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Significado de Lucas 23:3-7

A Primeira Entrevista de Pilatos com Jesus e sua Primeira Declaração de Inocência. Pilatos indaga Jesus sobre a acusação de insurreição, perguntando-lhe se Ele era o Rei dos judeus. Jesus responde: "Tu o dizes". Pilatos não encontra nada na resposta de Jesus para convencê-lo e declara Sua inocência. Os principais sacerdotes são inflexíveis e dizem que Jesus deveria morrer. Enquanto protestavam, Pilatos ouve que Jesus era da Galiléia e decide enviá-Lo a Herodes, o governante daquele distrito, deixando-o lidar com o julgamento. Este evento faz parte da primeira fase do Processo Civil de Jesus. É conhecida como a Acusação de Jesus diante de Pilatos.

Os relatos evangélicos paralelos desse evento são encontrados em Mateus 27:11-14; Marcos 15:2-5; e João 18:33-38.

Estes eventos são a continuação da primeira fase do julgamento civil de Jesus. A primeira fase do julgamento civil de Jesus é chamada de "Acusação de Jesus diante de Pilatos". Esta escritura detalha a entrevista de Pilatos com Jesus, conforme registrada por Lucas. Os acontecimentos deste relato ocorreram principalmente dentro do Pretório (provavelmente o Palácio de Herodes, construído no lado ocidental da cidade alta ao longo da muralha). Este evento aconteceu durante a madrugada (provavelmente antes das 7h00 da manhã). De acordo com o calendário judaico, a data provavelmente era o dia 15 de Nisã - o primeiro dia da Festa dos Pães Ázimos. Pelos cálculos romanos, o dia provavelmente era uma sexta-feira.

Para saber mais sobre o tempo e a sequência desses eventos, veja o artigo de A Bíblia Diz "Cronologia: As Últimas 24 Horas da Vida de Jesus".

O julgamento civil ocorreu ao longo de três fases.

  1. A Acusação de Jesus diante de Pilatos (Mateus 27:1-2, 11-14; Marcos 15:1-5; Lucas 23:1-7; João 18:28-38)
  1. A Audiência de Jesus diante de Herodes Antipas (Lucas 23:8-12)
  1. O Julgamento de Pilatos (Mateus 27:15-26; Marcos 15:6-15; Lucas 23:13-25; João 18:38 - 19:16)

Os judeus acusam Jesus diante de Pilatos

O Julgamento Civil de Jesus começou quando os judeus trouxeram Jesus do julgamento realizado sob a supervisão de Caifás, onde Ele havia sido condenado à morte sob a acusação religiosa de blasfêmia, até a presença de Pilatos no Pretório (Mateus 27:1, 2; Marcos 1:15; Lucas 22:66 - 23:1; João 18:28).

Pilatos abre o julgamento pedindo que os líderes judeus declarassem suas acusações e trouxessem provas contra Jesus (João 18:29). Os judeus deram uma resposta inaceitável (João 18:30), possivelmente porque sua testemunha principal (Judas) havia se enforcado recentemente (Mateus 27:3-5). Naquele momento, Pilatos parecia querer descartar o caso, dizendo-lhes para "julgá-lo de acordo com suas próprias leis" (João 18:31a). Os principais sacerdotes explicaram que eram incapazes de julgá-Lo porque Roma não lhes permitia matar ninguém (João 18:32b). Pilatos parece permitir que eles reapresentassem o caso. Neste ponto, os líderes religiosos acusaram Jesus de três coisas:

  1. "Encontramos este homem perventendo nossa nação..." (Lucas 23:2a)
  2. "e proibindo de pagar impostos a César..." (Lucas 23:2b)
  3. "e dizendo que Ele mesmo é Cristo, Rei" (Lucas 23:2c).

A primeira acusação era a de que Jesus seria um incômodo público porque Seus ensinamentos perturbavam o status quo e ameaçavam a frágil estabilidade e ordem que Roma desejava. Dependendo da gravidade desse crime, a pena prevista no direito romano poderia ser a morte. A segunda acusação afirmava que Jesus estava instruindo o povo a se rebelar contra a autoridade romana, não pagando seus impostos (essa acusação era uma mentira total — Ver Mateus 22:15-22). A acusação era de sedição e provavelmente carregava a pena de morte sob o direito romano. A terceira acusação era que Jesus estava desafiando a autoridade política de César como governante soberano da Judéia. Era uma acusação de insurreição e era gravíssimo. Sob o direito romano, a pena para a insurreição era a morte.

