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Significado de Mateus 5:29-30

Jesus usa duas metáforas dramáticas - é melhor que Seus discípulos arranquem seus olhos e cortem suas mãos – como forma de expressar uma verdade crucial. É melhor negar-se a si mesmo por causa Dele do que perder a vida eterna em Seu Reino e todos os benefícios que a acompanham.

Jesus continua a ensinar, agora apresentando duas metáforas dramáticas aos que desejavam seguí-Lo.

A primeira delas começa com: “Se o teu olho direito te serve de pedra de tropeço, arranca-o e lança-o de ti.” A segunda começa com: “Se a tua mão direita te serve de pedra de tropeço, corta-a e lança-a de ti.”

O que Jesus quis dizer com declarações tão dramáticas? Será que Ele desejava que Seus discípulos arrancassem seus olhos e cortassem suas mãos, literalmente? A resposta curta é: “Não! Ele não está falando no sentido literal, mas figurado”. Em lugar algum das Escrituras Jesus, ou qualquer outro escritor, ensinaram sobre a mutilação física como pré-requisito para a entrada no Reino. O apóstolo Paulo diz que isso não tem valor algum (Gálatas 5:6; Colossenses 2:23). A forma prática de interpretarmos esta passagem é observar o que ela quer dizer, através do uso da interpretação, para então comparar o princípio com o contexto do ensinamento de Cristo aqui e em outros textos similares. Esses textos devem ser lidos normalmente, conforme a intenção do autor, ou seja, são declarações claramente metafóricas.

Por seguirem um padrão claro, vamos considerar as metáforas juntas.

O motivo que Jesus dá a tais ações dramáticas é que é melhor perder uma parte do corpo do que todo o corpo ser lançado no Geena. Esta explanação é repetida logo após cada uma das advertências. Para entender melhor o que Jesus quis dizer, precisamos analisar cada elemento da metáfora. Há quatro partes no padrão colocado por Ele: condição, ordem, comparação e contraste - súbito, porém poderoso.

As condições são: se o teu olho direito te faz pecar; se a tua mão direita te faz tropeçar. Tais condições são aplicadas àqueles que têm a propensão de tropeçar e pecar, ou seja, todos nós. Todos somos tentados a pecar. Porém, os tipos de tentação são diferentes. Alguns de nós somos tentados pela lascívia (olho direito). Outros são tentados pela avareza ou ambição pelo poder (mão direita). Outros são tentados por outros tipos de pecados. A questão crucial aqui é que todos somos tentados a tropeçar e pecar. O pecado nos impede de receber as recompensas do Reino de Cristo. Portanto, as palavras de Jesus fizeram sentido para Seus discípulos, já que eles desejavam entrar na vida do Reino e ganhar suas recompensas.

As ordens são: arranca-o e lança-o de ti e corta-a e lança-a de ti. Já que todos tendemos a tropeçar e pecar, Jesus instrui a Seus seguidores a se livrarem – arrancar, cortar – das partes do corpo vulneráveis à tentação e à queda. Ele diz isso figuradamente, conforme veremos a seguir.

As comparações: pois te convém mais que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo. Ninguém, naturalmente, deseja perder qualquer parte do seu corpo. Jesus entende isso. E é por isso que Ele faz a comparação, dizendo é melhor que você tome essas atitudes dramáticas e perca uma parte do seu corpo do que todo o seu corpo. Algo vai se perder e o custo será muito alto. Mas, somos nós quem decidimos. Jesus nos pergunta: o que você quer perder? Um pouco ou tudo? Apenas um louco escolheria perder tudo.

A metáfora referente às partes do corpo citada por Jesus provavelmente se refira a vários aspectos das nossas vidas que nos levam a pecar. Pode ser algo material, ou uma atividade, talvez um relacionamento ou profissão. Ao entregarmos qualquer uma dessas coisas, estamos perdendo uma parte da nossa vida. E é sempre algo doloroso. Porém, se os discípulos de Cristo não se libertarem de qualquer área de suas vidas que os faça tropeçar, eles podem acabar perdendo tudo.

Um exemplo clássico são os tipos de relacionamentos que nos tentam a cometer adultério. Pode até ser doloroso perder aquele relacionamento, mas a perda será muito melhor do que passar pelo Geena do adultério e até do divórcio, possivelmente com a separação daqueles a quem verdadeiramente amamos.

Uma comparação entre tempo e espaço é vital para entendermos a ordem clara de Jesus: te convém mais que se perca um dos teus membros (aqui e agora) do que todo o teu corpo seja lançado na Geena (no futuro). Há um lapso de tempo entre o pecado e sua consequência. Tiago usa a metáfora da gravidez para ilustrar a progressão do pecado:

“Mas cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz; 15) então, a cobiça, havendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:14,15).

Há um tempo entre a concepção do pecado e o resultado de morte. Jesus está dizendo que convém que percamos partes da nossa vida que se levante contra o Seu Reino agora do que apreciar certos prazeres que terminarão nos levando ao inferno, ou à morte.

