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Significado de Mateus 10:17-20

À medida em que Jesus preparava Seus discípulos para a missão que estavam prestes a empreender, Jesus profetiza sobre o que irá acontecer com eles por Sua causa e promete que o Espírito de Deus estará com eles e falará através deles quando enfrentarem as perseguições. Ele também lhes diz que o Evangelho será levado aos gentios.

Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este ensino são encontrados em Marcos 13:9-11 e Lucas 12:11-12.

Depois das metáforas de advertências e instrução, Jesus esclarece quem são os lobos. Os doze deveriam ter cuidado com os homens. Jesus, então, apresenta cinco profecias curtas, mas específicas. Ele compartilha três advertências proféticas, uma reviravolta profética no alcance do Evangelho e um poderoso consolo profético no qual eles podriam descansar quando enfrentassem os perigos.

Na medida em que Cristo compartilha essas coisas, pelo menos três dinâmicas interessantes estão em jogo.

Dentro do contexto imediato, Jesus está preparando Seus discípulos para a missão de pregar as boas novas à Casa de Israel: o Reino dos Céus está próximo (Mateus 10:7). Ele passa a eles as ordens desta missão, indicando para onde deveriam ir e não ir, o que levar consigo e o que não levar; e dá a eles conselhos práticos e advertências. Mas, em um contexto mais amplo, Ele os está preparando para sua missão de vida.

Esta ocasião parece ser a primeira vez que Jesus diz a Seus discípulos para irem fazer a obra sem Sua supervisão direta. Jesus já os havia ensinado com Suas palavras. Ele lhes havia mostrado como viver e fazer discípulos através de Seu exemplo. E, agora, Ele os está capacitando para serem os multiplicadores de discípulos e colhedores de frutos em Seu Reino. Esta missão é direcionada à Casa de Israel. É apenas a primeira de muitas missões que eles empreenderiam para o Reino. É importante notar que um elemento-chave para fazer discípulos é enviá-los para trabalhar no ministério sozinhos. Ensinar-enviar-ensinar parece ser o exemplo que nos é dado aqui. Discipulado é atividade. Aprendemos a ser discípulos fazendo outros discípulos.

Ao mesmo tempo em que Jesus está dando ordens, conselhos e cautela para essa missão a Seus discípulos, estabelecendo um alicerce para sua vida de trabalho missionário, Ele também está profetizando. Jesus não está escondendo o que acontecerá com Seus discípulos se eles decidirem segui-Lo. Jesus havia selecionado seguidores que precisariam estar dispostos a morrer por Sua causa. Ele agora Ele os instrui sobre como serem astutos. Jesus deseja ter seguidores corajosos que enfrentam a morte, não seguidores tolos que morrem desnecessariamente.

A primeira das três preocupações proféticas é: eles os entregarão aos tribunais. A Bíblia não diz se algum dos discípulos foi preso e entregue aos tribunais nesta missão em particular. O tom dos relatos dos discípulos após uma missão semelhante à qual Jesus enviou um grupo maior de discípulos sugere que ninguém ainda havia sido preso (Lucas 10:17). A primeira vez que a Bíblia menciona que alguns dos discípulos de Jesus haviam sido presos é em Atos 4:3, quando Pedro e João são entregues aos tribunais dos saduceus. Parece provável que os seguidores dos saduceus tenham feito a fim de obter favores de seus líderes, ou algum benefício terreno. Os discípulos deveriam estar cientes disso e proceder com cautela.

A segunda preocupação profética é: eles vos açoitarão em suas sinagogas. Isso também não parece ter acontecido neste momento do primeiro envio. Porém, isso iria acontecer mais tarde. Depois que os apóstolos foram presos pelo Concílio de Jerusalém, milagrosamente libertados e presos novamente, o Concílio "açoitou-os e ordenou-lhes que não falassem em nome de Jesus" (Atos 5:40).

A terceira advertência profética é: e vocês serão levados diante de governadores e reis por Minha causa. O impacto que o Reino de Deus teria através dos discípulos de Jesus não apenas provocaria conflitos locais, mas atrairia a atenção de governadores regionais e reis nacionais. É improvável que isso tenha acontecido durante a primeira missão dos discípulos, quando foram enviados à casa de Israel.

O livro de Atos não compartilha detalhes sobre ocasiões específicas em que os doze tenham sido levados perante governadores e reis, embora registre que Tiago foi executado e Pedro foi preso e deveria ser executado por ordem do rei Herodes Agripa I (Atos 12:1-5). Depois disso, a narrativa de Atos muda para o apóstolo Paulo, concentrando-se em suas viagens missionárias. Mas um dos principais focos do Livro de Atos no último quarto de seu relato é Paulo sendo levado perante os governadores romanos Félix (Atos 24) e Festo (Atos 25:1-22), e o rei Herodes Agripa II (Atos 25:23-26:32), antes de ser transferido para Roma, onde seria julgado diante de César.

