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Significado de Daniel 8:5-8

A visão do carneiro e do bode.

Um bode voa do oeste. Ele possui um chifre enorme entre os olhos. Ele ataca o carneiro com raiva, quebrando seus chifres e pisoteando-o até a morte. O bode se vangloria, mas seu chifre é quebrado e outros quatro chifres crescem em sua cabeça.

No capítulo 8, Daniel recebe outra visão. Nesta visão, ele estava ao lado do Rio Ulai, em Susã, uma das cidades do império babilônico durante o reinado de Belsazar, neto de Nabucodonosor. Um carneiro aparece ao lado do rio. Ele tinha dois chifres e um chifre é mais longo que o outro. Ele começa a atacar brutalmente e nenhuma outra fera conseguia ficar em seu caminho. Ninguém podia detê-lo. Ele era poderoso e arrogante. Descobriremos mais tarde que o carneiro representava o império medo-persa.

No entanto, enquanto Daniel observava o carneiro, ele vê um bode aparecer. O bode vinha “do oeste sobre a superfície de toda a terra sem tocar o chão”. Este novo animal era tão rápido que se movia sem tocar o chão. Era um bode voador. Daniel observa um chifre conspícuo entre os olhos dele, um chifre grande e proeminente.

Uma breve batalha acontece. O bode move-se para o lado do carneiro e fica furioso com ele. Não apenas o bode desafia o carneiro, mas demonstra uma ira intensa contra ele. Daniel registra que o bode “golpeou o carneiro e quebrou seus dois chifres, e o carneiro não teve forças para resisti-lo”.

Com o golpe, o bode derrota o carneiro. Os chifres do carneiro são quebrados em muitos pedaços. O carneiro não resiste porque não tem forças para se defender. Depois de quebrar os chifres de seu rival, o bode arremessou o carneiro ao chão e pisoteou-o, e não havia ninguém para salvar o carneiro de seu poder. Vitorioso, chega a vez do bode se vangloriar. Daniel viu que o “bode se engrandecia muito”, assim como o carneiro havia "se engrandecido" anteriormente após sua conquista (v. 4).

Este momento de celebração do bode dura pouco, ao que parece, porque o grande chifre é quebrado e em seu lugar surgem quatro chifres conspícuos em direção aos quatro ventos do céu.

Nenhuma força externa quebra a grande chifre. Ele quebra por conta própria. Quatro outros chifres tomam seu lugar, crescendo nas quatro direções: norte, leste, sul e oeste.

Um anjo explica a visão a Daniel mais adiante no capítulo:

"O bode peludo é o rei da Grécia; e o chifre grande que ele tem entre os olhos é o primeiro rei. Quanto ao chifre que se quebrou e em cujo lugar se levantaram quatro, levantar-se-ão da nação quatro reinos, porém não com a força dele" (Daniel 8:21-22).

Isso é cumprido por Alexandre, o Grande, da Macedônia (norte da Grécia), que liderou um exército do oeste e conquistou o império persa a partir de 334 a.C., vários anos antes da morte de Dario III (330 a.C.), movendo-se pela superfície de toda a terra para assumir o controle da atual Turquia, Egito, Oriente Médio e parte da Índia.

Na visão, o bode, que representava Alexandre, voa pelo ar, movendo-se sobre a terra sem tocar o chão. Isso retrata como a conquista de Alexandre foi realizada em um período de tempo surpreendentemente curto. Em cerca de 13 anos ele capturou dois milhões de quilômetros quadrados de vários reinos e nações. Alexandre nunca perdeu uma batalha (veja o mapa na barra lateral).

O bode destrói o carneiro de forma brutal, numa ira vingativa. O bode (Grécia) “ficou furioso com o carneiro” (Medo-Pérsia). Isso parece ser representativo do ódio da Grécia contra o Império Persa na época. Dario, o Grande (reinado. 522-486 a.C.) invadiu partes da Grécia e estabeleceu vassalos lá; mas, eventualmente, essas cidades-estado gregas desafiariam ao domínio persa. Os gregos se rebelaram e recuperaram sua independência; porém, foram obrigados a travar guerras de resistência durante um período de 50 anos (492-449 a.C.). A Pérsia tentou invadir e conquistar a Grécia duas vezes em 490 e 480 a.C.