A entrada no Seu Reino pode ser aplicada a esta vida ou à próxima. Em ambos os casos, o princípio se aplica ao seguidor de Cristo e as recompensas por suas escolhas. Normalmente há uma demora entre a auto-negação e seus benefícios. O princípio da semeadura e colheita se aplica tanto aos bons quanto aos maus comportamentos. Há sempre uma demora entre o plantio e a colheita. Podem haver dias ou anos entre negarmos os desejos carnais e recebermos suas recompensas tangíveis.

O princípio da semeadura e colheita também pode ser aplicado às recompensas que recebemos pelas obras realizadas em nosso tempo de vida. Nossa vida na terra é, em si mesma, um processo de semeadura constante. O grande julgamenteo final determinará quais as recompensas eternas que os discípulos de Cristo irão colher. Tais recompensas provavelmente serão concedidas e apreciadas durante o reinado de Jesus na terra por mil anos, mas certamente no novo céu e nova terra (Apocalipse 3:21). Convém passarmos pela vida com a sensação de “perda” produzida pelos desejos e tentações do que sermos completamente destruídos quando nosso corpo for lançado no Geena. O que Jesus quer dizer com esta referência ao Geena, traduzido por inferno?

O contraste dos lugares é o Vale de Hinon (Geena em grego, G1067), fora dos muros de Jerusalém, versus estar nas casas e palácios dentro dos muros da cidade. O Vale de Hinon (Geena) está localizado ao sul das muralhas de Jerusalém. O local funcionava como o depósito de lixo daquele tempo. Jesus se refere a estar neste vale em contraste com estar em Seu Reino. O Rei e Seus seguidores fiéis estão dentro dos muros da cidade, talvez residindo no palácio. Eles podem apreciar a segurança e prosperidade da vida no Reino. Eles não estão fora dos muros vivendo literalmente em meio ao lixo.

O lixão e o esgoto a céu aberto do Vale de Hinon, ou Geena, era um lugar desprezível e degradante. Carcaças podres e em decomposição, lixo e estrume estavam em constante processo de fermentação. Esta é uma figura das consequências do pecado nesta vida. E pode também ser uma figura da destruição das obras de “madeira, feno e palha”, que não suportarão o fogo consumidor do juízo de Deus naquele dia (1 Coríntios 3:11-15). Não faria sentido para Jesus, no contexto do Sermão da Montanha, dizer a Seus discípulos que eles passariam a eternidade no lago de fogo caso pecassem. Se este fosse o caso, Jesus não precisaria ter morrido na cruz (Colossenses 2:14). Cada discípulo, portanto, seria responsável por trabalhar por seu lugar no céu através da negação do pecado.

Quando Jesus diz que convém que se arranque um olho ou que se corte uma mão, Ele está se referindo a fazer escolhas melhores. Toda escolha tem consequência. Resistir aos desejos e tentações significa a perda de um prazer temporal. Porém, é melhor perder aquele prazer agora do que sofrer as duras consequências daquele pecado. Negar as coisas que nos fazem tropeçar nos libera para apreciar as recompensas do Reino mais tarde. Xingar ou vingar-se de alguém pode nos fazer sentir bem, mas tais atitudes provavelmente irão resultar em prejuízos substanciais mais tarde. É muito melhor perdoar e viver a recompensa de um relacionamento curado. Entretanto, perdoar e confessar, muitas vezes, pode nos fazer sentir como se estivéssemos cortando nossa própria carne ou arrancando nosso próprio olho.

A mensagem dessas metáforas é similar ao famoso desafio de Jesus a negarmos a nós mesmos por Sua causa e tomar a nossa cruz todos os dias (Lucas 9:23-26). Se não resistirmos ao pecado e não abrirmos mão dos desejos e suas consequências, se não negarmos a nós mesmos e tomarmos nossa cruz, isso quer dizer que desejamos salvar a nós mesmos, algo que resultará na perda da nossa vida (no Geena deste mundo). Por outro lado, se perdermos nossa vida pela causa de Cristo, nós a resgataremos (em Seu Reino). As mensagens das metáforas de Jesus aqui e da ordem de Jesus no texto de Lucas são consistentes em toda a Bíblia.

A questão é a seguinte: resista à tentação de apreciar os pecados terrenos agora, porque isso vai te custar as recompensas no Reino de Deus mais tarde. Negar-se a si mesmo é melhor. Se abrirmos a porta ao pecado, certamente colheremos as consequências do Geena. Se formos encontrados fieis em seguir a Cristo e resistir ao pecado, entraremos na “cidade”, que é o Seu Reino, para apreciar as Suas bênçãos. A experiência do Geena pode ser aplicada nesta vida através das consequências dolorosas do pecado que leva à morte. E também pode ser aplicada à próxima vida, o que significa perder as recompensas no Dia do Juízo.

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