João nos diz que estava na Ilha de Patmos quando recebeu a visão de Jesus e recebeu Sua mensagem para as sete igrejas (Apocalipse 1:9). A razão pela qual João estava em Patmos era porque ele estava exilado lá, e essa ordem só poderia ter vindo de alguém com a autoridade de um governador romano. E embora a Bíblia não rastreie a vida da maioria desses discípulos, a tradição da Igreja testifica que todas essas três advertências proféticas ocorreram em várias ocasiões e em muitos lugares diferentes.

Jesus deixa claro que essas prisões, espancamentos e aparições diante de governadores e reis ocorreriam por Sua causa. Há um duplo sentido implícito nesta frase. A razão pela qual os homens entregariam os discípulos e os flagelariam é porque querem impedi-los de pregar o Reino de Cristo. Se os discípulos parassem de viver e pregar o Evangelho de Cristo e seguissem os padrões do mundo, as perseguições cessariam. Eles seriam presos porque viveriam por amor de Cristo. Mas o segundo significado é que as prisões e os flagelos ocorreriam por causa de Cristo. Ou seja, as perseguições testemunham a fidelidade de seu testemunho. A fidelidade dos discípulos sob aquelas provas de fogo serviria como testemunho de Deus e seriam usadas para a Sua glória. Abraçar voluntariamente o sofrimento e a vergonha por causa de Cristo resulta na maior das recompensas desta vida (Romanos 8:17b, Apocalipse 3:21). Cristo glorificará aqueles que glorificam o Seu nome sofrendo voluntariamente por Sua causa.

Jesus continua com seu raciocínio. Essas coisas seriam um testemunho para eles. Seu sofrimento paciente seria um sinal e um testemunho do Reino de Cristo para aqueles que os perseguiam. Ao suportarem fielmente o sofrimento e a perda, os discípulos de Jesus dariam testemunho até mesmo àqueles que os perseguiam. Novamente, isso demonstra a sabedoria da seleção de discípulos que estariam dispostos a lutar e morrer pela causa de Cristo e por segui-Lo.

Jesus, então, dá um toque profético ao acrescentar a frase como um testemunho para eles e para os gentios. Os gentios que estariam envolvidos na prisão e flagelação dos discípulos eram as autoridades romanas. O testemunho dos discípulos afetaria judeus e gentios igualmente. Jesus está informando aos discípulos que, em última análise, o Reino dos Céus estava aberto não apenas aos judeus, mas a todos. Ele já havia dito isso a Seus seguidores em Suas observações sobre a fé do centurião romano (Mateus 8:11-12), mas agora Ele os informa que eles são os que transmitirão esta mensagem aos gentios. Esta observação também é um indicador claro de que Jesus não está falando exclusivamente sobre esta missão em particular, porque Ele os havia proibido de seguir o caminho dos gentios enquanto pregavam o Reino às ovelhas perdidas da Casa de Israel (Mateus 10:5-6).

Depois de profetizar essas sóbrias advertências e revelar essas reviravoltas surpreendentes, Jesus dá a Seus discípulos uma promessa profética de conforto. Ele diz a eles: Mas, quando eles os entregarem, indicando claramente que aquilo seria inevitável. E, quando isso acontecer, não se preocupem em como ou o que vocês devem dizer. Ele lhes diz para não ficarem ansiosos sobre as coisas que deveriam dizer ou mesmo como dizê-las. A razão pela qual eles não precisariam se preocupar com o que deveriam dizer nessas situações é porque isso lhes seria dado no momento necessário. Alguém iria ensiná-los quanto ao que falar e como eles deveriam falar naquelas situações. E esse Alguém era o Espírito Santo: Pois não sois vós que falais, mas é o Espírito do vosso Pai que fala em vós.

Jesus promete – e o fará novamente após a Ceia do Senhor - que Deus, o Espírito,  estará com eles (João 14:16-17, 16:5-15). Vale a pena observar aqui que Jesus diz que o Espírito vem do Pai, enquanto em João 16:7 Jesus promete que Ele enviará o Espírito. Esses versículos testificam a verdade trinitária de que o Espírito vem tanto do Pai quanto do Filho. Jesus afirma que quando essas situações ocorressem não seriam eles (os discípulos) que falariam, mas o Espírito Santo (não só através deles, mas neles).

As observações de Jesus se alinham com o que ocorre a partir do Dia de Pentecostes, quando o Espírito de Deus passa a habitar dentro dos discípulos (Atos 2:1-4).

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