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Significado de Mateus 9:9-13

Jesus chama Mateus, um desprezado cobrador de impostos, para segui-Lo. Mateus O segue. Mais tarde, Jesus está sentado à mesa na casa de Mateus com outros cobradores de impostos e pecadores, quando os fariseus perguntam aos discípulos de Jesus por que seu mestre se associa a pessoas vis. Jesus responde a eles com uma parábola sobre como os médicos gastam seu tempo com aqueles que estão doentes, em vez daqueles que são saudáveis. Ele os desafia citando Oséias 6.

Depois da espetacular cura do paralítico e Seu confronto vitorioso com os escribas incrédulos, Mateus nos diz que Jesus saiu dali. Ao fazê-lo, Ele viu um homem chamado Mateus. Mateus é o escritor desta narrativa do Evangelho. Ele integrou o grupo interno de "doze discípulos" de Jesus. Nesta passagem, Mateus compartilha o momento em que começou a seguir a Jesus.

Mateus estava sentado na cabine do cobrador de impostos, enquanto Jesus passava. A Judéia, como uma província romana, estava sob a proteção de Roma e desfrutava de privilégios, como comércio econômico e passagem relativamente segura por todo o vasto império de Roma. Recebeu inclusive acesso aos luxos e bens romanos. Mas os privilégios da "Pax Romana" (paz de Roma) vieram com um preço. Os judeus tiveram que suportar a humilhação de serem governados por gentios aos quais eles desprezavam. Eles tiveram que tolerar sua adoração pagã ofensiva e suas práticas que ameaçavam minar o modo de vida judaico. Os judeus também tiveram que se submeter às leis e costumes romanos. Isso incluía o pagamento de impostos a Roma, uma prática que era particularmente impopular.

Roma contratava moradores locais para coletar impostos para seu orçamento imperial. Tinha o potencial de ser um cargo lucrativo para quem o ocupava. Os cobradores de impostos tinham o poder de determinar o que as pessoas deviam ao império e não havia tribunais justos para apelar quanto a quaisquer discrepâncias. Os cobradores de impostos cobravam acima do normal e retinham uma comissão para servir como pagamento. Assim, eram notórios por cobrar além do esperado. Eles tributavam seus compatriotas a taxas incrivelmente altas, colocando as cobranças extras no bolso. A história em Lucas 19, onde Jesus contatou o cobrador de impostos Zaqueu, apresenta todos esses elementos.

Zaqueu era "rico" por sua coleta de impostos (Lucas 19:2). Zaqueu declarou a Jesus que ele "retribuiria quatro vezes" a qualquer um que ele tivesse fraudado. Por seu abuso, os cobradores de impostos eram desprezados em todo o império. Mas na Judéia, os cobradores de impostos eram ainda mais odiados porque eram vistos como traidores de Deus, da nação e de seus compatriotas.

Mateus era um dos cobradores de impostos desprezados. Ele pertencia à casta daqueles considerados pecadores e traidores. Mas quando Jesus viu Mateus, sentado na cabine do cobrador de impostos (um assento maligno aos olhos de outros judeus), Jesus disse: "Siga-me!" Isso foi semelhante ao que Jesus havia dito a André e Pedro quando os chamou para serem Seus discípulos (Mateus 4:19). Mateus, então, se levantou e seguiu a Jesus.

Esta passagem provavelmente significa que todos os eventos até este ponto no livro de Mateus foram reunidos por ele a partir dos relatos de outras pessoas, ao invés de serem relatos onde o próprio  Mateus tenha sido testemunha ocular. No entanto, durante um período de três anos, é provável que Jesus tenha expressado os mesmos ensinamentos muitas vezes, de modo que Mateus provavelmente tenha ouvido Suas palavras o suficiente para ter tido conhecimento em primeira mão. Talvez a habilidade contábil que fez de Mateus um hábil cobrador de impostos lhe tenha dado a aptidão para registrar o ministério de Jesus. Mateus pode ter ouvido sobre os eventos anteriores ao capítulo 9 após ter conversado com o restante dos discípulos.

