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Significado de Mateus 4:2-4

O diabo se aproxima de Jesus com a primeira das três tentações. Ele pede que Jesus use Seus poderes divinos para transformar pedras em pães após um jejum de quarenta dias e noites no deserto. Jesus usa a Palavra para refutar o diabo.

Jesus jejuou durante Seu período no deserto. O jejum é um exercício espiritual no qual a pessoa se depriva intencionalmente de um bem material (normalmente alimento) com o propósito de tornar-se mais dependente de um bem superior – Deus, e menos dependente dos bens materiais. Sabemos que o jejum de Jesus foi de comida porque mateus nos conta que, após terminar o jejum, Ele teve fome. Como exercício espiritual, o jejum demanda e aumenta as virtudes da humildade e do auto-controle. O jejum de alimentos e o sustento do corpo num ambiente desértico por quarenta dias e quarenta noites exige um alto grau de disciplina. A fome sentida por Jesus certamente se intensificava com o passar dos dias. Neste momento, Jesus experimenta a fraqueza e fragilidade de Sua humanidade. E Ele escolhe a humildade: Ele confiou e dependeu de Deus, em obediência ao Espírito Santo.

É muito significativo que Jesus tenha jejuado por quarenta dias e quarenta noites. Na cultura Judaica, quarenta era um número que simbolizava um teste ou uma disciplina. Em todo o Antigo Testamento, os períodos de quarenta dias, ou quarenta dias e quarenta noites, são ocorrências constantes.

Algumas das referências a quarenta dia ou qurenta dias e quarenta noites no Antigo Testamento (possivelmente paralelos messiânicos) são:

  • O Dilúvio – quarenta dias e quarenta noites foi exatamente o tempo das chuvas sobre a terra (Gênesis 7:12). Deus julgou o mundo por sua desobediência.
  • Os Espias – quarenta dias e quarenta noites foi exatamente o tempo no qual os doze espias espiaram a Terra Prometida (Números 13:25). Dez deles viram que a terra era muito boa, mas temeram as dificuldades apresentadas, recusando-se a confiar na promessa de Deus. Satanás tentou a Jesus mostrando a Ele atalhos para não encarar as dificuldades, tentando afastá-Lo das promessas de Deus.
  • O jejum de Elias – quarenta dias e quarenta noites foi exatamente o tempo em que Elilas jejuou em sua jornada em direção ao “Horebe, o monte de Deus” (Horebe é outro nome para o Monte Sinai, 1 Reis 19:8). Como Davi, que é reverenciado pelos judeus como o grande rei de Israel, Elias era reverenciado como o grande profeta. Os milagres de Jesus foram iguais ou maiores do que os milagres de Elias, tanto em quantidade quanto em qualidade.
  • O protesto de Ezequiel – quarenta dias e quarenta noites foi exatamente o tempo em que o profeta Ezequiel se deitou de lado para simbolizar “as iniquidades da casa de Judá” (Ezequiel 4:6). Jesus veio para levar os pecados de Judá e do mundo sobre Si mesmo.
  • A pregação de Jonas – quarenta dias e quarenta noites foi exatamente o tempo em que o profeta Jonas pregou a mensagem de Deus a Nínive (Jonas 3:4). Jesus também pregou o evangelho de arrependimento para interromper a nossa destruição.
  • Quarenta foi o número de anos nos quais os israelitas peregrinaram pelo deserto, antes da entrada na Terra Prometida (Êxodo 16:35; Números 32:13: Deuteronômio 29:5). Foi seu tempo de preparação para entrar na terra. Jesus foi levado para ser tentado como um tempo de preparação.
  • Quarenta foi também o número de anos de governo de cada umd os três primeiros reis de Israel: Saul (Atos 13:21), Davi (1 Reis 2:11) e Salomão (1 Reis 11:42). Jesus veio como o Rei dos judeus.

Após ter jejuado por quarenta dias e quarenta noites, Jesus teve fome. Foi então, quando teve fome e estava fisicamente fragilizado, que o tentador veio para tentá-Lo. O tentador é uma referência ao diabo. A descrição que Mateus faz do diano como o tentador é uma óbia referência à serpente que levou Eva a pecar no Jardim do Éden. O mesmo que conseguiu instigar Eva a quebrar a ordem de Deus agora veio para colocar Jesus à prova.

A primeiro aspect interessante da tentação é que o tentador escolheu um momento específico para a tentação, ou seja, quando Jesus estava fisicamente esgotado. Jesus estava com fome após o jejum de quarenta dias e quarenta noites. Experimentos realizados na modernidade mostram que o poder de decisão do ser humano, como recurso, pode diminuir e até desaparecer após um longo período de exaustão ou fome. Satanás escolheu este tempo para tentar Jesus. Ele contava com o fator de Jesus não ter mais condição física e mental para resistir. Assim, Jesus teve que se humilhar e depender exclusivamente do Espírito Santo.

Como havia ocorrido com Adão e Eva, o diabo escolhe começar a tentação na área do alimento material. Em Sua fome, o tentador veiio e disse: “Se você é o Filho de Deus, ordene que essas pedras se transformem em pães.”

Qual é o alvo desta primeira tentação? Satanás poderia ter dito: “Por que você não transforma essas pedras em pães antes que morra?” Mas, ele não foca seu ataque meramente na sobreviência física. Ele vai além: ele ataca a identidade de Jesus. Ele começa a tentação com uma frase no tempo condicional: Se você é o Filho de Deus. Neste primeiro ataque, Satanás ordena que Jesus prove quem Ele é. É como se estivesse dizendo: “Se você é realmente o Filho de Deus, você não estaria passando fome. Você usaria Seu poder para se alimentar. Eu duvido que você é quem você diz ser.”

