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Significado de Mateus 13:18-23

Jesus explica a Seus discípulos o significado da Parábola do Semeador. O primeiro solo é como um coração que é duro desde o início e não recebe a palavra de Deus. O segundo solo é como um coração amedrontado que perde a alegria como resultado dos sofrimentos que encontra. O terceiro solo é como um coração que se preocupa mais com os bens deste mundo do que com os bens eternos do Reino dos Céus e se torna infrutífero. Mas, o quarto solo é qualitativamente diferente. Ele representa um coração que confia, teme e ama a Deus e produz frutos exponencialmente maiores em proporção à sua fidelidade.

Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este ensinamento são encontrados em Marcos 4:13-20 e Lucas 8:11-15.

Depois que Jesus respondeu à pergunta dos discípulos quanto ao motivo pelo qual Ele fala às multidões por parábolas, Ele explicou a parábola do semeador. Esta é uma das poucas parábolas na qual as Escrituras incluem um registro da explicação de Jesus. Essa explicação pode ter sido incluída para comunicar aos futuros leitores a seguinte informação: "Se você não entende as parábolas, talvez precise abordar que tipo de solo é o seu coração".

Esta é uma parábola sobre o coração humano no que se refere ao Reino dos Céus (Mateus 13:11).  O Reino dos Céus não diz respeito aos incrédulos e, portanto, a parábola do semeador se refere aos incrédulos apenas indiretamente por meio de sua aplicação. Os incrédulos são, pela escolha que fazem de não crer em Jesus, como o solo rochoso.

Somente os crentes – aqueles que receberam o dom da vida eterna através da fé em Jesus (João 3:16) – podem entrar no Reino dos Céus  e alcançar a herança e a recompensa por sua fidelidade.

A maneira como os crentes nascem de novo é através da fé em Jesus (João 3:14-16). A maneira como eles entram no Reino é através da obediência a Deus (Mateus 7:21). A parábola do semeador diz respeito principalmente aos crentes, que são fiéis e dão frutos, ou que são infiéis por causa de suas dúvidas, medos ou desejos errados.

A vida de uma pessoa e sua fidelidade são, em grande parte, projeções de seu coração.

"Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem, ao homem." (Provérbios 27:19)

Em toda Bíblia, o coração é descrito como a fonte da vida de uma pessoa (Provérbios 4:23). Todos os amores, medos e pessoas em quem ela confia emanam de seu coração (Salmo 119:10, Provérbios 3:5Provérbios 28:14, Romanos 10:10). O coração é onde as escolhas são feitas. Talvez seja por isso que a primeira fonte do nosso amor ao Senhor nosso Deus, o maior dos mandamentos, seja o nosso coração.

"Amarás o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todas as tuas forças." (Deuteronômio 6:5)

O coração predispõe a pessoa a saber se ela está pronta ou não para ouvir e receber uma mensagem. Suas inclinações influenciam grandemente a mente, pensamentos e opiniões. Se o coração estiver fechado para uma mensagem ou contra alguém desde o início, é muito difícil para a mente dessa pessoa ouvir e considerar a palavra que o outro compartilha.

É por isso que é tão vital termos um coração puro. Um coração puro confia em Deus, teme a Deus e ama a Deus acima de todas as outras coisas. É a pureza de coração que capacita as pessoas a ver a Deus (Mateus 5:8). Existem três coisas básicas que qualquer ser humano pode escolher: 1) Em quem confiar ou de quem depender; 2) Qual perspectiva, atitude ou mentalidade adotar; e 3) Quais ações tomar. A parábola do semeador é moldada principalmente pela perspectiva escolhida pelo coração quando a semente da palavra de Deus é semeada.

Na narrativa original de Jesus sobre a parábola (Mateus 13:3-9) havia quatro cenários com quatro tipos de solo onde a semente do semeador caiu:

1) à margem da estrada,

2) nos lugares rochosos,

3) entre os espinhos, e

4) no solo bom.

Da mesma forma, houve quatro resultados literais que corresponderam aos quatro solos:

1) os pássaros comeram as sementes à margem da estrada,

2) as sementes não conseguiram criar raízes nos lugares rochosos,

3) os espinhos sufocaram as sementes,

4) as sementes semeadas no solo bom produziram uma colheita entre cem e trinta vezes.

Ao longo de Sua explanação, Jesus explica o significado simbólico desses elementos e como eles se relacionam com o Seu Reino.

