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Significado de Lucas 4:31-32

Jesus vai para a cidade de Cafarnaum, na Galiléia. Ele entra em uma sinagoga no sábado, onde ensina. Os presentes ficam maravilhados com Sua autoridade.

O relato paralelo do Evangelho para esta passagem está em Marcos 1:21,22.

Depois de narrar como Jesus havia sido rejeitado pelo povo de Sua cidade natal, Nazaré (Lucas 4:16-30), Lucas registra:

Desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia (v. 31).

Cafarnaum era uma importante cidade judaica no distrito da Galiléia. A cidade estava situada ao longo da costa norte do Mar (lago) de 8×16 quilômetros na Galiléia. Era uma cidade judaica que havia prosperado a partir da pesca e outras indústrias.

O nome Cafarnaum significa "aldeia de Naum" ou "aldeia do conforto". Cafarnaum estava em uma localização estratégica porque duas grandes rotas comerciais corriam perto da cidade. Era menor que outras cidades da costa da Galiléia. Tiberíades era a capital política da área, localizada na costa ocidental, sendo considerada uma cidade romana. Hipo ficava no lado oriental da Galiléia e era uma das cidades de Decápolis, estabelecida pelos gregos.

Cafarnaum era uma das várias aldeias judaicas no lado norte da Galiléia. Era uma cidade movimentada, em grande parte povoada por fariseus religiosos, pescadores e comerciantes. Cafarnaum foi a sede funcional do ministério terreno de Jesus (Mateus 4:13). Ele parece ter escolhido uma cidade judaica localizada em um local estratégico, ao mesmo tempo em que estava afastada da capital política, Jerusalém, para anunciar Sua mensagem.

A razão pela qual Lucas registra que Jesus desceu a Cafarnaum, embora Cafarnaum estivesse ligeiramente ao norte de Nazaré, de onde Jesus havia vindo, era porque Cafarnaum estava situada em uma altitude mais baixa. Para viajar das colinas de Nazaré até Cafarnaum, às margens da Galiléia, era preciso literalmente descer para lá.

Lucas nos informa sobre o que Jesus fez ao descer a Cafarnaum:

Ele os ensinava no sábado (v. 31b).

O sábado era o sétimo dia da semana no calendário judaico. O décimo mandamento declarava como o sábado deveria ser um dia santo, dedicado a Deus para descanso do trabalho (Êxodo 20:8-11; Deuteronômio 5:12-15). O Senhor criou a terra em seis dias, mas no sétimo dia Ele descansou de Suas obras (Êxodo 20:11). Além de descansar de seu trabalho, uma das maneiras pelas quais os judeus guardavam o sábado era frequentando a sinagoga. Sabemos, pelo contexto de Lucas 4:14-15, que Jesus estava ensinando na sinagoga de Cafarnaum no sábado. O Evangelho de Marcos afirma claramente que Jesus "entrou na sinagoga e começou a ensinar" em seu relato.

As sinagogas eram centros comunitários onde os judeus se reuniam para adorar a Deus e ouvir os ensinamentos dos rabinos que interpretavam a palavra de Deus. As sinagogas eram dominadas pelo partido religioso dos fariseus. Os fariseus viam-se e eram amplamente vistos pelo povo como campeões da justiça e protetores da lei judaica. Porém, na realidade, a justiça dos fariseus era falsa. Em vez de servir às pessoas, eles fabricavam uma teia cada vez maior de leis destinadas a explorar os outros e fazerem-se a si mesmos parecerem bons (Mateus 23).

Neste ponto, Jesus era um novo rabino. Os rabinos eram mestres da lei e tinham seguidores. Aparentemente, Jesus fora convidado a ensinar naquele sábado. Para que pudesse ensinar em uma sinagoga, Jesus preciosu ser convidado a fazê-lo pelo chefe da sinagoga. Lemos em Lucas 2:41-52 que, mesmo quando menino, Jesus possuía um conhecimento e uma visão incríveis das Escrituras. Como homem de trinta anos, Jesus teria crescido ainda mais em sabedoria e conhecimento. As ruínas de antigas sinagogas são observáveis na antiga Cafarnaum, bem como as ruínas próximas de aldeias identificadas como Corazim e Magdala.

