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Significado de Hebreus 10:26-31

Se abandonarmos a fé e escolhermos viver em pecado, não alcançaremos a recompensa. Perderemos nossa herança no futuro Reino de Cristo.

Chegamos agora àquilo que parece ser o problema central abordado pelo autor da epístola. Os destinatários desta carta, os crentes hebreus, pareciam estar pecando deliberadamente, realizando sacrifícios de animais e dizendo: "Ok, este pecado está coberto, agora posso pecar de novo". Neste ponto, o autor faz um alerta. Se os crentes, que tinham conhecimento da verdade pisoteavam o sacrifício de Jesus e o consideravam como insuficiente (realizando sacrifícios de animais), continuando pecando deliberadamente, eles poderiam esperar o julgamento de Deus. No contexto deste capítulo, o escritor não diz que podemos perder nossa justificação diante de Deus se continuarmos a pecar. Todos os crentes ainda lutam contra sua natureza pecaminosa nesta vida na terra. Aqui e ao longo desta epístola aos hebreus o apóstolo consistentemente contrasta os crentes que resistem ao pecado e os crentes que se afastam de Deus (Hebreus 2:1).

Aqueles hebreus caíram em uma cilada. Eles não apenas consideravam o sangue de Jesus insuficiente, mas também impuro. Isso é incrível, porque ao acreditar que suas práticas religiosas os tornariam limpos, eles estavam deliberadamente continuando no pecado. Eles não mais confiavam na justificação de Cristo. Eles estavam se justificando a si mesmos.

Nesses versículos, o escritor descreve alguém que recebeu o conhecimento da verdade, claramente alguém que havia crido em Jesus Cristo. O apóstolo até mesmo se inclui na frase, usando o o verbo no plural: se continuarmos pecando. Esses crentes eram aqueles que verdadeiramente haviam crido em Jesus e alcançado o dom da vida eterna (justificação na presença de Deus), que absolutamente nada poderia desfazer. Porém, aqui, o autor deixa claro que é possível que os crentes vivam de tal forma que essencialmente cospem no incrível dom da graça de Jesus. Se esses crentes deliberada e conscientemente continuassem em pecado, haveria um julgamento severo sobre eles. Eles haviam recebido uma grande dádiva e com a dádiva havia vindo uma grande responsabilidade. Jesus os responsabilizaria pelo que conheciam.

O Autor Paulino aponta para o julgamento e a fúria de um fogo por desobediência intencional. Este é o fogo do juízo. Quando o fogo do juízo derrama sobre os adversários, ele os consome. Quando Deus derrama fogo de julgamento sobre Seu povo, ele os refina. Mas ainda é o fogo do juízo. Não é algo para ser confundido.

Paulo fala a respeito da rebelião deliberada expressa pela negligência à Nova Aliança e à graça concedida por Jesus. O pecado intencional significa que conscientemente escolhemos pecar, desejamos fazê-lo, escolhemos fazê-lo. A condenação nesta passagem é referente ao ato de pecar e usar algum tipo de prática religiosa para "limpar a consciência", neste caso, os sacrifícios cerimoniais. Quando o autor diz que não resta mais sacrifício pelos pecados, ele está se referindo aos sacrifícios de animais mencionados repetidas vezes nesta seção de Hebreus. Se pecarmos deliberadamente, Deus nos responsabilizará, não importa quantos sacrifícios façamos. De fato, quando confiamos no sacrifício ao invés de confiarmos no sacrifício de Jesus, estamos pisoteando Jesus. Portanto, haverá ainda mais responsabilização. Por aplicação, isso poderia se aplicar a qualquer prática religiosa. Deus deseja obediência de coração. Ele não será apaziguado por cerimônias religiosas.

Este tipo de rebelião produzirá o desagrado de Deus. O apóstolo ressalta que os crentes com conhecimento são mantidos em um padrão mais elevado, uma vez que conhecem a verdade. Estamos na Nova Aliança, onde podemos nos achegar ousadamente a Deus para apresentar nossas necessidades. Abusar da graça em Cristo traz sérias consequências.

Para ilustrar o grau de seriedade, o escritor lembra seus leitores da Lei de Moisés (lei do Antigo Testamento), especificamente Deuteronômio 17:6, onde o delito da idolatria era punível com a morte. Se duas ou três testemunhas pudessem depor, o agressor seria condenado à morte sem piedade, uma punição absolutamente severa porque o crime era grave. Essa ofensa era contada como transgressão de sua aliança (Deuteronômio 17:2), uma rejeição de Deus e Seus caminhos. Com essa ilustração, o autor afirma a seu público: quanto mais vocês serão punidos se rejeitarem a Nova Aliança, agora que conhecem a verdade! Pisotear o Filho de Deus não deveria ser visto como algo simples; era como se alguém caminhasse sobre Cristo como se caminhasse na terra. Alguém que olha para o sacrifício eterno santificador e purificador de Cristo e o desconsidera deveria ser tratado como alguém que insultava ao Espírito da graça. Tratava-se de uma ofensa grave.

