Salmos 89:3-4 explicação

Nível de revisão

O Salmo 89:3–4 reafirma a Aliança Davídica que se cumpre em Jesus de Nazaré, descendente de Davi.

No Salmo 89:3-4, o salmista declara: “Fiz aliança com o meu escolhido, jurei ao meu servo Davi” (v.3). A promessa de Deus a Davi é particular e inquebrável. Ao chamar Davi de Meu escolhido, o SENHOR ressalta o propósito especial para o qual Ele escolheu Davi, que reinou como rei de Israel de aproximadamente 1010 a.C. a 970 a.C. Essa aliança ecoa o compromisso anterior de Deus em 2 Samuel 7:12-13 de suscitar um descendente real da linhagem de Davi. Quando foi escolhido pela primeira vez para ser rei, Davi não era uma figura impressionante.

Até mesmo o profeta de Deus, Samuel, sofreu uma advertência de Deus por julgar pelas aparências. Samuel erroneamente pensou que Eliabe, o irmão mais velho, alto e forte de Davi, seria o ungido de Deus (1 Samuel 16:7). Davi era o menor de sua família. Embora fosse bonito, Davi era jovem e desprezado por seu próprio irmão (1 Samuel 16:12, 17:28). O rei Saul pensou que Davi seria morto por Golias devido à sua pouca idade (1 Samuel 17:33). Ele era um pobre e humilde pastor de ovelhas da pequena cidade de Belém que se tornou rei pela escolha do próprio Senhor (1 Samuel 16:13). Ao longo da Bíblia, Deus frequentemente exalta o comum para demonstrar Seu poder e plano. Deus pode usar qualquer pessoa para realizar Sua vontade, até mesmo a mais humilde das pessoas (Lucas 1:52). Deus escolheu Davi.

Quando o salmista registra Deus dizendo: “Fiz aliança com o meu escolhido” (v. 3), enfatiza o amor e a graça de Deus, e Ele é quem inicia esses relacionamentos (1 João 4:10, 19). Uma aliança com Deus é mais do que um contrato legal: é uma promessa solene e divina que Deus irá cumprir. Deus cumpre Suas promessas (Salmos 105:8, Hebreus 10:53). Para o povo de Israel (e, em última análise, para todos os que confiassem no Messias), essa aliança era um farol de esperança. A aliança de Deus com Davi dizia aos israelitas que, por mais sombrias que parecessem suas circunstâncias, Deus sempre seria fiel à Sua palavra. Ele sempre preservaria Israel e o Messias prometido. As promessas de Deus estão ancoradas em Seu próprio caráter, que nunca muda (Tiago 1:17).

Davi é chamado de "Meu servo" para destacar seu papel na grande história de Deus. Davi alcançou a fama no campo de batalha, derrotando o gigante campeão filisteu Golias (1 Samuel 17:50) e, como rei, estendeu as fronteiras de Israel além do que muitos pensavam ser possível, mas permaneceu submisso à autoridade suprema do SENHOR. Davi era "um homem segundo o coração de Deus" (1 Samuel 13:14). Davi, embora pecador assim como todo ser humano, viveu sua vida em obediência a Deus. Tudo o que Deus desejava era o que Davi queria. Como servo fiel, Davi buscou e se submeteu às prioridades e planos de Deus. A vida de Davi — tanto seus sucessos quanto seus fracassos — revelou ainda mais a profundidade da graça inabalável de Deus. Seu trono tornou-se um símbolo da promessa divina de que um de seus descendentes reinaria para sempre (2 Samuel 7:16). Este versículo prepara o cenário para a próxima linha do salmo e nos convida a ver a aliança como uma promessa viva que se estende além da vida de Davi.

Deus expande essa promessa quando proclama: “Para sempre estabelecerei a tua semente e firmarei o teu trono por todas as gerações” (v.4). Podemos ver o significado eterno da linhagem de Davi, alcançando muito além do reinado terreno do rei (1010-970 a.C.). A frase para sempre estabelecerei a tua semente sinaliza continuidade. Este não é um acordo temporário; pelo contrário, é uma pedra fundamental no grande projeto de Deus para abençoar e salvar o mundo. A semente de Davi, seu herdeiro, um rei descendente de sua própria linhagem, será rei para sempre. É Deus quem estabelecerá esse herdeiro e Deus quem firmará o trono de Davi para todas as gerações. Isso fala do futuro reino messiânico onde Jesus Cristo reinará. Porque Jesus obedeceu ao plano de Deus morrendo na cruz como sacrifício pelos pecados de toda a humanidade, Deus o recompensou com a realeza sobre todas as coisas:

“Por isso, também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu o nome que é sobre todo o nome, para que em o nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai.”
(Filipenses 2:9-11)

Jesus, o Filho eterno de Deus, nasceu um homem descendente de Davi, para que Deus pudesse cumprir essa promessa estabelecendo a semente de Davi, Jesus, para sempre, quando Jesus foi ressuscitado para a vida eterna, para nunca mais morrer, e o recompensou com o trono sobre toda a criação, para todas as gerações.

Na frase "firmarei o teu trono por todas as gerações" (v.4), vemos como o salmista antecipa um reino eterno. Fora de Jesus Cristo, a vida de qualquer dinastia eventualmente termina. Todos os reis da história são humanos e, portanto, morrem. Reinos caem. No entanto, aqui, o SENHOR fala de um reino duradouro que ultrapassa as limitações terrenas e humanas normais. Os profetas mais tarde ecoam essa promessa incrível quando retratam o Messias vindouro como o herdeiro legítimo do trono de Davi (Isaías 9:7, Jeremias 23:5-6). A permanência deste trono não se baseia no poder humano, mas em Deus cumprir Sua palavra e exercer Seu poder perfeito para realizar Sua vontade.

Um cumprimento parcial dessa promessa em Jesus, o descendente de Davi que veio à Terra em humildade (Mateus 1:1, Lucas 1:32-33). No Evangelho de Lucas, o anjo Gabriel fala a Maria e anuncia que seu filho “será chamado Filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi” (Lucas 1:32-33). Isso significa que Jesus começou a cumprir a aliança davídica em Sua primeira vinda à Terra — Ele é o rei legítimo da linhagem de Davi e estabeleceu um reino espiritual aberto a todos os que creem (João 18:36).

Enquanto os crentes aguardam o cumprimento completo — quando Cristo retornar para estabelecer Seu reinado na Terra (Apocalipse 19:11-16) — o Salmo 89:3-4 nos aponta para a aliança na qual esse plano redentor se baseia. Geração após geração pode se voltar para a fidelidade de Deus, sabendo que as promessas que Ele fez há tanto tempo ainda estão de pé e que encontram sua esperança em Jesus (2 Coríntios 1:20).