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Significado do Apocalipse 1:4-7

O Apocalipse é endereçado a sete igrejas específicas que existiam na época. João enfatiza que os servos nessas igrejas estão completamente justificados aos olhos de Deus, o que é uma posição incondicional. Ele afirma ainda que cada crente já recebeu uma grande herança.

Agora, João escreve uma saudação aos destinatários iniciais desta carta, desta revelação. A carta é endereçada a sete igrejas que estão na Ásia. A Ásia mencionada aqui é a província romana da Ásia, que estava localizada na Turquia moderna. A palavra traduzida como igrejas significa "se reunir". As sete igrejas que João aborda são as assembleias de crentes dentro de sete cidades na Ásia que originalmente eram colônias gregas, mas foram posteriormente assimiladas pelo Império Romano. A capital da província romana da Ásia era Pérgamo, que também era o lar de uma das sete igrejas.

João confere uma bênção de graça e paz àqueles que recebem a carta e atribui a graça e a paz como vindas de Deus e descreve que Ele as está concedendo de forma abrangente. Ele começa dizendo que a bênção de graça e paz vem da parte daquele que é, que era e que há de vir. Deus estava "no princípio" (Gênesis 1:1). Deus está presente agora, e Deus eventualmente descerá à Terra para habitar entre os seres humanos (Apocalipse 21:1-4). Essa descrição se aplica ao Único Deus, portanto, a todas as três pessoas da Trindade. No entanto, parece que João pretendia se referir principalmente ao Pai, uma vez que a próxima frase se refere ao Seu trono. Fica claro ao longo do Apocalipse que o Pai está assentado no trono, e o Filho foi recompensado por Sua fidelidade sendo concedido o direito de se assentar no trono com Ele (significando compartilhar Sua autoridade).

A bênção também provém dos sete espíritos que estão diante do Seu trono. Como mencionado anteriormente, a frase Seu trono provavelmente se refere ao trono do Pai, com base em descrições ao longo desta carta. O termo sete espíritos que estão diante do trono de Deus ocorre apenas no Livro do Apocalipse. A palavra traduzida como sete aparece 31 vezes no Apocalipse, quase tantas vezes quanto em todo o restante do Novo Testamento combinado. A palavra sete simboliza a completude na Bíblia, começando com os sete dias da criação, e o dia de sábado sendo estabelecido como um lembrete de que Deus criou o mundo em sete dias.

Uma vez que João parece estar listando os membros da Trindade, parece aqui que ele está descrevendo uma manifestação do Espírito Santo como os sete espíritos de Deus. A frase sete espíritos de Deus ocorre quatro vezes no Livro do Apocalipse (Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5; 5:6). Os sete espíritos de Deus são descritos como "enviados por toda a terra" (Apocalipse 5:6). Jesus também diz que Ele "tem" os sete espíritos (Apocalipse 3:1), o que é consistente com Jesus afirmando que Ele enviaria o Espírito Santo como um auxiliador após Sua ascensão, e que a ajuda dada pelo Espírito Santo seria melhor para eles do que se Jesus permanecesse na terra naquele momento (João 16:7). É provável que o termo sete se refira à vasta onipresença do Espírito.

Finalmente, João conclui a lista daqueles de quem ele está concedendo graça e paz com aquele que lhe deu o Apocalipse: Jesus Cristo. Jesus é descrito sendo a testemunha fiel, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. A primeira descrição na lista fornece o exemplo principal que cada crente é exortado a seguir, ser uma testemunha fiel. A palavra traduzida como testemunha é a palavra grega "martys", que está relacionada com a nossa palavra em português "mártir".

O segundo item na lista de descrições para Jesus Cristo é que Ele é o primogênito dos mortos. Jesus é o primeiro a ser ressuscitado dos mortos, nunca mais morrendo. Embora outras pessoas tenham sido ressuscitadas dos mortos no Antigo Testamento e no Novo, algumas pelo próprio Jesus (a filha de Jairo, Lázaro), elas eventualmente morreram de novo. Seus corpos ainda eram mortais. Jesus ressuscitou em um novo corpo, um que nunca morreria (Atos 2:24). Ele é o primogênito dos mortos, mas não será o último. Ele abriu o caminho para a ressurreição de todos os que creem (Lucas 20:36, 1 Coríntios 15:42).