É importante notar que o versículo 29 deixa claro que estamos falando de pessoas que haviam sido santificadas. Isso significava que Paulo estava falando com crentes. Esta advertência foi dada a pessoas santificadas pelo sangue de Cristo. Para uma pessoa que foi santificada, porém decidiu deliberadamente pecar, a graça de Deus ainda cobre seu pecado. No entanto, haverá consequências.

O apóstlo prossegue: Minha é a vingança. Esta citação é encontrada em Deuteronômio 32:36: O Senhor julgará Seu povo. Adicionando um contexto imediato, Deuteronômio 32:36 mostra que o julgamento de Deus sobre Seu povo era sua libertação: Pois, o Senhor vindicará Seu povo e terá compaixão de Seus servos, quando vir que sua força se foi. Como qualquer criança, não gostamos da idéia de sermos disciplinados por nosso pai. Mas Deus, como um Pai Celestial perfeito, tem o nosso interesse no coração. No entanto, Sua disciplina é real.

Todo cristão luta contra o pecado. 1 João 1:8 atesta nossa luta contra o pecado: Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Esta passagem em Hebreus se dirige a cristãos que pecam com um coração pré-disposto a pecar. As pessoas que pecavam neste texto pareciam deliberadamente buscar se justificar através de práticas religiosas. "Fiz o sacrifício, então, estou bem." É razoável concluir, por aplicação, que esta passagem se aplica a pessoas que pecam deliberadamente e tentam justificar seu pecado de alguma forma.

Tal atitude explica a deriva, o descaso e o abandono repetidamente mencionados pelo apóstolo ao longo de todo o livro. Ele enfatiza a seus leitores que abandonar o caminho da fé para viver uma vida dedicada ao pecado produziria o grande desprazer de Deus. O versículo 30 nos lembra de que Deus é o vingador supremo e que Ele julgará a Seu povo como certeza absoluta. O versículo 31 diz ainda mais claramente: Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Não há nenhuma menção ao inferno aqui, nenhuma menção à perda da justificação diante de Deus. Isso é impossível. O próprio Jesus declara nossa segurança eterna em João 10:28: E eu lhes dou a vida eterna, e nunca perecerão, e ninguém as arrebatará de Minha mão. Porém, abandonar a fé e entregar-nos à vida pecaminosa traz graves consequências. Em Romanos 1, Paulo nos mostra uma das formas pelas quais a ira de Deus é derramada sobre nossos comportamentos pecaminosos: Deus nos dá o que queremos. Deus remove nossas inibições e nos "entrega" a nossos próprios desejos.

Com base no contexto maior de Hebreus, a consequência aqui é a perda de recompensa, ou seja, a perda do que poderíamos alcançar no Reino dos Céus. Hebreus 3:18 mostra isso: E a quem jurou que não entrariam em Seu descanso, senão aos que foram desobedientes? O escritor usa o exemplo dos israelitas que se rebelaram contra Deus depois que Ele os libertou da escravidão no Egito. Ele ficou zangado com eles por quarenta anos. Esta foi a consequência colhida por eles. Eles não foram autorizados a entrar na Terra Prometida, no descanso de Deus, na recompensa de Deus; em vez disso, todos morreram no deserto (Deuteronômio 2:16). Para ler nosso comentário sobre Deuteronômio 2:16-23, Clique Aqui. Para nós, que fomos libertos do pecado e da morte, a rebelião contra a nova e melhor aliança resultará na perda da herança, do descanso e da recompensa de Deus.

Da mesma forma, Hebreus 4:11 diz: Sejamos diligentes para entrar nesse descanso, para que ninguém caia, seguindo o mesmo exemplo de desobediência. Este versículo mostra os dois caminhos muito claramente: aqueles que são diligentes na fé entram no descanso de Deus; os desobedientes se afastam do descanso de Deus. O objetivo de Cristo para a Nova Aliança está explicitado em Hebreus 2:10. O texto diz que o objetivo de Cristo é conduzir à glória muitos filhos, aperfeiçoando pelos sofrimentos ao autor da salvação deles. Jesus deseja recompensar com glória aos que seguem Seu exemplo e vivem uma vida de diligência, perseverança, obediência fiel, apesar dos sofrimentos. Aqueles que perseverarem serão ressuscitados como filhos de Deus e receberão a recompensa de serem "Filhos". Vimos isso em Hebreus 1, onde o Jesus homem recebeu a recompensa de "Filho" por Sua fiel obediência. Através da fidelidade, podemos participar da glória de Cristo e do descanso de Deus como herdeiros. Esta recompensa pode ser perdida pela desobediência intencional.

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