Após de ser chamado, Mateus parece ter dado uma festa para celebrar a nova carreira de seguidor de Cristo. Ele convidou seus amigos cobradores de impostos para esta festa. Como cobrador de impostos para os romanos, Mateus presumivelmente tinha uma má reputação entre os judeus. Os amigos de Mateus, naturalmente, eram outros cobradores de impostos, bem como qualquer amizade que ele tivesse estabelecido. Jesus estava reclinado à mesa da casa (provavelmente na casa de Mateus) com essas pessoas. As mesas de jantar nas casas dos ricos eram cercadas por almofadas e travesseiros e sua superfície eram elevadas do chão. Isso permitia que aqueles que se reuniam ao redor da mesa descansassem e se reclinassem enquanto desfrutavam da refeição e conversa.

Enquanto Jesus estava reclinado à mesa, Mateus nos diz que muitos outros cobradores de impostos e pecadores estavam jantando com Jesus e Seus discípulos. Os cobradores de impostos eram considerados pecadores pela casta religiosa. Isso era muito escandaloso para os fariseus, que eram líderes altamente respeitados, defensores da fé judaica e professores das sinagogas locais.

Quando os fariseus viram isso, expressaram sua desaprovação aos discípulos de Jesus. Mateus não nos diz porque eles disseram aos discípulos, ao invés de falarem diretamente a Jesus. Talvez eles quisessem evitar um constrangimento semelhante ao que os escribas incrédulos haviam recebido recentemente. Ou talvez eles pensassem que era mais eficaz minar Jesus semeando dúvidas e projetando vergonha entre Seus discípulos, em vez de confrontá-Lo diretamente. Os discípulos poderiam estar calculando os efeitos sobre sua própria reputação ao permitirem que um cobrador de impostos se juntasse ao grupo.

Ou pode ser que Jesus simplesmente estivesse dentro da casa com os cobradores de impostos, enquanto os discípulos permaneciam do lado de fora. Os fariseus perguntaram aos discípulos: “Por que seu Mestre está comendo com os cobradores de impostos e pecadores?” A implicação inconfundível era: "Se o seu Mestre fosse santo e justo, Ele não estaria se associando publicamente com pessoas tão vis". E se estendermos essa implicação um pouco mais, os fariseus poderiam ter acrescentado: "Seu Mestre deve se associar a nós".

Quando Jesus ouviu o que os fariseus estavam dizendo a Seus discípulos, Ele respondeu com uma breve parábola: “Não são aqueles que são saudáveis que precisam de um médico”, Ele disse, “mas aqueles que estão doentes”. Os médicos oferecem tratamento com a finalidade de cura corporal. Na maioria dos casos, são aqueles que estão doentes que procuram a ajuda dos médicos. Aqueles que são saudáveis não precisam de um médico ou de remédio.

A parábola tem múltiplos níveis de interpretação e significado.

Em seu nível mais básico, Jesus é como um médico espiritual que cura corações perversos, mentes corruptas e vidas devastadas pela doença do pecado. Os doentes são os cobradores de impostos e pecadores espiritualmente enfermos. Seu pecado é fácil de ser visto. Eles são aqueles com quem Jesus estava reclinado à mesa de Mateus. Eles são aqueles que claramente precisam da ajuda espiritual de Jesus.

Os fariseus acreditavam que eram saudáveis. Assim, o argumento de Jesus é bastante lógico: "Estou com pessoas que reconhecidamente precisam de cura espiritual, já que eu sou um médico espiritual". Os cobradores de impostos talvez fossem capazes de reconhecer suas necessidades, ou poderiam estar apenas desfrutando de uma refeição às custas de seu amigo Mateus. Mas Jesus é encontrado comendo com os cobradores de impostos e pecadores porque Ele tem uma missão intencional de cura espiritual.

