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Significado de Levítico 19:19-32

Deus dá várias instruções muito específicas aos israelitas.

Deus começa este conjunto de mandamentos com a declaração: Guardarás os meus estatutos. Fazer o que Deus ordena é sempre para o nosso bem. Jesus diz:

"Se me amardes, guardareis os Meus mandamentos" (João 14:15).

O Novo Testamento deixa claro que amar a Deus produz grandes benefícios pessoais:

"Coisas que os olhos não viram, e os ouvidos não ouviram, e que não subiram ao coração do homem, é o que Deus preparou para aqueles que O amam" (1 Coríntios 2:9).

Algumas ordens neste capítulo são acompanhadas de uma explicação. Não nos são dado os "por quês" em alguns dos mandamentos, além da declaração ocasional: "Eu sou Jeová." Deus dá algumas ordens às quais Ele não conecta benef´cio algum; porém, Ele apenas espera que confiemos em Sua intenção benevolente para conosco. Os comandos a seguir parecem se enquadrar na categoria geral de não se misturar o sagrado e o comum.

Deus determina dois decretos que parecem ter como objetivo manter a pureza genética do gado e das plantações. Ele diz: Não permitirás que os teus animais se ajuntem com os de espécie diversa; não semearás o teu campo com diversa semente.

As vestes do sumo sacerdote, bem como outras tapeçarias do tabernáculo, deveriam ser feitas de uma mistura de lã e linho. Talvez o mandamento para que eles não usassem “vestimenta de dois tipos de material misturados” tinha a intenção de separar o sagrado (item usado para o culto religioso) do comum (todas as outras roupas e tecidos). A palavra “santo” significa "separado", como pratos finos que só são usados em ocasiões especiais. Em Deuteronômio 22:11, Moisés afirma que o povo não deveria usar mistura de lã e linho. A lã referia-se à fibra têxtil obtida da pele de ovelhas. Era usada especialmente para fazerse  roupas quentes. O linho era o material obtido a partir do linho, uma planta semelhante à grama que produz fibras macias para se fazer roupas mais leves (Provérbios 31:13).

Na lei de Moisés, quando um homem tocasse carnalmente uma mulher casada  (adultério), tanto o homem quanto a mulher deveriam sofrer a pena de morte (Deuteronômio 22:22, João 8:5). No Novo Testamento, é interessante notar que quando os fariseus acusaram a mulher pega em adultério, eles não acusaram o homem (João 8:4).

Não permitirás que os teus animais se ajuntem com os de espécie diversa; não semearás o teu campo com diversa semente. Enquanto o adultério era punível com a morte da  mulher e do homem, o pecado sexual entre um homem e uma escrava era punível por outros meios. Talvez isso ocorrese para confirmar a visão extremamente elevada que a Bíblia colocava sobre a santidade do casamento. O sexo conjugal é santo e não deve ser misturado com o sexo não conjugal, comum/vulgar.

O homem que  fosse flagrado tendo relações sexualmente íntimas (carnais) com uma escrava deveria trazer sua oferta de culpa ao Senhor à porta da tenda do encontro, ou seja, um carneiro para uma oferta de culpa. A relação sexual entre um homem e uma escrava era pecaminosa, mas não merecia a morte. Em vez disso, uma oferta de culpa deveria ser trazida. O sacerdote faria expiação pelo homem com o carneiro da oferta de culpa pelo pecado diante do SENHOR e o pecado que ele havia cometido lhe seria perdoado. Com a confissão apropriada, esse pecado deveria ser perdoado (1 João 1:9).

Deus deu aos israelitas muitas instruções sobre os métodos de agricultura. O comando a seguir se aplicava às árvores na Terra Prometida. Deus afirma: Quando entrardes na terra e tiverdes plantado toda sorte de árvores para delas comerdes, tereis o seu fruto como incircuncisão; por três anos vos será como incircunciso; não se comeráNo quarto ano, porém, todo o seu fruto será santo, ações de graças a Jeová. O fruto do quarto ano deveria ser levado ao tabernáculo em Siló (e, mais tarde, ao templo em Jerusalém) e desfrutado na presença de Javé.

