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Significado de Mateus 12:22-29

Mateus narra o terceiro dos quatro confrontos entre Jesus e os fariseus. Sendo incapazes de negar o poder milagroso de Jesus, os fariseus O acusam de ser um agente demoníaco. Jesus nega esta acusação e diz a eles que o Reino de Deus estava vindo.

O relato do Evangelho paralelo quanto a este evento é encontrado em Marcos 3:19-27.

Muitos dos que estavam entre as multidões que seguiam a Jesus O buscavam por cura física e espiritual. Entre eles havia um homem cego e mudo, possuído por demônios. Não fica claro se essas três aflições eram relacionadas entre si ou separadas. Mas quando esse homem foi trazido até Jesus, Ele o curou e ele passou a falar e ver. Com base na conversa seguinte entre Jesus e os fariseus, ocorrida logo depois desse milagre, fica aparente que o(s) demônio(s) que possuíam aquele homem mudo também foram expulsos.

Mateus comenta que as multidões ficaram maravilhadas, mas o fato de ele interromper rapidamente seu relato indica que tais milagres haviam se tornado quase que uma rotina. Esse foi apenas mais um de muitos outros milagres inexplicáveis. Mateus usa esse milagre específico em sua narrativa para focar na discussão que ele gera.

Por causa dos milagres de Jesus, incluindo esse, as multidões estavam cheias de esperança e encorajamento. Elas diziam: “Pode esse homem ser o Filho de Davi?” A frase Filho de Davi era um título messiânico. Essa profecia se originou quando Deus prometeu, através do profeta Natã, que Davi teria um filho no trono de Israel para sempre:

Quando estiverem completos os teus dias, e vieres a dormir com teus pais, suscitarei depois de ti a tua semente, que procederá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino” (2 Samuel 7:12).

Esta profecia foi repetida constantemente no Antigo Testamento (1 Crônicas 22:9-10, Salmos 89:3-4, 89:35-36, Jeremias 23:5-6).

Quando as multidões perguntaram, “Pode esse homem ser o Filho de Davi?” elas estavam considerando a real possibilidade de estar na presença do tão aguardado Messias prometido que iria restaurar sua nação e suas riquezas. Os fariseus se recusaram a considerar esta possibilidade. Este é outro exemplo de como o Pai tinha “escondido essas coisas dos sábios e dos inteligentes” e “as revelado para as crianças” (Mateus 11:25).

Quando os fariseus ouviram o que as multidões estavam especulando, eles ficaram frustrados. Desde que Jesus os havia humilhado na sinagoga, os fariseus estavam planejando como poderiam destrui-Lo (Mateus 12:14). Apesar do seu considerável conhecimento sobre a Lei, eles não conseguiam derrotar Jesus no debate em relação às Escrituras. E eles não conseguiam negar o poder de Seus milagres públicos, que atraíam mais e mais pessoas a Ele a cada dia. Então, eles mudaram sua estratégia.

Já que não podiam negar que o milagre havia acontecido, eles decidiram dizer que Jesus havia feito aquele milagre em nome do diabo. Eles disseram: “Esse homem expulsa demônios pelo próprio Belzebu, o governante de todos os demônios”. O nome Belzebu era uma descrição hebraica para Satanás. Literalmente significava “senhor das moscas”. Os fariseus argumentaram que o único motivo de Jesus ter poder para expulsar demônios não era porque Ele era um homem santo, mas porque Ele estava trabalhando para Satanás.

A intenção de sua acusação era levar as pessoas a concluir que Jesus não poderia ser o Filho de Davi, o Messias prometido por Deus, porque ele era um agente do diabo. Enquanto, teoricamente, seu argumento podia fazer algum sentido após expulsão do(s) demônio(s), eles não tinham como explicar a restauração da fala e da visão do homem. Não havia uma explicação natural para muitos dos outros milagres que Jesus já havia feito. Porém, tal acusação era a melhor linha de ataque que os fariseus tinham naquele momento.

E Jesus, conhecendo seus pensamentos, apontou a inconsistência dessa lógica. Ele começa afirmando um princípio: Qualquer reino dividido contra si mesmo é devastado; e qualquer cidade ou casa dividida contra si mesma não vai ficar de pé. O princípio é que se qualquer coisa estiver lutando contra si mesma, ela vai ser destruída. Um reino dividido é destinado à ruína. Uma cidade ou casa (ou família) dividida entre seus próprios membros é totalmente disfuncional e não vai permanecer de pé. Para que um reino, comunidade, ou casa permaneça de pé, necessita haver unidade.

