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Significado de Êxodo 19:16-25

A última seção do capítulo 19 contém uma descrição da descida do Senhor ao Monte Sinai e uma reafirmação da advertência ao povo para não subir a montanha (vv. 20-25). Até os sacerdotes deveriam se consagrar antes de se aproximarem dele. Somente Moisés e Arão podiam subir ao monte para se encontrar com o Senhor. Qualquer violação dessas regras seria trágica.

Depois de dois dias de preparação, no terceiro dia, quando era manhã, houve trovões e relâmpagos e uma nuvem espessa sobre a montanha e um som de trombeta muito alto. O mesmo fenômeno de trovões, relâmpagos e terremotos ocorre pouco antes dos julgamentos da trombeta em Apocalipse (Apocalipse 8:5-6).

A palavra hebraica para "trombeta" aqui (hebraico “shofar”) é diferente da palavra no v.13, onde se refere a um "chifre de carneiro". Aqui, o shofar é a palavra mais usada para "trombeta" e ela era tocada em ocasiões especiais (ver 1 Reis 1:34 e os julgamentos da trombeta em Apocalipse 8) e para adoração (Salmos 98:5–6, 150:3). Além da trombeta, anunciando a chegada de Deus, houve trovões e relâmpagos e uma espessa nuvem sobre a montanha. Deus havia usado o trovão para demonstrar Seu poder diante do Faraó (Êxodo 9:23). A voz de Deus é comparada ao trovão em passagens como Salmos 77:18; 104:7. A palavra traduzida como “nuvem”é a mesma usada para descrever a liderança do Senhor indo diante de Israel em uma coluna de nuvem para removê-los do Egito (Êxodo 13:21).

Não é surpreendente que os trovões, relâmpagos, trombetas muito altas e a nuvem fossem tão avassaladores que todas as pessoas tremeram no acampamento, antes mesmo de se aproximarem da montanha. Porém, apesar do medo, Moisés tirou o povo do acampamento para se encontrar com Deus, e eles ficaram ao sopé da montanha. Deus sabia que essa seria a reação deles, então Sua proibição de se aproximar demais da montanha parece ter preparado seus corações para o que estava prestes a acontecer.

À luz de seu medo, aproximar-se da montanha era provavelmente a última coisa que o povo queria fazer. Independentemente disso, eles precisavam ver com seus próprios olhos e ouvir com seus próprios ouvidos que o SENHOR, o Deus com quem eles estavam entrando em aliança, o Soberano da terra, era o verdadeiro Deus que tinha o poder de fazer cumprir a aliança.

Deve ter sido uma visão deslumbrante ver que o Monte Sinai estava todo em fumaça, ainda mais sabendo que era porque o Senhor desceu sobre ele em fogo. O fogo é, muitas vezes, um retrato do julgamento do SENHOR (Êxodo 9:23; Salmos 11:6, 9:3). Mas aqui, como anteriormente em Êxodo (a sarça ardente, Êxodo 3:2), o fogo é a evidência da presença do SENHOR. Quando a segunda geração está sendo preparada para entrar na Terra Prometida e os mesmos eventos estão sendo relatados no livro de Deuteronômio, o povo é advertido a não se esquecer da aliança que haviam feito, pois "o SENHOR, seu Deus, é um fogo que consome" (Deuteronômio 4:24). Esse evento é uma evidência dessa realidade.

O fogo da presença do Senhor era tão forte que sua fumaça subia como a fumaça de uma fornalha, indicando que havia uma grande quantidade de fumaça presente. Além de fogo e fumaça, toda a montanha tremeu violentamente. A palavra para violentamente é o hebraico "meod", que significa "intensamente". A idéia aqui parece ser a de que a montanha tremeu (literalmente) "muito" ou "com muita intensidade" ou "muito violentamente". A palavra traduzidacomo “tremeu” tem a mesma raiz da descrição da reação de medo das pessoas enquanto estavam no acampamento – elas tremiam.

Nesse cenário, o som da trombeta ficava cada vez mais alts. O volume crescente da trombeta descreve um processo crescente – o volume da trombeta ficava cada vez mais alto. O fato de Moisés falar e Deus lhe responder com trovões parece descrever uma conversa contínua entre o Senhor e Moisés. Moisés falava, então o SENHOR falava. Os versículos 20-25 repetem muito do que foi dito no início do capítulo. Provavelmente se repete aqui para enfatizar às pessoas a importância do que estava acontecendo. Primeiro, o Senhor desceu no Monte Sinai, mas não até a terra. Ele veio ao topo da montanha, provavelmente para manter uma distância entre Ele e Seu povo no sopé da montanha. A partir daqui, o Senhor chamou Moisés ao topo do monte e, sendo o servo obediente, Moisés subiu.

A mensagem do SENHOR está nos vv. 21-22. Tudo começou quando o Senhor falou a Moisés. Ele deveria descer, avisar o povo, para que não se aproxime do Senhor para olhar, e muitos pereçam. Mais uma vez, Moisés deveria advertir ao povo sobre refrear sua curiosidade de ver ao SENHOR e o que Ele estava fazendo. Eles foram alertados nos vv.12-13, e era importante repeti-lo. Violar isso traria consequências fatais. Incluído no pacote estava um lembrete para que os sacerdotes que se aproximam do Senhor se consagrarem, ou então o Senhor irromperá contra eles. A palavra para "irromper" (hebraico "parats") pode significar "criar uma brecha" ou "derrubar" (2 Reis 14:131 Cron. 14:11). Traz a idéia de irromper em juízo ou para destruir.

