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Significado de Mateus 9:1-8

Jesus retorna a Cafarnaum, onde cura pública e espetacularmente um paralítico. Antes de curar esse homem, Jesus lhe diz que seus pecados estão perdoados, o que faz com que alguns dos escribas na multidão O acusem silenciosamente de blasfêmia. Jesus chama atenção de sua incredulidade e demonstra que Ele é Quem afirma ser, curando o paralítico e dizendo-lhe para se levantar e ir para casa. Assim, as multidões ficam espantadas ao verem como Deus havia dado tal autoridade aos homens.

A estadia de Jesus no outro lado do mar foi breve. O povo gadareno que morava lá implorou para que Ele partisse depois que Ele libertou os dois homens possuídos por demônios. Jesus havia enviado os demônios para um rebanho de porcos que se afogou, de modo que os habitantes locais ficaram com medo e com raiva Dele. Jesus entrou em um barco e atravessou de volta o mar e veio para Sua própria cidade, na costa norte. Marcos 2:1 confirma que “Sua própria cidade” se refere à cidade de Cafarnaum, onde Seu ministério estava localizado, ao longo da costa norte do mar, ao invés da cidade de Nazaré, onde Ele havia crescido. (Ver  Marcos 2:1-12 para um relato mais detalhado desse episódio.)

Ao retornar a Cafarnaum, as pessoas trouxeram a Ele um paralítico deitado em uma maca. Marcos nos conta que eram quatro amigos (Marcos 2:1). O paralítico era incapaz de se mover e foi por isso que eles o trouxeram em uma maca. Mateus nos diz que Jesus viu a fé deles. Não fica totalmente claro, neste contexto, quem Jesus está incluindo nesta declaração de fé. Parece que Ele se refere aos que haviam trazido o paralítico deitado na maca até Ele, mas Ele poderia também estar incluindo o paralítico. A que Jesus viu neles foi o seu ato de amor e expressão de crença e esperança.

Sua fé era simples e notável. Simples, já que eles creram que Jesus tinha o poder de curar seu amigo. Notável, já que exigiu um grau de esforço e engenhosidade colocá-lo numa maca e levá-lo a Jesus. Eles até tiveram que cortar um buraco no telhado para chegar a Jesus, porque as multidões os impediam de se aproximar Dele (Marcos 2:2-4).  Sua fé demonstrava a prática do amor e da ação. Sua demonstrou o estilo de vida e a justiça de "servir em primeiro lugar", descrita na plataforma do Reino apresentada no Sermão da Montanha.

"Em tudo, portanto, trate as pessoas da mesma maneira que você quer que elas o tratem, pois esta é a Lei e os Profetas." (Mateus 7:12)

Eles estavam servindo a seu amigo, que era fisicamente incapaz de vir a Jesus por conta própria, na crença de que Ele o curaria. Sua fé em Jesus e amor por seu amigo comoveu a Jesus.

Jesus se dirige ao paralítico com uma observação surpreendente: “Anime-se (se alegre), filho; seus pecados estão perdoados.” Isso é surpreendente porque o paralítico foi trazido a Jesus para ser curado de sua paralisia, não para ter seus pecados perdoados. A observação também foi surpreendente porque as únicas pessoas que poderiam perdoar pecados seriam aqueles ofendidos pelo paralítico e pelo próprio Deus. O contexto indica fortemente que este foi o primeiro encontro entre Jesus e este paralítico. Nesse caso, o paralítico muito provavelmente não havia ofendido a Jesus para precisar do Seu perdão. Ao dizer ao paralítico que “seus pecados são perdoados,” Jesus está agindo como se Ele fosse a principal parte ofendida pelos pecados do paralítico. Em outras palavras, ao fazer essa declaração, Jesus está falando como Deus.

Isso perturbou alguns dos escribas presentes, que se ofenderam pela observação de Jesus. Eles pensaram consigo mesmos: “Este homem blasfema.” Eles entenderam corretamente quem Jesus estava presumindo ser. Quando Jesus disse ao paralítico que seus pecados haviam sido perdoados, os escribas perceberam corretamente que Jesus estava agindo como se Ele fosse Deus. Mas, pelo menos alguns desses escribas não acreditavam que Jesus realmente era Deus. A ironia é que seus maus pensamentos acusando Jesus de  blasfêmia eram, em si mesmo, atos de blasfêmia.

Esta é a primeira vez na narrativa de Mateus que Jesus confronta diretamente os líderes religiosos. Lembremo-nos de João Batista, que havia feito isso anteriormente (Mateus 3:7-10). Jesus havia mencionado os escribas e fariseus sob uma luz negativa ao ensinar Seus discípulos durante o Sermão da Montanha (Mateus 5:20). Mas, até este momento, Mateus não havia registrado nenhum desafio pessoal de Jesus a eles. Embora tenha sido a primeira vez, sabemos que não foi a última. Ao longo deste capítulo, Mateus apresenta as autoridades religiosas estabelecidas como os principais oponentes terrenos da mensagem do Reino de Jesus. Não são todos os escribas, mas alguns dos escribas. Havia líderes que creram em Jesus ao longo do caminho, incluindo Nicodemos e José de Arimatéia (João 3:1-2Marcos 5:43).