Jesus ensinou e o povo ficou maravilhado com Seu ensinamento (v. 32). Esta reação foi diferente da recepção raivosa que Ele acabara de receber na sinagoga de Sua cidade natal (Lucas 3:28-29). Talvez a resposta positiva a Seus ensinamentos (v. 32) tenha sido uma das razões pelas quais Jesus tenha decidido sediar Seu ministério em Cafarnaum. A expressão “Seu ensinamento” incluía os princípios e exortações que Ele ensinava.

Lucas continua explicando por que as pessoas dessa sinagoga ficaram tão maravilhadas com Seu ensinamento:

E admiravam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade (v. 32).

Lucas resume a impressão dos que estavam presentes ao ensino de Jesus: eles ficaram maravilhados. No entanto, a principal razão pela qual eles ficaram maravilhados com Seus ensinamentos era porque Ele pregava com autoridade.

A passagem paralela de Marcos acrescenta: "e não como os escribas [ensinavam]" (Marcos 1:22).

Os escribas eram os especialistas na Lei escrita de Moisés e na Mishná, a tradição oral. A Lei de Moisés eram os cinco primeiros livros do Antigo Testamento (Gênesis-Deuteronômio). A Mishná era a tradição oral tradicionalmente repassada de Moisés a Josué e às gerações subsequentes de mestres. A Mishná era, em grande parte, uma interpretação da lei. A influência dos saduceus se expandiu com a ascensão dos fariseus durante o exílio babilônico.

A Mishná era a tradição oral durante o tempo de Jesus (redigida e escrita por volta de 200 d.C.). Porém, durante os dias de Jesus, a Mishná era apenas ouvida, não mais lida. É por isso que Jesus costumava dizer frases como: "Ouvistes o que foi dito..." (Mateus 5:27, 38, 43). Na época de Jesus, para reforçar sua autoridade/legitimidade, os rabinos muitas vezes baseavam seus ensinamentos no que rabinos influentes do passado haviam dito, transmitido na Mishná. Os rabinos faziam isso porque (em sua opinião) aquela prática dava aos seus ensinamentos mais autoridade e peso.

Jesus, no entanto, não parecia fundamentar Seus ensinamentos na autoridade de rabinos respeitados ou na Mishná. Notavelmente, Jesus fundamentava Sua autoridade em Si mesmo, nas palavras de Seu Pai e no poder do Espírito Santo. Foi essa maneira de ensinar, bem como os próprios ensinamentos que surpreendeu às pessoas. Mateus registra vários versículls sobre a maneira como Jesus fundamentava Sua autoridade em  Si mesmo e não em outros rabinos, como faziam os escribas. A maneira como Jesus fundamentava Seus ensinamentos em Sua própria autoridade pessoal era declarada através da expressão: "Eu, porém, vos digo..." (Mateus 5:18, 20, 22, 26, 28, 32, 34, 39, 44).

Mateus aponta para algo semelhante (em Mateus 7:28-29), mas frequentemente cita Jesus usando a frase: "Eu, porém, vos digo" antes de citar o ensinamento em si, porque seu público judeu entenderia instantaneamente o significado daquilo e ficaria maravilhado com a autoridade com a qual ele ensinava.

Lucas não registra essa expressão ("Eu, porém, vos digo)", possivelmente por estar ciente de que a expressão não significaria tanto para seu público gentio e grego quanto significava para o público judeu de Mateus. O significado dessa referência não faria sentido para os gentios.

A descrição de Lucas de que o povo havia ficado maravilhado com Seu ensinamento porque Sua mensagem era pregada com autoridade se harmoniza ao momento quando o autor descreve Jesus retornando à Galiléia "no poder do Espírito" (Lucas 4:14). Esta era a fonte da autoridade de Sua mensagem.

Depois de indicar que as pessoas da sinagoga haviam ficado maravilhadas com Seu ensinamento, Lucas descreve um milagre incrível realizado por Jesus naquele sábado na sinagoga. Este milagre seria o primeiro de muitos registrados por Lucas em seu relato evangélico. Esse milagre será discutido na próxima seção.

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