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Significado de Mateus 3:7

Mateus apresenta os principais adversários de Jesus, o Messias: os fariseus e os saduceus. Eles haviam ouvido sobre a popularidade de João e vieram para serem batizados por ele. Ao invés de recebê-los bem, João lhes dá uma forte mensagem de exortação.

A mensagem e os batismos de João continuavam a atrair as multidões. A popularidade do profeta do deserto começava a mexer com os dois principais grupos religiosos, os fariseus e os saduceus.

Os fariseus eram os especialistas no Antigo Testamento e eram vistos como líderes religiosos na comunidade judaica. Seu senso de justiça era considerado como inspirador e sua influência entre as pessoas era enorme.

Eles controlavam as sinagogas, os locais de reunião e os centros de adoração onde as leis de Deis eram estudadas todos os dias e ensinadas a cada Shabat. Antes do seu encontro com Cristo e sua dramática conversão na estrada de Damasco (Atos 9:1-30), o apóstolo Paulo era uma estrela em ascenção entre os fariseus por conta do seu profundo conhecimento e zelo pela lei (Filipenses 3:4-6).

A manutenção da cultura e da tradição judaica era crucial para os fariseus, especialmente durante a ocupação romana que ameaçava acabar com elas, pela tentação ou pela força. Os fariseus eram descendentes dos Macabeus, que exitosamente haviam acabado com os governos pagãos da dinastia selêucida (160 A.C.) após considerarem ilegais as expressões de fé do Judaísmo. A preocupação dos fariseus com a lei era admirável. Após o exílio na Babilônia e a ocupação grega, os fariseus diligentemente buscavam evitar qualquer forma de idolatria ou costume pagão.

Para este fim, eles colocaram restrições e proteções às leis, condenando qualquer um que tendesse a transgredi-las. Com o passar do tempo, as tradições e costumes dos fariseus se tornaram opressivas em si mesmas. Na medida em que eram passadas de geração a geração, eles começaram a sufocar as leis de Deus às quais tanto desejavam proteger. Suas tradições se tornaram não apenas seus ídolos, mas também uma fonte de poder político. Ele estabeleceram uma série de regras legalistas e as usavam para esmagar qualquer pessoa que ousasse desafiá-los.

Durante todo o Seu ministério, Jesus foi um crítico ferrenho das tradições legalistas e hipocrisia dos fariseus. As críticas de Jesus, acopladas à Sua popularidade entre as multidões, o transformaram em uma ameaça para o prestígio e poder dos fariseus. Isso iria custar a Sua vida.

Os sadueceus eram sacerdotes. Eles também eram, em geral, reverenciados pelo povo porque, como sacerdotes, realizavam os sacrifícios e conduziam os rituais no templo. Eles eram, em sua maioria, aristocratas judeus que viviam dentro e fora de Jerusalém. Devido à sua riqueza e poder, os saduceus tendiam a ser mais simpáticos a Roma do que os fariseus, que desconfiavam de qualquer influência estrangeira.

Os saduceus não viam tanto problema em se comprometerem com Roma, diferente dos fariseus. Os dois grupos políticos antagônicos também possuíam diferenças teológicas significativas. Os saduceus não criam na vida após a morte ou na existência de anjos (Mateus 22:23; Atos 23:8). Os fariseus aceitavam essas coisas e abraçavam todo o Antigo Testamento, de Gênesis a Malaquias, como autoridade divina. Os saduceus aceitavam apenas o Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia).

Foram os filiados dos saduceus, os mercadores do templo, os alvos da indiganção de Jesus quando virou suas mesas (Mateus 21:12,13; João 2:13-22).

Como grupos religiosos, os fariseus e os saduceus eram rivais na vida e na morte. Seus conflitos causaram a ocupação romana iniciada quase um século mais cedo, em 63 A.C. Porém, ainda que fossem ferrenhos adversários, Jesus foi o inimigo comum que os uniu. Para se livrarem de Jesus, eles trabalharam juntos visando pará-lo por qualquer meio necessário.

Muitos dos fariseus e saduceis vinham a João Batista para serem batizados. Com base na forma como João os recebia, ficamos com a impressão de que eles queriam ser batizados apenas para ganharem popularidade entre as pessoas, e não porque genuinamente se arrependiam de seus pecados e queriam mudança. João sabia disso e ficava indignado com seus motivos secundários. Quando os via chegando para se batizar, João os repreendia publicamente usando expressões bastante duras. Ele dizia a eles: “Raça de víboras, quem vos recomendou que fugísseis da ira vindoura?” As palavras que João dirigia a estes grupos religiosos era chocantes. Ao chamá-los de raça de víboras, João associava os homens mais justos e admiráveis aos olhos dos judeus à Serpente astuta que havia enganado a Eva na queda (Gênesis 3:1-15). Antes mesmos de se encontrarem com Cristo, João os alerta sobre sua oposição ao Messias de Deus e os identifica como “sementes” da serpente:

“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente” (Gênesis 3:15a).

A ancestralidade espiritual da serpente está em contraste direto com Abraão (patriarca e fundador da fé judaica), a quem os fariseus e saduceus se referiam como seu pai (Mateus 3:9). Destacamos aqui que a repreensão de João a eles – “Quem vos recomendou que fugísseis da ira vindoura? - levanta uma questão retórica. João estava essencialmente dizendo: “Quem disse que o diabo precisa se arrepender?”

A dramática apresentação de Mateus dos fariseus e saduceus deixa claro que eles serão os principais vilões no drama que irá se desenvolver. Mateus já havia apresentado a Jesus como o Messias esperado, o herdeiro do Rei Davi. O registro de João relacionando os fariseus e saduceus como raça de víboras indica a validação séria, através de uma terceira pessoa, do quão ímpios eles eram. Não havia dúvidas de que João, o Batizador, era um profeta. Assim, Mateus nos apresenta o testemunho de João em relação aos fariseus e saduceus logo no início de seu Evangelho.

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