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Significado de Mateus 5:1-2

Após perceber o grande afluxo das multidões, Jesus se retira para as montanhas e Seus discípulos O seguem. Jesus começa a ensiná-los. Seu discurso nos capítulos 5-7 é tradicionalmente conhecido como “Sermão da Montanha”.

Após apresentar a Jesus como o Messias, Mateus agora dá a seus leitores a oportunidade de conhecê-Lo mais de perto através do primeiro de cinco longos discursos dispersos no Evangelho (Mateus 5-7; 10; 13; 18; 24-25). O primeiro discurso é o mais conhecido e está entre as mais amadas passagens das Escrituras Sagradas, sendo comumente conhecido como “Sermão da Montanha”.

A fama dos milagres de Jesus, que curava a todos os tipos de enfermidade se espalhava rapidamente. Em um curto espaço de tempo após Sua chegada a Cafarnaum, uma vila situado ao norte do Lago da Galiléia, Ele já atraía multidões consideráveis. Jesus notou que as multidões vinham para serem curadas. Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-se. Os mestres judaicos (chamados rabinos) sempre se sentavam para ensinar e seus alunos sentavam-se ao redor deles. Mateus escreve que os discípulos  de Jesus vieram até Ele após Ele ter-se sentado.

O contexto indica que Jesus teria pausado os milagres para as multidões de judeus e gentios que vinham até Ele de um raio de quase 400 quilômetros. Todos buscavam ser curados. Jesus aparentemente se retirou para o benefício espiritual de Seus discípulos. No capítulo anterior, Jesus estava ensinando nas sinagogas e curando as pessoas. Agora, Jesus começa a ensinar a Seus discípulos numa montanha. A palavra grega traduzida como montanha também aparece no capítulo 5, verso 14, e é traduzida como colina. Este termo não é suficiente para mostrar o local exato do Sermão da Montanha. A tradição coloca este lugar numa colina próxima à osta do lago, que é o chamado Mar da Galiléia. Independentemente da localização exata, os discípulos O seguiram, mas as multidões, não, conforme lemos no capítulo 8, verso 1: “Quando Jesus desceu do monte, acompanharam-no grandes multidões” (Mateus 8:1).

A figura que Mateus nos apresenta aqui indica que Jesus primeiramente demonstrou Seu poder divino através das curas e, então, sentou-se para explanar a respeito deste grande poder a Seus discípulos. A cura física tem um benefício temporal. Mas, o poder interior de curar almas possui um benefício eterno.

O sermão de Jesus parece não apenas ser direcionado a Seus discípulos. A frase “Seus discípulos” não é necessariamente limitada aos “doze discípulos” aos quais Jesus havia selecionado em Mateus 10:2-4. O contexto parece determinar a quais discípulos Mateus se refere. Jesus possuía um grande número de discípulos. Esta verdade pode ser observada em João 6:66, quando um grande número deles deixam de segui-Lo, permanecendo com Ele apenas os doze. No contexto de Mateus 5:1, Seus discípulos parece indicar uma referência mais ampla a todos os que O seguiam com certa regularidade e/ou demonstravam um maior nível de comprometimento com Ele do que as multidões. Simão Pedro e André, assim como Tiago e João – os dois pares de irmãos a quem Jesus havia chamado para segui-Lo nos versículos anteriores – certamente era parte desse grupo.

O “Sermão da Montanha” é, portanto, uma mensagem interna aos que já eram seguidores do movimento que Jesus estava iniciando e liderando. No Evangelho de Lucas, Jesus reafirma muitas desses mesmos princípios aos doze discípulos após tÇe-los escolhido (Lucas 6:12-49). Já que esta é a plataforma do Seu Reino, é bastante provável que os dozer tenham ouvido a tais ensinamentos em várias ocasiões.

Embora esse grupo de discípulos em Mateus 5 inclua mais do que apenas os doze, é provável que não fosse muito grande. Primeiro, porque Jesus estava ensinando enquanto estava sentado. Segundo, porque o ministério de Jesus havia apenas começado. Após o Sermão da Montanha, Mateus diz: “Tendo terminado Jesus este discurso, as turbas admiravam-se do seu ensino” (Mateus 7:28). A palavra “turbas” aqui (“ochlos”, G3793) também significa “pessoas”. Neste contexto, a palavra “multidões” ou “pessoas” se referem ao ajuntamento de Seus discípulos, e não às “grandes multidões” (ochloi polloi) que vinham ter com Ele de todos os lugares, conforme mencionado por Mateus em 8:1.

