Significado de Provérbios 31:27-31

Esses últimos cinco versículos servem como uma espécie de resumo de Provérbios 31. A mãe de Lemuel tem descrevido a esposa excelente. Este é o seu ápice, a conclusão que tenta transmitir seu ponto enfaticamente: este é o tipo de esposa que seu filho deveria buscar, e ele deveria ser o tipo de marido que se iguala a ela em nobreza de caráter.

Ao longo desse discurso, a mãe de Lemuel elogiou a atenção da excelente esposa para com seu lar (versículos 15 e 21). Detalhes foram fornecidos anteriormente, mas aqui, ela descreve a atenção da esposa em termos gerais: Atende ao bom andamento da sua casa (v.27). Isso é destinado a ter uma abrangência geral. A esposa realiza todas as coisas necessárias para cuidar de sua família, assim como do lar expandido (suas servas). Os detalhes dados são exemplos, mas ela está atenta para fazer o que quer que precise ser feito.

Ao longo do Livro de Provérbios, Salomão escreve sobre dois caminhos, duas maneiras. Um é o caminho da sabedoria, o outro é o caminho da tolice. A sabedoria é mencionada no versículo 26 (consulte as notas em Provérbios 31:23-26). A excelente esposa busca manter seu lar no caminho da sabedoria. Ela é como uma sentinela, vigilante sobre a família enquanto ela percorre a jornada da vida.

Sempre diligente, e não come o pão da preguiça (v.27). Isso é um modo de dizer que ela evita a ociosidade. Ela não é preguiçosa. Talvez o termo pão seja usado nessa metáfora porque ele simboliza conforto, segurança e apatia. Sentar-se e afundar os dentes em pão pode fazer você relaxar e sentir como se seu trabalho estivesse concluído. A excelente esposa não permite a si mesma consumir o pão da preguiça. Ela permanece diligente.

Isso nos indica que muitos problemas surgem da falta de diligência. Podemos perder nosso propósito. Nossas mentes podem começar a girar fora de controle. Podemos cair em paixões que levam a vícios (Romanos 1:24, 26, 28). Essa mulher compreende que a saúde e a felicidade requerem diligência. E ela se aplica diligentemente a isso.

Todos os traços de caráter dela são reconhecidos pelos membros de sua casa. Seus filhos levantam-se e chamam-na bem-aventurada (v.28). Levantar-se sugere que eles interrompem o que estão fazendo, ficam de pé e a celebram. Isso não é uma daquelas situações em que uma criança diz o que é esperado dela por obrigação, mal levantando os olhos do que realmente chama sua atenção. Nesse cenário, eles mudam de postura. Levantar-se é uma maneira de mostrarmos honra (como acontece durante a execução do Hino Nacional).

A palavra para "abençoar" é "asar". Significa "seguir em frente", "progredir" ou "avançar". Portanto, abençoar alguém é seguir adiante no caminho que sugerem. Quando damos a alguém palavras de afirmação, estamos, de certa forma, seguindo-os verbalmente, encorajando-os a continuar em frente. Estamos reconhecendo a correção de seu caminho. Os filhos a abençoam ao seguir o caminho (v.27) que ela está observando para eles. Isso não é apenas um reconhecimento verbal, mas uma resposta cheia de ação. O comportamento deles a abençoa.

Também seu marido a louva (v.28). A palavra para louva é "halal". Literalmente, significa "brilhar". O marido destaca sua esposa. Ele a celebra, lançando luz sobre ela. Ela o apoia e o eleva. Ela vive de maneira útil e servil, virtuosa e justa, e ele responde cantando seus louvores. Talvez seja isso que Pedro tinha em mente quando escreveu que os homens têm propensão a mudar de serem desobedientes à palavra de Deus para começar a seguir Sua palavra quando têm uma esposa piedosa servindo como exemplo (1 Pedro 3:1).

O marido, em louvor à sua esposa, diz: Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas (v.29). Pode parecer estranho ao leitor moderno ver o marido usar o termo filhas em referência à sua esposa. No entanto, todas as esposas já foram filhas. Em uma sociedade centrada na família e multi-geracional, essa realidade nunca é esquecida. Isso pinta uma imagem de linhagem nobre - ela representa bem sua família de origem, os honrando. Não é apenas o atual lar que é honrado por sua virtude, mas também o anterior.

A palavra hebraica para virtuosamente é "hayil". É a mesma palavra usada no versículo 3 e no versículo 10 para descrever a esposa (consulte as notas em Provérbios 31:10-12). Pode ser traduzida como "excelente", "virtuosa", "de caráter nobre" e "capaz". Mais literalmente, significa "uma força". Ao longo da Bíblia, é frequentemente traduzida como "exército".

Existem muitas esposas que exibem honra. Muitas filhas que são dadas em casamento administram bem e agem com força de caráter. O marido declara: você as supera a todas. À primeira vista, isso parece uma declaração comparativa. Você é melhor do que elas. Nossa natureza competitiva naturalmente se inclina para essa ideia, e é possível que isso seja o que o marido quer dizer. Mas a palavra para "superar" é "ala"; significa "subir" ou "ascender". É um verbo que sugere que essa esposa em particular está subindo ao lado das outras filhas nobres. Ela não é a esposa de caráter nobre; ela é uma esposa de caráter nobre. Ela ascende ao espaço compartilhado deste grupo de mulheres de alta qualidade.