Uma questão que se coloca aqui é a identificação dos sacerdotes. O sacerdócio de Arão ainda não havia sido estabelecido, então quem eram os sacerdotes naquele momento? Um sacerdote é um intermediário. Moisés havia se envolvido com "homens capazes" para servir como juízes intermediários entre Moisés e o povo desde Êxodo 18:24-26. Os sacerdotes nesta passagem podem ter saído deste grupo. Também pode ter incluído os primogênitos do sexo masculino que haviam sido dedicados ao SENHOR em Êxodo 13:2, sendo vistos mais tarde participando da realização de sacrifícios (Êxodo 24:5). Podem ser também os anciãos das tribos.

Respondendo à admoestação do Senhor para advertir o povo a não se aproximar demais, Moisés diz ao Senhor: "O povo não pode subir ao Monte Sinai, pois Tu nos advertiste, dizendo: 'Estabeleça limites sobre o monte e consagre-o'". A palavra "Tu" aqui é enfática no texto em hebraico, significando "O Senhor mesmo nos alertou". Essencialmente, Moisés repete as palavras do SENHOR de volta a Ele. Pode ser que Moisés estivesse respondendo à ordem do Senhor ao dizer: "O Senhor já nos disse isso, e nós o fizemos". Porém, o SENHOR conhece o Seu povo, sua teimosia e memória curta. Ele sabia que era importante lembrá-los dessa exigência.

Aparentemente ignorando o comentário de Moisés, o Senhor lhe diz: "Desça e suba de novo, tu e Arão contigo. O irmão de Moisés, Arão, deveria acompanhar Moisés na próxima vez que subissem a montanha. Arão seria nomeado sumo sacerdote mais tarde (Êxodo 28). Embora Arão pudesse subir a montanha, Moisés recebe a ordem de não deixar que os sacerdotes e o povo subissem para vir até o Senhor, porque, como Ele os advertira anteriormente, Ele irromperá sobre eles. Ainda que possa ter considerado desnecessária a repetição da mensagem e desejasse evitar uma subida adicional à montanha, Moisés obedece ao Senhor mais uma vez. Moisés desceu ao povo e disse-lhes.

Esta seção prepara o povo para receber a Lei da Aliança, começando com os Dez Mandamentos no capítulo 20 e continuando até o capítulo 24. A Lei Mosaica (aliança) tem sido comparada a outros tratados no Antigo Oriente Próximo, particularmente o tratado hitita do segundo milênio a.C. Assemelha-se ao que é chamado de tratado de susserania, que é uma aliança entre um governante soberano (no caso, o SENHOR) e Seus súditos (os israelitas). Os súditos deveriam obedecer ao que estivesse descrito no tratado, para que desfrutassem dos benefícios do soberano. Esse tipo de aliança era familiar aos israelitas. Eles sabiam que tinham que ser leais ao seu Deus para obter os benefícios prometidos. É por isso que, no Monte Sinai, quando o SENHOR ordena ao povo que O obedeça, eles concordam e declaram: "Tudo o que o SENHOR falou nós faremos!" (Êxodo 19:8).

Como veremos, esta aliança explicita claramente como os israelitas poderiam desfrutar e se beneficiar de seu relacionamento com Javé, seu Rei Susserano, como Seus vassalos leais. A Lei estabeleceria um modo de vida que traria imensas bênçãos a Israel, caso obedecessem. O protocolo básico seria que Deus os governaria e eles não deveriam governar uns sobre os outros. Eles deveriam, em vez disso, servir uns aos outros. Eles deveriam dizer a verdade, tratar uns aos outros com respeito, honrar o casamento e a família e cuidar dos bens dos outros. Em suma, deveriam tratar os outros como desejavam ser tratados.

Qualquer organização humana composta por pessoas que voluntariamente se comportem dessa maneira prosperará imensamente. Deus logo estabeleceria esse modo de viver e consolidaria na mente das pessoas que elas não deveriam buscar outros governantes além de Deus. A tendência dos seres humanos é confiar em autoridades que justifiquem sua exploração dos outros. Porém, o Governante de Israel deixa claro que as bênçãos seriam cortadas caso a nação seguisse por esse caminho de autoindulgência.

Em suma, a aliança mosaica foi feita para que Israel se tornasse o representante de Deus na terra, um reino de sacerdotes. Eles deveriam ser a luz do mundo (uma nação santa) para mostrar a outras nações uma maneira melhor de viver. Uma nação de pessoas que se autogovernam prosperará dramaticamente e evitará a tirania. Deus os tomou como Sua propriedade, a fim de servirem a Seus propósitos. O compromisso de Deus com Israel não era baseado no mérito da nação, mas no Seu amor e fidelidade inabaláveis (Deuteronômio 7:6-8). Portanto, como seu Deus e Susserano, Ele exige obediência completa, antes que recebam Suas bênçãos. Em grande parte, a bênção está embutida na obediência. Uma nação de pessoas dedicadas a servir umas às outras alcançará imensa prosperidade, em comparação com uma nação governada por tiranos interesseiros.

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