Uma porção deveria ser dada aos sacerdotes levíticos. Finalmente, no quinto ano, um israelita poderia comer de seu fruto. O raciocínio de Deus para essas instruções era para que vos produza a sua carga: eu sou Jeová, vosso DeusQuando árvores frutíferas ainda jovens colocam toda a sua energia na produção de frutos, em vez de colocá-la no crescimento de raízes, troncos, galhos e folhas, isso pode fatal para ela no longo prazo. Ao arrancarem os frutos das árvores durante os primeiros três anos, eles permitiriam que elas se concentrassem em estabelecer uma forte rede radicular, bem como ramos fortes, que lhe permitiriam produzir frutos por muitos anos. Talvez isso possa ser visto como um treinamento para que Israel tivesse uma mentalidade de investimento – adiar o prazer agora para uma recompensa mais tarde. As recompensas atuais podem ser vistas como comuns, enquanto as recompensas futuras são sagradas.

O mandamento seguinte é reiterado em toda a Escritura: "Não comerás nada com seu sangue". Uma razão pela qual a Bíblia diz para não se ingerir o sangue é porque a vida de um ser vivo está no sangue (Gênesis 9:4, Levítico 17:11). A ordem de não se consumir sangue é acoplada aqui a um outro comando frequentemente repetido, proibindo a prática do encantamento ou agouro. O encantamento consiste em uma pessoa buscar obter informações da dimensão espiritual que lhe darão vantagem pessoal na dimensão física. A pessoa que solicita esses atos pode ser um charlatão que ganhe a vida enganando as pessoas, ou pode ser uma pessoa com uma conexão oculta real com o lado sombrio do reino espiritual, o domínio de Satanás. Em ambos os casos, trata-se de uma transação impulsionada pela exploração das pessoas. Isso pode ser visto como o uso comum/vulgar da espiritualidade, não uma abordagem santa da mesma.

Os homens judeus ao longo dos séculos seguiram ao mandamento de cortar os cabelos em redondo, nem destruireis os cantos da barba. O Talmud judaico (tradição oral escrita) dá alguns parâmetros rigorosos para o comprimento do cabelo que cresce ao lado da cabeça, ou seja, o cabelo na frente das orelhas que se estende até abaixo da maçã do rosto, ao nível do nariz (Talmud – Makkot 20a). Essas mechas de cabelo são chamadas de "payot" em hebraico. Algumas fontes dizem que alguns grupos pagãos raspavam essa área da cabeça e da barba no momento em que este texo foi escrito. Neste caso, essa disposição criaria uma distinção da identificação com as práticas pagãs.

Deus dá outra ordem, proibindo a Seu povo um comportamento predominante no paganismo: Pelos mortos não fareis incisões em vossa carne, nem no vosso corpo imprimireis marca alguma: eu sou Jeová. Deus não desejava que os israelitas se auto-mutilassem ou colocassem marcas de tatuagem em seus corpos. Há versículos em toda a Bíblia que ilustram como o corpo do crente é o templo de Deus (2 Crônicas 2:4-6, 1 Coríntios 3:17). Sendo o templo de Deus, devemos tratar nossos corpos com o máximo respeito. Em 1 Reis, vemos os profetas de Baal cortando-se, como era o costume popular em sua adoração:

"Clamavam em altas vozes e, segundo o seu costume, se retalhavam com facas e lancetas, até sair-lhes sangue" (1 Reis 18:28).

A prostituição era um grande negócio nas culturas sem Deus. Nos tempos antigos, era muitas vezes associada aos cultos pagãos. Um pai pobre naquela época podia ser tentado a ganhar dinheiro vendendo sua filha para esta indústria terrível. Deus proíbe isso dizendo: Não profanarás tua filha, fazendo-a prostituta; para que a terra não seja entregue à fornicação e não se encha de maldade. Hoje, o tráfico sexual é mais prevalente do que nunca, apesar de ser proibido em muitos lugares. A exploração de mulheres e crianças não deveria ser praticada em Israel. Isso separaria Israel (como povo "santo") das nações pagãs vizinhas e permitiria que Israel cumprisse sua função designada como nação sacerdotal, mostrando às nações vizinhas uma maneira melhor de viver e prosperar (Êxodo 19:6).

Deus, então, menciona o quarto dos dez mandamentos, dizendo: Guardareis os meus sábados e reverenciareis o meu santuário: eu sou Jeová. A frase “guardar os sábados” refere-se ao descanso do sétimo dia da semana, da mesma forma que Deus fez após o sexto dia da criação. No entanto, na época de Jesus, este e muitos outros mandamentos eram observados de forma excessivamente legalista. Jesus aponta em Mateus 12:

"Ele respondeu: Qual de vós, tendo uma ovelha, se ela, ao sábado, cair em uma cova, não lançará mão dela para tirá-la? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito fazer o bem nos sábados(Mateus 12:11,12).

