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Significado de Mateus 8:28-34

Jesus e Seus discípulos chegam ao outro lado do mar, na costa oriental da província greco-romana chamada Decápolis. Dois homens violentos e possuídos por demônios saem ao seu encontro e gritam com Jesus, chamando-O de "Filho de Deus". Jesus lança esses demônios em um rebanho de porcos. Os porcos correm de um penhasco para o mar e para a morte. Quando isso é relatado aos habitantes da cidade de Gadara, toda a cidade sai para ver Jesus e implorar para que Ele vá embora.

Ao chegarem ao outro lado do Mar da Galiléia após a tempestade, Jesus e Seus discípulos chegam ao país dos gadarenos. Acredita-se que o termo Gadareno se refira aos cidadãos da cidade de Gadara (muito parecido com o termo, Nazarenos, que refere-se aos cidadãos da cidade de Nazaré). Gadara era uma das cidade da Decápolis grega. O nome Decápolis significa literalmente "dez" (deca); cidade (polis). Decápolis era uma região povoada por dez cidades gregas estabelecidas após as conquistas de Alexandre, o Grande, três séculos e meio antes. Eles eram, agora, parte da província romana. Aos olhos de seus vizinhos judeus, esses gentios greco-romanos ostentavam seu paganismo. Tanto Mateus quanto Marcos usam a frase do outro lado (Marcos 5:1) para se referirem à Decápolis, na costa oriental.

A cidade de Gadara estava localizada a cerca de dez milhas da costa, sudeste da Galiléia, ao longo de uma importante rota comercial. Como Hippos era uma cidade de Decápolis, assentada em uma colina com vista para o Mar da Galiléia, Jesus e Seus discípulos devem ter se aventurado em uma área da costa controlada por Gadara. Mateus infere isso quando chama o espaço onde eles entraram de país dos gadarenos. Jesus e Seus discípulos chegaram à área sob a influência de Gadara e do país onde os gadarenos dominavam.

Marcos e Lucas usam o termo gerasenos, em vez de gadarenos, em suas narrativas (Marcos 5:1-17Lucas 8:26-37). Um geraseno era um cidadão da cidade de Gergesa, que estava situada ao norte de Gadara, a meio caminho da costa oriental da Galiléia. É provável que a localidade em que Jesus entrou tenha sido entre Gergesa e Gadara, ou em próximo a ambas as cidades. Esta região estava sob a influência cultural de ambas, mas se localizava no território político de Gadara. Acredita-se que Gergesa fazia fronteira com Decápolis, mas não era oficialmente parte deste território geopolítico.

Ao chegarem ao outro lado, Jesus e Seus discípulos foram recebidos por dois homens que estavam possuídos por demônios. Ao contrário das pessoas possuídas por demônios que haviam sido levadas a Jesus na noite anterior em Cafarnaum, esses dois homens possuídos por demônios saíram dos túmulos em direção a Jesus. Aparentemente, esses homens viviam nesses túmulos entre os mortos, atacando violentamente a qualquer um que se aproximasse. Mateus escreve que “eles eram tão extremamente violentos que ninguém podia passar por esse caminho.”

Mas, quando saíram para atacar a Jesus e Seus discípulos, os espíritos malignos dentro desses dois homens reconhecem quem está diante deles. Eles - significando tanto os dois homens quanto os demônios que os possuíam - clamaram dizendo a Jesus: “Que negócio temos nós com o Filho de Deus? Você veio aqui para nos atormentar antes do tempo?” Os demônios entendiam que Jesus era Deus em forma humana. Eles O reconheceram como sendo o Filho de Deus, parte da Trindade Divina.