O “Sermão da Montanha” serviu como uma iniciação dos discípulos, um momento usado por Jesus para revelar a eles os pilares centrais de Seu Reino. Entre esses pilares estavam princípios como “tartar aos outros como queremos que os outros nos tratem”, “perdoar a outros para sermos perdoados” e “humilhar-nos e segui-Lo para que possamos ganhar o prêmio prometido”. Jesus irá enfatizar neste capítulo que Ele não havia vindo para eliminar os ensinamentos do Antigo Testamento, mas para cumpri-los. A plataforma de Jesus é uma plataforma de reino que pode ser resumida da seguinte maneira: “Sirva Agora, Reine Depois”. Mateus registra o relatório dessa reunião interna como forma de apresentar ao seu público a plataforma do Reino de Jesus.

Considerando que o local tradicional do Sermão da Montanha seja a colina próxima à costa norte, Seus discípulos provavelmente sentaram-se ao redor dele de frente para o Mar da Galiléia. Caso Jesus tenha se sentado de costas para o Mar, o vento batia no rosto dos discípulos, criando assim um anfiteatro natural. Do ponto de vista de Seus discípulos, eles conseguiam ver as diferentes cidades e vilas cincundando o lago. Essas cidades representavam uma gama enorme de diversidade política dentro da sociedade judaica e gentílica. Caso tenha subido ao monte Arbel, ou algum pico ao redor dele, eles estariam a mais ou menos trezentos metros de altitude e teriam uma bela vista das cidades e das culturas ao redor do lago. Como forma de pintar um quadro deste evento, vamos assumir que o sermão tenha ocorrido no local indicado pela tradição.

Como Seus discípulos olhavam para o mar à sua frente, eles tinham à sua esquerda a cidade comercial de Cafarnaum, localizada na costa norte. Mais adiante, à sua esquerda, estava a cidade agrícola de Corazim. A leste de Cafarnaum, ao norte do mar, estava a vila pesqueira de Betsaida. Os fariseus governavam essas cidades. Eles enfatizavam a estrita obediência às leis de Deus. Em suas sinagogas, eles se sentavam na cadeira de Moisés e ensinavam a todos a obedecer a lei. De todos os grupos político-religiosos entre os judeus naquela época, os fariseus foram os que mais aceitaram a Jesus como seu Messias. Eles tinham muito conhecimento, eram comprometidos e possuíam uma fé inabalável de que as Escrituras eram verdadeiras. Porém, seu sistema político era absolutamente corrupto.

Os fariseus eram hipócritas (fingidores). Eles queriam ser vistos como defensores da lei, porém não queriam vivê-la. A fidelidade deles a Deus poderia trazer intensos conflitos com Roma e tais confrontos colocariam em risco sua posição de poder e influência. Externamente, os fariseus se identificavam com as leis de Deus, mas internamente eles dobravam seus joelhos a Roma. Jesus chama sua atenção quanto a isso. No entanto, os judeus em geral tinham alta consideração pelos fariseus. Esta verdade pode ser vista em Mateus 15:12, quando os discípulos vieram a Jesus para garantir que Ele Sua palavras não ofendessem aos fariseus. Isto sinaliza o respeito que o povo tinha pelos fariseus, até mesmo entre os doze.

À direita de Seus discípulos estava a costa oeste da Galiléia e a cidade de Tiberíades. Tiberíades havia se tornado a capital da região da Galiléia uma década antes por Herodes Antipas. Herodes gastava boa parte do seu tempo apreciando seu palácio real ali. Os seguidores de Herodes, os herodianos, eram o grupo político mais intensamente associado a Roma. Não apenas seu poder vinha diretamente de Roma, mas os herodianos eram basicamente judeus por etnia e romanos pela cultura. Eles relevavam os pecados do paganism romano. Onde quer que estivessem os herodianos, havia saduceus à sua volta. Embora o templo de Jerusalém estivesse quase duzentos quilômetros da Galilléia, os saduceus frequentemente cortejavam a seus aliados herodianos. A cidade de Tiberíades, assim, representava um lugar de comprometimento, para não dizer “rendição” total à autoridade de Roma.

