Significado do Apocalipse 2:11

Essa carta a Esmirna termina com a mesma orientação das outras seis cartas: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Isso se conecta com a orientação em Apocalipse 1:3 que se aplica a toda a carta, que é ler, ouvir e obedecer/fazer às palavras desta profecia para obter uma grande bênção. Essa carta aos crentes em Esmirna afirma que aqueles que ouvirem esse aviso e escolherem suportar fielmente o sofrimento obterão uma grande bênção - a coroa da vida (Apocalipse 2:10). No entanto, há outra bênção que esses santos receberão, que é evitar sofrerem a segunda morte.

Há alguns tipos de circunstâncias diferentes que devem ser suportadas para se tornar um vencedor. Na carta a Laodiceia, a igreja lá é orientada a superar uma circunstância de abundância - a ilusão de que uma circunstância de possuir abundância material é a verdadeira riqueza (Apocalipse 3:17-18). Nesta carta à igreja em Esmirna, eles devem superar uma circunstância de necessidade - estão sendo perseguidos por fazer o que é certo e bom. Poucas circunstâncias são piores do que ser lançado na prisão e ser perseguido por fazer o que é certo, como eles serão (Apocalipse 2:10).

Mas se o que eles devem vencer é a sua humilde circunstância e a zombaria do mundo (que acompanhará obedecendo a sua fé), qual é a segunda morte que foram prometidos não sofrer?

Apocalipse 21:6-8 descreve a segunda morte como o lago de fogo:

“Disse-me ainda: Tudo está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Àquele que tem sede, eu lhe darei a beber gratuitamente da fonte da água da vida. O vencedor herdará essas coisas; eu serei o seu Deus, e ele será meu filho. Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte.”

O fogo e enxofre do lago de fogo são, de fato, a segunda morte. O lago de fogo é o destino permanente daqueles cujo nome não é encontrado no Livro da Vida (Apocalipse 20:15). No entanto, essa aplicação do "lago de fogo" não se aplica aqui, pois esta carta é para a igreja em Esmirna, que é o conjunto dos servos de Deus em Esmirna, ou seja, aqueles que creram em Jesus e receberam o dom gratuito da vida eterna. (Para mais informações, leia nosso artigo sobre Vida Eterna.)

O ponto principal parece ser que aqui o Espírito promete que aquele que vencer não será prejudicado pelo fogo e enxofre. É dito que aqueles que não creem são consumidos pelo fogo do julgamento de Deus (Hebreus 10:27). Os crentes não são consumidos, mas sim purificados pelo fogo do julgamento de Deus, fogo que machuca e cura, mas não consome. O julgamento não pode consumir os crentes porque eles estão em Cristo e, portanto, foram livrados do julgamento eterno (Romanos 8:1).

O Hades é um lugar para onde as almas ímpias vão após sua morte física na terra (Lucas 16:23). Mas no final do livro de Apocalipse, o Hades em si é consumido no lago de fogo: "E a morte e o Hades foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo" (Apocalipse 20:14).

O lago de fogo é poderoso o suficiente para consumir tanto a Morte quanto o Hades. Não nos é dito o que é o lago de fogo, mas parece ser mais apropriado considerá-lo como a presença de Deus plena e revelada. Sabemos que foi Ele quem venceu a morte (1 Coríntios 15:54-55). Também sabemos que Deus é um fogo consumidor (Hebreus 12:29), Ele disse a Moisés que nenhum ser humano poderia suportar ver Seu rosto e viver (Êxodo 33:20).

Há várias imagens ao longo do Antigo Testamento que retratam Deus como um fogo consumidor (Hebreus 12:29, Daniel 7:9-11, Deuteronômio 9:3 e 2 Reis 1:10-12). Deus muitas vezes se manifesta na forma de fogo, portanto, é possível que o lago de fogo não seja um lugar, mas a presença da santidade de Deus, como em Êxodo 24:17, que diz: "e aos olhos dos filhos de Israel a aparência da glória do Senhor era como fogo consumidor no cume do monte".

Com essa ideia em mente, quando Apocalipse 2:11 diz que aquele que vencer não será prejudicado pela segunda morte, que é o lago de fogo, isso significa que os vencedores não serão prejudicados ao entrar na presença de Deus no julgamento. 1 Coríntios 3:9-15 detalha o fogo que testará cada estrutura que uma pessoa constrói por meio das obras de sua vida, dizendo:

“Contudo, se alguém edifica sobre o fundamento um edifício de ouro, de prata, de pedras preciosas, de madeira, de feno, de palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque ele é revelado em fogo; e qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará.”

(1 Coríntios 3:12-13)

Aqueles que as obras permanecerem intactas após o fogo do julgamento de Deus vão ter uma recompensa, mas aqueles cuja obra for consumida sofrerão perda, embora eles próprios sejam salvos através do fogo. Esse sofrimento de perda parece se correlacionar com a ideia de ser prejudicado pelo fogo de julgamento no tribunal de Cristo, na presença do Deus vivo, que é um fogo consumidor (Hebreus 12:29).

O Dia do Julgamento requer um processo de purificação para ver o que permanece firme quando submetido ao teste. Metais são forjados no fogo e saem mais fortes do que antes, mas materiais como madeira, feno e palha queimam facilmente. Uma possível razão pela qual aquele que vence não será prejudicado aqui é porque sua fé já foi refinada e comprovada nesta vida (Tiago 1:3-4; Malaquias 3:2). Faz sentido que aqueles que suportaram a dor do sofrimento por fazer o que é certo, já tenham sido refinados. Eles foram prejudicados pelo julgamento do mundo devido à sua fidelidade a Deus e são prometidos uma grande recompensa como resultado.

Apocalipse 2:10 diz: "Seja fiel até à morte, e vou te dar a coroa da vida". Portanto, aquele que vencer é instruído a ser fiel no meio das provações que enfrentará, mesmo até a morte. Mas valerá a pena, porque ele não será prejudicado pela segunda morte, que é o processo de purificação pelo fogo consumidor do espírito de Deus no tribunal de Cristo. Em vez disso, aquele que vencer será refinado por meio das provações desta vida e, como resultado de sua fidelidade, receberá a coroa da vida.

Pode ser que a visita de Isaías ao trono de Deus forneça um vislumbre do que poderia significar para um crente ser prejudicado pela segunda morte. Quando o justo profeta Isaías visitou o trono de Deus, ele disse:

“Então, disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido, porque, sendo eu homem de lábios impuros e habitando no meio de um povo de lábios impuros, os meus olhos viram o Rei, Jeová dos Exércitos.”

(Isaías 6:5)

Isaías, mesmo sendo um profeta fiel que falou a verdade à uma geração corrupta na terra, ao visitar o céu, reconheceu a sua imperfeição. Deus providenciou uma brasa viva para queimar e purificar seus lábios, como um médico cauterizando uma ferida para que ela pudesse cicatrizar. Podemos imaginar que cauterizar os lábios seria extremamente doloroso. No entanto, a preocupação principal de Isaías, na presença de Deus, era estar purificado e limpo.