Pilatos Entrevista Jesus

Tais acusações, especialmente a terceira, exigiram que o governador romano as levasse a sério. Porém, sem uma testemunha (como Judas) para testemunhar, Pilatos teria que entrevistar Jesus pessoalmente. Todos os quatro Evangelhos registram que foi exatamente isso o que ele fez a seguir (Mateus 27:11; Marcos 14:2; Lucas 23:3; João 18:33-38).

O resumo da entrevista no livro de Lucas consiste em um único versículo:

Pilatos perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes (v. 3).

Dos quatro relatos evangélicos relacionados à primeira entrevista de Pilatos a Jesus, o de João é o mais extenso.

A primeira coisa que Pilatos fez foi entrar no Pretório e convocar Jesus para  que pudesse entrevistá-lo longe de Seus acusadores que esperaram do lado de fora (João 18:28b; 33). Uma vez lá, a conversa parece ter-se concentrado na mais grave das três acusações: a acusação de insurreição.

Lucas, como Mateus e Marcos, parece resumir a entrevista destacando a pergunta principal de Pilatos e a resposta principal de Jesus (Mateus 27:11; Marcos 15:2). Mateus afirma explicitamente que a conversa ocorreu quando "Jesus estava diante do governador" (Mateus 27:11).

Pilatos perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? (v 3a).

Como juiz do caso, Pilatos estava interessado em saber se Jesus era ou não culpado de alegar ser rei e, portanto, tentando usurpar a autoridade política de César na Judéia.

Jesus respondeu à pergunta de Pilatos e diz: "Tu o dizes" (v. 3b).

Pelo relato muito mais completo encontrado no livro de João, vemos que Pilatos basicamente faz a Jesus uma versão da pergunta “És o Rei dos Judeus?” pelo menos duas vezes.

A primeira vez ocorre no início do relato de João sobre a entrevista.

És tu o Rei dos Judeus? (João 18:33).

Jesus respondeu à pergunta com outra pergunta: "Respondeu Jesus: Dizes tu isso por ti mesmo ou foram outros os que to disseram de mim?" (João 18:34). Esta pode ser uma versão da resposta de Jesus registrada nos Evangelhos sinóticos: “Tu o dizes”.

Pilatos pergunta isso como governador romano que presidia um julgamento: " Replicou Pilatos: Porventura, sou eu judeu? A tua própria nação e os principais sacerdotes entregaram-te nas minhas mãos. Que fizeste?" (João 18:35).

Jesus, então, responde que não era uma ameaça a Roma ou culpado de insurreição: “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36a). A prova que Jesus oferece para apoiar Sua afirmação de que Seu Reino não era deste mundo foi que nem Ele, nem Seus seguidores, estavam resistindo às autoridades judaicas ou aos romanos (João 18:36b).

Pilatos, então, faz a pergunta uma segunda vez:

Logo, tu és rei? (João 18:37a).

Jesus parece responder afirmativamente, mas o faz de forma ambígua: "Tu dizes que sou rei" (João 18:37b). Observe que algumas versões inserem a palavra "corretamente" na resposta de Jesus. Isto é acrescentado ao texto grego nesta resposta. A tradução é, portanto, interpretativa quanto à resposta de Jesus. A interpretação é razoável porque Jesus provavelmente pretendia sinalizar uma resposta afirmativa a Pilatos; porém, a tradução interpretativa mascara a brilhante astúcia de Jesus, sinalizando a Pilatos que Ele era rei, mas sem dizer nada que constituísse autoincriminação e o tornasse culpado das acusações contra Ele.

Novamente, a resposta de Jesus a Pilatos, conforme registrado por João - "Tu dizes que sou rei" (João 18:37b) - é muito semelhante às respostas registradas em Lucas, Mateus e Marcos: “Tu o dizes” (Mateus 27:11; Marcos 15:2).