Embora alguns dos escribas não acreditassem que Jesus era Deus, eles estavam errados. Jesus era e é Deus. Jesus conhecia seus pensamentos. Ele entendeu o mal dentro de seus corações que impulsionava sua incredulidade. Ele chamou a atenção deles para o mal da incredulidade em seus corações. Jesus disse aos escribas incrédulos: “Por que vocês estão pensando mal em seus corações?” A palavra que Mateus usa para “pensar” é "enthymeomai" (G1722), da qual obtemos nosso termo "enthymeme" (que é uma forma de silogismo lógico). Em Sua observação retórica, Jesus está acusando seus corações de silenciosamente "entoar" ou raciocinar  deduções malignas sobre Ele. Seu mau pensamento poderia ser algo assim: "Se Jesus está dizendo isso, então Ele está afirmando ser Deus, e Ele não pode ser Deus porque Ele não se encaixa em nossas noções preconcebidas de Deus, portanto, Ele está blasfemando."

Jesus em seguida abordou tal acusação com outra pergunta: “O que é mais fácil, dizer: 'Seus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te e anda'?”  Eles provavelmente não se atreveram a respondê-Lo em voz alta. De um ponto de vista terreno, é muito mais fácil dizer que os pecados de uma pessoa estão perdoados do que dizer a um paralítico para se levantar e andar. Não há como saber se o perdão funcionou. Alguém poderia dizer isso e não haveria como provar se o perdão havia ou não ocorrido. Portanto, é mais fácil dizer e afirmar que o perdão ocorreu. Por outro lado, se alguém disser a um paralítico: “Levante-se e caminhe”, todos verão rapidamente se a cura ocorreu, com base no fato de o paralítico poder ou não andar. Se o paralítico for curado, isso prova que a pessoa que lhe disse para se levantar e andar tinha o poder e a autoridade para fazê-lo.

Jesus então diz aos escribas incrédulos: “Mas para que vocês saibam que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados,” Ele cura o paralítico. Jesus deixa claro que a cura do paralítico tem a intenção de ser um testemunho aos escribas de que Jesus realmente tem a autoridade na terra para perdoar pecados. Jesus, então, se volta ao paralítico e diz: “Levanta-te, pegue sua cama e vá para casa.” Jesus ofereceu-lhes evidências conclusivas de Seu poder. Jesus deixou claro que Seu milagre deveria gerar neles uma responsabilidade maior de crer Nele (Mateus 11:21-23).

Cristo demonstra que Ele tem a autoridade para perdoar pecados, que Ele é o Filho do Homem (um termo comum que significa tanto "alguém", bem como um termo bíblico para "o Messias"), e que Ele é, de fato, Deus. Jesus demonstra tudo isso curando o homem paralítico e ele volta para casa com sua maca. Mateus, então, nos diz sucintamente que o paralítico que havia sido trazido por seus amigos deitado em uma maca, em seguida, levanta-se e vai para casa. Este episódio deve ter alterado o mau pensamento dos escribas. O  pensamento ou raciocínio dos escribas deve ter mudado para algo como: "Bem, este é claramente o poder de Deus em ação, então nossas noções preconcebidas devem estar erradas". Essa parece ser a reação das multidões.

Quando a multidão de espectadores viu isso acontecer, Mateus relata que eles ficaram impressionados. Há pouca dúvida quanto ao fato de haverem ficado surpresos com o milagre que curou o paralítico. Mas seu espanto provavelmente foi mais do que apenas o milagre. Eles devem ter ficado surpresos com o confronto entre Jesus e os escribas incrédulos. Os escribas eram autoridades estabelecidas que pensavam que Jesus era um blasfemador. Jesus revelou o poder de cura de Deus, bem como o poder de perdoar pecados. Ele obteve uma vitória inegável, enquanto os escribas sofreram uma derrota humilhante. Mas as multidões também ficaram maravilhadas, Mateus nos diz, com Deus. Tendo visto as boas obras de Jesus e dos amigos do paralítico, eles glorificaram a Deus, o Pai no céu. E eles se maravilharam com o fato de que Deus havia dado tal autoridade aos homens. As multidões podem não ter entendido que Jesus estava afirmando ser Deus, como alguns dos escribas fizeram, mas reconheceram o que era óbvio: Deus estava milagrosamente trabalhando através de Jesus e havia dado àquele Homem autoridade para curar aflições incuráveis – e também perdoar pecados.

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