À esquerda de Seus discípulos estava a costa leste da Galiléia, uma região conhecida como Decápolis, regularmente referida nos evangelhos como “do outro lado”. Decápolis havia recebido este nome por conta das dez principais cidades fundadas pelos generais de Alexandre, o Grande que haviam sobrevivido no quarto e terceiro séculos A.C. Agora, sob o domínio de Roma, Decápolis era uma província separada na fronteira com Israel. Essas cidades eram guardadas e protegidas pela famosa Décima Legião romana. A cidade greco-romana de Hipos foi construída no topo da colina, com vista para o Mar da Galiléia, um ícone do domínio e controle de Roma sobre aquela região.

No horizonte leste, por volta de oito quilômetros depois do vale, Seus discípulos podiam ver a cidade e o forte de Gamala. Gamala estava situada numa colina íngreme, na fronteira norte da Decápolis romana. O local foi o palco onde os judeus zelotes tinham seu quartel general. Os zelotes lideravam um movimento que buscava destruir o império romano. Eles protagonizaram levantes entre 66 e 73 D.C. e foram vencidos depois de uma sangrenta guerra. Gamala parece ter sido o local da batalha mais intensa. Para voltar a reunir as tropas que batiam em retirada, o general romano e futuro imperador Vespasiano liderou pessoalmente o ataque final, até a vitória. Mais de quatro mil zelotes escolheram pular no abismo ao invés de se submeterem à captura romana. Gamala representava a crescente tensão entre os que buscavam a independência dos judeus pela violência e os romanos que procuravam manter sua ocupação na Judéia. Ao menos um dos doze discípulos de Jesus havia sido um membro do grupo dos zelotes, “Simão Zelote”. Os outros (à exceção de Judas) todos tinham um espírito zelote.

O “Sermão da Montanha” de Jesus foi proclamado na montanha. Mateus, mais uma vez, refere-se a Jesus como um tipo de Moisés. Mateus havia previamente comparado Jesus com Moisés, o autor da lei de Israel, em várias citações ao longo do Evangelho: o escape da matança dos bebês por Herodes em Belém, similar ao escape de Moisés do edito de Faraó para a eliminação dos bebês hebreus (Mateus 2:16-19); o batismo de Jesus no Jordão, similar a Moisés liderando Israel pelo mar (Mateus 3:13); o jejum de quarenta dias, seguindo a direção do Espírito Santo no deserto, similar a Moisés liderando Israel no deserto (Mateus 4:1-4); e a citação direta por Jesus da mensagem final de Moisés ao Israel (Deuteronômio) em Sua defesa contra os ataques do diabo (Mateus 4:4,7,10). Jesus será o “segundo Moisés”, em cumprimento da profecia de Deuteronômio. Ele não apenas irá liderar Seu povo para fora da escravidão e cumprir a lei de Moisés, mas irá também iniciar a Nova Aliança.

Como o Messias, Jesus é o segundo Moisés (e o melhor Moisés). Em Deuteronômio 18 foi profetizado que o Messias seria coomo Moisés:

“Jeová, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, dentre os teus irmãos, semelhante a mim; a este ouvirás; segundo tudo o que pediste de Jeová, teu Deus, em Horebe, no dia da assembleia, dizendo: Não ouvirei mais a voz de Jeová, meu Deus, nem tornarei a ver mais este grande fogo, para que não morra. Disse-me Jeová: Falaram bem tudo quanto disseram. Dentre os seus irmãos lhes suscitarei um profeta semelhante a ti; porei na sua boca as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. Todo aquele que não ouvir as minhas palavras que ele falar em meu nome, eu o requererei dele” (Deuteronômio 18:15-19).

Nesta passage de Deuteronômio, Moisés relata mais uma vez o momento em que os filhos de Israel se sentiram apavorados pela proximidade a Deus. Os trovões, relâmpagos e fumaça saindo da montanha aterrorizaram tanto ao povo que eles pediram a Moisés para subir sozinho e receber de Deus a Lei. Os filhos de Israel afirmaram que iriam morrer caso Deus chegasse perto deles. E o Senhor disse que seus temores eram todos reais. Assim, Deus faz uma promessa a eles, através de Moisés. A promessa era essencialmente a seguinte: “Eu ouvi suas orações me pedindo para não falar desta maneira com vocês de novo, porque as minhas palavras podem mesmo matá-los. Então, vou levantar um profeta como Moisés, que estará no meio de vocês, e Ele falará as minhas palavras a vocês. Sua voz não será amendrontadora, mas isso não significa que vocês não devem dar ouvidos a ela, ou ouvi-la com menos atenção do que à minha voz. Eu pessoalmente vou demandar obediência de vocês ao que este profeta irá dizer”.

