele dia, as belas virgens e os rapazes desmaiarão de sede. A inferência é que os jovens perderiam sua vitalidade devido ao desmaio de causado pela sede da palavra de Deus. Faltar-lhes-ia vitalidade por falta de sabedoria espiritual. Homens e mulheres jovens são a espinha dorsal de uma sociedade. Eles representam o futuro de cada nação, uma vez que estão cheios de força, energia e vitalidade, e geralmente estão prontos a renovar e manter os papéis-chave desempenhados pelos anciãos na medida em que estes desaparecem. No entanto, Amós diz a seu público que, no auge de suas vidas, as virgens e os rapazes desmaiariam.

Amós conclui descrevendo a maneira pela qual os israelitas ímpios haviam jurado, o que indicava seu problema central. Eles haviam rejeitado a aliança de Deus, que exigia que eles vivessem com justiça, tratassem aos pobres com justiça e amassem ao próximo como amavam a si mesmos. Em vez disso, eles exploravam uns os outros, comportando-se como as nações vizinhas. Amós observa que, em vez de jurarem pelo nome do Senhor, seu Deus, os israelitas juravam pela culpa de Samaria, dizendo: 'Como vive o teu deus, ó Dã', e 'Como vive o caminho de Berseba'. Israel não honrava a lei da aliança de Deus porque não honrava a Deus. O primeiro e maior mandamento era amar a Deus e seguir a Seus caminhos (Deuteronômio 6:4-5). Quando isso se perde, não há como se chegar ao segundo mandamento, que é amar ao próximo como a si mesmo (Levítico 19:18).

Nos tempos bíblicos, o juramento tinha a ver com alguém um ato feito diante de uma divindade, onde se declaravam intenções de se fazer algo ou de se abster de fazê-lo (Gênesis 14:22; 21:23). É possível que a culpa de Samaria se refira aqui às divindades pagãs adoradas em Samaria (provavelmente no santuário de Betel). Oséias alude a um ídolo feito ali, dizendo ao seu público que "um artesão o fez, por isso não é Deus" (Oséias 8:6). Assim, em vez de jurarem pelo nome da aliança de Deus (Deuteronômio 6:13), os israelitas juravam em nome de divindades estrangeiras, dizendo: Como vive o teu deus, ó Dã, e como vive o caminho de Berseba. O juramento ao deus de Dã provavelmente se refira à adoração ao bezerro derretido que Jeroboão I havia estabelecido no território de Dã  (1 Reis 12:28-30). [Veja a seção da barra lateral intitulada "Artigos relacionados" para ler um artigo sobre o sítio arqueológico dos bezerros de ouro de Dã].

O território de Dã estava originalmente localizado no sul pela costa filistéia, mas a tribo  mudou-se para o norte para a região da cidade chamada , ao norte do Mar da Galiléia, contígua a Basã, que é a atual Colina de Golã (Juízes 18:27-29). Dã é agora a parte mais setentrional de Israel, perto da fronteira com o Líbano.

O juramento pelo caminho de Berseba provavelmente se refira ao local religioso localizado na cidade de Berseba, onde Israel adorava, embora estivesse localizada no extremo sul da terra, no território de Judá. A frase "de Dã a Berseba" às vezes é usada para designar a totalidade de Israel, desde a fronteira norte até a fronteira sul (Juízes 20:1; 1 Samuel 3:202 Samuel 3:10). Isso pode ser um indicativo de que todo o Israel havia caído na adoração de ídolos e, portanto, propagado a exploração em vez do serviço uns aos outros.

O Deus Suserano havia sido paciente com Seu povo da aliança. Ele havia enviado profetas para anunciar juízo sobre o povo para ver se eles se arrependeriam de seus pecados. Ele lhes dera uma "carta de despejo" instruindo-lhes a voltar a cumprir as exigências da aliança que haviam feito com Ele. Entretanto, os israelitas haviam rejeitado as mensagens proféticas e continuavam a viver em seus pecados contra Deus e uns aos outros. Portanto, Deus promete julgá-los de acordo com os termos da aliança com a qual haviam concordado (Êxodo 19:8; Deuteronômio 30:17-18). Nesses versículos finais de Amós, o julgamento de Deus viria na forma de uma fome espiritual que levaria aqueles que juravam às divindades pagãs a cair e não mais se levantar.

Em 722 a.C., a Assíria conquistou o reino do norte de Israel, ou Samaria, e deportou seu povo. Os poucos que permaneceram em Samaria se casaram com povos estrangeiros e se tornaram os "samaritanos" do Novo Testamento. As dez tribos do reino do norte não voltaram a habitar a terra até que o moderno Estado de Israel fosse formado novamente em 1948. Assim, Samaria caiu e nunca mais se levantou.

Amós 8:11