A semente é representada pela palavra do Reino. Isso se refere à mensagem, ou às proposições concernentes ao Reino. O semeador é alguém que proclama as boas novas sobre o Reino. A queda da semente no solo é o processo de ouvir o Evangelho do Reino pelas multidões. Isso inclui qualquer aspecto do Reino, mas provavelmente inclui também instruções do Reino sobre a melhor forma de viver na terra, como tratar uns aos outros, como escolher prioridades na vida, como lidar com o perdão e como e quando fazer julgamentos – todas as coisas abordadas por Jesus no Sermão da Montanha.

Os quatro tipos de solo são quatro tipos de corações que ouvem a palavra do Reino. E assim como o lançar das sementes sobre os diferentes tipos de solo produziu quatro resultados diferentes no significado literal da parábola, elas também produzem quatro resultados diferentes no significado simbólico da parábola.

Esta é uma parábola principalmente relacionada ao coração e à produtividade tanto de crentes fiéis quanto infiéis. Como os incrédulos podem ser incluídos na parábola do semeador, eles são representados pelo primeiro tipo de solo. Paulo declarou isso aos incrédulos em Atenas:

"E Ele fez de um só homem todas as nações da humanidade para viverem em toda a face da terra, tendo determinado seus tempos designados e os limites de sua habitação, para que buscassem a Deus, se talvez pudessem tatear por Ele e encontrá-Lo, embora Ele não esteja longe de cada um de nós." (Atos 17:26-27)

Deus criou o mundo como testemunho para os incrédulos e Ele deu a cada ser humano a capacidade de "buscar o Senhor". É a escolha fundamental que temos de buscar ou não a Deus que se aplica ao primeiro cenário. No entanto, o primeiro cenário pode se aplicar a crentes ou descrentes.

O primeiro cenário fala sobre os corações que não confiam em Jesus. Nele, Jesus iguala qualquer um que ouve a palavra do Reino, mas não a entende, com o chão duro à margem da estrada. Esta semente nunca penetra na terra, assim como a palavra nunca penetra em seus coração. Este cenário representa o mais duro dos corações.

A semente que cai à margem da estrada representa principalmente os muitos crentes que não entendem a oferta do Reino. Devemos lembrar que Jesus está ensinando sobre o Reino dos Céus nesta parábola. Ele está preocupado com a fidelidade e com o fruto que a fidelidade produz. Jesus não está ensinando uma parábola sobre como passar a eternidade com Deus, que não é conquistada por obras ou demonstrada pelo fruto da fidelidade. Esse dom é recebido somente pela graça através da fé (Efésios 2:8-9). É possível que os crentes tenham corações duros contra Deus. E a dureza do coração de um crente pode levá-lo a resistir aos convites do Espírito Santo e a não entender o Reino.

Pelo fato de a semente permanecer sobre a superfície da terra, "os pássaros vieram e os comeram" (Mateus 13:4). Assim também o maligno vem e arranca o que foi semeado no coração antes mesmo de começar a brotar. No versículo registrado por Mateus, é interessante a ausência, no grego, de um artigo definido antes do mal ("Poneros"). A falta do artigo sugere que não devemos atribuir o endurecimento da pessoa a Satanás. No Evangelho de Lucas, no entanto, Jesus ensina que é "o diabo" – "Diablos" – quem tira a Sua palavra dos corações (Lucas 8:12). No Evangelho de Marcos, Jesus nomeia o maligno por seu ofício - "Satanás" (Marcos 4:15). Satanás significa "o adversário" ou "o acusador".

O mal descrito em Mateus não é específico. Pode se referir a um sem número de coisas. Podem ser os maus desejos de uma pessoa, podem ser tentações malignas, podem ser ações demoníacas, ou pode ser o próprio maligno. Qualquer que seja o mal ao qual o versículo se refere, este mal jamais teria tido a chance de arrebatar a semente se o coração tivesse decidido receber a palavra.

Conforme mencionado anteriormente, na medida em que os incrédulos aparecem na parábola do semeador, eles são relacionados ao primeiro tipo de solo, ao lado dos crentes que têm corações duros. Mas os três cenários restantes parecem ser exclusivamente referentes aos crentes. Os segundo e terceiro cenários representam dois tipos de crentes infiéis, enquanto o quarto cenário representa os crentes fiéis.