A primeira guerra greco-persa terminou na batalha de Maratona, em 490 a.C. Dario retornou à Pérsia para planejar uma invasão fracassada, mas morreu logo depois.

O novo rei, o filho de Dario, Xerxes, começou a segunda guerra greco-persa dez anos depois, em 480 a.C. Esta segunda guerra envolveu a famosa batalha das Termópilas contra os 300 espartanos, comandada pelo rei Leônidas, onde os espartanos resistiram aos persas por vários dias, mas acabariam sendo massacrados. O corpo de Leônidas foi profanado, decapitado e crucificado pelo irado Xerxes.

Xerxes conquistaria com sucesso e manteria o território grego no ano seguinte, mas finalmente seria expulso para o leste depois que suas forças foram derrotadas na batalha de Plataea (479 a.C.). A partir de então, os gregos não estavam mais na defensiva contra o poderoso império persa e foram capazes de concentrar seus recursos em acumular força, não tendo mais invasores contra quem se defender. Uma aliança conhecida como Liga de Delos foi formada para se assegurar uma posição na Ásia Menor e combater aos remanescentes persas pelos próximos 30 anos (478 a.C. – 449 a.C.).

Mais de cem anos depois, os gregos ainda desprezavam e se ressentiam dos persas. Em 334 a.C., Alexandre, o Grande começaria sua campanha para conquistar a Pérsia, em parte para se vingar do povo grego pela invasão de Xerxes em 480 a.C.

É compreensível, portanto, que o bode estivesse furioso com o carneiro. O bode não  apenas derrota o carneiro, mas o faz com paixão, vingança e força destrutiva. Ele golpeia o carneiro e “quebra seus dois chifres, e o carneiro não teve forças para resisti-lo. Ele o lança no chão e o pisoteia, e não havia ninguém para resgatar o carneiro de seu poder”. Nada poderia impedir a conquista de Alexandre. Na época da invasão de Alexandre, a Pérsia estava enfraquecida por guerras civis internas e por conta de seu rei ineficaz e impopular, Dario III. A Pérsia não teve forças para resistir a Alexandre e, posteriormente, foi arremessada ao chão e pisoteada. Dario III foi morto em 330 a.C., o que significa que a conquista da Pérsia por Alexandre foi, de fato, relâmpago, conforme representada pela visão de Daniel.

Alexandre “se engrandeceu sobremaneira” (Daniel 8:8). Ele alegou ser descendente de heróis gregos, como Héracles, bem como o próprio filho de Zeus. Mas, assim como Deus revelou a Daniel, “o grande chifre (Alexandre) foi quebrado, e em seu lugar surgiram quatro chifres conspícuos em direção aos quatro ventos do céu”. Alexandre começou seu reinado aos 20 anos e morreu aos 32 anos na Babilônia. Alexandre foi realmente poderoso, o novo imperador do Oriente Médio e do mundo ocidental, e após atingir o ápice do poder “foi quebrado”, ou seja, morto. Especula-se que ele tenha sucumbido à febre tifóide. No mundo antigo, quando os homens morriam de doenças, muitas vezes isso era atribuído à mão de Deus, já que não eram destruídos pelas mãos dos homens. Independentemente disso, Deus é soberano sobre todos os impérios que se levantam ou caem.

Agora que o grande chifre foi quebrado, eclode uma intensa guerra civil. O domínio de Alexandre mergulha em divisão: no lugar do grande chifre crescem quatro chifres conspícuos. Os generais de Alexandre lutaram para governar suas terras nas Guerras dos Sucessores, terminando com quatro generais reivindicando quatro regiões para governar em direção aos quatro ventos do céu, ou seja, quatro pedaços do bolo de Alexandre.

Ptolomeu tomou o Egito; Antígono tomou a Ásia Menor (atual Turquia); Cassandro se tornou rei da Macedônia (norte da Grécia); e Seleuco governou grande parte do Oriente Médio. Estes foram os quatro chifres do bode, quatro reinos que cresceram do vácuo de poder deixado depois que o grande chifre, Alexandre, foi quebrado. O reino selêucida, que surgiu a partir do reinado de Seleuco, desempenharia um papel proeminente e profético no futuro de Israel.

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