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Significado de Lucas 5:36-39

Jesus conta duas parábolas sobre a incompatibilidade entre os velhos padrões de justiça, conforme ensinado pelos fariseus, e o novo modo de vida que Ele vinha oferecer.

Os relatos paralelos do Evangelho para esse evento estão em Mateus 9:16-17 e Marcos 2:21-22.

Jesus continua Sua resposta à questão dos fariseus sobre o comportamento de Seus discípulos com um par de parábolas.

Anteriormente, os fariseus o haviam desafiado:

Os discípulos de João jejuam frequentemente e fazem orações; assim também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem (Lucas 5:33).

Jesus inicialmente responde com uma curta parábola explicando-lhes que a razão pela qual Seus discípulos não jejuavam e oravam como os seguidores dos fariseus e de João Batista era porque eles estavam com o Noivo - o que demandava celebração e festa (Lucas 5:34-35).

A parábola tinha o objetivo de responder à sua pergunta. Agora, porém, Jesus elabora mais duas parábolas que descrevem a relevância de Sua missão.

A primeira parábola usa a metáfora das roupas. A segunda parábola usa a metáfora dos odres.

A primeira parábola de Jesus é: "Ninguém tira remendo de vestido novo e o põe em vestido velho; de outra forma, rasgará o novo, e o remendo do novo não condirá com o velho" (v. 36).

Os vestidos eram uma mercadoria cara no mundo antigo. Roupas e vestuário eram trabalhosos e demorados para fazer. Seria muito mais eficiente em termos de tempo e recursos consertar uma roupa velha rasgada do que comprar ou fazer uma nova. Porém, no processo de se remendar uma roupa velha, era preciso ter certeza de que se usasse o material adequado.

Como o tecido encolhia com o tempo, especialmente depois de ser lavado algumas vezes, era necessário ajustar um pedaço de pano à roupa que havia encolhido. Se a pessoa usasse um pedaço de pano novo, a costura encolheria depois que a roupa fosse lavada novamente e produziria um rasgo ainda pior.

Jesus queria dizer com esta parábola que Ele, Seus ensinamentos e Seu Reino eram como um pedaço de pano novo. As tradições (como o jejum) que os fariseus haviam construíram em torno da Lei eram como uma roupa velha rasgada. Jesus não havia chegado reparar a roupa velha. Ele não estava interessado em costurar o novo a um sistema de justiça velho baseado no cumprimento de regras externas repleto de hipocrisia. Ele havia vindo para proporcionar harmonia interna e externa entre Deus e o homem.

Jesus não veio para consertar as coiosas. Ele veio para fazer novas todas as coisas (Apocalipse 21:5). Tomar Seus ensinamentos como remendos para um antigo sistema apenas pioraria as coisas. Os velhos caminhos não refletiam adequadamente a bondade de Cristo. Por isso, precisavam ser substituídos.

Jesus disse que veio cumprir a Lei e os Profetas (Mateus 5:17). Para que isso acontecesse, seria necessária uma nova abordagem. Todos os que quisessem aceitar os ensinamentos de Jesus e governar em Seu Reino deveriam deixar de lado as velhas vestes de justiça medidas pelas práticas religiosas e se revestir das novas vestes da justiça de Cristo medidas pelo amor uns aos outros (Mateus 7:12, 22:11-14; Apocalipse 3:5). Aplicar os ensinamentos de Jesus para tentar remendar a justiça nunca vai funcionar. A pessoa deve abraçar a Cristo e Seus novos mandamentos.

Além disso, nossos corações e mentes são como roupas velhas. Aplicar o tecido novo dos ensinamentos de Jesus não conseguira consertar os rasgos da nossa velha natureza. Vai piorá-la. Precisamos receber corações inteiramente novos (Salmo 51:10) e mentes novas (Romanos 12:2) oferecidos por Cristo todos os dias.

A segunda parábola de Jesus foi:

Outrossim, ninguém põe vinho novo em odres velhos; de outra forma, o vinho novo arrebentará os odres, e ele se derramará, e estragar-se-ão os odres. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos (v. 37, 38).

O padrão da segunda parábola de Jesus é semelhante ao primeiro. Da mesma forma que ninguém coloca um pedaço de pano novo em uma roupa velha, ninguém coloca vinho novo em odres velhos. Isso ocorre porque o vinho novo não fermentado se expandirá e estourará o odre velho. O resultado é que o vinho novo vai derramar e ser desperdiçado, e o odre velho será destruído. O vinho novo deve ser colocado em odres novos, para que ambos sejam preservados.