Jesus também indicou que o dia do sábado havia sido criado para beneficiar a humanidade, não para ser um fardo a ela (Marcos 2:27).

Os comandos da lei, positivos (ordens para se fazer um bom trabalho) ou negativos (ordens para se abster de trabalhos proibidos), tinham uma hierarquia de valor. A obediência a um mandamento positivo, como ajudar o próximo a tirar uma ovelhas de um poço, anularia um mandamento negativo, por exemplo, de não fazer trabalho no dia de sábado (Levítico 23:3). O que Jesus enfrentava parecia ser a presença de pessoas que se concentravam na letra da lei sem compreender o espírito da lei, que visava estimular o florescimento humano. Focar apenas na letra frequentemente nos leva ao legalismo, o que pode produzir diferentes tipos de exploração e abuso de poder. Isso é justamente o oposto da intenção da lei sabática, que era a de abençoar.

O santuário de Deus refere-se ao tabernáculo que Moisés construiu no deserto e que foi transportada de acampamento em acampamento durante os 40 anos do povo no deserto para, finalmente, descansar em Siló, na Terra Prometida, onde permaneceu por várias centenas de anos. Mais tarde, na aliança de Deus com Davi, Deus diz que o filho de Davi, Salomão (e, por extensão, Jesus) construiria Sua nova casa. O Filho de Davi construiria uma casa para Javé como o novo santuário de Deus (2 Samuel 7:12-13, Marcos 14:58). Salomão construiu o primeiro templo em Jerusalém. No retorno de Jesus, Ele reconstruirá e reinará por mil anos a partir do terceiro templo em Jerusalém, também chamado de Templo de Ezequiel (VEJA nosso artigo mais aprofundado sobre o Templo Aqui).

No início desta porção (v. 26), a prática do encantamento ou da adivinhação era proibida, incluindo trabalho de médiuns e espíritas. O Senhor ordena: Não vos voltareis aos que consultam os mortos, nem aos feiticeiros; não os busqueis, para serdes contaminados por eles: eu sou Jeová, vosso Deus.

A palavra “adivinhar” é "nachash", significando "observar diligentemente". O primeiro uso de “nachash” nas Escrituras ocorre em Gênesis 30:

"Se tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho alcançado (“nachash”), por experiência, que Deus me abençoou por amor de ti" (Gênesis 30:27).

A palavra hebraica “encantar” é "anan" e sua raiz significa "nublar e, por extensão, agir secretamente.” O primeiro uso de "anan" na Bíblia é registrado em Gênesis 9:14:

"Quando eu trouxer nuvens (“anan”) sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens".

A palavra hebraica “feiticeiro” é "owb", significando "odre". Também pode ser traduzida como "necromante", ou “aquele que se comunica com os espíritos dos mortos.” Aparentemente, a pessoa que evocava uma pessoa morta naqueles dias usava um odre de vinho e falava ou murmurava ao odre. A prática passou a ter o nome desse dispositivo para armazenamento de líquidos.

A palavra hebraica para “espiritismo” aqui é "yidoni", significando "aquele que sabe". A primeira ocorrência de "yidoni" na Bíblia é esta passagem de Levítico 19:31. O termo é usado muitas vezes depois disso, como quando o rei Josias removeu os ídolos e feiticeiros (incluindo os espíritas) do reino de Judá (2 Reis 23:24).

Assim, o que Deus parece proibir aqui é o uso de qualquer prática oculta que busque alcançar poder espiritual, discernimento ou vantagem através de qualquer meio que não seja através do SENHOR Deus. Essas práticas ocultas eram forma de se obter vantagens pessoais, perpetuando a ilusão de que as pessoas sabiam mais do que Deus. O Senhor proíbe tais comportamentos que, em última análise, são autodestrutivos.

Usando o quinto dos dez mandamentos - honrar aos pais - Deus ordena: Diante das cãs te levantarás, honrarás a face do ancião, e temerás o teu Deus: eu sou JeováHonrar aos anciãos, pessoas mais fracas e que precisam de assistência, cria uma sociedade de serviço voltada para fora, ao invés de focada em si mesmo. Tal atitude também honra a sabedoria dos que aprenderam com a vida, deixando de lado a arrogância natural da juventude de que sabemos o que é melhor.

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