É por causa dessa vitória sobre a morte que João pode oferecer o louvor daquele que nos ama, e nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue. A fidelidade de Jesus como testemunha a seguir em obediência e fazer a vontade de Seu Pai resultou em cada crente sendo libertado de seus pecados pelo Seu sangue. João se inclui, dizendo nossos pecados. Esta mensagem é de Jesus para "Seus servos" que foram libertados de seus pecados pelo Seu sangue. Portanto, o livro de Apocalipse é claramente uma mensagem aos crentes, para conduzi-los a uma grande bênção.

Mesmo que a descrição inicial seja destinada a se aplicar ao Pai, uma vez que Jesus e o Pai são Um, essa descrição poderia igualmente ser aplicada a Ele. Jesus é - o Jesus ressuscitado está vivo e bem. Ele está sentado à direita do Pai e reina sobre a terra. Mas Jesus também era. Como João afirma em seu evangelho, Jesus estava "no princípio com Deus" e "Todas as coisas vieram à existência por meio Dele" (João 1:1b-2a). Jesus é um ser eterno, que sempre existiu. Como Deus, Ele é a própria existência, o Deus que se revelou a Moisés como "Eu Sou o Que Sou" (Êxodo 3:14). Mas Jesus também está por vir. Como a última parte do Apocalipse enfatiza, Ele retornará, colocará todas as coisas em ordem, julgará tudo o que precisa ser julgado e recompensará aqueles que foram fiéis testemunhas de Seu nome.

João transmite graça e paz de Deus à audiência crente desta carta. A palavra traduzida como graça é a palavra grega "charis", que significa "favor". Às vezes, Deus concede favor aos seres humanos por causa de Sua misericórdia e amor. Ele enviou Jesus para morrer pelos pecados da humanidade por esse motivo (João 3:14-16). Todo crente já recebeu esse favor, pois o mérito de Jesus lhes foi imputado pela graça de Deus. Portanto, não é provável que esse tipo de "favor" esteja em mente, uma vez que todos os que são abordados nesta carta já tiveram seus pecados purificados pelo sangue de Jesus.

Em outros momentos, Deus concede favor a alguém por algo feito que O agradou. 1 Pedro 5:5 nos diz que Deus se opõe aos orgulhosos, mas dá "graça" (charis/favor) aos humildes. Claro, apenas Deus decide quem é humilde, com base nos pensamentos e intenções do coração (Hebreus 4:12). É provável que João esteja dizendo aqui que Deus está comunicando Seu grande desejo de favorecer os destinatários da carta. Deus os ama e deseja o melhor para eles. Ele quer que eles tenham sucesso. O fato de esta carta ser endereçada a eles é, por si só, uma medida imensa do favor de Deus. Ele está dando a eles uma mensagem que pode levá-los a receber bênçãos incríveis, se escolherem ouvir e obedecer.

Da mesma forma, Deus está transmitindo a eles que esta carta se destina a conceder-lhes paz. A mensagem base de Apocalipse inclui a ideia de que Deus está no controle, portanto, o resultado final das coisas não depende de nós, e a medida em que adotamos essa perspectiva, ela deve trazer grande paz. Mas a mensagem não para por aí, e se parasse, poderia levar ao fatalismo. Não, a mensagem de Apocalipse é que cada crente é chamado a ser uma testemunha fiel, assim como Jesus. Isso significa fazer boas escolhas. As escolhas de cada crente têm uma importância imensa, fazer boas escolhas para ser uma testemunha fiel é a forma que um crente pode ser um "vencedor" e receber as grandes recompensas prometidas neste livro (Apocalipse 2:26). E isso está totalmente sob nosso controle. Ninguém pode nos impedir de ser uma testemunha fiel. Juntar essas duas perspectivas deve trazer grande paz.

É provável que a concessão de graça ou favor e paz esteja sendo concedida pela entrega desta carta. Até mesmo os crentes modernos devem considerar a mesma oferta e concessão se aplicando a eles também.