Por causa de sua rebelião contra Deus quando caíram com Lúcifer, os demônios veem Jesus como seu inimigo. Eles estão em lados opostos do conflito espiritual cósmico, para o qual os reinos da terra servem como campo de batalha. Por se opor diametralmente uns aos outros, os demônios gritam: “Que negócio temos nós com você?” Eles especulam sua própria resposta. É muito revelador: “Você veio aqui para nos atormentar antes do tempo?” Os demônios entendem que vão perder esse conflito. Eles sabem que serão severamente punidos e atormentados na hora marcada. Eles sabem que sua destruição será decidida pela autoridade do Filho de Deus. Mas eles também sabem que este tempo ainda havia chegado e é por isso que perguntam se Jesus havia vindo aqui para atormentá-los antes do tempo.

Marcos compartilha algo vindo de um desses homens possuídos por demônios. Ele relata algumas linhas adicionais da conversa entre Jesus e os demônios que controlavam aquele homem: "Qual é o seu nome?", Jesus pergunta aos espíritos malignos. E o homem Lhe diz: "Meu nome é Legião; porque somos muitos" (Marcos 5:9). Legião era uma designação militar romana. Uma legião era composta de soldados do exército e geralmente contada aos milhares. A legião romana mais famosa foi a Décima Legião, que ajudou Júlio César a subjugar a Gália (atual França) mais de 75 anos antes. Esta mesma legião chegaria, mais tarde, à cidade vizinha de Hippos, que ficava entre Gadara e Gergesa, durante a rebelião dos zelotes. Sua icônica bandeira exibia a cabeça de um javali.

Mateus, Marcos e Lucas relatam que “havia um rebanho de muitos porcos se alimentando à distância deles.” Os porcos eram animais impuros e proibidos de serem comidos pelos judeus, de acordo com a lei mosaica (Levítico 11:7; Deuteronômio 14:8). Aquele rebanho de porcos provavelmente estava sendo usado como suprimento para alimentar os gentios que moravam em Decápolis. Mateus diz que os demônios começaram a suplicar a Ele (Jesus). A palavra que ele usa para “suplicar” é "parakaleo" (G3870), que literalmente significa "chamar ao lado". O termo possui uma ampla gama de significados, incluindo "encorajar", "suplicar", "exortar" ou "confortar". Ao descrever o Espírito Santo a Seus discípulos em João 14 e 15, Jesus O descreve como "O Parakletos", ou seja, Aquele que encoraja, exorta, conforta, etc. Neste caso, "parakaleo" significa "súplicar" ou "implorar". O que os demônios imploraram a Ele foi para serem lançados ao tormento, mas para serem lançados no rebanho de porcos. Disseram-lhe:  “Se queres expulsar-nos, envia-nos para o rebanho de porcos. E Jesus concedeu a sua petição, dizendo: "Vão!"

Os dois homens foram libertos da opressão espiritual dos demônios. E os demônios saíram dos homens e foram para os porcos. Uma vez que os demônios entraram nos porcos, Mateus nos conta que “todo o rebanho correu pela margem íngreme para o mar e pereceu nas águas.” Os cuidadores dos porcos fugiram. Eles foram para a cidade e relataram tudo. Esses cuidadores provavelmente não queriam ser responsabilizados pelo que havia acontecido com a manada destruída. Eles também relataram o que aconteceu com os endemoninhados. Eles disseram às pessoas da cidade que os homens haviam sido libertos dos espíritos malignos por ordem de Jesus. Os dois homens recuperaram o controle de suas próprias vidas.

Quando as pessoas da cidade (não fica claro qual cidade – Gadara, Hippos ou Gergesa) souberam dessas coisas, Mateus relata que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus. Esta foi uma resposta apropriada ao relato de tal evento incomum. Mas quando O viram,  não ficaram felizes.

Eles não se regozijaram com o que Jesus tinha feito. Eles ficaram zangados pela perda de suas posses, ou com medo do que Jesus faria a seguir. Eles não estavam contentes pelo fato de Jesus ter libertado seus compatriotas dos demônios. Eles imploraram a Ele que deixasse sua região. Eles prefeririam ter seu rebanho de porcos, mesmo que isso significasse que seus compatriotas permaneceriam sofrendo sob aquela terrível escravidão espiritual.

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