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Significado de Êxodo 14:15-31

A última seção deste capítulo (versículos 15-31) contém uma das histórias mais conhecidas da Bíblia – a travessia do Mar Vermelho. Começa com o SENHOR dando instruções que prepariam os israelitas para a travessia (15-18). Então, nos versículos 19-20, o anjo do SENHOR, aparecendo como uma nuvem, moveu-se para uma posição protegendo os israelitas dos egípcios. Os versículos 21-25 relatam a divisão das águas do Mar Vermelho e a travessia dos israelitas para a terra firme. Uma vez do outro lado, o SENHOR fez com que o Mar Vermelho se voltasse sobre os egípcios, matando os melhores exércitos do Faraó (26-29). A última parte desta seção (30-31) é um resumo dessa maravilhosa libertação do SENHOR e da resposta agradecida dos israelitas.

A fim de sacudir os israelitas de seu medo paralisante, o Senhor diz a Moisés: "Por que clamais a Mim? A Palavra diz que o povo, não Moisés, clamou ao Senhor. Pode ter havido uma oração de Moisés não registrada aqui. Esta pergunta parece ser um apelo à ação. Em vez de se sentar e se preocupar (clamar), Moisés deveria dizer aos filhos de Israel que seguissem em frente. "Seguir em frente" significava começar a caminhar em direção ao Mar Vermelho.

No versículo 16, a frase quanto a vós é enfática, significando que Moisés tinha um trabalho especial a fazer. Deus ordena que ele levante o seu cajado e estender a mão sobre o mar e dividi-lo, e os filhos de Israel passarão pelo meio do mar em terra seca. O SENHOR também tinha algo a fazer. Ele disse: Quanto a Mim (mais uma vez enfático), eis que endurecerei o coração dos egípcios para que eles entrem atrás deles. Em outras palavras, o SENHOR faria com que os corações ficassem tão obcecados em realizar seu desejo de capturar os israelitas que os seguiriam através do mar dividido.

Em todas as Suas obras, Deus seria honrado através do Faraó e de todo o seu exército, através de seus carros e seus cavaleiros. A derrota do Faraó seria total. A maioria, se não todo, o exército egípcio presente no Mar Vermelho seria aniquilado e os israelitas não precisariam levantar um dedo para lutar. A batalha era do SENHOR e Ele seria honrado ao demonstrar Seu poder sobre um dos exércitos mais poderosos da Terra. O resultado seria que os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando Eu for honrado por meio do Faraó, por meio de seus carros e de seus cavaleiros. Com base no que estava prestes a acontecer, eles teriam que honrar ao Senhor como o que havia ganho a batalha.

Além disso, o anjo de Deus, que estava indo antes do acampamento de Israel, se moveu e foi atrás deles. Não está claro se o "anjo de Deus" é o próprio SENHOR ou um ser angelical. De qualquer forma, a poderosa presença do SENHOR estava com Israel. O "anjo" era visto como a coluna de nuvem. Alguns dizem que havia dois pilares, sendo um uma nuvem e o outro uma coluna de fogo. Pode ser também que fosse uma nuvem que mudava para fogo quando necessário.

Em preparação para a travessia do Mar Vermelho, a nuvem se moveu de diante deles e ficou atrás deles. A nuvem se moveu de tal forma que ficou entre o acampamento do Egito e o acampamento de Israel. Ao passar da frente dos israelitas para a parte de trás, o pilar deixou de ser um guia para ser um defensor. A mudança na posição da nuvem significava que a havia nuvem e escuridão.

O hebraico diz "E havia nuvem e escuridão", dando a impressão de que a escuridão era mais profunda do que teria sido normalmente. No entanto, havia luz à noite. Isso implica que a nuvem intensificava a escuridão para os egípcios e, ao mesmo tempo, dava luz aos israelitas. Esta foi mais uma obra milagrosa do SENHOR – uma nuvem que era escuridão e luz ao mesmo tempo. Esta é uma imagem da presença do SENHOR trazendo julgamento e salvação. Como a nuvem estava entre os acampamentos, um acampamento não se aproximou do outro durante toda a noite.

Pode ser que a escuridão excessiva do lado egípcio tenha impedido os egípcios de verem a coluna de fogo. Isso pode tê-los impedido de perceber a presença de Deus, para que não percebessem que o mesmo Deus que os havia julgado com as pragas estava agora presente com os israelitas. Também pode tê-los protegido de ver que o SENHOR estava secando o caminho e separando as águas.

O deslocamento para o Mar Vermelho começa quando Moisés estendeu a mão sobre o mar. Embora Moisés tenha sido autorizado a participar do processo, foi o poder do Senhor que fez aquilo acontecer. Erguer a mão sobre o mar era uma demonstração visível de que o SENHOR iria trabalhar por meio de Moisés para cumprir Sua vontade.