O Sermão da Montanha é como a segunda dispopnibilização da lei numa montanha, desta vez pelo segundo Moisés. O Monte Sinai foi apenas um vislumbre do Sermão da Montanha. O pedido dos israelitas foi respondido mil e quinhentos anos mais tarde, quando Deus traz Jesus à cena. Ele era profeta como Moisés, Ele era como Seus conterrâneos (Mateus 1:1-17) e falava as palavras de Deus (João 12:49). Jesus e o Sermão da Montanha são um cumprimento da profecia de Moisés em Deuteronômio 18:15-19.

A Antiga Aliança foi apresentada no Monte Sinai por Moisés, o profeta de Deus. A Nova Aliança fooi apresentada numa montanha com vista para o Mar da Galiléia por Jesus, o Messias de Deus. Ambas as alianças foram apresentadas ao povo da aliança (a nação de Israel e os discípulos de Jesus). Em cada caso, a aliança foi dada para o benefício do povo de aliança. O objetivo de Jesus em encorajar Seus discípulos a viver de acordo com Sua palavras era o de que eles fossem “abençoados” e plenos. Da mesma forma, Moisés exortou o povo de aliança a “escolher a vida” andando em obediência em Deuteronômio. Uma sociedade na qual todos tratam os outros como querem ser tratados é um lugar maravilhoso de se viver. A alternativa é todos brigando contra todos, até que um vença e oprima o restante.

Como o Messias de Deus, Jesus foi maior que o profeta Moisés. Ele também era Deus. Deus não mais entregaria Sua mensagem numa montanha, através de palavras escritas em pedras ou através de um profeta humano. Deus agora havia vindo na forma humana e entregou pessoalmente Sua mensagem a Seu povo. Jesus, a Palavra de Deus, abriu a Sua boca e começou a ensinar (falar) as palavras de Deus. Moisés conseguir apenas entregar a lei da forma como Deus o havia instruído, em pedras. Jesus revela a verdade e o espírito da lei, escrevendo-a nos corações do Seu povo (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19,20; 36:26-28).

Embora a primeira mensagem tenha sido liberada em meio à fumaça e fogo, e a outra em um lago sereno, os sermões ministrados em ambas as montanhas, separados por 1.500 anos, possuem a mesma essência: ame a Deus, adore-O, ame as pessoas e sirva-as, e você e os que o cercam serão abençoados.

Com os discípulos à Sua volta, Jesus abriu a Sua boa e começou a ensiná-los a respeito do Reino. A Plataforma do Reino de Jesus ecoava, satisfazia e ultrapassava a do Seu antecessor profético, Moisés. Sua plataforma era uma reformatação da lei mosaica. Ao invés de ser escrita em tábuas de pedras, Jesus revelou a verdade e o espírito por trás da lei. Ele colocou a lei dentro dos corações de Seu povo (Deuteronômio 30:6; Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19,20; 36:26-28).

Moisés disse aos filhos de Israel que deveriam ter um estilo de vida diferente dos povos das outras nações. A lei mosaica era um convite à obediência sem que ninguém a impusesse sobre ninguém. Era um convite ao auto-governo. Moisés instruiu ao povo acerca de como encontrar e apreciar as bênçãos de Deus na Terra Prometida à qual estavam prestes a entrar através de uma vida comunitária harmoniosa. Jesus ensinou a Seus discípulos uma forma de viver diferente das nações em Seu tempo, que buscavam controlar as pessoas pelo poder. Ele instruiu a Seus discípulos a como viver os princípios do Reino dos Céus aqui na terra e a apreciar suas bênçãos ao máximo.

Porém, embora ambas as alianças tivessem sido anunciadas por diferentes homens, em momento diferentes e em ambientes diferentes, a oferta e as exigências eram as mesmas.

A oferta era: escolha a vida ou a morte (Deuteronômio 30:15-20; Mateus 7:24-27).

A exigência em relação a escolher a vida era: ame e adore somente a Deus (Deuteronômio 5:1-15; Mateus 6:33) e sirva a seu próximo em amor (Deuteronômio 5:16-21; Mateus 5:39-44; 6:12; 7:12).

O que se segue é o discurso completo do evangelho sobre o Reino pregado por Jesus. Nos próximos três capítulos, Mateus pausa sua narração e simplesmente permite que seus leitores ouçam as palavras faladas por Jesus ao abrir a Sua boca e começar a ensinar.

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