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Significado de Mateus 4:8-11

O diabo tenta a Jesus pela terceira vez, oferecendo a Ele poder e glória imediatos como moeda de troca por Sua adoração. Jesus o repreende e cita Deuteronômio pela terceira vez. O diabo foge dele e Jesus é ministrado por anjos.

Cada uma das tentações corresponde ao que o apóstolo João escreveu em uma de suas cartas sobre “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida”.

“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo, a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a vaidade da vida, não vem do Pai, mas, sim, do mundo. Ora, o mundo passa e a sua cobiça; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 João 2:15-17).

O primeiro ataque do tentador instigando Jesus a transformar pedras em pães foi um exemplo da concupiscência da carne, focada nos apetites humanos. A criação da imagem mental do pão geraria um desejo dos sentidos. A segunda tentação de pular do pináculo do templo potencialmente criaria um espetáculo para todos verem, correspondendo à concupiscência dos olhos. Este ataque está intrinsecamente ligado ao terceiro, a soberba da vida, no qual Jesus demandaria uma atitude do Pai no momento em que precisava. O resultado da soberba da vida é o controle e o reconhecimento de outros.

A terceira tentação foi oferecer poder real a Jesus em troca de Sua adoração. Este é um exemplo clássico da soberba da vida. Jesus não contesta o fato de Satanás ter o poder de dar-Lhe controle sobre a terra. Porém, Ele se recusa a adorá-lo em troca de riquezas, autoridade temporária e uma glória que se esvai nesta vida por vislumbrar as dádivas eternas do Pai. Jesus não aceita a oferta e a enxerga como um “atalho”.

Nesta terceira tentação, o diabo O leva a uma alta montanha e mostra a Ele os reinos do mundo e suas glórias. Pode ter sido uma montanha literal, ou Ele poder ter tido uma visão dessas coisas. Todos os reinos do mundo e suas glórias podem se referir aos reinos terrenos que existiam naquele tempo, incluindo o imprério romano; ou também pode se referir a todos os reinos em toda a história  do mundo, todos os reinos que ainda haveriam de existir. Ou poderia ser ambos. Cada reino envolve uma estrutura de poder, com governantes e governados. As glórias do reino são resultado das realizações de seu povo, que servem aos soberanos. Quando Satanás diz Eu te darei todas essas coisas, ele está se referindo à autoridade que tiinha de governar sobre todos os reinos da terra.

É importante notar o que Jesus não diz em relação à oferta. Jesus não diz a Satanás que ele não tem o poder de Lhe dar todos os reinos do mundo. Tal fato lança luz à realidade de que Satanás ainda é o controlador deste mundo. Jesus se refere a Satanás como “o príncipe deste mundo” (João 14:30; 12:31). No entanto, conquanto Satanás ainda esteja no controle dos reinos deste mundo, ele sabe que isso não vai durar muito tempo. Ele ainda ocupa esta posição, embora tenha sido derrotado e, muito em breve, vá perder seu assento. Obviamente, Satanás será substituído pelo verdadeiro Rei destem undo, Jesus, que se tornará o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19:11-16).

Satanás atualmente possui livre acesso ao céu e à terra. Vemos isso no primeiro capítulo do livro de Jó. Também notamos isso no livro de Apocalipse. Perto do fim deste mundo, Satanás cairá do céu (Apocalipse 12:7-13). Por fim, ele será lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:10).

Em troca do poder de governar sobre tudo, o diabo diz que Jesus precisa se prostrar e adorá-lo. Jesus sabe que toda a terra será Sua um dia. Porém, Satanás oferece a Ele mais um atalho, um caminho pelo qual Jesus poderia escapar o sofrimento da cruz e reinar sobre tudo imediatamente. A lógica era: “Você vai reinar um dia, de qualquer forma. Por que não pular o sofrimento e conquistar tudo agora? Eu te dou tudo, se você apenas reconhecer que trabalha para mim, e não para Seu Pai.” Satanás oferece um caminho fácil, uma recompensa imediata. Entretanto, Jesus jamais adoraria a Satanás. ELe sabia que o diabo promote tudo, mas não entrega nada.

Se Jesus sucumbisse à oferta do tentador, Ele imediatamente se transformaria no governador do mundo dos Seus dias. Porém, Ele teria se submetido ao diabo e rejeitado a Deus. A Bíblia nos mostra o que aconteceria se isso tivesse ocorrido. A tática de Satanás parecia razoável: ele evitaria ser removido de sua cadeira no governo mundial se conseguisse que o Ungido de Deus se dobrasse diante dele.

Ao submeter-se a Deus e obedecê-lo em tudo, Jesus foi capaz de resistir com humildade todo o sofrimento e vergonha da cruz, pela alegria que estava adiante dele (Filipenses 2:5-11; Hebreus 12:2). A “alegria Diante dele” era sentar-se “à direita do trono de Deus “ (Hebreus 12:2). No tempo dos reis, era uma ofensa capital permanecer sentado na presença do soberano, a menos que a pessoas também fosse da linhagem real. Sentar-se à direita do trono de Deus é um símbolo de governo. Jesus esperou que Deus, em Seu tempo e à Sua maneira, adequadamente o estabelecesse como Rei do mundo. Portanto, agora, Jesus se assentará no trono para sempre.