O diabo está plenamente consciente de que Jesus é Deus. Mas, ele observa que após quarenta dia e quarenta noites sem comer haviam enfraquecido a Jesus. Sua sugestão é que Ele ordene que as pedras se tornem pães para provar que Jesus era mesmo o Filho de Deus. O pecado que o diabo está levando Jesus a cometer é confiar em Si mesmo, ao invés de confiar no Pai, sob a direção do Espírito Santo.

Como Filho de Deus, Jesus tinha o poder e a autoridade para transformar pedras em pães e assim saciar Sua fome. Na realidade, Jesus, mais adiante, cria pão onde não existia em um dos Seus milagres, alimentando cinco mil homens (Mateus 14:13-21). Jesus não pecou quando fez isso. O pecado que Satanás instigou Jesus a cometer foi simplesmente seguir os Sus próprios desejos, ao invés de seguir a liderança do Pai. Jesus se refere à limitação humana à qual Ele havia abraçado no Evangelho de João:

“Jesus, pois, lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo o que ele fizer, o faz também semelhantemente o Filho” (João 5:19).

“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; assim como ouço, julgo; o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 5:30).

A tentação de Satanás é procurar levar Jesus a fazer a única coisa que o separaria da direção do Pai. Neste caso, alimentar-Se. Como veremos adiante, Deus envia anjos com comida para Seu Filho. O Pai poderia ter direcionado Jesus a transformar pedras em pães, mas não deu tal ordem. Portanto, teria sido um pecado para Jesus agir em obediência à sugestão de Satanás, já que tal direção não havia vindo de Seu Pai.

O Filho de Deus se tornou homem para cumprir toda a lei como homem e tal realidade demandava que Ele se submetesse ao Pai, sem responder aos apetites e desejos da Sua carne.

Jesus rebate o ataque de Satanás usando a Palavra:

Ele respondeu: Está escrito, nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Jesus declara a Satanás que o homem não deve ser sustentado apenas por aquilo que enche seu estômago, mas por sua confiança em Deus e sua obediência a Suas ordens. A obediência a toda palavra de Deus é a fonte da vida.

Tal declaração testifica que os homens e mulheres são mais que corpos físicos. E, da mesma maneira que o corpo precisa de alimento para a nutrição física, suas almas precisam da Palavra de Deus para seu sustento espiritual. O texto que Jesus usa para refutar o diabo encontra-se em Deuteronômio, um dos livros de Moisés:

“E ele te humilhou, e te deixou padecer fome, e te sustentou com maná que não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca de Jeová; disso vive o homem” (Deuteronômio 8:3).

O livro de Deuteronômio registra o discurso de despedida de Moisés antes de entregar a liderança a Josué para guiar os israelitas à Terra Prometida. Neste texto, Moisés explica uma parte do propósito de Deus para levar os israelitas pelo deserto, onde eles comeram o maná por quarenta anos (Êxodo 16:35). Ao citar esta passagem, Jesus declara que Deus O está abençoando ao dar-Lhe a oportundiade de aprender uma lição valiosa através daquela experiência.

Em Sua humanidade, Jesus aprendeu obediência (Hebreus 5:8). Sua resposta à primeira tentação do diabo nos mostra três verdades. Primeiro, Jesus estava ciente de que em Sua experiência no deserto Deus estava dando a Ele a oportunidade de aprender obediência. Segundo, Jesus escolhe abraçar a perspectiva apresentada em Deuteronômio 8:3 de que aquela experiência difícil era uma bênção, um oportunidade de aprender e crescer. E terceiro, Jesus reconhece que Satanás O estava instigando a separar-Se da vontade do Pai e agir de acordo com Seus próprios desejos. Deus Pai sempre tem em mente o melhor para nós e se Jesus seguisse Seu próprio desejo Ele estaria rejeitando o melhor do Pai.

Como seus irmãos israelitas, Jesus foi humilhado pelo Espírito de Deus no deserto através da fome. Deus proveu o maná do céu para os israelitas de forma milagrosa e misteriosa. Deus fez isso para que os israelitas aprendessem que eles seriam sustentados sempre que O obedecessem. Ao citar este texto, Jesus lembra o diabo desta realidade e decide escolher o caminho da obediência e vida, ao invés do pecado e morte. Cristo rejeita a tentação instigada pelo diabo de agira por Si mesmo e ser auto-suficiente. Ao invés disso, Ele escolhe depender de Seu Pai. A humildade de Jesus é ainda mais notável quando nos lembramos de que, como Deus, Ele era verdadeiramente auto-suficiente. Porém, Ele deixa de lado Sua auto-suficiência, em obediência a Seu Pai e confia no sustento do Espírito Santo naquel momento de fraqueza.

Quando a tentação termina, Jesus mostra-Se ser maior que Moisés, em cumprimento da profecia de Deuteronômio 18:15. Moisés cometeu pecado ao confiar em si mesmo quando liderava os filhos de Israel pelo deserto e golpeou a rocha, ao invés de ordenar à rocha, conforme havia sido instruído. Como consequência, Moisés foi proibido de liderar os filhos de Israel quando da entrada na Terra Prometida (Números 20:2-13).

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