Após conceder as bênçãos da graça e da paz aos crentes que recebem esta carta, João louva a Deus, dizendo que a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. João declara diretamente o motivo de seu louvor generoso: desejar que o reinado de Deus nunca termine. Isso ocorre porque Ele nos fez reino; Ele nos fez sacerdotes para o Seu Deus e Pai. Isso introduz outro tema que perpassa todo o Apocalipse, que a bênção pretendida por Deus inclui compartilhar a autoridade de Deus em governar sobre a terra como líderes e reis servos. Deus nos fez reino. Isso é afirmado como algo que já ocorreu. Pode ser semelhante à concessão de uma Terra Prometida que Deus fez a Abraão como recompensa por seu serviço fiel. A concessão foi feita, mas ainda precisava ser possuída. Parte do que será detalhado no Apocalipse é o que os servos/crentes precisam fazer para possuir esta herança que já foi concedida.

Outra coisa que já foi concedida aos crentes é a posição de serem sacerdotes para o Seu Deus e Pai. O Seu Deus aqui deve se referir a Jesus. O que significa que cada crente recebeu a posição de ser um sacerdote para Deus, o Pai. Um sacerdote é alguém que age como intermediário entre Deus e outras pessoas, intercedendo em Seu nome. Conforme o Apocalipse se desenrola, ficará claro que viver como uma testemunha fiel é não apenas um meio de possuir a herança do reino, mas também de cumprir nossa função designada como sacerdotes para o Pai. João encerra essa declaração de louvor pela incrível concessão que Deus fez a nós dizendo "Amém," que significa "que assim seja". João não apenas louva a Deus pelo que Ele fez até agora, mas deseja ver isso completo.

Agora, João declara uma previsão profética de um evento futuro: Ei-lo que vem com as nuvens. Todo olho o verá, e aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém. Após Sua ressurreição, quando Jesus subiu aos céus na presença dos discípulos, uma "nuvem O levou". Então, os anjos revelaram aos discípulos que eles veriam Jesus retornar da mesma maneira (Atos 1:9-11). João estava lá e agora repete que Jesus está vindo com as nuvens. Esse é um evento futuro e é certo. O Apocalipse enfatizará que cada crente deve estar focado em se preparar para esse evento. Não importará se estaremos vivos, mas se estamos preparados para o ele, e nos preparamos sendo testemunhas fiéis, assim como Jesus.

Parece que quando Jesus ascendeu, foi algo que apenas algumas pessoas testemunharam. Este não será o caso quando Ele retornar, porque todo olho O verá. O mundo inteiro vai ver. Jesus insinuou isso ao responder três perguntas feitas pelos discípulos em Mateus 24. Ele deixou claro que se alguém disser "Aqui está Jesus", não devemos acreditar. Quando Ele retornar, não haverá dúvida, pois, todos saberão. Será como um relâmpago. Ninguém precisa se perguntar se houve um raio, está lá para que todos vejam (Mateus 24: 23-27).

João, um discípulo judeu e testemunha de Jesus, observa particularmente que o retorno Dele será visto pela nação judaica, observando que até mesmo aqueles que O crucificaram verão Seu retorno. A Bíblia atribui a responsabilidade primária pela morte de Jesus à geração de judeus que O rejeitou como seu Messias. Após a ressurreição de Jesus, Pedro exortou um grupo de judeus devotos a "serem salvos desta geração perversa" (Atos 2:40). No entanto, uma vez que o mundo inteiro verá, isso também pode incluir o mundo romano (que hoje consiste nas culturas ocidentais), pois foi um soldado romano que perfurou o lado de Jesus enquanto Ele estava na cruz (João 19:34).

No entanto, não serão apenas os judeus que lamentarão quando virem Jesus. Todas as tribos da terra lamentarão por Ele. Esse lamento provavelmente ocorrerá porque vão perceber que rejeitaram Aquele que é o rei do mundo, e agora há um preço enorme a ser pago por sua rejeição. Pode ser um pouco como um grupo de adolescentes sem educação lamentando que seus pais tenham voltado para casa mais cedo de sua viagem.

João então declara: Sim. Amém. Isso essencialmente significa a mesma coisa duas vezes, já que Amém pode significar "que assim seja". Em hebraico, a ênfase vem da repetição. A ênfase mais forte ocorre quando algo é repetido três vezes, como "Santo, santo, santo". Neste trecho, João inclui dois "Améns" e um "assim será". Parece que em sua introdução, ele quer deixar claro que Jesus está retornando e as pessoas devem levar isso a sério e se preparar para Sua volta, porque é uma realidade absoluta e inegável.

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