Após Satanás apresentar essa oferta, Jesus o repreende: “Para trás de mim, Satanás!” Jesus fez o que seu meio-irmão Tiago, mais tarde, aconselhou a seus leitores a fazer sempre que enfrentassem uma tentação: “Submetei-vos a Deus, resistir ao diabo e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7). Em sua repreensão, Jesus mais uma vez cita Deuteronômio: “Temerás a Jeová teu Deus; servi-lo-ás e, pelo seu nome, jurarás. Não seguireis a outros deuses dos deuses dos povos que estiverem à roda de vós, porque Jeová, teu Deus, no meio de ti, é Deus zeloso; para que a ira de Jeová, teu Deus, não se acenda contra ti, e ele te faça perecer de sobre a face da terra” (Deuteronômio 6:13-15). Esta repreensão divina lembrou a Satanás de que seu tempo como governador do mundo era curto. Derrotado por Jesus, o diabo fugiu da presença Dele.

O diabo fugiu desta vez, mas jamais desistiu de persegui-Lo. O Evangelho de Lucas, ao relatar a tentação de Cristo, adiciona que “Tendo o Diabo acabado toda a sorte de tentação, apartou-se dele até ocasião oportuna” (Lucas 4:13). Mateus, então, registra que após esses três encontros, anjos vieram e começaram a ministrar a Jesus. Tal expressão provavelmente indique o fortalecimento físico de Jesus após o longo jejum de quarenta dias e quarenta noites nas condições extremas do deserto. Caso seja isso, podemos inferir que eles providenciaram alimento de forma miraculosa, exatamente como no caso dos israelitas no deserto. Jesus não fez o milagre de prover comida para Si mesmo. Ele experimentou viver na dependência do Pai durante todo o processo de tentação. Esta, talvez, seja a lição mais importante a ser aprendida numa experiência de deserto: caminhar em completa dependência de Deus.

Não sabemos como Mateus tomou conhecimento deste episódio. Podemos presumir que Jesus tenha contado a Seus discípulos sobre a experiência como forma de instrução. A inclusão dessa experiência logo após a declaração de que Jesus era “Meu Filho amado, em quem tenho prazer” (Mateus 3:17) indica que Mateus desejou instruir os crentes em relação a como Deus permite que os que O querem agradar passem por tentações. É uma preparação para uma missão específica. Ao destacar como Jesus resistiu a cada ataque, Mateus também nos instrui a resistir através da submissão à vontade de Deus declarada em Sua Palavra.

O fato de Jesus citar o livro de Deuteronômio três vezes provavelmente enfatiza ao público judaico de Mateus que Jesus era o cumprimento de Deuteronômio 18:15, onde Moisés diz: “Jeová, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, dentre os teus irmãos, semelhante a mim; a este ouvirás”. Deus disse a Moisés: “Dentre os seus irmãos lhes suscitarei um profeta semelhante a ti; porei na sua boca as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Deuteronômio 18:18).

Isso ocorre como resposta aos israelitas, que haviam solicitado que Moisés pedisse a Deus para não mais falar com eles diretamente, como Ele havia feito no Monte Horebe (Sinai), já que eles tinham medo de morrer. Deus responde e diz que Ele levantará um segundo Moisés, que será como homem, um ser humano como eles. Este segundo Moisés teria as palavras de Deus em Sua boca e falaria o que Ele ordenasse. O relato de Mateus sobre a tentação apresenta a Cristo como o segundo Moisés, que falava as palavras de Deus e se submetia a Suas ordens. Jesus, a seguir, repetiria as palavras de Deus no Sermão da Montanha como o segundo Autor da Lei. Este evento irá trazer à luz uma nova figura de Cristo como o segundo Moisés, apresentando a Nova Aliança, que agora seria escrita no coração dos homens, não mais em pedras (Jeremias 31:33; Hebreus 10:16). Jesus é o Messias, o herdeiro do trono de Davi (2 Samuel 7:13), o segundo Moisés, Deus encarnado. O apóstolo Paulo também nos afirma que Ele é o segundo Adão (Romanos 5:14) e o Sumo Sacerdote de acordo com o padrão de Melquisedeque no Antigo Testamento (Hebreus 7).

A Bíblia contém um padrão consistente do segundo sendo elevado acima do primeiro. O rei Davi foi o segundo rei de Israel e foi superior a Saul, o primeiro rei. Jacó foi o segundo anscer, mas foi elevado acima de Esaú, o primogênito, até possuir o direito de primogenitura. Jacó foi renomeado Israel e tornou-se o pai do povo escolhido. Humanos foram escolhidos no lugar de Lúcifer, embora os humanos tenham sido criados abaixo dos anjos (Salmo 8; Isaías 14:12-15). Apesar da queda dos humanos, eles foram redimidos por Jesus, o Homem-Deus (Hebreus 2:5-18), que governaria sobre a terra e compartilharia Seu trono com os redimidos (Apocalipse 3:21; 5:10).

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