No penúltimo versículo, a mãe de Lemuel oferece talvez a declaração essencial sobre o que significa ser uma esposa virtuosa (ou uma pessoa virtuosa em geral). Ela apresenta dois exemplos do que frequentemente confundimos com virtude: A graça é enganadora, e a formosura é vã (v.30).

A mãe de Lemuel descreve a graça como enganadora. A palavra para graça é a palavra hebraica "hen". Significa "graça" ou "favor". Dado o contexto, a inferência é que a mãe de Lemuel está falando do favor das outras pessoas.

Favor é algo condicional. Assim como aprovação, frequentemente exige ações que agradem quem a concede. A palavra hebraica "hen", traduzida como favor ou charme, está associada às coisas que fazemos para obter a aprovação dos outros. É uma qualidade circunstancial que pode ser um tanto fugaz e condicional. Confiar em charme ou favor para nossa identidade pode ser enganador, pois oferece gratificação instantânea e pode não refletir consistentemente quem realmente somos. É como construir uma base sobre areia movediça, já que a aprovação pode ser concedida por várias razões, tanto merecidas quanto não merecidas.

Da mesma forma, a formosura é vã. O contexto aqui sugere beleza externa, vista dos olhos de outras pessoas. A palavra traduzida como vã aqui é a palavra hebraica "hebel". É a palavra frequentemente traduzida como "sem sentido" ou "vaidade" ao longo do Livro de Eclesiastes (consulte as notas em Eclesiastes 1:2). Essencialmente, "hebel" significa "misterioso". A tradução mais literal é "vaporoso", como um traço de fumaça; assim que você tenta envolvê-lo com a mão, ele escapa pelos dedos. É fugidio.

Como um traço de vapor, a beleza não é confiável. É subjetiva. Ela muda com o tempo. Requer interpretação. Assim que você pensa que entende o que significa, o vapor escapa pelos dedos e você fica com o punho cerrado. Assim como o vapor se dispersa com o tempo, assim também acontece com a beleza.

O charme e a beleza aos olhos das outras pessoas não podem ser confiados, são muito subjetivos, facilmente manipulados e pervertidos para fins não santos.

Mas a mulher que teme a Jeová, esta será louvada (v.30). Em outro lugar em Provérbios, diz-se "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria". O temor do Senhor é um reconhecimento da santidade enigmática de Deus. É um reconhecimento de que Ele sozinho é Deus e nossa confiança pertence a Ele. Deus é confiável, Ele não varia e buscar a aprovação de Deus é buscar a sabedoria. Ouvir a Deus é buscar o maior dos tesouros. Acreditar que Deus realmente nos recompensará por viver retamente é uma necessidade para agradá-Lo (Hebreus 11:6).

A fé, então, traz a consistência ausente no charme e na beleza. Por uma razão muito específica: a fé depende de quem Deus é. Buscar aprovação dos homens depende de um caleidoscópio de personalidades. Quando tememos o Senhor, iniciamos a sabedoria. Ao longo desse caminho está a maneira de uma boa administração e bom caráter. Uma mulher, uma esposa, que escolhe esse caminho será louvada (v.30). Como acabamos de ver, ela será elogiada por sua família. Mas também será elogiada por Deus (1 Pedro 3:4, 5:6).

A palavra para louvar aqui é "halal", a mesma do versículo 28. Literalmente, significa "brilhar". Significa destacar, lançar um holofote sobre. Essa mulher é aquela que vale a pena notar, vale a pena olhar e vale a pena ter como parceira. Seu caráter deve ser um exemplo a ser seguido.

Depois de uma longa lista de elogios à excelente esposa, a mãe de Lemuel termina dando instruções a seu filho sobre como ser parceiro de uma mulher de tão alto caráter. Primeiro, dai-lhe do fruto das suas mãos (v.31). A palavra para fruto aqui é "peri". Já que tudo o que ela produziu foi destinado a ser compartilhado por toda a casa (e, de fato, pela comunidade), isso provavelmente significa dar-lhe crédito pelo que está produzindo. Reconhecer o trabalho de suas mãos. É também um apelo para permitir que ela administre e desfrute do que trabalhou tão arduamente para fazer (1 Coríntios 9:9-10).

Da mesma forma, o jovem deve permitir que nas portas, louvem-na as suas obras (v.31). O marido não deve ficar com ciúmes porque ela é bem-vista pelos outros, ou tentar esconder sua excelência do mundo. Ele deve permitir que ela brilhe, deixar que outros vejam seu caráter excelente e sejam influenciados. Ele deve ser solidário, convidando-a a ser uma "co-herdeira da graça da vida" (1 Pedro 3:7).

Certamente, a excelente esposa é nada menos que a Sabedoria Personificada. A primeira vez que a Sabedoria foi personificada no Livro de Provérbios foi no final do Capítulo 1 (consulte as notas em Provérbios 1:20-23).

“A Sabedoria grita nas ruas, nas praças levanta a sua voz; clama no lugar mais concorrido, à entrada das portas, e na cidade profere as suas palavras”

(Provérbios 1:20-21)

Essas são também as mesmas portas onde o marido é reconhecido no versículo 23 deste capítulo. As obras da excelente esposa brilham na arena pública. Elas destacam a sabedoria para vizinhos, estranhos, família e amigos. Ela é testemunha do caminho da sabedoria. E o marido deve ser o primeiro a reconhecer e celebrar essa realidade. É preciso um marido excelente para ser digno da excelente esposa.