Como pode um crente ter um coração duro, que não é fértil e não recebe a palavra de Deus? É simples. Qualquer crente pode escolher a perspectiva do "sou inteligente e vou descobrir as coisas por mim mesmo." Com essa perspectiva, não há abertura para a correção, que é o que a Palavra de Deus faz. A Bíblia diz que a Palavra de Deus é um instrumento de ensino e correção.

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para o ensino, para a repreensão, para a correção, para o treinamento na justiça." (2 Timóteo 3:16)

Alguém que pensa que não precisa aprender nada de Deus não está aberto para ser ensinado. Alguém que está focado em se justificar não está aberto à repreensão. E alguém que escolheu a perspectiva do "eu sei tudo" não está aberto para a correção. Este seria um coração fechado a receber a Palavra de Deus. Os crentes têm a capacidade de escolher andar no Espírito, mas também de andar na carne e semear na carne (Gálatas 5:13; 6:8). Nossa escolha será decidida em nosso coração.

O segundo cenário é relacionado aos corações que temem mais os homens do que a Deus. Neste cenário, Jesus iguala aquele que ouve a palavra com e a recebe com alegria de curta duração. A alegria inicial evapora quando a pessoa encontra aflição e perseguição como resultado de se apegar à Palavra (Mateus 13:5-6). Este cenário é como a semente que caiu sobre os lugares rochosos. As sementes que caíram nos lugares rochosos inicialmente cresceram mas, por não terem raiz, foram queimadas pelo sol e murcharam antes que pudessem dar frutos. Assim, esses corações explodem de alegria quando ouvem as boas novas sobre o Reino dos Céus. Ao contrário do solo à margem da estrada, esses corações estão abertos. E eles imediatamente respondem à maravilhosa mensagem do semeador. No entanto, a alegria não dura, porque este tipo de coração não tem uma raiz firme em si mesmo que permita que a sua alegria suporte as aflições e as perseguições. As pedras se referem às dolorosas provações que uma pessoa vai enfrentar ao procurar seguir a Jesus e entrar em Seu Reino.

Aparentemente, o medo da aflição ou da perseguição é uma deficiência comum para muitos corações. Jesus repetidamente advertiu Seus discípulos a se fortalecerem Nele contra esses medos. Um dos principais medos que os humanos têm é o medo da rejeição. O solo raso deseja as coisas de Deus e tem alegria nelas, mas não está disposto a suportar a rejeição das pessoas e do mundo, por isso falha em seguir os caminhos de Deus.

Grande parte da Bíblia enfatiza as imensas recompensas que Deus tem para aqueles que são testemunhas fiéis e que estão dispostos a suportar a rejeição, que é uma forma de morte. A morte é uma separação. Quando perdemos um relacionamento com alguém, ou suportamos a rejeição de alguém, isso pode gerar em nós um sentimento de morte. Mas esta é a essência de um testemunho vibrante. A palavra grega frequentemente traduzida como “testemunha” ou “testemunho” é a palavra da qual obtemos a palavra inglesa "mártir". Ser testemunha fiel de Jesus é o caminho para a maior fecundidade e, portanto, nossa maior recompensa na vida. Jesus falou sobre essas provações inúmeras vezes. Seguem alguns exemplos:

"Estas coisas Eu vos falei para que em Mim tenhais paz. No mundo tendes tribulação, mas tende coragem; Eu venci o mundo." (João 16:33)

"E não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas são incapazes de matar a alma ["psuche"]; mas, antes, temam Aquele que é capaz de destruir tanto a alma ["psuche"] quanto o corpo no inferno [Geena]." (Mateus 10:28)

A Bíblia muitas vezes fala de situações dolorosas e nos exorta à perseverança fiel. Os corações que se concentram apenas no imediatismo dessas aflições rapidamente esquecem sua alegria e a recompensa adiante deles caso perseverem fielmente (Hebreus 12:1). Ao se concentrar no sofrimento (em vez da recompensa que está por vir), a pessoa se torna infrutífera e se esquece de sua cidadania e chamado do Reino (2 Pedro 1:8-11). Ela não se lembra de que a prova de sua fé é mais preciosa do que o ouro (1 Pedro 1:7).

Essas pessoas são estranhamente surpreendidas pelas aflições e provações da vida, e se esquecem de que, na medida em que compartilham os mesmos sofrimentos de Cristo, elas também poderão se alegrar em exultação com a revelação de Sua glória (1 Pedro 4:12-13, Romanos 8:17-18). Elas apenas consideram a perspectiva do Reino de Deus como alegria, mas temem as portas estreitas das aflições e perseguições determinadas por Deus para a entrada em Seu Reino (Tiago 1:2-8, Mateus 5:10-12, Mateus 7:13-14).