Além disso, Jesus sabia que todos estavam doentes, incluindo os fariseus hipócritas. Os fariseus guardavam a lei externamente, mas internamente a violavam. Eles também eram pecadores. Eles também estavam doentes. Só que a doença deles não era tão aparente. Jesus revelará os pecados dos fariseus mais tarde em Mateus, particularmente no capítulo 23, quando torna suas motivações publicamente conhecidas:

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois você limpa o exterior do copo e do prato, mas por dentro eles estão cheios de roubo e autoindulgência." (Mateus 23:25)

A Bíblia inclui todos nós no mesmo barco. Todos precisamos de cura espiritual. Um versículo de Romanos deixa isso claro: "... porque todos pecaram e carecem da glória de Deus." (Romanos 3:23)

Além disso, o livro de Tiago mostra que mesmo a vida quase perfeita ainda é insuficiente. Um único pecado nos torna culpados de todos os outros pecados:

"Se, no entanto, você está cumprindo a lei real de acordo com as Escrituras, 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo', você está indo bem. Mas se você mostrar parcialidade, você está cometendo pecado e é condenado pela lei como transgressores. Pois quem guarda toda a lei e ainda tropeça em um ponto, ele se tornou culpado de tudo." (Tiago 2:8-10)

Os fariseus acreditavam que estavam entre os que eram saudáveis porque eram mestres da Lei de Deus e guardiões de suas tradições. Eles acreditavam que eram saudáveis porque conheciam a Lei e a seguiam (externamente). Na realidade, os fariseus estavam mascarando sua doença e brincando de hipócritas. Jesus chama os fariseus a reconhecer e confessar sua doença. Ele, como médico espiritual, os chama a receber a mesma cura espiritual disponibilizada aos cobradores de impostos e outros pecadores.

Com esta breve parábola, Jesus repreende os fariseus que conheciam as Escrituras (Mateus 23:1-3). Dado o seu conhecimento bíblico, eles também deveriam ser médicos disponíveis para ajudar os espiritualmente doentes. Eles deveriam ser portadores de compaixão, ao invés de condenação aos pecadores necessitados.

Jesus continua Sua parábola com uma de lição de casa para os fariseus, algo que apresentou um desafio e, provavelmente, uma repreensão ainda maior. Ele lhes diz: “Mas vão e aprendam o que isso significa: Misericórdia quero, não sacrifício'.” Esta é uma linha de Oséias 6. Quando Jesus citou o versículo, Ele esperava que os fariseus biblicamente alfabetizados reconhecessem tanto o versículo quanto seu contexto completo. Oséias 6 é um capítulo que começa com um chamado para "voltar ao Senhor" (Oséias 6:1). Ele emprega uma metáfora de cura espiritual semelhante à parábola que Jesus acabara de compartilhar em relação aos doentes serem os que precisam de médico (Oséias 6:1-2). Mas toda a nação precisa de cura. Oséias 6 fala da deslealdade e infidelidade de Judá (Oséias 6:4, 7, 8, 10) e enfatiza particularmente o comportamento injusto dos judeus da classe religiosa (os sacerdotes, Oséias 6:9).

Oséias 6:1-11 fala do julgamento de Deus sobre Israel por sua infidelidade com declarações como: "Eu os matei pela palavra" (Oséias 6:5). E termina com a promessa de que Deus julgará e restaurará Seu povo (Oséias 6:11). No meio deste capítulo está a frase que Jesus citou aos fariseus: "Pois eu me deleito na lealdade (compaixão) em vez de sacrifício, e no conhecimento de Deus, em vez de holocaustos".

Qualquer fariseu que entendesse a referência de Jesus a Oséias 6 veria que Ele os estava criticando. Eles eram como os sacerdotes injustos, aos quais Oséias se referiu, que seguiam as regras religiosas, mas estavam distantes de Deus. Jesus estava repreendendo e convidando cada fariseu (religioso) a se arrepender e vir a Ele para cura espiritual.

Jesus termina Sua resposta ao desafio dos fariseus com esta conclusão: “Pois eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.” Jesus não havia vindo para socializar entre aqueles que pensavam ser justos. Jesus não estava procurando promover Seu status social terreno. Ao invés disso, Jesus estava focado em demonstrar compaixão e oferecer ajuda aos pecadores que precisavam de cura espiritual. Isso incluía os fariseus, ainda que eles fossem incapazes de enxergar sua necessidade.

Este incidente é coerente com a bem-aventurança relacionada a ser pobre de espírito: "Makarios (bem-aventurados, realizados) são os pobres de espírito [os que se enxergam corretamente], pois deles é o reino dos céus" (Mateus 5:3). Os fariseus eram líderes religiosos, mas estavam em trevas espirituais.

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