Significado de Hebreus 10:35-39

O autor da carta lembra a seus leitores sobre como eles já haviam superado provações no passado (versículos 32-34). Eles sabiam por experiência própria o que eram capazes de suportar no sofrimento; assim, esta era uma razão convincente para prosseguirem. Paulo os exorta a não perderem a confiança na recompensa futura. Essa exortação a perseverar é vista em todos o livro, gerando como resultado a recompensa e a herança das promessas de Deus. O apóstlo já havia mencionado isso anteriormente em Hebreus 6:12. Seus leitores deveriam ser imitadores daqueles que, através da fé e paciência, haviam herdado as promessas. Os hebreus são encorajados a não desistir de sua fé, mas manter firme a confissão de sua esperança, sem vacilar (versículo 23). O "vacilo" ou "desvio" aqui são as ameaças que preocupavam ao apóstolo (Hebreus 2:1). Aqui, ele exorta os crentes a não desistirem. O que eles precisavam era de perseverança. Se perseverassem, eles estariam fazendo a vontade de Deus e seriam recompensados por Suas promessas.

Nos versículos 37 e 38, o autor da carta cita Habacuque 2:3-4, expressando que Jesus voltaria e não tardaria; por isso, eles deveriam viver de forma a estarem prontos, aguardando Seu retorno. O justo viverá pela fé. Viver pela fé é a maneira correta de se viver. A fé agrada a Deus. Porém, se o justo recuar, se afastar ou negligenciar a fé, Deus fica descontente, Sua alma não tem prazer naquela pessoa. Paulo usa Habacuque 2:3-4 como o tema de sua carta aos Romanos (Romanos 1:16-17). Ele também usa essa mesma citação em Gálatas (Gálatas 3:11). O objetivo de Deus aos que crêem Nele não mudou do Antigo Testamento para o Novo Testamento. Deus deseja que O sigamos de coração, em obediência crendo que nossa confiança Nele nos levará às melhores recompensas.

Haverá perdas para os que recuam para a destruição; porém, isso não significa separação eterna de Deus. A palavra "apṓleian" é traduzida aqui como "destruição" no sentido de "desperdício" ou "ruína". É a perda da herança e da promessa de Deus, a perda da grande recompensa mencionada no versículo 35. Esta perda é vista também em 1 Coríntios 3:14-15, onde Paulo discute como nossas obras, como crentes, serão julgadas por Deus: "Se a obra de alguém que ele construiu sobre ela permanecer, ele receberá uma recompensa. Se a obra de alguém for queimada, sofrerá perda; mas ele mesmo será salvo, ainda assim pelo fogo".

A expressão “preservação da alma” pode ser traduzida como "posse da vida". A palavra grega é "peripoiēsin" (preservar, possuir) da “psyche” (vida terrena, alma). O escritor usa esta palavra "peripoiēsin" especificamente por estar se dirigindo aos judeus. A palavra "posse" tinha um grande significado para eles. Talvez o momento mais memorável de “recuo” na história judaica tenha sido quando eles se recusaram a entrar na Terra Prometida, a terra do descanso prometido. Os israelitas tiveram medo dos relatos dos espias quanto ao temível povo daquela terra e recuaram. Isso levou Deus a condená-los a vagar por 40 anos no deserto. Aqui, o autor diz que nós, os crentes, não somos daqueles que recuam para a destruição (ruína, desperdício) de nossas vidas, mas daqueles que prosseguem para a posse de nossas vidas por toda a eternidade.

O apóstolo encoraja seus leitores no versículo 39, afirmando que eles não deviam ser covardes em sua fé, ou ser como aqueles que haviam recuado. Eles deveriam suportar as dificuldades vivendo pela fé. É isso o que somos como crentes, é isso o que somos chamados a ser. Podemos confiar no poder do Espírito Santo. Ao longo de todo este capítulo e livro, o escritor condena atitudes como o abandono, a covardia, o descaso, o desvio. Em contrapartida, ele deseja que seus leitores tenham confiança, esperança, resistência, firmeza, ousadia. Esses atributos estão disponíveis a todos os crentes que dcidem viver uma vida de fé.