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Amós 9:7-10 explicação

O Deus Suserano condena a arrogância e a falsa confiança de Israel em Si e diz que Ele abalaria os pecadores de Seu povo, matando-os pela espada.

O relacionamento de aliança de Israel com o Deus Suserano (Governante) os levara a acreditar ser imunes ao julgamento, independentemente de como viviam. Em vez de levarem a sério seu compromisso de fazer tudo o que Deus havia ordenado (Êxodo 19:8), eles haviam racionalizado. Porém, o SENHOR havia instruído ao povo que Sua escolha por eles não estava baseava em nenhum mérito de sua parte. O livro de Deuteronômio deixa claro que a eleição de Israel por Deus foi um dom gratuito baseado em Seu amor gracioso por eles e Sua fidelidade a seus antepassados (Deuteronômio 7:1-7).

Portanto, o SENHOR condena a arrogância e a falsa confiança de Israel em si mesmo, dizendo: Não sois vós como os filhos da Etiópia para Mim, ó filhos de Israel? Essa era uma forma de dizer: "Vocês não são um povo especial e não merecem privilégios especiais".

A frase hebraica traduzida como “filhos da Etiópia” é literalmente os filhos de Cuchitas, referindo-se a um grupo de pessoas que vivia na terra de Cush na África. O local à qual Cush se refere não é a atual Etiópia, mas a área ao longo do Nilo, ao sul do Egito. Este lugar também era chamado de Núbia, correspondendo aproximadamente ao Sudão moderno.

Deve-se notar que Cush vem do nome do filho mais velho de Cão (Gênesis 10:6). O termo Cush significa literalmente "negro" e, historicamente, os cuchitas tinham pele escura (Jeremias 13:23). Porém, a referência do SENHOR aos cuchitas aqui era provavelmente pelo fato de estarem remotamente distantes da terra de Israel. Deus queria que Israel soubesse que um povo distante e diferente era tão especial para ele quanto Israel. A escolha de Deus por Israel não era porque eles tinham características superiores, mas por causa de Seu amor por eles (Deuteronômio 7:6-8).

Deus queria que os israelitas soubessem que Ele não agia com parcialidade e que tinha controle absoluto sobre todas as nações do mundo. Mesmo as nações mais remotas estavam sob Seu controle.

Elaborando sobre o tema de Seu domínio absoluto sobre todas as nações e sua falta de parcialidade, o Deus Suserano faz uma segunda pergunta, dizendo: Eu não trouxe Israel da terra do Egito, e os filisteus de Caftor e os arameus de Quir?

Os israelitas foram escravizados por aproximadamente 400 anos sob o Faraó e os egípcios (Gênesis 15:13; Êxodo 12:40-41). Enquanto estava no Egito, Israel não conhecia nada além de trabalho e extrema dureza. Porém, Deus os livrou de sua escravidão e os redimiu "com braço estendido" (Êxodo 3:13-15; Êxodo 6:6-7). O mesmo Deus que havia tirado Israel da terra do Egito também havia orquestrado os movimentos de outras nações ao trazer os filisteus de Caftor e os arameus de Quir. Deus orquestrou a ambos os grupos.

Os filisteus vieram originalmente de Caftor, provavelmente outro nome para Creta (Jeremias 47:4; Deuteronômio 2:23). Eles estavam localizados nas planícies costeiras de Israel e eram frequentemente considerados inimigos de Israel (2 Reis 10:32-33; Amós 1:6-8). Os arameus viviam originalmente em Quir, embora sua localização precisa seja desconhecida. Eles eram um dos inimigos mais frequentes de Israel. Em Amós 1, o SENHOR diz que enviaria os arameus de volta à sua terra natal em Quir porque eles haviam "debulhado Gileade com implementos de ferro afiado" (Amós 1:3; 2 Reis 16:9).

Em nossa passagem, no entanto, o SENHOR explica aos israelitas que, embora tivessem um relacionamento de aliança com Ele, eles eram como as outras nações para Ele em termos de Seu cuidado. Eles não eram tão diferentes das outras nações como pensavam ser. O Deus Suserano de Israel era "o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o grande, o poderoso e o Deus maravilhoso, que não mostra parcialidade, nem aceita suborno" (Deuteronômio 10:17). Ele era o SENHOR tanto dos que viviam em terras distantes (como os etíopes) quanto daqueles que viviam nas proximidades de Israel (como os filisteus e os arameus). Assim, Deus podia fazer o que quisesse tanto a Israel quanto às outras nações. Ele abençoaria os que vivessem em retidão e amaldiçoaria ou puniria aos que transgredissem Suas leis. A intenção de Deus para Israel era a de que eles servissem em uma função sacerdotal, para que as nações vizinhas, como os filisteus, viessem a conhecê-Lo (Êxodo 19:6). A aliança original que Deus havia feito com Abraão deixara claro que a intenção de Deus era a de abençoar a todas as nações por meio dele e de seus descendentes (Gênesis 12:3). Porém, Deus julgaria a Israel assim como Ele a outras nações caso caíssem na iniquidade e na exploração dos fracos pelos fortes (Deuteronômio 8:19-20).

Os versículos 8-10 parecem formar um quiasmo AB-B'A'.

A O SENHOR destruiria o reino pecaminoso de Israel

B Mas o SENHOR não eliminaria a todos em Israel

B' Dos que fossem espalhados pelas nações, o SENHOR não os perderia de vista

A’ Os pecadores de Israel morreriam pela espada.