Jesus, então, aplica este princípio da unidade/divisão para Satanás e seu reino. Se Satanás expulsar Satanás, ele está dividido [não unificado mas] contra si mesmo; como, então, seu reino pode permanecer de pé? A conclusão é que seria inútil e contraproducente para Satanás e seu reino se ele expulsasse os demônios que realizavam suas obras malignas. Se Satanás fizesse isso, como os fariseus disseram que Jesus estava fazendo, então seu reino iria cair. Jesus não estava expulsando demônios pela autoridade do governante dos demônios. Seus milagres eram feitos no poder de Deus.

Depois de refutar a acusação dos fariseus, Jesus então vira seus argumentos contra eles mesmos. Ele sarcasticamente provoca e de forma irônica entretém a acusação que fora refutada: Se eu expulso demônios, como vocês dizem que eu faço, pelo poder de Belzebu, então pelo poder de quem seus filhos os expulsam? A única resposta dos fariseus foi… o silêncio. Da mesma forma que os profetas de Baal foram humilhados e massacrados depois de Elias demonstrar o poder maravilhoso de Deus, assim foram os fariseus diante dos milagres de Jesus no nome do Deus Todo-Poderoso.

Jesus continua: Por essa razão, eles serão seus juízes. Quem são “eles” aos quais Jesus está se referindo? Quem serão os juízes dos fariseus? Provavelmente Jesus se referia a seus filhos (os que expulsam demônios). A expressão “seus filhos” provavelmente se referia aos seguidores dos fariseus. Se este for o caso, talvez Jesus esteja dizendo, “Levando em consideração o fato de que alguns de seus seguidores (aqueles a quem vocês ensinaram) expulsam demônios, vocês os colocam em uma posição de julgamento, já que eles demonstram o que vocês deveriam estar fazendo caso obedecessem a seus próprios ensinamentos”. Como os seguidores dos fariseus poderiam ser justos se seus mestres eram corruptos? Os seguidores poderiam até mesmo fazer o que era correto, já que os fariseus realmente ensinavam a Bíblia. Jesus deixa isso claro no capítulo 23. Ele instrui a multidão a ouvir e fazer o que os fariseus ensinavam, porém sem fazer o que eles faziam. Pode ser que Jesus tivesse a hipocrisia deles em mente quando disse isso. Pode ser também que Jesus estivesse mostrando que alguns dos filhos dos fariseus haviam passado a segui-Lo.

No momento seguinte, Jesus volta novamente para a realidade de estar funcionando no poder de Deus. Mas se eu expulsar demônios pelo Espírito de Deus, então o Reino de Deus chegou. Com esta declaração, Jesus confronta os fariseus com a conclusão à qual eles se recusam a considerar: não foi um homem louco e maligno que chegou a vocês, realmente o Reino de Deus  chegou para vocês, porque o Rei está entre vocês. O Reino dos Céus estava à porta deles, bem na frente deles. E eles estavam perdendo a oportunidade por conta de seu orgulho e de todas as regras presunçosas de seu reino mesquinho.

Jesus, então, demonstra outra razão para refutar a acusação dos fariseus de que Ele estava expulsando demônios pelo poder do governante dos demônios. Ele faz isso com uma analogia e uma pergunta retórica. Como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar suas posses, a não ser que ele antes o amarre? E então ele irá saquear sua casa. Os elementos de Sua analogia são: o homem forte, a casa e as posses do homem forte, e o ladrão. O homem forte era Satanás ou seus demônios. A casa era o domínio, poder ou influência que Satanás tem na terra. As posses do homem forte eram as almas daqueles a quem os demônios possuem, ou aqueles que estão sob a influência e controle de Satanás (quer saibam ou não). O ladrão, neste caso, representa Jesus, que veio para saquear Satanás de suas posses e resgatar as almas dos homens.

Portanto, já que Jesus estava expulsando demônios, isso significava que Ele estava amarrando a Satanás. Jesus estava dizendo que, assim como alguém que busca roubar um homem forte de suas posses, precisa primeiro amarrá-lo antes de saquear sua casa, da mesma forma Jesus precisava primeiramente amarrar a Satanás antes que pudesse redimir as almas possuídas por ele e trazê-las para o Seu Reino.

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