O autor de Hebreus adverte seus leitores a não terem corações de solo rochoso:

"Pois não só vos compadecestes dos encarcerados, mas aceitastes, com gozo, o despojo de vossos bens, conhecendo que vós vos tendes a vós mesmos como uma possessão mais excelente e durável. Não lanceis fora, portanto, a vossa confiança, a qual tem uma grande recompensa." (Hebreus 10:34-35)

Esta passagem em Hebreus é direcionada aos crentes, que sabem que têm "uma posse melhor e duradoura" para si mesmos no Céu. O autor recomenda que eles não "joguem fora sua confiança" porque eles perderiam uma "grande recompensa". Este seria um ótimo exemplo de alguém que alegremente aceita a palavra de Deus, paga um preço significativo por seguir fielmente, mas depois vacila. Hebreus os exorta a continuarem e a não se cansarem de fazer o bem, para que possam colher uma recompensa completa no Céu.

O sofrimento e a ameaça de sofrimento fazem com que muitos corações percam a alegria. Isso ocorre porque esse tipo de coração não tem raiz em si mesmo. Essas provações demandam raízes profundas no poder de Jesus e em Seu Espírito, para que a alegria dure além das circunstâncias superficiais ou de tudo o que seja imediato. Observe que este tipo de coração recebe imediatamente a palavra com alegria, mas ela imediatamente desaparece durante os momentos de aflição ou perseguição. Tudo o que diz respeito a este coração é apenas temporário. Falta-lhe a perspectiva e o poder que somente Deus pode prover. Falta-lhe uma raiz firme Nele. Sua atenção em ganhar recompensas terrenas ainda prejudicam o solo.

A Bíblia nos diz que, ao invés de destruidoras da alegria, as aflições ou perseguições são ocasiões de alegria aos que estão firmemente enraizados em Cristo! (Mateus 5:10-12Romanos 5:3-5Filipenses 4:4Tiago 1:2-5). No entanto, isso requer uma  decisão do coração. Exige que decidamos que "os caminhos de Deus são melhores para nós, não importa o que vivamos nesta vida". É por isso que Tiago nos diz para "termos toda a alegria" quando encontrarmos dificuldades. Quando escolhemos a perspectiva de que tudo o que Deus permite em nossas vidas é para o nosso bem, uma oportunidade de crescimento e prosperidade, então temos um coração fértil. Quando simplesmente buscamos o que é melhor para o momento, somos como o solo raso, com pouco espaço para raízes.

O terceiro cenário se refere aos corações que amam as recompensas dos reinos do mundo mais do que as recompensas prometidas por Deus. Nele, Jesus iguala aquele que ouve a palavra, mas sua preocupação com o mundo e o engano da riqueza sufocam a palavra com a semente que é semeada entre os espinhos. Essas sementes entre os espinhos podem ou não ter brotado. Algumas não têm onde brotar porque o solo já está lotado dos espinhos das preocupações mundanas. Outros brotam apenas até certo ponto antes de serem sufocados pela infrutífera corrida atrás do vento. No final, esses corações não produzem fruto (Mateus 13:7).

Os espinhos representam as tentações da buscar por prazeres, honras e riquezas do mundo. Essas buscas são vazias e suas promessas são marcadas por engano. O mundo apresenta a riqueza como o caminho para maior honra e recompensa na vida. Mas a proposta do mundo não passa de engano. O coração representado pelo solo espinhoso é um coração que foi enganado quanto ao verdadeiro significado das riquezas. Deus deseja que tenhamos toda a riqueza que desejarmos. Mas Ele deixa claro que o caminho para esta riqueza é através da semente da Sua Palavra.

Uma das passagens mais claras a respeito disso é a carta à igreja de Laodicéia, no livro de Apocalipse. Jesus lhes diz que eles haviam sido enganados pelas riquezas deste mundo. Eles pensavam ser ricos, mas na verdade eram miseráveis e pobres. Então Deus lhes diz: Eu aconselho vocês a comprar de Mim ouro refinado pelo fogo para que possam tornar-se ricos (Apocalipse 3:18).