A localização do Mar Vermelho tem sido disputada ao longo dos anos. O hebraico (yam suph) também pode ser traduzido como "Mar de Junco" e vários lugares são sugeridos. Onde quer que tenha sido, tinha que ser profundo o suficiente para formar um muro em ambos os lados da terra seca alto o suficiente para afogar aos egípcios (14:28). Isso seria algo como dez metros de água. Assim, não precisaria ser muito fundo para fazer o trabalho.

Em resposta às ações de Moisés, o Senhor varreu o mar de volta por um forte vento leste durante toda a noite e transformou o mar em terra seca. O texto é bastante claro que, embora o SENHOR tenha usado a natureza para realizar Sua vontade, foi Ele quem realizou o ato de abrir o mar. Não foi por acaso. Deus ordenou a um vento oriental que cumprisse Sua ordem soprando a noite toda.

O resultado do "forte vento leste" que soprava durante toda a noite era que as águas foram divididas. O SENHOR reteve as águas para que os filhos de Israel atravessassem no meio do mar, por terra seca. Uma questão que surge aqui é como cerca de dois milhões de israelitas poderiam atravessar o Mar Vermelho numa única noite (6 a 8 horas)? Alguns argumentam que isso pode ter sido feito caso o espaço entre um lado e outro fosse de aproximadamente um quilômetro, provavelmente mais largo que isso. O fato de terem caminhado em terra firme é testemunho do impressionante poder do Senhor sobre a natureza. É também um julgamento contra o deus do mar adorado por muitos no Antigo Oriente Próximo, incluindo os cananeus.

Outra demonstração do poder do Senhor era que as águas eram como um muro para eles à direita e à esquerda. As palavras "eram como" não estão no hebraico – simplesmente se lê "as águas [eram] um muro para eles". Assim como os muros ao redor de uma cidade, os muros de água eram barreiras de cada lado.

Os versículos 23-31 descrevem a destruição do exército egípcio. Quando viram que os israelitas tinham chegado ao outro lado do Mar Vermelho, os egípcios recomeçaram a perseguição e todos os cavalos do Faraó, suas carruagens e seus cavaleiros foram atrás deles no meio do mar. Todos os aspectos da força militar egípcia estavam envolvidos na perseguição. O fato de que os egípcios os perseguiram apoia a noção de uma ampla área seca. Ao amanhecer, uma ampla área visível significaria que as paredes de água de ambos os lados provavelmente não eram facilmente observáveis. Uma hipotética parede de dez metros de água provavelmente não pareceria amedrontadora para quem estivesse a um quarto de quilômetro de distância e com pouca luz.

Os egípcios obviamente estavam confiantes de que poderiam alcançar os israelitas. Infere-se que, em algum momento, a profunda escuridão que protegia os egípcios dos israelitas foi removida. Presumivelmente, Deus permitiu aos egípcios luz suficiente para ver Israel fugindo. Talvez Deus tenha impedido os egípcios de ver a água separada, bem como de ver o fogo observável para Israel. Isso pode ter sido uma parte significativa do endurecimento de seus corações, impedindo-os de ver o Senhor em ação lidando com a natureza à Sua vontade. Os egípcios podem, de repente, conseguido ver Israel em movimento sob luz fraca e não suspeitaram de qualquer atividade divina. No entanto, as coisas começaram a mudar. Na vigília da manhã (em algum momento entre 3:00 da manhã e o amanhecer), o Senhor olhou para o exército dos egípcios através da coluna de fogo e nuvem e trouxe o exército dos egípcios em confusão. O texto diz que "o Senhor olhou para baixo". Isso é um antropomorfismo porque tudo é sempre e constantemente visível para Ele. É usado várias vezes nas Escrituras e está sempre associado às Suas relações interpessoais com os humanos (Deuteronômio 26:15Jó 40:12;  Salmos 14:2, 53:2, 80:14, 102:19, Isaías 63:15). Além disso, olhar "através da coluna de fogo e nuvem" mostra que a coluna era uma indicação visível de Sua presença.

Quando o SENHOR "viu" o que os egípcios estavam fazendo, Ele fez com que as rodas de suas carruagens se desviassem e Ele os fez dirigir com dificuldade. Sem as carruagens funcionando corretamente, o peso das forças militares do Egito ficou impotente. Como Deus fez isso não sabemos, mas o texto do Salmo 77:16-19 parece descrever como o SENHOR usou a chuva, o trovão, os relâmpagos e os terremotos para desencorajar os egípcios de perseguir os israelitas. Funcionou, porque os egípcios disseram: "Fujamos de Israel, pois o Senhor está lutando por eles".  Mesmo os egípcios perceberam que o Deus de Israel estava causando suas "dificuldades" e que eles e seus deuses não poderiam fazer nada para vencê-Lo. O SENHOR aparentemente impediu Sua ação para que eles seguissem seus corações e tentassem escravizar novamente a Israel. Porém, eles não compreendiam que Ele estava, de fato, lutando por Israel.