Amós diz: Eis que os olhos do Senhor Deus estão no reino pecaminoso e Ele o destruirá da face da terra. O termo "eis" serve para introduzir o anúncio sobre a atenção cuidadosa de Deus sobre o reino pecaminoso, uma frase que provavelmente se refira ao reino do norte (Israel), já que era o reino ao qual Amós pregava suas mensagens de advertência. Isso forma o A do quiasma. Historicamente, o reino de Samaria nunca mais foi restaurado.

A frase "os olhos do Senhor Deus" é usada figurativamente para denotar a observação de Deus e Sua atenção cuidadosa aos assuntos humanos. Esta frase é usada positiva e negativamente nas Escrituras. Por exemplo, no Salmo 34, Davi afirma: "Os olhos do Senhor estão voltados para os justos e Seus ouvidos estão abertos para o clamor deles" (Salmo 34:15). Neste salmo, Davi queria que seu público soubesse que o SENHOR honra àqueles que vivem uma vida justa, andando em Seus caminhos e abstendo-se do mal. Este é o uso positivo da frase.

No entanto, no contexto de Amós, a frase "os olhos do Senhor" é usada em um sentido negativo. O profeta queria que os israelitas soubessem que, embora morasse no céu, Deus tomava nota das ações dos homens na terra e julgaria de acordo com suas obras. Esta imagem servia para dizer a Israel que o Deus Suserano (governante) poderia destruí-los e removê-los da face da terra por causa de suas ações pecaminosas.

No entanto, embora a nação de Israel fosse destruída, ainda haveria esperança de um remanescente, porque Deus diz que não destruiria totalmente a casa de Jacó. Esta é a parte B do quiasmo. Como antes, a frase "casa de Jacó" refere-se ao reino do norte de Israel. Isso confirma a identidade do "reino pecaminoso" mencionado anteriormente. A ênfase aqui parece estar no povo do reino e não no reino em si, bem como na promessa de Deus a Jacó (Gênesis 28:13-15). Deus permitiria que um remanescente de Seu povo sobrevivesse para que Suas promessas com os pais de Israel fossem cumpridas (Gênesis 12; 2 Samuel 7).

A parte B' do quiasma repete o centro, que é o ponto principal do quiasmo: Deus preservaria um remanescente. Ele deixa claro que o SENHOR abalaria a casa de Israel entre todas as nações, o que significa que um remanescente seria exilado e espalhado pelo mundo. O tremor de Israel seria semelhante ao grão agitado em uma peneira, mas nenhum grão cairá no chão. Tudo seria contabilizado e monitorado.

A peneira era um instrumento com furos para que materiais indesejáveis fossem separados do grão. Era muito usada no mundo antigo durante o trabalho de processamento de grãos colhidos. No processo de passar o grão sobre a peneira, a esperança seria a de preservar o grão na peneira, enquanto os refugos passavam pelos furos. A imagem aqui é a de que Deus preservaria àqueles a quem Ele espalhasse entre as nações. Deus não perderia o controle de um só dos israelitas que fossem espalhados.

O SENHOR, então, repete o ponto feito em A, com a declaração em A': Todos os pecadores do Meu povo morrerão pela espada, significando que morreriam nas mãos dos invasores estrangeiros. Embora um remanescente fosse poupado, Deus declara que um grupo de pecadores morreriam pela espada. O pecado distintivo desse grupo era que eles diziam: 'A calamidade não nos ultrapassará nem nos confrontará'. Esse grupo não daria ouvidos aos profetas. Eles não liam a palavra de Deus, nem a recebiam quando era pregada. Eles simplesmente decidiram acreditar que estavam bem e que estavam seguros.

Talvez esses pecadores sentissem que eram fortes o suficiente para resistirem à invasão. Ou talvez se sentissem no direito da proteção de Deus. Eles podem ter racionalizado que estavam mantendo suas responsabilidades para com a aliança de Deus por serem diligentes quanto às regras religiosas. Porém, Deus havia rejeitado às suas atividades de adoração popr não se traduzirem em obediência, especificamente no sentido de amarem ao próximo menos afortunados como amavam a si mesmos (Amós 5:12-15, 21-24).

Com certeza, todos os seres humanos são tecnicamente pecadores aos olhos do Santo Deus. Ser pecador significa errar o alvo, não viver de acordo com o padrão de justiça de Deus. Sempre foi assim, desde que Adão e Eva comeram do fruto proibido (Gênesis 3:6-7; Romanos 3:23). Amós sabia disso. Ele entendia que todo israelita era pecador e repetidamente pediu que se arrependessem para evitar o julgamento de Deus e experimentar Sua graça e misericórdia (Amós 5:6, 14). No entanto, Amós destaca aqui o grupo específico de pecadores que estavam destinados ao julgamento: Aqueles que dizem: 'A calamidade não nos dominará nem nos confrontará'. Isso se referia aos israelitas arrogantes, aqueles que se sentiam seguros em Samaria e não atendiam à advertência de que haveria um dia de calamidade do SENHOR (Amós 6:1-7). O julgamento de Deus recairia sobre todos aqueles cujos pecados estavam enraizados em sua arrogância. Os israelitas que viviam de forma orgulhosa e arrogante eram culpados diante do Deus Suserano e seriam condenados (Amós 6:1). Aqueles que se humilhassem antes encontrariam o perdão de seus pecados e sobreviveriam ao julgamento de Deus.

Amós 9:7