Em Apocalipse 3, Jesus diz a esta igreja como mudar de mentalidade e escolher uma nova perspectiva que lhes abrirá caminho para a verdadeira riqueza: reconhecer que as verdadeiras riquezas vêm de Deus. Ele lhes diz: "Aqueles a quem eu amo, eu repreendo e disciplino" (Apocalipse 3:19). Jesus continua dizendo aos laodiceanos como ganhar este ouro, todo o ouro que eles desejam: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei nele e cearei com ele, e ele comigo" (Apocalipse 3:20).

As verdadeiras riquezas são possíveis quando decidimos que as riquezas duradouras são adquiridas quando ouvimos a voz de Jesus ao investirmos tempo de intimidade com Ele, como faríamos com uma pessoa amada durante uma refeição. Para alcançarmos as verdadeiras riquezas, devemos enraizar nosso coração nos lugares espirituais, ao invés de colocá-lo nas riquezas fugazes deste mundo.

Salomão diz que é vaidade buscar os prazeres das riquezas (Eclesiastes 2:1-11, 18). Paulo nos adverte que aqueles que querem ficar ricos mergulharão na ruína e na destruição (I Timóteo 6:9). Esses corações cedem aos bens menores deste mundo e, em sua busca por eles, abandonam o melhor e mais perfeito bem de Deus para suas vidas (I João 2:16-17). Eles são como Esaú, que entregou sua futura herança por uma tigela de sopa, sua necessidade do momento (Hebreus 12:16).

No Sermão da Montanha, Jesus convidou Seus seguidores a não passarem a vida se preocupando com os bens mundanos, mas a buscarem em primeiro lugar o Seu Reino e a Sua justiça (harmonia) (Mateus 6:25-34). Ele lhes assegurou que aqueles que buscavam honras mundanas já haviam alcançado suas recompensas (Mateus 6:2). E Ele, mais tarde, enfatiza a Seus discípulos o quão insignificantes são essas recompensas, ainda que sejam alcançadas.

"Pois que bem fará a uma pessoa se ela ganhar o mundo inteiro, mas perder sua alma? Ou o que uma pessoa dará em troca de sua alma?" (Mateus 16:26)

Em Sua explicação sobre terceiro cenário da parábola, o terreno espinhoso, Jesus diz que esses espinhos não são apenas a riqueza material, mas também a preocupação do mundo. A preocupação do mundo também é traduzida como "os cuidados do mundo". É emparelhado com "o engano da riqueza". Parece carregar consigo a ideia de "estar preocupado em ganhar a aprovação do mundo" ou "adotar a definição mundana de sucesso". A ideia da preocupação do mundo parece ser a de se preocupar com as coisas com as quais o mundo se preocupa. Isso pode incluir:

  • Manter uma boa imagem, para que as pessoas pensem bem de mim.
  • Certificar-me de que me encaixo, para que as pessoas pensem bem de mim.
  • Mostrar às pessoas que sou uma "boa pessoa", indo atrás delas em relação a qualquer coisa que digam ser "bom".

É uma pressão muito grande tentar estar de acordo com as coisas que o mundo erroneamente declara serem boas. Tais espinhos não produzem bons frutos, mas preocupações. As modas morais e as opiniões dos homens mudam rapidamente. Isso produz ansiedade, porque a posição de alguém na sociedade (ou na história) é sempre instável.

O padrão da justiça do mundo ("dikaiosune") está sempre mudando. O que torna uma pessoa popular e aprovada pelos homens hoje pode muitas vezes condená-la e cancelá-la amanhã. É impossível obtermos harmonia duradoura ou aprovação dentro dos sistemas mundanos. Aqueles que buscam seus aplausos estão fadados a serem picados por seus espinhos e sofrerão grande ansiedade, tornando-se infrutíferos no Reino.

O que é bom ou justo para os padrões do mundo também é ilusório. Quando gerenciamos nossa imagem para obter a aprovação dos outros, estamos, na verdade, criando uma falsa impressão de gerenciamento. Nunca saberemos realmente o que as pessoas pensam, podemos apenas imaginar o que elas pensam. Então, na verdade, estamos criando a ilusão de afirmação enraizada em falsas premissas. Assim que percebemos a fragilidade e a falsidade desses padrões, somos levados à ansiedade. A alternativa é enraizar nossas vidas na verdade. Isso nos leva ao quarto cenário, o bom solo.