O pior ainda estava por vir para os egípcios, porque o Senhor diz a Moisés: "Estende a mão sobre o mar para que as águas voltem sobre os egípcios, sobre seus carros e seus cavaleiros". Em obediência, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o mar voltou ao seu estado normal ao amanhecer, enquanto os egípcios corriam direto para ele. O mesmo gesto que fez com que as águas se dividissem no versículo 21 agora faz com que as águas caíssem sobre as forças egípcias. Isso aconteceu "ao amanhecer" e mostra que todos os israelitas já haviam cruzado o Mar Vermelho durante a noite. Também mostra que os egípcios começaram a perseguir Israel com pouca iluminação. Além disso, as águas caíram sobre os egípcios de tal forma que impediu qualquer possibilidade de fuga.

Sua tentativa de "fugir" os levou diretamente para as águas, pois "voltaram ao seu estado normal". O resultado foi que o Senhor destruiu aos egípcios no meio do mar. Aquilo que eles reverenciavam como deus foi usado pelo Senhor para julgá-los. O versículo 28 resume o que aconteceu. As águas voltaram e cobriram as carruagens e os cavaleiros, até mesmo todo o exército do faraó que tinha ido ao mar atrás deles, nem mesmo um deles permaneceu. O exército do Faraó foi obliterado sem que Israel tivesse que fazer qualquer combate com eles. A salvação de Israel e a destruição do exército do Egito foram, ambas, obras do Senhor. Não nos é dito a profundidade da água que cobriu as carruagens. Porém, com militares armados para a guerra dirigindo em carros blindados, provavelmente não precisaria ser particularmente profundo para afogá-los todos.

O texto não diz se o Faraó também foi morto no Mar Vermelho. As passagens que relatam esse evento não dizem se Faraó pereceu (Salmos 106:7-12, 136:13-15).

A fim de enfatizar o contraste entre o destino dos egípcios e dos israelitas, repete-se aqui que os filhos de Israel andavam em terra seca pelo meio do mar, e as águas eram como um muro para eles à direita e à esquerda. Observe os contrastes aqui. Nenhum israelita pereceu – nenhum egípcio que os perseguiu sobreviveu. O julgamento veio sobre o Egito e a libertação veio para o povo de aliança do Senhor.

Nos versículos 30 e 31, o relato da travessia do Mar Vermelho é retomado. O resultado das ações do SENHOR foi que Ele salvou a Israel naquele dia da mão dos egípcios e, a fim de aumentar sua fé, Ele se certificou de que Israel visse os egípcios mortos na praia.  Os egípcios mortos eram a prova visível da vitória esmagadora que o SENHOR obteve naquele dia e que o SENHOR cuidaria deles.

Assim, quando Israel viu o grande poder que o Senhor havia usado contra os egípcios, o povo temeu ao Senhor, e eles creram no Senhor e em Seu servo Moisés. A frase "o grande poder" é literalmente "a grande mão". A mão era um símbolo de poder, e tinha que ser "grande" para derrotar os poderosos egípcios.

O temor dos israelitas agora era com as obras do Senhor. A história começa com os israelitas tendo medo dos egípcios e termina com os israelitas temendo ao Senhor. O temor é um fator humano básico. No entanto, nós, como humanos, podemos escolher o que tememos. As Escrituras nos dizem que o princípio da sabedoria é temer ao Senhor (Salmos 111:10). Neste caso, os israelitas aprenderam a temer a Deus mais que aos egípcios, porque eles "creram no Senhor"; eles haviam acabado de ver que Ele podia fazer o que Ele dizia que iria fazer. No entanto, como veremos, essa lição desaparecerá rapidamente. Escolher a quem temer é uma escolha que devemos fazer todos os dias.

Além de crer em Deus, neste momento eles creram em Moisés. Antes, eles pensavam que Moisés os estava enganando, mas agora tudo o que Moisés havia previsto aconteceu. Esta foi a primeira vez que Moisés é chamado de "Seu servo". Não há título maior para um ser humano do que "servo do Senhor". Como veremos, isso também se desvanecerá com o tempo. Cada ser humano também deve escolher a cada dia em quem ou no que confiar.

Esta passagem demonstra que o SENHOR guiou Israel a um lugar onde não havia outra saída, senão um milagre. Ele fez isso como testemunha tanto para os egípcios quanto para os israelitas. Sua presença era simultaneamente escuridão e julgamento para os egípcios e luz e libertação para Israel. Não importa quão desesperadas sejam nossas circunstâncias, o SENHOR é soberano e capaz de nos livrar, mesmo que nossa libertação nem sempre tome a forma que desejamos. Deus é, ao mesmo tempo, justiça e misericórdia. Neste caso, Ele julgou aos egípcios orquestrando circunstâncias de forma a julgar aos egípcios por perseguirem a Israel. Deus também foi misericordioso ao libertar Israel, embora sua fé fosse fraca.

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