No Evangelho de João, Jesus elabora Sua resposta: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade" (João 18:37b). Pilatos retruca: "O que é a verdade?", antes de terminar a entrevista e sair do Pretório para anunciar seu veredito quanto à inocência de Jesus aos principais sacerdotes e às multidões que esperavam do lado de fora (João 18:38).

Pilatos anuncia seu veredito inicial

Disse Pilatos aos principais sacerdotes e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem (v. 4).

Este não era o veredito ou o resultado que os principais sacerdotes e as multidões de acusadores queriam ouvir.

Um veredito de inocência era inaceitável aos principais sacerdotes que haviam trazido Jesus diante de Pilatos. Eles odiavam Jesus. Eles não estavam buscando justiça, eles estavam buscando a morte de Jesus. O povo acreditava que Ele era o Messias, mas os sacerdotes não podiam controlá-Lo. Ele os havia ultrajado ao limpou o templo dos cambistas (Lucas 19:45-46). Ele os humilhou ao responder suas perguntas enquanto ensinava publicamente no templo (Lucas 20:1-47).

Mesmo antes desses eventos, os principais sacerdotes haviam conspirado para assassiná-Lo porque temiam que, se deixassem Jesus continuar, Ele voltaria a nação contra eles e Roma tiraria seu poder (João 11:47-57). Agora, eles sabiam que Jesus estava ciente de sua conspiração contra eles (Mateus 26:23-25). Além disso, eles O haviam prendido (Lucas 22:51-53), condenado ilegalmente (Lucas 22:66-71) e O maltratado muito (Lucas 22:63-65). Se Pilatos libertasse Jesus agora, eles provavelmente estariam arruinados quando seus crimes e abusos contra aquele homem considerado por muitos como o Messias viessem à luz. Eles estavam desesperados para que Jesus morresse.

A multidão, juntamente com os principais sacerdotes, irrompeu em protesto furioso contra o veredito de inocência pronunciado por Pilatos. Uma avalanche de duras acusações irrompeu em relação a Jesus, enquanto eles exigiam furiosamente que Pilatos reconsiderasse.

Mateus observa como Jesus permaneceu em silêncio enquanto gritavam suas acusações contra Ele (Mateus 27:12). O silêncio de Jesus cumpriu uma profecia messiânica dentro do quarto canto de Isaías (Isaías 52:13 - 53:12):

Ele foi oprimido, contudo, humilhou-se a si mesmo e não abriu a boca. Como o cordeiro que é levado ao matadouro e como a ovelha que é muda diante dos que a tosquiam, assim não abriu ele a boca (Isaías 53:7).

A profecia predizia como o Messias ficaria em silêncio diante de Seus opressores como um cordeiro diante dos sacerdotes que o matariam e sacrificariam.

Pilatos nota o silêncio de Jesus enquanto os príncipes dos sacerdotes O acusavam duramente (Marcos 15:3, 4):

Os principais sacerdotes fizeram-lhe muitas acusações. Pilatos tornou a perguntar-lhe: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem (Marcos 15:3, 4).

Jesus, porém, "Jesus não respondeu sequer uma palavra, de modo que Pilatos muito se maravilhou" (Mateus 27:14; ver também Marcos 15:5).

Pilatos ficou espantado com a notável compostura e silêncio de Jesus durante as calúnias feitas contra Ele, quando Sua vida estava em jogo. Jesus estava colocando em prática o Seu ensinamento: "Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te dá na face direita, volta-lhe também a outra" (Mateus 5:39).

Talvez Pilatos estivesse tentando fazer com que Jesus dissesse algo que fizesse com que ele mudasse de idéia e O visse como culpado, para que o governador pudesse apaziguar as multidões furiosas de sacerdotes e anciãos, ou para dizer algo que envergonhasse Seus acusadores e, assim, desse a ele a oportunidade de confirmar seu veredito de inocência e consolidar o fracasso dos líderes religiosos em ganhar o caso.

Como governador romano da Judéia, o veredito final de um julgamento era dado por Pilatos. As tensões estavam muito altas. Estava claro que os principais judeus, os principais sacerdotes, odiavam Jesus e queriam desesperadamente que Ele fosse executado. E era evidente que eles não estavam determinados a aceitar resultado algum, sençao a morte. Eles estavam dispostos a provocar uma agitação civil para garanti-la.