No quarto e último cenário da parábola do semeador, Jesus iguala aquele que ouve a palavra e a entende com o bom solo. A qualidade do bom solo e do bom coração é completamente diferente dos três primeiros tipos. A pessoa confia em Deus e está aberta a receber a palavra (ao contrário do primeiro coração). Seu temor a Deus é demonstrado por atitudes corajosas. Ela é ousada e suporta aflições (ao contrário do segundo coração). Ela ama a Deus e abandona os confortos e aplausos deste mundo em troca das coroas do céu (ao contrário do terceiro coração). Este coração dá frutos e produz exponencialmente mais em proporção à sua fidelidade – alguns cem, outros sessenta e outros trinta vezes mais.

Jesus não nos diz por que alguns que são fiéis produzem mais ou menos. Pode ser que alguns sejam mais fiéis no Reino do que outros. Ou pode ser que alguns tenham mais oportunidade de dar mais frutos – como é descrito na parábola dos talentos (Mateus 25:14-30), onde os três servos receberam três quantias diferentes de dinheiro para investir. Um dos princípios da parábola dos talentos é aquele a quem muito é dado muito é exigido. Então, talvez isso seja apenas um reconhecimento da existência de diferentes níveis de responsabilidade, de acordo com os dons e as oportunidades disponibilizadas. Independentemente disso, todos os que têm o bom solo são recompensados. Quando Jesus deu exemplos a respeito das ações a serem recompensadas nesta vida, Ele muitas vezes escolheu o menor dos esforços, coisas que a maioria das pessoas pode fazer, como dar um copo de água fria em nome de Jesus (Mateus 10:42).

O ponto principal dessas parábolas é ser o mais fiel e produtivo possível para o Reino durante nossa curta duração nesta Terra. Além disso, o fato de que alguns produzem trinta, sessenta ou cem vezes mais revela que há mais quantidade e diversidade de resultados dentro do Reino do que fora dele. Observe como o resultado para todos os três primeiros cenários foi precisamente zero.

É importante reconhecer que, em todos os quatro cenários, o semeador, semente e a oportunidade de ouvir a mensagem do Reino são os mesmos. A única variável é o coração que recebe ou não a palavra. O ponto crucial de Jesus é que o coração de uma pessoa é quem determina se ela entrará ou não no Reino e quanto de fruto ela produzirá. Crer em Jesus é nascer de novo. Entrar no Reino é andar em Seus caminhos.

Por fim, já que esta parábola do semeador fala sobre a condição do coração dos crentes em relação ao Reino dos céus, todos os quatro cenários podem se aplicar aos crentes. E assim como a terra pode ser dura, cheia de rochas, coberta de espinhos, ou boa durante diferentes estações, assim também o coração de um crente, em qualquer ponto particular no tempo, pode ser amargurado por dúvidas, amedrontado pela aflição ou perseguição dos homens, sufocado pela preocupação do mundo, ou bom, dando muito fruto. Ao longo de sua caminhada com Deus, é possível que o crente tenha todos os quatro corações em relação a Deus, em diferentes momentos de sua vida. A grande mensagem aqui é que temos a oportunidade, a qualquer momento, de alterar nosso coração, receber a palavra e alcançar uma vida produtiva.

À luz disso, a admoestação de Tiago aos crentes é uma aplicação apropriada para este comentário:

Portanto, livrando-vos de toda a imundície e de tudo o que resta da maldade, em humildade, recebei a palavra implantada, que é capaz de salvar as vossas almas." (Tiago 1:21)

A palavra traduzida como "almas" em Tiago 1 é a palavra grega "psuché" (G5590), traduzida como "vida" na maior parte dos exemplos. Este versículo de Tiago oferece uma resolução para o problema fundamental que os crentes têm: as tentações estão dentro de nós, onde quer que vamos, porque a tentação não vem das circunstâncias, mas dos nossos próprios desejos. A solução proposta por Tiago tem duas fases:

  • Aprenda a ouvir as outras pessoas (Tiago 1:19).
  • Ouça a Deus e receba Sua palavra no bom solo do seu coração.

É interessante notar que a recomendação de Tiago a respeito do caminho para transformar nossos corações em bons solos começa com aprender a ouvir outras pessoas. Quando a palavra é "implantada" em nós, nosso coração passou pela transformação necessária para o recebimento da palavra semeada pelo Semeador. O resultado é que nossas vidas são salvas, neste caso, salvas de nossas próprias concupiscências. O solo do bom coração onde cai a palavra de Deus é o caminho para libertar nossas vidas da escravidão dos desejos da nossa própria carne, para que possamos semear no Espírito e alcançar as imensas recompensas espirituais.

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