Os significados das duas parábolas são muito semelhantes. O vinho novo é Jesus e a vida do Reino que Ele oferece. O vinho velho (embora não mencionado aqui) é a hipocrisia baseada no legalismo promovido pelos fariseus. É o que Paulo chama de "justiça da fé" versus "justiça da lei" (Romanos 9:30-33). Os odres novos são discípulos cujos corações e mentes estão prontos para seguir a Jesus e Seus ensinamentos. Os odres velhos são aqueles que procuram fabricar a justiça seguindo externamente a Lei e as tradições construídas em torno da Lei.

Um dos pontos principais de ambas as parábolas é que Jesus, Seus ensinamentos sobre a justiça e Seu Reino são incompatíveis com o modo de vida desgastado e obsoleto impostos pelos fariseus. Essa incompatibilidade é vista em outro momento polêmico entre Jesus e o establishment religioso em Mateus:

Então, vieram de Jerusalém a Jesus alguns fariseus e escribas e perguntaram-lhe: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão. Respondeu-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? (Mateus 15:1-3).

Assim como ninguém pode servir a dois mestres (Mateus 6:24), o vinho novo de Cristo não pode ser colocado nos odres velhos das práticas religiosas. Ou continuamos a ser odres velhos que guardam o vinho insípido, legalista e hipócrita da busca de si mesmo, ou nos tornamos odres novos em Cristo, cheios do vinho vibrante de Sua justiça, conforme expresso no serviço uns aos outros. Não experimentaremos a justiça de Cristo ou Seu Reino se permanecermos como odres velhos. Pfrecisamos nos tornar novos. Para recebermos o vinho novo de Cristo, devemos primeiro nos tornar odres novos.

Jesus conclui Sua segunda parábola com uma observação final ou previsão:

Ninguém que já bebeu vinho velho quer o novo; porque diz: O velho é bom (v. 39).

A observação de Jesus vai contra o pensamento convencional. Tradicionalmente, o vinho velho ou envelhecido era considerado melhor e mais valorizado que o vinho novo. Porém, Jesus diz que o vinho novo é melhor.

O vinho novo significa os ensinamentos de Jesus e o novo modo de vida do Reino que Ele oferece. Para entendermos este versículo em seu contexto, uma pessoa que se apegue aos velhos caminhos do legalismo e da justiça fabricada através da Lei provavelmente não aceitará prontamente o novo vinho oferecido por Jesus. Se acreditarmos estarmos no caminho certo, é muito difícil eliminar nosso orgulho e perceber que podemos realmente estar errados. Assim como as trevas são incapazes de compreender a luz (João 1:5), também os velhos odres são incapazes de compreender a plenitude da graça, da misericórdia e da vida abundante que Jesus oferece. Eles insistem incorreta e tolamente que o que têm é bom. Assim, nunca sequer dão uma chance ao vinho novo de Jesus.

Porém, qualquer um que deixe de desejar o vinho velho e busque se transformar em odre novo poderá experimentar o novo vinho de Jesus instantaneamente, provando e vendo que o SENHOR é bom (Salmo 34:8). Essas pessoas jamais se satisfarão com o vinho velho outra vez! Como a água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana no poço, ninguém que tenha provado o vinho novo de Jesus voltará a ter sede (João 4:13).

O primeiro milagre realizado por Jesus foi literalmente transformar água em vinho (João 2:1-11). Esta foi uma manifestação física desse ensinamento. Quando Ele fez isso, o chefe dos garçons ficou maravilhado em perceber como o vinho novo de Jesus era muito melhor. Ele disse:

Todo homem põe primeiro o bom vinho e, quando os convidados têm bebido bastante, então, lhes apresenta o inferior; mas tu guardaste o bom vinho até agora (João 2:10).

Os ensinamentos de Jesus se manifestaram na vida de alguns fariseus. Sabemos que pelo menos dois fariseus acabaram experimentando o vinho novo que Jesus veio oferecer. Um deles foi Nicodemos, que visitou Jesus à noite (João 3:1-21). Por causa de sua aceitação, Nicodemos foi publicamente repreendido e ridicularizado por seus companheiros (João 7:50-52). O outro foi José de Arimatéia (que pode ter sido saduceu). José asssentava-se no Conselho do Sinédrio e esperava o Reino de Deus (Lucas 23:50-51 — ver também João 19:38).

A oferta do vinho novo de Jesus está sempre disponível e nos é oferecida gratuitamente. Porém, não podemos apreciá-lo se contiuarmos a beber o vinho dos nossos velhos costumes. Não importa o que pensemos de nossos velhos ou atuais caminhos: os caminhos de Jesus são infinitamente melhores.

"Provai e vede que o SENHOR é bom!" (Salmos 34:8).

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