Os principais sacerdotes "instavam ainda mais" para que Jesus fosse morto (Lucas 23:5a).

O Dilema de Pilatos e sua Solução

Na medida em que o julgamento de Jesus progredia, a responsabilidade de Pilatos em defender as leis de Roma e manter a boa ordem estava em cheque. Ele acreditava que Jesus era inocente (Lucas 23:4; João 18:38). Porém, ele precisava da ajuda dos principais sacerdotes para manter o controle sobre as massas de pessoas que lotavam a cidade de Jerusalém para a Páscoa.

Se a província se voltasse contra Pilatos, ele perderia sua honra, seu emprego e, possivelmente, sua vida. O medo e a indecisão pareciam fervilhar no coração de Pilatos enquanto tentava equilibrar a lei que favorecia a inocência de Jesus contra a manutenção da boa ordem. Os sacerdotes judeus estavam obcecados por um único objetivo: matar Jesus.

Mas eles instavam ainda mais, dizendo: Ele agita o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui (Lucas 23:5).

Algo na observação de Jesus ter saído da Galiléia aparentemente deu a Pilatos uma idéia que poderia absolvê-lo da responsabilidade de tomar uma decisão cada vez mais difícil. Com o julgamento se arrastando e as pessoas protestando contra seu veredito, Pilatos buscava uma saída.

A Judéia compreendia toda a província romana sobre a qual Pilatos era governador. A Galiléia era um distrito dentro dessa província. O distrito da Galiléia era administrado por Herodes Antipas.

Quando Pilatos ouviu que Jesus agitava as pessoas, ensinando por toda a Judéia, a partir da Galiléia, ele perguntou se Ele era galileu (v. 6).

Embora nascido em Belém, Jesus fora criado na Galiléia (Nazaré) e começou e sediou Seu ministério público na cidade de Cafarnaum e arredores (Mateus 4:12, 13).

Quando soube que era da jurisdição de Herodes, o enviou ao mesmo Herodes, que, naqueles dias, se achava em Jerusalém (Lucas 23:7).

Este era Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande (construtor). Herodes Antipas era o magistrado romano da Galiléia, distrito natal de Jesus. É por isso que Lucas descreve o processo de pensamento de Pilatos colocando Jesus como parte da jurisdição de Herodes. Pilatos envia Jesus a Herodes para que ele tratasse do assunto.

Enviar Jesus a Herodes convenientemente transferiu a culpa e a responsabilidade do governador de ter que decidir entre a lei (sob a qual Jesus era inocente) e a ordem (a agitação ameaçada pelos líderes judeus se Pilatos considerasse Jesus inocente).

A lei romana exigia a libertação de Jesus, porque nenhuma culpa fora encontrada Nele; porém, tal veredito enfureceu os principais sacerdotes que, agora, ameaçavam eliminar a ordem. Os principais sacerdotes exigiam que Jesus fosse morto, mas o veredito de Pilatos violaria a lei e condenaria um homem inocente à morte.

Pilatos, agora, precisava escolher entre seguir a lei e apaziguar os sacerdotes. Ele teria que abrir mão de um para obter o outro. Ele seria criticado, independente do que escolhesse. Ao enviar Jesus a Herodes, Pilatos parecia (pelo menos por enquanto) livrar-se da decisão que traria em críticas severas a ele.

Herodes Antipas era o filho do governante que havia tentado executar Jesus duarnte o período de Seu nascimento (Mateus 2:16); ele foi o mesmo governante que decapitara João Batista, primo de Jesus (Mateus 14:1-12; Marcos 6:14-29; Lucas 9:9).

Isso encerra a primeira fase do julgamento civil de Jesus: "A Acusação de Jesus diante de Pilatos" (Mateus 27:1, 2, 11-14; Marcos 15:1-5; Lucas 23:1-7; João 18:28-38).

A segunda fase do julgamento de Jesus ocorreria no tribunal de Herodes Antipas. Chama-se "Audiência de Jesus diante de Herodes Antipas" (Lucas 23:8-12). É deste julgamento que falaremos no comentário a seguir.

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